Buscar

Avaliação do Desempenho Térmico de Edificação Unifamiliar

Prévia do material em texto

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO DE UMA EDIFICAÇÃO 
UNIFAMILIAR 
 
 
 
 
Resumo: Este trabalho tem por objetivo a avaliação do desempenho térmico de uma residência unifamiliar, 
analisando a materialidade original da edificação e a carga térmica de projeto e, posteriormente apresentando nova 
proposta de materiais para melhoria do sistema. Para o desenvolvimento do estudo considerou-se somente 4 
ambientes da residência, sendo eles, os dois dormitórios, a suíte e a sala de estar. Após a adequação do projeto 
verifica-se que todos os ambientes da residência reduziram consideravelmente sua carga térmica, cerca de 50%, 
reduzindo também a potência necessária para os aparelhos de ar condicionado instalados nos ambientes. 
 
Palavras-chave: Desempenho térmico. Materialidade. Carga térmica. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A habitação é um conjunto de elementos estruturais que deve oferecer segurança e 
proteção contra ações do meio externo para as pessoas que a habitam. Para Costa (1982), a 
habitação tem como finalidade proteger o ser humano contra as ações do meio ambiente e 
fenômenos meteorológicos, principalmente fatores como a chuva, neve, vento e variações de 
temperatura. 
O corpo humano necessita de algumas exigências de conforto térmico que estão 
relacionadas ao seu organismo, a temperatura do corpo humano é mantida na ordem de 27ºC, 
condição essa que deve ser satisfeita, quando as trocas de calor com o ambiente ocorrem sem 
maiores esforços. 
O Conforto Térmico é um fator importante a ser considerado em habitações, pois deve 
expressar a satisfação do homem com o ambiente. A não satisfação pode ser causada pela 
sensação de desconforto pelo calor ou pelo frio, ou seja, quando há diferenças entre o calor 
produzido pelo corpo e o calor perdido para o ambiente. 
No entanto, o conforto térmico depende além de fatores físicos que estabelecem a troca 
de calor do corpo com o meio, de fatores fisiológicos e psicológicos. Os fatores fisiológicos são 
resultantes da exposição contínua a determinada condição térmica e, os fatores psicológicos 
estão relacionados às diferenças na percepção e na resposta a estímulos sensoriais. 
Outro fator que deve ser considerado em habitações é o Desempenho Térmico, seu 
cálculo é feito pelos dados climáticos, que são caracterizados pelos dias típicos de projeto, para 
os períodos de inverno e verão. A sua avaliação engloba a proposta do projeto arquitetônico, o 
qual envolve a relação das trocas térmicas entre o ambiente interno e o ambiente externo. As 
edificações projetadas com tal função tornam-se confortáveis e minimizam o consumo de 
energia elétrica. (SIQUEIRA et al., 2005). Desse modo é importante conhecer os materiais e 
suas resistências quanto à transmissão de calor, para o correto dimensionamento da edificação, 
minimizando os gastos energéticos com climatização. 
A proposta deste estudo é verificar a materialidade original de uma edificação 
unifamiliar e, posteriormente adaptá-la, de modo que se possa reduzir a carga térmica final dos 
ambientes, e consequentemente reduzir o consumo de energia de sistema de climatização de ar 
condicionado. 
 
2 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
2.1 Materiais 
 
 
 
2.1.1 Apresentação do projeto inicial 
Com a finalidade de avaliar a carga térmica dos ambientes de uma edificação 
unifamiliar, o presente estudo foi elaborado através da análise de uma edificação térrea com 
área total de 94m² e pé direito de 2,90m, possuindo dois dormitórios, uma suíte, um banheiro, 
uma cozinha, uma sala de jantar, uma sala de estar, uma lavanderia e uma garagem. Porém, 
para o desenvolvimento do estudo considerou-se somente 4 ambientes, sendo eles, os dois 
dormitórios, a suíte e a sala de estar. 
A edificação é composta por paredes de 15cm na cor azul imperial, com tijolos maciços 
rebocados em ambas as faces. A cobertura é de telhas de barro na cor terracota, com laje de 
concreto de 12cm, as janelas são compostas por vidro simples com espessura de 6mm e 
veneziana de madeira de 25mm. 
No desenvolvimento dos cálculos considerou-se o período de verão (22 de dezembro), 
latitude de 30° para o índice de radiação solar, temperatura interna de 23°C e temperatura 
externa de 34°C. Além disso, considerou-se também 150w por pessoa na ocupação dos 
ambientes. 
Nas Figuras 01, 02 e 03 são apresentadas a planta baixa da edificação e, os cortes AA e 
BB respectivamente. 
 
