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Introdução à Epidemiologia

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Disciplina: Fundamentos de Estatística e Epidemiologia
Aula 1: Introdução à Epidemiologia
Apresentação
Nesta aula, trabalharemos com uma introdução à Epidemiologia, conhecendo os principais personagens responsáveis por
sua organização mundial. A partir disso, será possível que você perceba a Epidemiologia como ciência aplicável à área da
Saúde, observando um breve histórico com suas atualidades e interfaces.
Objetivo
Reconhecer as raízes históricas da Epidemiologia e os personagens contribuintes para sua consolidação;
Descrever suas atuais aplicações e objetivos;
Relacionar as interfaces disciplinares.
O que é Epidemiologia?
 Fonte: unsplash.
Epidemiologia é o estudo da distribuição das doenças nas populações e os fatores que in�uenciam ou determinam essa
distribuição. Por que uma doença se desenvolve em algumas populações e não em outras?
A premissa fundamental da Epidemiologia é que doença, moléstia e
ausência de saúde não são distribuídas ao acaso na população.
Mais exatamente, cada um de nós possui certas características que predispõem ou protegem contra uma variedade de
doenças. Essas particularidades podem ser primariamente genéticas ou resultados da exposição a determinados perigos
ambientais. Entretanto, segundo Gordis (2010), frequentemente estamos interagindo com fatores genéticos e ambientais no
desenvolvimento da doença.
Uma de�nição mais ampla da Epidemiologia tem sido largamente aceita, de�nindo-a, de acordo com Last (1995), como o
estudo da distribuição e determinantes de estados relacionados com a saúde ou eventos em populações especí�cas e a
aplicação desse estudo para o controle dos problemas de saúde.
O que é notável sobre esta de�nição é que ela inclui a descrição dos
conteúdos da disciplina e a proposta para as quais as investigações
epidemiológicas são realizadas.
Os objetivos da Epidemiologia
Quais são os objetivos especí�cos da Epidemiologia?
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Clique nos botões para ver as informações.
Identi�car a etiologia ou causa da doença e os fatores de risco relevantes—isto é, fatores que aumentam o risco da doença
para a pessoa. Queremos saber como a doença é transmitida de uma pessoa para outra ou de um reservatório não
humano para uma população humana.
Nosso maior objetivo é intervir para reduzir a morbidade e a mortalidade das doenças. Queremos desenvolver uma base
racional para programas de prevenção. Se pudermos identi�car a etiologia ou os fatores causais da doença e reduzir ou
eliminar a exposição a esses fatores, poderemos desenvolver uma base para problemas preventivos.
Primeiro 
Determinar a extensão da doença encontrada na comunidade. Qual é o grau de importância da doença na comunidade?
Esta é uma questão crítica para o planejamento de serviços e instalações de saúde e para o treinamento de futuros
agentes de saúde.
Segundo 
Estudar a história natural e os prognósticos da doença. Evidentemente, certas doenças são mais graves que outras.
Algumas podem ser rapidamente letais, enquanto outras podem apresentar maior tempo de sobrevivência. Outras podem
não ser fatais. Queremos de�nir a história natural da doença quantitativamente, a �m de podermos desenvolver novos
modelos de intervenção, através de tratamentos ou de abordagens preventivas, podendo comparar seus resultados com
os dados de referência para determinar se foram realmente efetivos.
Terceiro 
Avaliar medidas preventivas e terapêuticas e modelos de assistência à saúde novos ou existentes. Por exemplo, o
rastreamento do câncer de próstata utilizando-se o antígeno prostático especí�co (PSA), melhora a sobrevida dos homens
com câncer de próstata? O implemento de medidas e novas abordagens no cuidado à saúde tiveram impacto nos
pacientes e em sua qualidade de vida?
Quarto 
Proporcionar bases para o desenvolvimento de políticas públicas relacionadas a problemas ambientais, genéticos e de
outras naturezas no que diz respeito à prevenção e promoção da saúde.
Quinto 
Exemplo
Por exemplo, a radiação eletromagnética emitida por cobertores térmicos, almofadas elétricas e outros aparelhos domésticos
oferece perigo à saúde? Os elevados níveis atmosféricos de ozônio ou de outras partículas constituem-se em causas adversas,
agudas ou crônicas, à saúde das populações humanas? O radônio em residências apresenta risco signi�cativo para o ser
humano? Que pro�ssões estão associadas ao aumento do risco em trabalhadores e que leis de proteção são necessárias?
Conceito de Epidemiologia
A Associação Internacional de Epidemiologia (IEA), em seu Guia de Métodos de Ensino (1973), de�ne Epidemiologia como o
estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
 Fonte: unsplash.
Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no
indivíduo, analisando caso a caso, a Epidemiologia debruça-
se sobre os problemas de saúde em grupos de pessoas— às
vezes pequenos grupos—, na maioria das vezes envolvendo
populações numerosas.
