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Direito Civil I aula 02

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Direito Civil I
Personalidade e Temas Afins
AULA 2 – PESSOA NATURAL
Palavras Chave: 
 Pessoa - personalidade - capacidade - nascituro
1 – O TERMO “PESSOA” E SEUS DESDOBRAMENTOS:
A palavra “pessoa” vem do Latim “Persona” e remonta ao teatro grego no qual uma pessoa dava vida, voz e movimento a um personagem em uma peça de teatro, assim como nós somos personagens da vida real na “peça” chamada “sociedade”.
- No Direito se destacam dois usos para a palavra “pessoa”:
 
PESSOA FÍSICA e PESSOA NATURAL
Os termos são intercambiáveis entre si, sendo que o Código Civil adotou a expressão “Pessoa Natural” enquanto que a legislação tributária adotou - “Pessoa Física (esta realidade costuma ser conhecida em razão do Imposto de Renda, pois existe o Imposto de Renda PESSOA FÍSICA e o Imposto de Renda PESSOA Jurídica).
O Imposto de Renda também nos ajuda a lembrar, como destacado e como já disse na aula passada, que:
NEM TODA A PESSOA QUE VOCÊ CONHECE É UM SER HUMANO (OU É?)
Assim, “pessoa” não é sinônimo de “gente”, é sinônimo de ter “personalidade jurídica” (também chamada de Personalidade Civil) que é um atributo reconhecido pelo direito a todo aquele que considera ser “pessoa”.
2 – “Personalidade” “Personalidade Jurídica” e “Capacidade”;
Como ensina a etimologia da palavra, ser “pessoa” (sinônimo de ter “persona” ou “personalidade”) significa desempenhar um “papel” na “peça teatral” chamada “sociedade” e, para tanto, o Direito, que é a Ciência responsável por regular as relações interpessoais e interpatrimoniais na Sociedade, precisa “equipar” as pessoas a quem reconhece com dois instrumentos. 
São eles: a possibilidade GENÉRICA de:
 
 
 Adquirir direitos e Contrair obrigações 
Obs – Quando, na prática, usufruímos de nossos direitos e cumprimos nossas obrigações (seja pessoalmente ou por alguém nem nosso lugar), dizemos que está ocorrendo o: 
 
“ Exercício de ATOS (isso é, direitos e obrigações) DA VIDA CIVIL”
 
Portanto, “exercer atos da vida civil” significa, na prática, usufruir de direitos e cumprir obrigações (seja pessoalmente ou alguém em nosso lugar).
DEFINIÇÕES
“PERSONALIDADE”
É o reconhecimento, pelo Direito, de que aqueles que vivem em Sociedade precisam ser dotada de atributos que lhe permitam desempenhar bem a necessidade de ser parte do tecido social.
“PESSOA” 
Todos aqueles (seres humanos + Pessoas Jurídicas) a quem o direito mune com atributos necessários para atuarem na vida em sociedade
PERSONALIDADE JURÍDICA” (= Personalidade Civil):
 