Figura 1 - Planta Baixa da edificação 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
Figura 2 - Corte AA da edificação 
 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
 
Figura 3 - Corte BB da edificação 
 
Fonte: Autores (2018). 
 
2.1.2 Apresentação do projeto alterado 
Como o objetivo de reduzir a carga térmica final dos ambientes, as características 
construtivas da edificação foram alteradas. Nas paredes externas foram empregados tijolos 
furados de 16x32x10 cm, rebocadas em ambas as faces, com pintura na cor branco. A cobertura 
que antes era composta por telhas de barro, agora é composta por telhas do tipo sanduíche de 
zinco de 5 mm na cor branco gelo com camada interna de isopor 5 cm, além da laje de concreto 
de 12 cm que já existia no projeto original. Nas janelas o material não foi alterado, sendo 
compostas por vidro simples com espessura de 6mm e veneziana de madeira de 25mm. 
Optou-se por essas pequenas alterações de materiais para que o custo final de execução 
da residência não seja muito maior que o custo anteriormente calculado no projeto original. 
 
2.2 Métodos 
 
2.2.1 Resistência térmica 
A resistência térmica é a propriedade do material em resistir a passagem de calor. De 
acordo com a NBR 15220 (ABNT, 2003) a resistência térmica é a razão entre a variação de 
temperatura das superfícies externa e interna de um componente ou elemento construtivo pela 
densidade de fluxo de calor. Para as edificações que apresentam câmaras de ar não ventiladas, 
a norma indica valores de resistência térmica (Rar) de 0,21 m²K/W. 
 
 
Os fechamentos recebem calor por radiação e convecção e, a resistência térmica total de 
uma superfície depende do somatório do conjunto de resistências térmicas correspondentes às 
camadas de um elemento ou componente, incluindo a resistência superficial externa (Rse) e a 
resistência superficial interna (Rsi), conforme Tabela 01. 
 
Tabela 1 - Resistência térmica superficial interna e externa 
 
Fonte: NBR 15220 (ABNT, 2003). 
 
Com a elevação da temperatura externa haverá diferença com a temperatura interna, 
fazendo com que ocorra a troca de calor por condução, esta troca depende da condutividade 
térmica do material (λ), conforme Tabela 02. 
 
Tabela 2 - Densidade de massa aparente (ρ), condutividade térmica (λ) e calor específico (c) de 
materiais 
 
 
Fonte: NBR 15220 (ABNT, 2003). 
 
A partir destes coeficientes de condutividade térmica e da espessura de cada material é 
possível calcular a resistência de cada seção, determinada pela Equação 1. 
 
𝑅𝑆𝑒çã𝑜 =
𝑒1
1
+ 
𝑒2
2
+ ⋯ + 
𝑒𝑛
𝑛
 (1) 
 
Onde: 
RSeção: resistência térmica da seção analisada (m²K/W); 
e: espessura da camada de cada material (m); 
λ: condutividade térmica; 
 
 
 
Com base nos valores obtidos nas diferentes seções presentes no fechamento analisado 
e também de suas respectivas áreas é possível calcular a resistência do mesmo, determinada 
pela Equação 2. 
 
𝑅𝑡 =
𝐴1
𝐴1
𝑅1
+
𝐴2
𝐴2
𝑅2
+ ⋯ +
𝐴𝑛
𝐴𝑛
𝑅𝑛
 (2) 
 
Onde: 
Rt: resistência térmica do fechamento analisado (m²K/W); 
A: área de cada seção do fechamento (m²); 
R: resistência térmica de cada seção do fechamento (m²K/W); 
 
A resistência térmica total da seçãoé dada pelo somatório da resistência térmica do 
fechamento e as resistências superficiais externa e interna, conforme Equação 3. 
 
