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INFLUENCIAS FILOSÓFICAS SOBRE A PSICOLOGIA

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Resenha Influências Filosóficas sobre a Psicologia
O século XVII foi marcado pelo surgimento de diversas máquinas que divertiam a aristocracia. Mas a máquina que mais impressionou a época foi o relógio e seu impacto no pensamento científico. “Os relojoeiros foram os primeiros a aplicar teorias da física e da mecânica à construção de máquinas. Além dos relógios, foram desenvolvidos bombas, alavancas, roldanas e guindastes para servir às necessidades humanas” (SCHULTZ, 1981). Era o espírito mecanicista da época o “Zeitgeist” que foi do século XVII a XIX, a ideia central era de que o Universo podia ser comparado com uma grande máquina, “todos os processos naturais são mecanicamente determinados e podem ser explicados pelas leis da física” (SCHULTZ, 1981).
A relação disso com a história da psicologia moderna, é clara e direta, visto que os princípios personificados pelos relógios e figuras mecânicas do século XVII influenciaram a direção que a nova psicologia seguiria em quase toda a sua existência.
A doutrina Mecanicista se desenvolve no século XVII, facilitando várias atividades do cotidiano, substituindo atividades antes feitas apenas manualmente. Esse espirito enxergava o universo como uma grande máquina, e esses processos naturais eram determinados e explicados pela lei da física e química. Logo esse conceito foi aplicado também aos seres humanos, que como as máquinas, poderiam ter seu comportamento previsto e explicados pelas mesmas leis que explicariam todo o funcionamento do universo. O relógio, dentre todas, foi criação mais marcante, capaz de tornar o tempo, tido como algo tão complexo, em algo preciso e previsível. E todas essas criações se davam pela junção de peças e conhecimentos físicos e químicos. Esse contexto fez surgir a ideia de que o universo nada mais era do que um grande relógio, com a mesma harmonia e regularidade. Mas tarde surge também a ideia que o homem funcionaria também como uma máquina, a mais perfeita máquina, criada por Deus, e que poderia ter seus mecanismos explicados, como as máquinas, pelas leis da física e química.
A comparação do relógio com o universo, assim como o robô com o homem, abrange a ideia do determinismo, que é a crença de que qualquer ação é determinada pelos eventos passados, o que infere a possibilidade de se prever as mudanças que ocorreram na operação do relógio, ou no funcionamento do robô, assim como o universo, ou o homem, com base na sequência e regularidade do funcionamento de cada peça. Essa ideia levou ao reducionismo, que é a crença de que para compreender o funcionamento das máquinas (relógio, robô, universo, homem) bastava reduzi-las aos seus componentes básicos. O reducionismo como método de análise iria caracterizar todas as ciências em desenvolvimento, incluindo a nova Psicologia.
Em virtudes da regularidade, previsibilidade e exatidão dos relógios os cientistas e filósofos começaram a enxerga-los como modelos para o universo físico. Talvez o próprio universo fosse um imenso relógio fabricado e colocado em operação pelo criador.
Muitos cientistas incluindo como Robert Boyle, o astrônomo alemão Johannes e Kepler e o filosofo francês René Descartes, passaram a considerar o universo “ um grande relógio”. Eles acreditavam que a harmonia e a ordem do universo podiam ser explicadas em termos da regularidade dos relógios, que é embutida na máquina pelo relojoeiro, assim como a regularidade do universo fora segundo , segundo se pensava , embutida nele por Deus.
René Descartes e esses filósofos adotaram bonecos automáticos, até certo ponto, como modelos para os seres humanos. Para eles não era apenas o universo que se assemelhava ao mecanismo do relógio ; as pessoas também. Desse o modo, os relógios abriram caminho para a ideia de que os seres humanos são mecânicos e que os mesmos métodos experimentais e quantitativos que tinham alcançado sucesso no estudo dos segredos do universo físico , podiam ser aplicados à pesquisa da natureza humana.
Assim nos séculos XVII e XIX, com a concepção de que o homem seria uma máquina e que poderíamos utilizar desses métodos, surge o método cientifico o qual era possível investigar a natureza humana. 