Muitas doenças, cujas origens até bem recentemente não encontravam explicação, têm tido suas causas esclarecidas pelas
metodologias epidemiológicas, que têm por base o método cientí�co aplicado da maneira mais abrangente possível a
problemas de doenças que ocorrem em nível coletivo.
A Epidemiologia é o eixo da saúde pública. Proporciona as bases para avaliação das medidas de pro�laxia, fornece pistas para
diagnose de doenças transmissíveis e não transmissíveis e enseja a veri�cação da consistência de hipóteses de causalidade.
Além disso:
1
Estuda a distribuição da morbidade a �m de traçar o per�l de
saúde—doença nas coletividades humanas.
2
Realiza testes de e�cácia e de inocuidade de vacinas.
3
Desenvolve a vigilância epidemiológica.
4
Analisa os fatores ambientais e socioeconômicos que possam
ter alguma in�uência na eclosão de doenças e nas condições
de saúde.
5
Constitui um dos elos de ligação comunidade/governo,
estimulando a prática da cidadania mediante o controle, pela
sociedade, dos serviços de saúde.
História nacional da doença
Segundo Leavell e Clarke (1976), História nacional da doença é o nome dado ao conjunto de processos interativos que
compreendem as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu
desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar,
passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte.
John Snow e cólera
Considerado o pai da Epidemiologia, John Snow viveu no
século XIX e foi muito conhecido como o anestesiologista
que administrou clorofórmio à Rainha Vitória durante um
parto.
Entretanto, a verdadeira paixão de Snow foi a epidemiologia
do cólera, doença que foi o principal problema na Inglaterra
na metade do século XIX.
 Dr. John Snow (1813-1858). (Fonte: Wikimedia)
Na primeira semana de setembro de 1854, cerca de 600 pessoas que moravam a poucos quarteirões da Broad Street, em
Londres, morreram de cólera. Naquele tempo, o Registro Geral era dirigido por William Farr.
Snow e Farr discordavam completamente sobre a causa do cólera. Farr aderiu à chamada teoria dos miasmas da doença. De
acordo com essa teoria, fortemente aceita na época, a doença era transmitida por um miasma, ou nuvem, que passava rente à
superfície terrestre.
Se fosse assim, poderíamos esperar que pessoas que vivessem em
baixas altitudes teriam um risco maior de contrair a doença,
transmitida pela nuvem, do que aquelas que viviam em elevações.
 William Farr. (Fonte: Wikimedia) 
Farr coletou dados para comprovar sua hipótese, estes
eram consistentes com sua hipótese: Quanto menor a
elevação, maior a taxa de mortalidade. Snow não
concordava. Ele acreditava que o cólera era transmitido
através da água contaminada.
 Epidemiologia do sapato de couro
 Clique no botão acima.
Nesse tempo, em Londres,uma pessoa obtinha água contratando uma das companhias de abastecimento. A
captação da água era feita em pontos muito poluídos do Rio Tâmisa.
Em dado momento, uma das companhias, a Lambeth Company, por razões técnicas, e não de saúde, transferiu sua
captação de água acima do Tâmisa, uma área menos poluída do rio, mas as outras companhias não moveram seus
locais de captação de água.
Snow raciocionou, então, que, baseado em sua hipótese de contaminação da água, a taxa de mortalidade do cólera
deveria baixar nas pessoas que obtinham água de outras companhias. Ele fez o que chamamos hoje de Epidemiologia
do sapato de couro— indo de casa em casa, contando as mortes por cólera em cada uma delas, e determinando qual a
companhia que fornecia a água em cada casa.
Os achados de Snow mostram o número de casos, o número de mortes por cólera e as mortes por 10.000 casas.
Embora essa não seja a taxa ideal, pois uma casa pode conter números diferentes de pessoas, não é uma má
aproximação.
Vemos que nas casas abastecidadas pela Southwark e Vauxball Company, que captavam água na parte poluída do
Tâmisa, a taxa de mortalidade foi de 315 por 10.000 casas. Nas casas abastecidas pelas Lambeth Company, que havia
reposicionado seu ponto de captação de água, a taxa foi de apenas 38 mortes por 10.000 casas.
Seus dados foram tão convincentes que levaram Farr, do Registro Geral, a exigir o registro de cada distrito no sul de
Londres da companhia que abastecia cada casa em que houvesse uma pessoa morta por cólera. Convém recordar
que, na época de Snow, a ideia de que a contaminação da água estava associada ao cólera foi baseada inteiramente
em dados observacionais.
Outros ícones da Epidemiologia
De acordo com Almeida Filho (1986), no século XVIII, na
Alemanha, Johann Peter Franck sistematizou as propostas
de uma política médica, baseada na compulsoriedade de
medidas de controle e vigilância das doenças, sob a
responsabilidade do Estado, junto com a imposição de
regras de higiene individual para o povo.
 Johann Peter Franck. (Fonte: Wikimedia)
Médico e matemático, Pierre-Charles Alexandre Louis foi o precursor da avaliação da e�cácia dos tratamentos clínicos,
utilizando os métodos da Estatística.