𝑅𝑇 = 𝑅𝑠𝑖 + 𝑅𝑡 + 𝑅𝑠𝑒 (3) 
 
Onde: 
RT: resistência térmica total (m²K/W); 
Rt: resistência térmica do fechamento analisado (m²K/W); 
Rsi: resistência térmica superficial interna (m²K/W); 
Rse: resistência térmica superficial externa (m²K/W); 
 
2.2.2 Transmitância térmica 
A transmitância térmica do fechamento é dada pelo inverso da resistência térmica total, 
conforme Equação 4. 
𝑈 =
1
R𝑇
 (4) 
 
Onde: 
U: transmitância térmica (W/m²K); 
RT: resistência térmica total (m²K/W); 
 
2.2.3 Fluxo térmico 
Fluxo térmico é a taxa de energia térmica (calor) transferida de uma superfície e, 
representa o ganho térmico do ambiente por condução do fechamento. 
Segundo FROTA e SCHIFFER (2001), o sol incidente sobre a edificação representa 
sempre um ganho de calor em função da intensidade da radiação incidente e das características 
térmicas dos materiais. Os elementos da edificação, quando expostos aos raios solares, diretos 
ou difusos, ambos radiação de alta temperatura, podem ser classificados como opacos ou 
transparentes. 
No caso de uma parede opaca exposta à radiação solar e sujeita a uma determinada 
diferença de temperatura entre os ambientes interno e externo, os mecanismos de troca de calor 
ocorrem conforme apresentado na Figura 04. 
 
 
 
 
 
 
Figura 04 - Trocas de calor através de paredes opacas 
 
 
 
Fonte: FROTA e SCHIFFER (2001). 
 
No caso de uma parede ou fechamento transparente exposta à incidência da radiação 
solar e sujeita a uma determinada diferença de temperatura entre os ambientes interno e externo, 
os mecanismos de troca de calor ocorrem conforme apresentado na Figura 05. 
 
Figura 05 - Troca de calor fechamentos transparentes 
 
 
 
Fonte: FROTA e SCHIFFER (2001). 
 
Os cálculos realizados utilizaram como referência os índices de radiação incidente para 
latitude 30°, e período do verão (22 de dezembro), conforme Tabela 3. Estes índices são 
considerados para o horário de maior incidência, conforme a orientação solar do fechamento. 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 3 - Dados de Radiação Solar Incidente sobre Planos Verticais e Horizontais 
 
Fonte: FROTA e SCHIFFER (2001). 
 
2.2.3.1 Fluxo térmico pelos fechamentos opacos 
O fluxo térmico pelos fechamentos opacos considera os valores de transmitância térmica 
da superfície, da radiação solar e da absorvidade da superfície (α) que depende de sua cor. Como 
o cálculo é feito para o verão, deve-se usar a Equação 5. 
 
𝑞𝑓𝑜 = 𝑈 . (𝛼. 𝐼. 𝑅𝑠𝑒 + (𝑡𝑒 − 𝑡𝑖)) (5) 
 
Onde: 
qFO: fluxo térmico pelos fechamentos opacos (W/m²K); 
U: transmitância térmica (W/m²K); 
α: absorvidade da superfície externa; 
I: radiação solar (W/m²); 
Rse: resistência térmica superficial externa (m²K/W); 
te: temperatura externa (°C); 
ti: temperatura interna (°C); 
 
A partir dos valores de fluxo térmico pelo fechamento opaco (qFO) e área da superfície 
é possível calcular o fluxo térmico total que atravessa o fechamento opaco (QFO), conforme 
Equação 6. 
 
𝑄𝐹𝑂 = 𝑞𝐹𝑂 . 𝐴 (6) 
 
Onde: 
QFO: fluxo térmico total que atravessa o fechamento opaco (W); 
qFO: fluxo térmico pelo fechamento opaco (W/m²K); 
A: área do fechamento (m²); 
 
2.2.3.2 Fluxo térmico pelos fechamentos transparentes 
O fluxo térmico que atravessa os fechamentos transparentes é a soma do calor por 
condução que atravessa a abertura e o ganho solar por radiação pelo vidro. O calor que atravessa 
a abertura depende de sua transmitância e da diferença de temperatura externa e interna, 
conforme Equação 7. 
 
