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Trabalho de psicologia parte1 Infancia

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INSTITUTO POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE
 		
XIX Curso de Licenciatura em Enfermagem
Unidade Curricular: Psicologia I
1º Ano/ Turma A
Ano Letivo: 2017/2018
Psicologia do Desenvolvimento
Aulas práticas laboratoriais
						Docente: Luísa 
Discentes: Ana Carlota Agre Esteves Paço Viana nº 21460
	Cecília da Silva nº21449
Frederico Augusto Agre Esteves Paço Viana nº21458
José Luís Rocha Figueira Novais nº21159
Romana Rolão Pereira nº214
Introdução
A abordagem sobre este tema tem sido gradualmente crescente em que uns consideram que a infância é uma fase onde reina a liberdade e a fantasia, sendo que também há quem diga que a infância é uma fase em que a criança é preparada para um futuro. A sociedade nem sempre olhou para a criança como um ser particular, mas como um adulto miniatura.
 Como sabemos, até cerca do século XVII as condições sanitárias não eram as melhores, sendo que a mortalidade infantil alcançava números alarmantes. Por este motivo, a criança não merecia muita atenção, uma vez que a probabilidade de morrer era grande. Quando dizemos que as crianças eram vistas como “miniaturas de adultos”, queremos dizer que estas trabalhavam desde muito cedo. Mas como dizia António Variações “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e a criança passou a merecer a atenção da sociedade após o séc. XVII de modo a que foi se tornando importante a afetividade demonstrada através da educação. Esta mesma educação passou a ser também feita pelas escolas, embora nem todas as crianças as frequentassem. 
Mais recentemente, a infância é observada como uma fase de novas experiências, de novos desafios e de aventuras sem preocupação com o que vem depois. É claro que não podemos generalizar todas as crianças, há aquelas que têm uma infância em plena felicidade e outras que têm muitos obstáculos pela frente… Mas, será essa uma infância menos feliz do que a outra? Todos nós somos singulares e temos a nossa forma própria de ver o mundo, o que para uns é mau, para outros pode ser o normal. É por isso tão importantes nós, como futuros enfermeiros, percebermos que as relações humanas e os seus comportamentos não são de todo objetivos, sendo que devemos entender a pessoa pela forma como ela pensa. É óbvio que cada um de nós tem valores, crenças, etc. incutidas pela sociedade onde vivemos e pela cultura em que estamos integrados, mas todos nós somos dignos de ser tratados conforme as nossas expectativas e convicções. O que eu pretendo dizer com isto é que é imperativo o conhecimento da pessoa e da família quanto aos seus hábitos e tradições, de forma a conseguirmos direcionar os cuidados de encontro às expetativas do utente, sendo que as crianças também já têm costumes adquiridos, pois nós somos um ser social, em constante relação com a sociedade que nos rodeia. 
Assim sendo, hoje a criança é tida como um ser ingénuo, inocente e alvo de carinho por parte dos adultos. É entendida como um investimento do futuro, uma continuidade da família, que deve ser preservada dos males físicos, psicológicos e sociais. 
Psicologia de desenvolvimento
O que é a infância?
Podemos definir infância na sua forma mais simples, que é a primeira fase da vida de se estende desde do nascimento até a puberdade. No entanto, a infância é muito complexa pois é constituída por diversos aspetos: o desenvolvimento físico, o desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo. Abordando a Infância desta maneira esta pode ser dividida em três partes: 1º parte da infância (0-3 anos); 2º parte da infância (3-6 anos); 3º parte da infância (6-12 anos). 
1º parte da infância (0-3 anos):. Esta fase segundo Piaget, sempre de acordo com uma perspetiva de desenvolvimento cognitivo, pode ser caracterizada pela inteligência prática, baseada nas sensações e nos movimentos (o mundo que existe para o bebé é apenas aquele que ele vê, ouve ou sente). Antes dos 8 meses é como se o mundo não fosse constituído por objetos, mas sim por uma sucessão de imagens, sem ligação entre si, em que as coisas deixam de existir quando deixam de ser percecionadas. A partir dos 8 meses adquire a noção de permanência do objeto (existem objetos independentemente de os estar a percecionar). Progressivamente, vai sendo capaz de agir intencionalmente, de modo cada vez mais coordenado, para obter o fim pretendido (ex.: obter um objeto), utilizando, para tal, não só a ação do próprio corpo, como fazia anteriormente, mas também outros objetos. No final desta fase, surge a capacidade de representação mental e de simbolização (representação mentalmente não só da permanência do objeto, mas também as relações que se estabelecem entre os objetos), a inteligência centrada na ação dá lugar ao pensamento (representação mental) – o pensamento é ação interiorizada; 
De acordo com Erikson esta fase é conceptualizada como o primeiro estádio ou crise promovida a partir das primeiras experiências de vinculação e socialização da criança com as figuras cuidadoras, aprendendo a confiar e a sentir-se seguro ou a desconfiar e a sentir-se inseguro no contexto da relação interpessoal, à medida que, através do olhar do outro (através do modo como é olhado e cuidado), adquire confiança e segurança em si mesmo. Pode também ser caracterizada pela aquisição gradual de autonomia e exploração do meio com suporte das figuras cuidadoras, contrariamente à vergonha ou dúvida associadas ao sentimento de incapacidade do indivíduo, crítica ou dependência excessiva dos cuidadores;
2º parte da infância (3-6 anos): Esta fase/estádio para Piaget é vinculado pela função simbólica: capacidade de representação mental e simbolização; egocentrismo intelectual: a criança acha que o mundo foi criado para si e não é capaz de perceber o ponto de vista do outro (acha que os outros pensam e sentem da mesma forma que ela); animismo: o egocentrismo estende-se aos objetos e outros seres vivos, aos quais a criança atribui