 É a capacidade genérica que as pessoas (físicas ou jurídicas) têm de serem titulares de direitos e de contraírem obrigações.
“CAPACIDADE” (de EXERCÍCIO DOS ATOS DA VIDA CIVIL):
Significa, na prática, usufruir dos direitos que se tem e cumprir as obrigações que foram contraídas, seja pessoalmente ou não. 
Esteja Atento – Como pessoas jurídicas também têm Personalidade, temos que “Personalidade” não é um atributo NATURAL (da natureza) como por exemplo ter:
Oi! Eu sou uma Orelha.
Eu sim sou natural (de fato e de direito)!
... Logo, “Personalidade” não é um atributo natural, é um atributo JURÍDICO, isto é, uma aptidão genérica que a ciência do direito reconhece a todos aqueles que podem adquirir direitos e contrair obrigações.
Obs - Quando nascemos com vida, a primeira coisa que fazemos é chorar. Aí surge a pergunta – porque nascemos chorando?
Vou responder, do ponto de vista jurídico:
Aqueles que nascem e não estão destinados a serem juristas choram, exatamente, porque não serão juristas; 
Já, nós, que estamos nesta sala, embora também nasçamos chorando, o fazemos por uma razão diversa dos meros “mortais” que não serão juristas, qual seja, nós já nascemos pensando juridicamente e o primeiro raciocínio jurídico que tivemos ao nascer (do qual vocês já não se lembram mais, mas, agora serão recordados), foi:
Eu nasci? Oba!! Minha Personalidade Jurídica nasceu comigo! Opa! Mas, espere aí! Eu ainda não vou poder exercê-la pessoalmente!!!! – Vou chorar muuuuuuuuuito!
Assim, ao nascermos, nasceu conosco nossa Personalidade Jurídica (leia-se: capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações), mas, até completar certa idade ou sermos emancipados, não poderemos exercer, pessoalmente, os “atos da vida civil” (nossos pais ou responsáveis terão que fazer isso por nós).
 Logo, embora já tenhamos personalidade jurídica assim que nascemos, pessoalmente, vamos exercer 0% dela, portanto, é como se, na prática, não a tivéssemos. 
Segundo nosso livro de estudo, a Personalidade Civil (também chamada de - Jurídica) pode se apresentar de quatro formas, quais sejam:
A) Capacidade de DIREITO, isso é, capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações (que é a própria definição de Personalidade Jurídica), portanto: Capacidade de Direito = Capacidade Jurídica.
B) Capacidade de FATO, isso é, de exercer PESSOALMENTE os direitos e as obrigações que temos.
DIVERGÊNCIA: Tenho aqui uma divergência para com o livro didático que preciso expressar: O livro considera que só há “Capacidade de Fato” quando se completa 18 anos ou quando ocorre a chamada emancipação (que vamos estudar mais à frente), Na prática não vejo como isso ser verdade e foi explicar a razão mais a frente.
C) Capacidade Plena, ocorre quando a pessoa natural tem ambas as capacidades, isso é, tanto a capacidade de direito (que já nasce com ela) quanto a capacidade de fato (se emancipada, ou a partir dos 18 anos).
Como se vê, para o autor do livro, é 8 ou 80, isto é, a pessoa natural passa da incapacidade absoluta para a capacidade plena, não há meio termo.
D) Capacidade Limitada – “se dá quando uma pessoa possui a capacidade de direito, mas não possui a capacidade de fato”.
 