𝑞𝐴 = 𝑈 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑖) (7) 
 
 
 
Onde: 
qA: fluxo térmico por condução (W/m²); 
U: transmitância térmica (W/m²K); 
te: temperatura externa (°C); 
ti: temperatura interna (°C); 
 
O ganho por radiação depende do fator solar e da radiação solar, conforme Equação 8. 
O fator solar é a quantidade de calor que entra no ambiente, em vidros simples esse valor é de 
0,87, já para fechamentos que possuem proteção, como por exemplo venezianas, esse valor 
reduz a 0,22. 
 
𝑞𝑆 = 𝐹𝑆. 𝐼 (8) 
 
Onde: 
qS: ganho solar pelo vidro (W/m²); 
FS: fator solar; 
I: radiação solar (W/m²); 
 
O fluxo térmico pelos fechamentos transparentes é a soma do fluxo térmico por 
condução e o ganho solar pelo vidro, conforme Equação 9. 
 
𝑞𝐹𝑇 = 𝑞𝐴 + 𝑞𝑆 (9) 
 
Onde: 
qFT: fluxo térmico pelos fechamentos transparentes (W/m²K); 
qA: fluxo térmico por condução (W/m²); 
qS: ganho solar pelo vidro (W/m²); 
 
A partir dos valores de fluxo térmico pelo fechamento transparente (qFT) e área da 
superfície é possível calcular o fluxo térmico total que atravessa o fechamento transparente 
(QFT), conforme Equação 10. 
 
𝑄𝐹𝑇 = 𝑞𝐹𝑇 . 𝐴 (10) 
 
Onde: 
QFT: fluxo térmico total que atravessa o fechamento transparente (W); 
qFT: fluxo térmico pelo fechamento transparente (W/m²K); 
A: área do fechamento (m²); 
 
2.2.4 Carga térmica 
Carga térmica é o somatório de todas as formas de calor presentes em um determinado 
ambiente, sendo determinada através da Equação 11. 
 
𝐶𝑇 = 𝑄𝐹𝑂 + 𝑄𝐹𝑇 (11) 
 
Onde: 
CT = Carga térmica do ambiente (W); 
QFO: fluxo térmico total que atravessa o fechamento opaco (W); 
QFT: fluxo térmico total que atravessa o fechamento transparente (W); 
 
 
2.2.5 Potência do aparelho de ar condicionado 
A potência requerida para os aparelhos de ar condicionado deve ser calculada através 
da soma da carga térmica total do ambiente e o ganho de calor dos ocupantes do ambiente, 
considerando as potências comercializadas. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
3.1 Projeto Inicial 
Após o levantamento de dados e características dos fechamentos do projeto inicial, 
realizou-se os cálculos para determinar a potência dos aparelhos de ar condicionado para os 
dois dormitórios, a suíte e a sala de estar da residência. 
Previamente foram calculados os valores de resistência térmica e, posteriormente a 
transmitância térmica da cobertura, das paredes e das esquadrias de vidro dispostas nos 
ambientes. Como todos os ambientes possuem as mesmas características, esses parâmetros 
foram calculados genericamente para toda a residência e, os valores estão apresentados na 
Tabela 4. 
 
Tabela 4 - Resistência térmica total e transmitância térmica 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
 
Com os valores de transmitância térmica e de outros parâmetros previamente 
determinados foi possível estabelecer a quantidade de calor que está entrando no ambiente 
através do fluxo térmico que atravessa os fechamentos, conforme Tabela 5. 
 