 Pierre-Charles Alexandre Louis. (Fonte: Wikimedia)
Era um médico, clínico e patologista francês conhecido por
seus estudos sobre tuberculose, febre tifoide e pneumonia ,
mas a maior contribuição de Louis para a Medicina foi o
desenvolvimento da doença método numérico, precursor da
Epidemiologia e do ensaio clínico moderno, abrindo
caminho para a Medicina baseada em evidências.
O termo medicina social, proposto por Guérin em 1838, tem servido para designar genericamente modos de tomar
coletivamente a questão da saúde.
Segundo Nájera, o termo Epidemiologia fora criado por Juan de Villalba, em 1802, (que recuperou o nome de 300 anos oriundo
de Angelerio na Espanha), mais no sentido de um histórico das epidemias espanholas. Sir William Farr marcou a
institucionalização da estatística médica com a criação em 1839 do registro anual de mortalidade e morbidade para a
Inglaterra e País de Gales.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Conclusão
Prevenção e terapia são frequentemente vistas como atividades excludentes.
Fica claro, entretanto, que a prevenção não somente integra a saúde
pública, como também a prática clínica. O papel dos pro�ssionais da
Saúde é de manter a saúde tanto.
Desse modo, muito da dicotomia entre terapia e prevenção é uma ilusão. Terapia envolve prevenção secundária e terciária. Esta
última denota a prevenção de complicações, como uma de�ciência. Às vezes, também envolve prevenção primária.
Atenção
Sendo assim, o espectro completo da prevenção deve ser visto de forma integral tanto para a saúde pública como para a prática
clínica. Epidemiologia é um instrumento, imprescindível para o fornecimento de bases racionais, para que programas de
prevenção efetivos possam ser planejados e implementados e para conduzir investigações clínicas que contribuam com o
controle de doenças e minimizem o sofrimento humano associado a elas.
De acordo com Opas (1992) e Paim et al. (1998), vem ser destacadas as tendências hegemônicas observadas no crescimento
da Epidemiologia e as repercussões por elas geradas.
Embora a Epidemiologia se constitua em um dos eixos da saúde pública e, consequentemente, como se viu, tenha contribuído
decisivamente para o conhecimento e o controle de doenças em bases populacionais, suas modernas concepções, relatadas
extensamente na literatura biomédica, têm imprimido à Metodologia Epidemiológica características peculiares que, se de um
lado têm contribuído decisivamente para o aprimoramento das pesquisas em clínica médica, reorientando as condutas
voltadas para o indivíduo, buscando uma melhor racionalidade técnico-cientí�ca da atenção individual, do outro lado,
acompanha a crise da saúde pública.
 Prevenção e terapia vistas como atividades mutuamente excludentes. 
(Fonte: Wilson T: Ziggy cartoon. Universal Press Syndicate, 1986)
Atividade
1. John Snow, médico inglês do Século XIX, deu grande contribuição à Epidemiologia por seus estudos sobre a epidemia de:
a) Cólera
b) Peste
c) Sarampo
d) Rubéola
e) Varíola
2. A primeira tentativa de buscar uma explicação matemática para o fenômeno epidêmico foi efetuada por:
a) William Petty
b) John Snow
c) John Graunt
d) Rudolf Virchow
e) William Farr
3. A relação entre a cólera e as águas contaminadas postulada por John Snow encontrou a forte oposição de:
a) Adam Smith
b) Chadwick
c) Edward Jenner
d) Joseph Lister
e) William Farr
4. Propôs o termo medicina social, que serve para designar genericamente modos de tomar coletivamente a questão de saúde:
a) Alexander Fleming
b) Pierre-Charles Alexandre Louis
c) Johann Peter Franck.
d) Joseph Goldberger
e) Gehard Domagk
5. O termo Epidemiologia foi empregado pela primeira vez como título de um trabalho sobre a peste, escrito por:
a) Tucídides
b) Homero
c) Angelerio
d) Juan de Villalba
e) Camus
Notas
Referências
ALMEIDA FILHO, Naomar de. Bases históricas da Epidemiologia. In: Cadernos de Saúde Pública. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1986000300004. Acesso em: 06 jan. 2020.
GORDIS, Leon. Epidemiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010.
LAST, J. M. A dictionary of epidemiology. 4. ed. UK: Oxford University Press, 1995.
MEDRONHO, Roberto de Andrade. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2002.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Riesgos del ambiente humano para la salud. Washington, 1976. 359p.
Publ. Cient. 329.
PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, Naomar de. Saúde coletiva: Uma nova saúde pública ou campo aberto a novos paradigmas? In:
Rev. Saúde Pública, 1998; 32(4) 299-316.
javascript:void(0);
( )
ROTHMAN, H. J.; GREENLAND S. Epidemiologia moderna. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
ROUQUAYROL, Maria Zélia. Epidemiologia e saúde. 3. ed. Rio de Janeiro: MedBook, 1988.
Próxima aula
Na próxima aula, estudaremos os seguintes assuntos:
Os conceitos básicos da Epidemiologia.
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