O nome “capacidade limitada” poderia dar a entender que existe um meio termo, entre “não poder nada” e “poder tudo” em termos de exercício pessoal da Capacidade Civil , mas como se vê acima, não é esta a definição – ter capacidade limitada significa ter Personalidade Jurídica mas não poder exercê-la pessoalmente, em 100% 
Obs – A Capacidade de Fato acaba funcionando como MEDIDA PARA A PERSONALIDADE JURÍDICA. 
Ao nascermos, nasce conosco nossa Personalidade Jurídica (leia-se: capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações), mas, até completar 18 anos ou sermos emancipados, não a poderemos exercer pessoalmente (alguém terá que fazer isso por nós), logo, embora tenhamos personalidade jurídica, pessoalmente, vamos exercer 0% dela, portanto, é como se, na prática, não a tivéssemos. 
Ocorre que o maior de 16 anos pode, por si mesmo:
- Votar
- Fazer Testamento
- Ser procurador de outrem
- Se testemunha em juízo
Como defender que passamos direto da capacidade zero de exercer pessoalmente atos da vida civil para a capacidade plena (ao completar 18 anos, se aos 16 anos podemos praticar estes atos da vida civil acima listados?
 Podemos, portanto, dizer que a “Personalidade Jurídica de Fato” é A MEDIDA da Capacidade Jurídica porque:
- Entre 0 e 16 anos = Medida 0% de exercício pessoal (= Capacidade de Direito = Capacidade Limitada).
- Entre 16 e 18 anos (não havendo – emancipação) = ±10% de exercício pessoal (é isso que eu chamaria de “Capacidade Limitada”).
- Após 18 anos = Medida 100% de exercício pessoal. (Capacidade de Fato = Capacidade Plena).
Visto isso, vamos estudar os dois primeiros Artigos de Lei do Código Civil (doravante – CC):
Artigo 1o (caput):
“Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”
Pergunto: 
 1 - Qual é a ideia do código neste artigo, quando usa o termo “pessoa”?
2 – Quando este artigo afirma que, a pessoa a que se refere, tem “direitos e deveres na ordem civil” ele está afirmando que esta pessoa tem, em outras palavras, o que?
3 – Este artigo trata da “Capacidade de Direito” (que é a própria PersonalidadeJurídica) e ao usar o termo “capaz” ele também está tratando da “Capacidade de Fato”, isso é, da “medida” da capacidade de exercer pessoalmente a Capacidade Jurídica que se tem ou não?
- Artigo 2 (caput) CC: 
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os DIREITOS do nascituro.
Perguntas:
1 – Qual o requisito ou requisitos para que haja “personalidade civil”?
2 – De acordo com o artigo, aquele que já foi concebido mas ainda não nasceu, já pode ter direitos, isso é, já tem capacidade (genérica) de “adquirir direitos”?
2.1 – Podemos dizer que o nascituro tem uma “semi personalidade jurídica”, afinal, dos dois elementos que compõem a “personalidade jurídica” (adquirir DIREITOS e contrair OBRIGAÇÕES) ele já tem o primeiro (e melhor deles)?
Obs – Na letra da lei essa é a impressão porém, se o direito adquirido pelo nascido tem, em si, deveres “embutidos”, o nascituro também os assume. 
Exemplo: A doação de um imóvel ao nascituro ...
O NASCITURO
PRÊMBULO 
– Nascituro é o embrião que virou feto e o feto que foi totalmente formado e que não padece de nenhuma doença ou anomalia que inviabilize a vida, portanto, é a futura pessoa natural que já foi concebida mas ainda não nasceu (não foi parida).
Obs – Não confundir “nascituro” com “natimorto” – este é a pessoa natural que morre antes de ser parida, isso é, tem 100% de seu tempo de vida, apenas no útero de sua mãe. 
Caso o nascituro se torne natimorto durante o parto, será necessário saber se ele chegou a ter vida após ter sido parido. Se chegou ter vida extra uterina ele será uma pessoa natural que teve um tempo de vida muito curto (podem ter sido um ou alguns segundos apenas). Se assim ocorrer, esta pessoa natural terá certidão de nascimento e de óbito como qualquer outra pessoa cujo espaço de tempo entre nascer e morrer tenha sido muito maior.
E para saber se houve vida basta saber se houve respiração e para saber se houve respiração o exame mais usado é a DOCIMÁSIA HIDROSTÁTICA PULMONAR DE GALENO.
CURIOSIDADE – Se para nascer é necessário respirar, poderíamos concluir que morrer significa perder, definitivamente a capacidade de respirar, não seria isso?
