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Aula 1 Completa Introducao Epidemio


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Marcos Históricos:
Hipócrates (Século 50 a.C.) – 
afastando-se do sobrenatural, 
doenças como produto da relação complexa entre o indivíduo e o ambiente. 
Para se entender seria necessário a análise, entre outros fatores, do clima, a maneira de viver, os hábitos de beber e de comer.
Vamos começar com um pouco de história….
John Graunt (1620-1674)
“Pai” das estatísticas vitais ou 
demografia.
Analisava as mortes em Londres, 
Publicou um tratado sobre as tabelas
 mortuárias, segundo sexo e região. 
Marcos Históricos:
Século XIX
Revolução Industrial 
Deslocamento das populações para as cidades
Ocorrência de epidemias (cólera, febre tifóide, febre amarela...)
Estudiosos se dividiam: 
teoria miasmática vs teoria dos germes
Marcos Históricos:
Teoria miasmática: Mal + Ar 
A origem das doenças era atribuída a emanações oriundas da decomposição de animais e plantas.
 
Marcos Históricos:
Marcos Historicos:
Willian Farr (1807-1883) –
Compilação rotineira das causas de óbitos na Inglaterra por mais de 40 anos!!
Contribuições:
 Classificação das doenças
 Identificação de grandes desigualdades regionais e sociais em saúde: 
>50% crianças morriam <5 anos de idade!
Idade média da morte: 36 anos na classe alta, 22 anos entre comerciantes e 16 anos entre trabalhadores da indústria!
Marcos Historicos:
John Snow (1849-1854)
Pai da Epidemiologia: 
 Formulou e exitosamente testou a hipótese sobre a epidemia de cólera ocorrida em Londres (experimento natural):
Maneira de transmissão da Cólera (1855)
Vários estudos entre 1849 e 1854
Em 1855: analisou a frequência e distribuição dos óbitos por cólera segundo época e local;
Em Londres, várias empresas de água distribuíam água de beber; 
Snow comparou as taxas de mortalidade por cólera entre os residentes segundo o tipo de empresa de água fornecedora;
Observou que a mortalidade era maior entre as pessoas que recebiam água de duas das três empresas principais 
E que essas duas empresas recolhiam água com “detritos” de Londres do Rio Tamisa, enquanto a outra coletava a água antes de Londres.
Marcos Historicos:
John Snow (1855) – 
“.... Cada empresa oferta água para ricos e pobres, grandes e pequenas casas, não existe diferenças nas condições ou na ocupação das pessoas recebendo água das diferentes empresas ... mas um grupo vem sendo servido com água contendo detritos de Londres, e nela o que mais tenha vindo dos pacientes com cólera, e outro vem recebendo água livre de impurezas. Para confirmar esse experimento, tudo o que e’ necessário e’ saber qual e’ a fonte de água de cada casa onde um caso fatal de cólera tenha ocorrido....”
A bactéria - agente etiológico (bacteria Vibrio cholerae) - só seria descoberta em 1883. 
Cólera em Londres, 1848
Abastecimento de água N. de casas N. de óbitos Taxa (por
 10 mil casas)
 Southwark	40.046	1.263	315,4
& Vauxhall
Lambeth		26.107	98	37,5
Outras partes 
de Londres	256.423	1.422	55,4
Fonte: adaptada de Waldman (1998, p. 7).
 O mapa da cólera de Snow
Florence Nightingale (1820-1910)
Ardente defensora do poder da estatística em saúde para dirigir opiniões, mudar políticas e instituir reformas:
Enfim…
Promover advocacia. 
LEGENDA:
AZUL=DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS (EX. CÓLERA);
VERMELHO=FERIMENTOS DE GUERRA
MARROM=TODAS AS DEMAIS CAUSAS
Meados dos anos 50, grandes estudos foram conduzidos e o arsenal metodológico da epidemiologia aprimorado:
Marcos Historicos:
ENSAIO CLINICO:
 Eficácia e segurança da vacina de poliomielite (FRANCIS et al. 1957): 
Maior ensaio clínico (de prevenção) já conduzido!
˜ 1 milhão de escolares
aleatoriamente alocados: vacina vs placebo inerte
Demonstrou a eficácia e segurança da vacina e foi a base para a prevenção da poliomielite no mundo!
Marcos Historicos:
ENSAIO CLINICO:
Efetividade da suplementação de flúor na água (1940):
Estudo de intervenção em comunidades (EUA)
Levou a iniciativa de ampla introdução desta medida como prevenção de cáries dentárias.
Marcos Historicos:
ESTUDO DE COORTE:
The Framingham study (DAWBER et al. 1949, 1957; McKEE et al. 1971): 
Primeiros estudos de longo seguimento 
Contribuiu e tem contribuido até hoje para compreendermos os fatores de risco das doenças cardiovasculares.
Acompanhou cerca de 5.200 residentes de Framingham (Massachusetts - EUA) por mais de 35 anos para explorar a relação entre uma variedade de fatores de risco e doenças cardiovasculares. 
Marcos Históricos:
ESTUDO CASO-CONTROLE: 
Caso-controle sobre hábito de fumar e câncer de pulmão: Doll & Hill, Wynder & Graham (1952)
Primeiro importante estudo de caso-controle 
História de tabagismo de 700 pessoas com câncer de pulmão e de outras 700 pessoas hospitalizados por condições “não-malignas”. 