Tabela 5 - Fluxo térmico dos fechamentos 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
Resistência Térmica 
Total (m²K/W)
Transmitância 
Térmica (W/m²K)
Cobertura 0,5029 1,99
Paredes 0,3083 3,24
Esquadrias 0,1760 5,68
Ambiente Fechamento
Tipo de 
fechamento
Área (m²) Cor α I (W/m²)
Fluxo térmico 
(W) 
Parede Oeste Opaco 10,59 Azul Imperial 66,9 715 1034,476
Opaco 11,40 Azul Imperial 66,9 179 583,551
Transparente 1,80 - - 179 183,384
Cobertura Opaco 16,61 Terracota 64,6 1134 1331,044
Parede Leste Opaco 12,04 Azul Imperial 66,9 715 1176,185
Opaco 7,63 Azul Imperial 66,9 188 396,441
Transparente 1,80 - - 188 186,948
Cobertura Opaco 13,49 Terracota 64,6 1134 1080,985
Parede Leste Opaco 11,17 Azul Imperial 66,9 715 1091,160
Opaco 6,32 Azul Imperial 66,9 179 323,655
Transparente 1,80 - - 179 183,384
CoberturaOpaco 10,78 Terracota 64,6 1134 863,986
Opaco 5,16 Azul Imperial 66,9 179 264,250
Transparente 1,80 - - 179 183,384
Cobertura Opaco 6,72 Terracota 64,6 1134 538,589
Quarto 1 Parede Norte
Quarto 2
Parede Norte
Sala Estar Parede Norte
Parede SulSuíte
 
 
Através da Tabela 5, observa-se que a maior quantidade de calor está entrando pela 
cobertura dos ambientes, cerca de 1330 W somente na sala de estar. Portanto, é importante 
realizar alterações principalmente na cobertura da residência, a fim de diminuir o fluxo térmico 
que entra no ambiente. 
Para determinar a carga térmica total dos ambientes é preciso considerar além da 
quantidade de calor que entra no ambiente, o ganho de calor pelos ocupantes, que neste caso é 
de 150 W por pessoa. Foram considerados quatro pessoas na sala de estar, duas pessoas na 
suíte, uma pessoa no quarto 1 e uma pessoa no quarto 2. Na Tabela 6 estão os dados da carga 
térmica total dos ambientes, considerando a quantidade de calor que entra pelos fechamentos e 
também o ganho de calor pelos ocupantes, determinando assim a potência dos aparelhos de ar 
condicionado necessária. 
 
Tabela 6 – Potência dos aparelhos de ar condicionado 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
 
Com base nesses dados é possível fazer a escolha do aparelho de ar condicionado mais 
indicado para cada ambiente, considerando as potências comercializadas no mercado. Na sala 
de estar o aparelho escolhido de acordo com a potência necessária de 12735,14 BTUs foi o de 
18.000 BTUs, atendendo satisfatoriamente a exposição da pior situação de desconforto no 
ambiente. Para a suíte a potência necessária é de 10715,59 BTUs, portanto é sugerido um 
aparelho de 12.000 BTUs. Os cálculos realizados para o quarto 1 mostraram que seria 
necessário um aparelho com potência de 8912,77 BTUs, sendo recomendado um aparelho com 
potência de 9.000 BTUs. No quarto 2, a demanda é menor, 3876,79 BTUs, ou seja, um aparelho 
de 7.000,00 BTUs atende de maneira satisfatória o ambiente. 
 
3.2 Projeto alterado 
Após a alteração dos materiais construtivos da edificação todos os cálculos para 
determinar a potência dos aparelhos de ar condicionado para os dois dormitórios, a suíte e a 
sala de estar da residência foram refeitos. 
Na Tabela 7 estão apresentadas a resistência térmica e a transmitância térmica dos novos 
fechamentos. 
 
Tabela 7 - Resistência térmica total e transmitância térmica 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
 
Ambiente
Carga 
térmica (W) 
Ganho calor 
ocupantes 
(W)
Carga 
térmica 
total (W) 
Potência do Ar 
Condicionado 
(BTU)
Sala Estar 3132,45 600 3732,45 12735,14
Suíte 2840,56 300 3140,56 10715,59
Quarto 1 2462,18 150 2612,18 8912,77
Quarto 2 986,22 150 1136,22 3876,79
Resistência Térmica 
Total (m²K/W)
Transmitância 
Térmica (W/m²K)
Cobertura 1,7386 0,58
Paredes 0,4135 2,42
Esquadrias 0,1760 5,68
 
 
Na Tabela 8 estão apresentadas as quantidades de calor que entram nos ambientes 
através do fluxo térmico que atravessa os fechamentos e, posteriormente na Tabela 9, estão 
apresentadas as potências dos aparelhos de ar condicionado calculadas através dos dados da 
carga térmica total dos ambientes. 
 