Não! Para o direito, “morrer” significa “morte cerebral”, isto é, quando o cérebro para de funcionar, definitivamente, a pessoa é considerada morta, por mais que seus demais órgãos estejam funcionando por meio de aparelhos.
É por isso que com a decretação da morte cerebral o direito já permite a retirada de órgãos para doação.
Voltando ao Nascituro temos que faz muita diferença ser nascituro e natimorto, notem:
 O Nascituro, mesmo que venha a morrer logo após o parto terá certidão de nascimento e de óbito, já o natimorto só terá certidão de óbito (no qual constará o nome).
Como vimos no Art. 2o do CC, a lei trata do nascituro, colocando a salvo os direitos que já tem (pelo simples fato de ter sido concebido) e que, eventualmente, vir a obter, por atos de terceiros, antes mesmo de vir a este mundo. 
Esta questão de qual direito já se ganha com a concepção e de quais podem ou não serem obtidos enquanto nascituro nos dá a primeira:
#POLEMICA 
- Há uma grande discussão na Doutrina sobre quando inicia a personalidade jurídica do nascituro, isso é, se ela ocorre já na concepção ou se somente após o nascimento.
Obs – Todo o “problema” existe porque o art. 2o do CC, em sua parte final, afirma que: “...mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Pergunto: uma forma de resolver a polemica não seria eliminar esta parte final do artigo?
- Porém, se assim fosse feito...
Essa realidade nos faz lembrar de algo muito importante na compreensão deste assunto: Não existem apenas direitos patrimoniais, existem também direitos não patrimoniais (os chamados “direitos da personalidade” que iremos estudar aulas a frente) e lembrar disso, em relação ao nascituro, é muito importante afinal:
 se existissem apenas direitos patrimoniais, mesmo a lei colocando a salvo os direitos do nascituro, o aborto seria possível, pois, é um direito não patrimonial. 
Voltando à polemica, temos que algumas posições divergentes são defendidas como corretas, sendo que dentre elas é importante destacar três que, de forma figurativa, pode ser expressa assim:
a) TEORIA NATALISTA OU NATIVISTA
A teoria natalista ou nativista defende que o ser humano adquire
personalidade civil ou jurídica somente a partir do seu nascimento com
vida, antes disto o que se tem é mera expectativa de direito. Esta teoria
está incorporada ao Direito Civil brasileiro desde o Código Civil de
1916, na ocasião defendida por Silvio Rodrigues, Caio Mario da Silva Pereira, Vicente Ráo e Eduardo Espínola.
Obs - Para os natalistas o feto enquanto não nascido é apenas uma extensão do corpo de sua mãe.
a) TEORIA NATALISTA OU NATIVISTA
A teoria natalista ou nativista defende que o ser humano adquire
personalidade civil ou jurídica somente a partir do seu nascimento com
vida, antes disto o que se tem é mera expectativa de direito. Esta teoria
está incorporada ao Direito Civil brasileiro desde o Código Civil de
1916, na ocasião defendida por Silvio Rodrigues, Caio Mario da Silva Pereira, Vicente Ráo e Eduardo Espínola. 
Para os natalistas o feto enquanto não nascido é apenas uma extensão do corpo de sua mãe.
Obs – Como disse, Levando em conta o que afirma, na literalidade da lei o Art. 2o do CC, está correta esta posição, afinal, tal artigo afirma expressamente que: 
“A personalidade civil da pessoa COMEÇA do nascimento com vida”
b) TEORIA CONCEPCIONISTA
Para os concepcionistas, é possível o ser humano adquirir a personalidade civil ou jurídica desde a concepção, ou seja, antes de nascer.
Isso porque a lei ressalva em seu benefício alguns direitos patrimoniais originados de herança, doação ou legados, os quais ficarão condicionados ao seu nascimento com vida. 
Existem diversas situações que revelam existir direitos da
personalidade ao nascituro enquanto concepto, tais como
 1) o direito ao reconhecimento de paternidade; 
2) o direito à curatela; 
3) ser donatário; 
4) ter o direito à herança; 
5) direito à vocação hereditária por indicação em testamento (prole eventual);
6) direito à indenização; 
7) direito aos alimentos; 
8) proteção criminal quanto à vida, entre outros.
Pergunto: se o nascituro morrer (por causas naturais) antes do nascimento, o direito à vida se perde, portanto, podemos dizer que o natimorto fica sem direito algum? 
Dica: para responder, mais uma vez, é importante lembrar que existem direitos não patrimoniais.
 