intenções, pensamentos, emoções e comportamentos próprios do ser humano; pensamento mágico: a realidade é aquilo que a criança sonha e deseja, e dá explicações com base na sua
imaginação, sem ter em consideração questões de lógica; a sua perceção imediata é encarada como verdade absoluta, sem perceber que podem existir outros pontos de vista: privilegia as suas perceções subjetivas, desprezando as relações objetivas. Não percebe as diferenças entre as mudanças reais e aparentes e, portanto, responde com base na aparência, acreditando que é o real. Ex.: são apresentados à criança dois corpos iguais com a mesma quantidade de água. À sua frente, verte-se a água de um copo deles para um copo, alto e fino. A criança afirma que agora este copo alto e fino tem mais água do que o outro. Não compreende que a quantidade de água permanece a mesma, independentemente do recipiente em que é colocada. Ou seja, responde com base na aparência (como o segundo copo parece maior, a criança pensa que tem mais água);
Na perspetiva de Erikson é contextualizada pelo período pré-escolar e associado à contínua exploração do meio, expandida pela aquisição de novas competências e capacidades como a linguagem e o jogo simbólico, em que o indivíduo promove a sua iniciativa à medida que desenvolve a responsabilidade pela mesma, interiorizando papéis e limites, podendo estes, por outro lado, despoletar sentimentos de culpa ou inibição quando configurados em excessiva proibição;
3º parte da infância (6-12 anos): Segundo Piaget é definida pelo pensamento lógico, a criança tem capacidades para realizar operações mentais, pois compreende que existem ações reversíveis (percebe que é possível transformar o estado de um objeto, sem que todo o objeto mude, e depois reverter esta transformação, voltando ao estado inicial). A criança já não se baseia na perceção imediata e começa a compreender a existência de características que se conservam, independentemente da sua aparência. Vai igualmente compreender a existência de conceitos, características que não variam em função das mudanças dos objetosmas que existem para além deles e isso vai permitir compreender a relação parte-todo, fazer classificações (agrupar objetos segundo determinada característica comum, abstraindo-se das suas diferenças), seriações (ordenar objetos segundo uma característica com diferentes graus; abstrai-se das semelhanças) e perceber a conservação do número (coordenar a classificação e a seriação);
De acordo com Erikson esta parte da infância está associada ao início do período escolar e da aprendizagem em diferentes domínios face aos quais a criança aprende a sentir-se competente ou, por outro lado, a sentir-se inferior aos seus pares, isto é, menos capaz de realizar as tarefas propostas. 
Ser criança hoje/agora no mundo
Relativamente aos dias de hoje, conseguimos nos aperceber que o conceito de criança varia consoante o país em questão.
Segundo a lei portuguesa as crianças ou jovens têm o direito de receber a proteção e educação que garanta o desenvolvimento integral da sua personalidade e suas potencialidades, sendo-lhe assegurada a prestação dos cuidados de saúde, formação escolar, vocacional e profissional e a participação em atividades culturais, desportivas e recreativas, de acordo com as suas motivações e interesses. Infelizmente sabemos que muitas vezes não é isto que acontece tanto dentro do nosso país como em outros no resto do mundo.
Desde sempre diferenciamos as condições de vida que existem entre países desenvolvidos e países subdesenvolvidos, notando grandes diferenças especialmente no que toca à pobreza infantil.
As crianças vêm o mundo como sendo um local igual para todos, e onde todos somos iguais. Dependendo do país em que se encontram, reparamos que são alvos de diversos tipos de explorações sendo muitas vezes tratadas como objetos. Desde tráfico infantil, trabalho infantil e exploração, estas são submetidas a tarefas que ultrapassam as suas capacidades. 
No que toca ao tráfico infantil as crianças são utilizadas para exploração sexual para fins comerciais (prostituição ou pornografia), casamentos, trabalhos domésticos, adoção, trabalho forçado, mendicância. O trabalho infantil acontece nomeadamente em África e na Ásia onde uma em cada cinco crianças são vítimas. Estima-se que os setores que mais absorvem trabalho escravo são construção civil, pesca e agricultura, trabalho doméstico ou trabalho sexual, trabalho em campos, minas, plantações e fábricas.
Numa escala mundial uma em cada dez crianças é vítima de trabalho infantil.
Se pensarmos no caso da Índia, as raparigas, muitas delas ainda crianças são vendidas pelos pais e obrigadas a casar com homens muito mais velhos, contra a vontade delas. Isto é, impensável no nosso país pois vai contra os nossos princípios.
O tráfico de crianças constitui uma das mais graves violações dos direitos humanos no mundo atual e ocorre em todas as regiões do mundo. A cada ano, centenas de milhares de crianças são contrabandeadas através das fronteiras e vendidas como objetos. Não têm direito à educação, à saúde, a crescer dentro de uma família ou da proteção contra abusos, estas crianças são exploradas por adultos, enquanto o seu desenvolvimento físico e emocional e sua capacidade de sobreviver estão em ameaça constante.
Por um lado, é incorreto dizer que só nos países subdesenvolvidos nos deparamos com estas situações, pois são problemas que cada vez mais presenciamos nas notícias em todo o mundo. 
As crianças, sendo elas crianças, estão no início do seu desenvolvimento, vêm o mundo de outra maneira pois ainda estão a descobri-lo e a perceber o sentido das coisas.
A infância é um período onde o ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo graduais mudanças de comportamento da pessoa e na adquisição das bases da sua personalidade. Qualquer perturbação de um individuo nessa fase pode consequentemente afetar o resto da sua vida.

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