Observamos que o século XVII testemunhou o desenvolvimento cientifico de longo alcance. Até então os filósofos tinham procurado respostas no passado, nas obras de Aristóteles , e outros sábios antigos, bem como na Bíblia. As forças que governavam a busca do conhecimento eram dogma e as figuras de autoridade. Nesse século , uma nova força assumiu predominância: o empirismo, a obtenção do conhecimento por meio da observação da natureza e a sabedoria vinda do passado tornou-se suspeita.
Descartes , contribuiu diretamente para a historia da psicologia moderna. Ele libertou as pesquisa dos rígidos dogmas teológicos e tradicionais que haviam controlados durante séculos, e só passou aceitar como verdade o que tivesse absoluta certeza. Ele afirma que “existe apenas um caminho para superá-la (a dúvida): não o que contorna, mas o que atravessa toda, esgotando lhe todos os aspectos”. Ou seja: é impossível vencer a dúvida evitando-a ou pretendendo se instalar desde logo numa frágil certeza. Descartes aceita o desafio da dúvida para dar-lhe combate com suas próprias armas. E começa a duvidar, metodicamente, de tudo. Esse importante trabalho de Descartes, da tentativa de resolver o problema mente e corpo trás a psicologia o progresso, pois era um objeto de controvérsia durante séculos. 
Descartes duvidou de tudo, principalmente dos dogmas e as doutrinas do passado, só passou a aceitar como verdade o que tivesse absoluta certeza. Ele dedicou-se a aplicar os princípios matemáticos a todas as ciências para gerar o conhecimento inquestionável . Seu maior interesse era aplicar o conhecimento cientifico as questões práticas. Mas , a maior parte do seu tempo foi dedicado a estudar o problema da relação entre mente e corpo. Para ele o corpo e a mente eram de natureza distintas onde o corpo era de natureza física e a mente de natureza abstrata, que não produzia outra coisa senão o pensamento, o que foi chamado de postura dualista.
Aquilo que antes pensava-se que a mente predominava sobre o corpo, sendo unilateral a relação entre um e outro, Descartes propôs que essa relação , na verdade seria mutua , onde a mente influenciava o corpo , assim como corpo influenciava a mente, ou seja , a mente tinha a penas a função de pensar, que era imaterial e se relacionava com o corpo por meio do cérebro . Diante disso ele concluiu que existia um ponto central no cérebro onde isso ocorreria , foi então que concluiu que ocorreria no conarium , ou na pineal. Nesse ponto a interação mente e corpo ocorria , as sensações eram processadas e surgiriam os movimentos. Assim a mente e o corpo passaram a ser estudados como caráter cientifico, e não mais teológicos.
Ele explicou o funcionamento fisiológico do corpo baseando-se na física , e foi influenciado pelo pensamento mecânico da época, e julgou que os movimentos corporais , muitas vezes ocorriam sem a intenção consciente do individuo , o que ficou conhecido como: teoria do ato do reflexo.
Uma outra teoria de Descartes teve influência na Psicologia Moderna , foi a doutrina das idéias. A mente seria responsável por dois tipos de idéias, as derivadas que vinham a mente por meio de estímulos externos , produto da experiência dos sentidos e as inatas que surgiam na mente independente de experiências sensórias ou de estímulos externos. 
A psicologia pré-cientifica terminava após a morte de Descartes, por volta do século XIX . O pensamento filosófico é impregnado pelo Positivismo, através do filosofo Europeu Auguste Comte. Sua concepção estava em um levantamento sistemático do conhecimento, limitando seu trabalho a fatos inquestionáveis , aqueles que haviam sido determinados através dos métodos científicos. Assim o Positivismo refere-se a um sistema que reconhece somente os fenômenos e fatos naturais observáveis de forma objetiva.
Outras ideias no campo da filosofia sustentavam o positivismoantimetafísico o materialismo , explicava os fatos do universo em termos físicos pela existência e natureza da matéria, até mesmo a mente podia ser explicada pela matéria, essas considerações materialista dos processos mentais privilegiavam o aspecto físico, isto é as estruturas anatômicas e fisiológicas do cérebro. 