O livro de estudo responde:
 ainda que não fosse nascituro, se estivesse morto no útero materno (natimorto), ainda assim possuiria o resguardo de alguns direitos da personalidade (nome, imagem e sepultura).
c) TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL
Embora concorde que a personalidade jurídica do nascituro se inicie a partir da concepção, a teoria da personalidade condicional, conhecida
como teoria mista, apresentada pela jurista Maria Helena Diniz,
entende que a personalidade do nascituro assume uma condição suspensiva.
Neste momento, sobre “Condição Suspensiva”, o que precisamos saber é...
 
Para esta teoria, o nascituro é uma “pessoa condicional”, e por este motivo a lei lhe garante expectativas de direitos, que dependem do seu nascimento com vida para que se convalidem.
Deste modo, os direitos patrimoniais do nascituro na teoria da personalidade condicional devem ficar resguardados por seu curador até o seu nascimento com vida, enquanto os direitos da personalidade são tutelados desde a concepção. (e isso nada mais é que que a utilização de ambas as teorias, consideradas em momentos diferentes).
Notem:
Embora o livro não informe, a Teoria da Personalidade Condicional, divide a personalidade em duas. São elas:
Personalidade Formal – É possuída à partir do momento em que já se adquiridireitos não patrimoniais, isso é, desde a concepção. (Teoria Natalista)
Personalidade Material – Se dá quando, além de se possuir os Direitos de Personalidade não patrimoniais (que é a Personalidade Formal – que ocorre desde a concepção) se torna possível obter, efetivamente, direitos patrimoniais, isso é, a partir do nascimento com vida. (Teoria Concepcionista).
3 – Limitações à capacidade jurídica plena em razão da: Incapacidade Absoluta e Relativa (conforme a Lei 13.146/15).
A incapacidade nada mais é do que a restrição ao exercício pessoal dos
direitos e obrigações, e pode ser classificada em:
 
a) absoluta ou 
b) relativa.
 
a) Incapacidade absoluta: A prática de um ato por pessoa absolutamente incapaz acarreta a sua nulidade, pois se trata de proibição total.
Desse modo, para que o absolutamente incapaz possa praticar
algum ato civil, ele deverá ser REPRESENTADO por outra pessoa capaz.
 
São absolutamente incapazes aqueles descritos no Art. 3.º do Código
Civil.
b) Incapacidade Relativa – A lei permite aos relativamente capazes que pratiquem os atos da vida civil, desde que ASSISTIDOS; se praticarem atos sozinhos, o ato será anulável. 
São relativamente incapazes aqueles elencados no Art. 4.º do Código Civil.
	
Obs – Diferença entre NULO e ANULÁVEL?
No direito civil, algo nulo, é aquilo que nasce nulo e, para sempre, continuará nulo.
Já algo ANULÁVEL é algo que nasce nulo, mas que, se sua nulidade não for percebida, como o tempo, ela se convalida, isso é, passa a ser válida (neste momento não precisamos nos preocupar com o quanto de tempo é necessário passar para que algo anulável, se torne não anulável).
Obs – Efeito “Ex Tunc e Ex Nunc”
Vejamos mais três artigos do CC:
Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.  
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
   
 I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
Art. 5.º – A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. (...)
5 – CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE CIVIL 
A incapacidade civil cessará de modo natural quando a pessoa adquirir a maioridade civil, completando dezoito anos, a partir de quando exercerá a capacidade civil de fato e de direito (capacidade civil plena).
O suprimento da incapacidade civil ocorrerá por meio da emancipação, sendo que existem três formas de emancipar a capacidade civil da pessoa natural: 
a) Emancipação voluntária; 
b) Emancipação judicial; e
c) Emancipação legal.
A) EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA
Esta emancipação ocorre quando os pais, por ato voluntário, reconhecem que o filho adquiriu maturidade suficiente para zelar por sua pessoa e suas posses, seus bens, não necessitando mais da proteção pelo Estado na qualidade de incapaz.
 Esta espécie de emancipação exige que os pais sejam titulares do poder familiar e é ato unilateral de cada um deles, lavrado obrigatoriamente por escritura pública, produzindo efeitos apenas após o registro. Se um dos pais discordar, deverá se buscar a outorga daquele que se nega por suprimento judicial.
B) EMANCIPAÇÃO JUDICIAL
Quando completados dezesseis anos, torna-se possível a emancipação da pessoa natural, desde que ouvido o tutor em favor do tutelado.
Também condicionada a escritura pública e registro para produzir efeitos (CC, Art. 9º, II).
 
C) EMANCIPAÇÃO LEGAL
A lei descreve determinados fatos em a pessoa natural supre sua incapacidade civil: 
a) casamento; b) exercício de emprego público efetivo;
c) colação de grau em curso de ensino superior; e d) abertura de estabelecimento civil ou comercial ou relação de emprego, desde que possua economia própria. Independe de escritura pública e registro, surtindo efeitos a partir do dia do fato jurídico.
Vejamos os artigos do CC que tratam disso:
Art. 5o (...)
Par. Único - Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I – pela concessão dos pais, ou
de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos
 
Art. 9º – Serão registrados em registro público: I – os nascimentos,
casamentos e óbitos; II– a emancipação por outorga dos pais ou por
sentença do juiz;

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