Marcos Históricos:
ESTUDO CASO-CONTROLE
Wynder & Graham (1952) - 
Exposição	Homens com ca pulmão
Fumantes	 584 (96,5%)
Não Fumantes	 21
				 605
Homens com outras doenças
	575 (73,7%)
		205
		780
Estudar ca de pulmão era muito diferente de estudar d. infecciosas (agudas e com curto períodos de incubação e indução), o que demandou o desenvolvimento de metodologias especificas (ex. estudos de caso-controle).
alguns estudos epidemiológicos podem interferir nas políticas de saúde mesmo antes que a pesquisa básica de laboratório traga qualquer evidência de plausibilidade biológica para o achado...
Aumento de mortes súbitas de mulheres jovens nos EUA:
1980 - Estudos epidemiológicos identificaram os tampões super-absorventes como responsáveis por essas mortes. 
1982 - Produto teve sua venda suspensa em 1980, com conseqüente diminuição das mortes (REINGOLD et al., 1982). 
1987- Só 5 anos mais tarde foi compreendido que uma interação das fibras do tampão, magnésio e crescimento bacteriano era o mecanismo determinante da doença.
Origem Grega e foi usada pela primeira vez em 1802:
Epi = sobre; Demos = população.
Definição:
Várias definições já foram publicadas...
1873 (PARKIN, Oxford English Dictionary):
"Parte das ciências da saúde que lida com epidemias".
1850 (London Epidemiological Society):
“fundada com o objetivo de determinar a causa e métodos de prevenção da cólera e outras doenças epidêmicas". = objeto voltado para o estudo das doenças epidêmicas. 
Dicionário de Epidemiologia (LAST, J. 1995): 
"O estudo da distribuição e determinantes de eventos relacionados à saúde em populações específicas, e a aplicação deste estudo para o controle de problemas de saúde".
Definição:
"Estudo": Se refere a sistematização do conhecimento. Incluindo vigilância, observação, testes, pesquisa analítica e experimentos. 
"Distribuição": Se refere a quantificação da existência e ocorrência dos eventos relacionados à saúde e a caracterização deles quanto ao tempo, lugar e tipo de pessoas que são afetadas. O estudo da distribuição de eventos relacionados à saúde é objeto da Epidemiologia descritiva.
"Determinantes": Se refere a todos os fatores físicos, biológicos, sociais, culturais e de comportamento que influenciam a saúde de populações. O que é objeto da Epidemiologia analítica. 
"Eventos relacionados à saúde": Se refere não apenas a qualquer doença, agravo à saúde ou causa de óbito, como também a comportamentos e hábitos (exemplo: aderência terapêutica, prática de exercícios físicos, razões para demanda aos serviços de saúde, hábito de fumar, uso de bebida alcoólica, tipo de alimentação, etc).
"Populações específicas": Se refere a uma população concreta com características bem definidas. 
"Aplicação para o controle…": Se refere ao objetivo final da Epidemiologia na promoção, prevenção e recuperação da saúde. 
"O estudo da distribuição e determinantes de eventos relacionados à saúde em populações específicas, e a aplicação deste estudo para o controle de problemas de saúde".
Pressupostos:
Doenças/agravos em sereshumanos não ocorrem de maneira aleatória;
Doenças/agravos em seres humanos tem fatores causais que podem ser identificados através de observações sistemáticas em diferentes populações ou subgrupos populacionais, em diferentes lugares e em diferentes momentos no tempo.
Existem dois importantes pressupostos da Epidemiologia:
O Que é Epidemiologia? 
Qual é o objeto de estudo da epidemiologia? 
Interessa ao Ministro da Saúde?
Interessa ao Secretário de Saúde de um Município?
Interessa ao Médico de Família de uma UBS?
Interessa ao Clínico Geral?
Interessa ao Enfermeiro de um grande hospital?
Interessa ao Especialista da rede privada?
Interessa au Cirurgião de Transplantes?
Interessa à Comunidade?
A quem interessa o estudo da epidemiologia? 
Epidemiologia
CIÊNCIA APLICADA:
Saúde Coletiva (fatores de risco coletivos, avaliação de ações, programas e políticas = medidas de efeito e impacto) 
Clínica (fatores de risco individuais, tratamento, diagnóstico)
Exemplo
Vc acaba de assumir o cargo de Secretário de Saúde de um município e convoca a equipe de saúde para tirar suas dúvidas:
Quais são as doenças mais incidentes e prevalentes?
Quais as doenças com maior letalidade e mortalidade?
Onde, em quem e quando elas ocorrem com maior frequência?
Quais são os fatores que contribuem para que elas ocorram nesses locais, pessoas e épocas do ano?
Quais são os testes diagnósticos que estamos/devemos adotar?
Quais são os impactos (efetividade) de nossas ações, programas e políticas? 
Que outras medidas poderiam nos ajudar a controlar ou eliminar tais doenças?
Quais os fatores que contribuem para que nosso município tenha essas doenças?
O que devemos priorizar nesse cenário?
Exemplo
Seu paciente acaba de receber o diagnóstico de HIV/AIDS e deseja tirar suas dúvidas:
O que me fez desenvolver essa doença?
Esse diagnóstico está correto mesmo?
Qual o melhor tratamento para aumentar minhas chances?
Que eficácia ele tem?
Quais os riscos do tratamento?
O que devo fazer para aumentar minhas chances de sobrevida?
Quanto tempo espero viver (com e sem tratamento)?
Qual a qualidade de vida que terei durante o tratamento
O que devo fazer para prevenir complicações da doença? 
Epidemiologia nos ajuda a definir padrões para gerar probabilidades
Precisas e Válidas: 
O que é probabilidade?
O Que é precisão?
- Ausência de erro aleatório (variação devido à chance)
Que é válidade?
Ausência de tendenciosidades/ vieses: seleção, informação