Um terceiro grupo de filósofos, os defensores do empirismo, estava voltado para o modo de como a mente adquire conhecimento. Eles alegavam que todo conhecimento era derivado da experiência sensorial.
A concepção da natureza humana estava e do mundo estava em rápida modificação. O positivismo , o materialismo e o empirismo iriam converte-se nos fundamentos filosóficos da nova psicologia. 
Mas foi o empirismo que teve o principal papel na configuração nas primeiras etapas do desenvolvimento da nova ciência psicológica. 
Os principais empirista britânicos são: John Locke , George Berkeley, David Hume, David Hartyley, James Mil e John Stuart Mill. 
John Locke, voltou seu interesse para o funcionamento cognitivo , ou seja a forma de como a mente adquire o conhecimento, rejeitou a ideia de Descartes, mas retomou a ideia de Aristóteles da “tábula rasa”, pois para ambos a mente adquiria o conhecimento por meio da experiência. As experiências que Locker admitiu foram as derivadas das sensações eas derivadas da reflexão, ele fez também uma distinção entre ideias simples e ideias complexas, onde as simples resultantes da reflexão.
George Berkeley concordava com Locke que todo conhecimento do mundo exterior vem da experiência , mas descordava da distinção Lokeana entre qualidades primarias e secundárias. Ele dizia que não há qualidades primarias ele dizia que todo conhecimento era uma função da pessoa que percebe ou passa pela experiência. Tudo que sabemos é derivado da nossa própria experiência ou nela baseado 
David Huine ( 1711-1776) apoiou a noção Lockeana da combinação de ideias simples em ideias complexas, e desenvolveu e tornou mais explícitas a teoria da associação. Concordou com Berkeley que o mundo material não existe para o individuo até ser percebido, mas aboliu a mente como substancia , dizendo que ela, tal como a matéria , é uma qualidade secundaria. A mente só é observável por meio da percepção e não passa do fluxo de ideias , sensações e lembranças. Estabelece duas espécies de conteúdo mental: Impressões e Ideias. Onde as impressões são os elementos básicos da vida mental, assemelhando-se á sensação e à percepção na terminologia de hoje. As idéias são as experiências mentais que temos na ausência de objetos estimulantes; seu equivalente moderno é a imagem.
David Hartley (1705-1757), este é a contiguidade , com qual ele tentou explicar os processos da memoria , do raciocínio , da emoção, bem como da ação voluntária e involuntária. As ideias ou sensações que ocorrem juntas, de modo simultâneo ou sucessivo , se associam de tal maneira que a ocorrência de uma resulta na ocorrência da outra. Acreditava que a repetição era tão necessária quanto a contiguidade para a formação de associações. Considerava o mundo mental em termos mecanicista , num aspecto , ele foi além dos objetivos dos outros empiristas e associacionistas.
James Mii Formalizou a doutrina da associação , que usou para explicar todos os tipos de atividade mental. Sua contribuição mais importante apara a psicologia é a Analysis of tbe Phenomena of the Hwnan Mmd( Análise dos Fenômenos da Mente Humana). Aplicou a doutrina mecanicista à mente humana com uma precisão e abrangência raras. Seu objetivo era destruir a idéia de atividades psfquicas ou subjetivas e demonstrar que a mente não passa de uma máquina. Para ele a mente a mente é uma entidade passiva que sofre a ação de estímulos externos. 
John Stuart Miii ( 1806-1873) aceitou o argumento de Locke de que a mente humana , ao nascer , é como papel em branco, uma folha vazia que a experiência vai preencher. Acreditava que a mente tinha um papel ativo na associação de idéias. Manifestou-se contra a oposição mecanicista do pai, James Miii. As ideias complexas, sugeriu não ser apenas uma soma decorrente da associação de ideias simples; elas são mais do que a soma das partes individuais ( as ideias simples). Teve o seu pensamento influenciado pelas descobertas da ciência química , que lhe forneceu um modelo ou contexto diferente do da física, que moldaria tão fortemente as ideias de seu pai e dos primeiros empiristas e associacionista.
Bibliografia:
Livro Historia da Psicologia Moderna - Shutz & Shutz Capitulo

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