Tabela 8 - Fluxo térmico dos fechamentos 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
 
Tabela 9 - Potência dos aparelhos de ar condicionado 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
 
Através da Tabela 9 verifica-se que para todos os ambientes um aparelho de ar 
condicionado com potência de 7.000 BTUs atende de maneira satisfatória a exposição da pior 
situação de desconforto no ambiente, reduzindo consideravelmente a potência determinada para 
os ambientes com os materiais originalmente empregados na edificação. 
 
3.3 Projeto inicial X Projeto alterado 
Após a adequação do projeto verifica-se que todos os ambientes da residência reduziram 
consideravelmente sua carga térmica, conforme pode-se observar no Gráfico 1 que apresenta a 
carga térmica do projeto inicial e do projeto alterado. 
 
 
 
 
 
Ambiente Fechamento
Tipo de 
fechamento
Área (m²) Cor α I (W/m²)
Fluxo 
térmico (W) 
Parede Oeste Opaco 10,59 Branco 15,8 715 397,263
Opaco 11,40 Branco 15,8 179 334,310
Transparente 1,80 - - 179 183,384
Cobertura Opaco 16,61 Branco gelo 37,2 1134 266,256
Parede Leste Opaco 12,04 Branco 15,8 715 451,682
Opaco 7,63 Branco 15,8 188 224,754
Transparente 1,80 - - 188 186,948
Cobertura Opaco 13,49 Branco gelo 37,2 1134 216,235
Parede Leste Opaco 11,17 Branco 15,8 715 419,030
Opaco 6,32 Branco 15,8 179 185,418
Transparente 1,80 - - 179 183,384
Cobertura Opaco 10,78 Branco gelo 37,2 1134 172,828
Opaco 5,16 Branco 15,8 179 151,386
Transparente 1,80 - - 179 183,384
Cobertura Opaco 6,72 Branco gelo 37,2 1134 107,737
Sala Estar Parede Norte
Suíte Parede Sul
Quarto 1 Parede Norte
Quarto 2
Parede Norte
Ambiente
Carga 
térmica (W) 
Ganho calor 
ocupantes 
(W)
Carga 
térmica 
total (W) 
Potência do Ar 
Condicionado 
(BTU)
Sala Estar 1181,21 600 1781,21 6077,50
Suíte 1079,62 300 1379,62 4707,26
Quarto 1 960,66 150 1110,66 3789,57
Quarto 2 442,51 150 592,51 2021,63
 
 
Gráfico 1 - Carga térmica do projeto inicial e do projeto alterado 
 
 
 
Fonte: Autores (2018). 
 
O ambiente que apresentou maior redução foi a sala de estar, passando de 3.732,45 W 
para 1.7981,21 W, uma redução de mais de 50%. O fechamento que mais influenciou na 
redução da carga térmica deste ambiente foi a cobertura que passou de 36% para 15% do total. 
Conforme observa-se nos Gráficos 2 e 3. 
Nos Gráficos 2 e 3 também pode-se observar que os vidros aumentaram a sua 
contribuição na carga térmica final, passando de 5% para 10%, como consequência, 
aumentando também a contribuição da parede norte que contém o fechamento com vidro. A 
parede oeste reduziu pouco sua contribuição, passando de 28% para 22%. 
 
Gráfico 2 - Carga térmica da sala de estar no projeto inicial 
 
 
 
 
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
Sala Estar Suíte Quarto 1 Quarto 2
Carga Térmica 
Projeto Inicial Projeto Alterado
28%
15%
5%
36%
16%
Carga Térmica Sala Estar - Projeto Inicial
Parede Oeste
Parede Norte
Vidro
Cobertura
Pessoas
 
 
Gráfico 3 - Carga térmica da sala de estar no projeto alterado 
 
 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Para garantir o conforto térmico dos ambientes é necessário considerar as questões 
econômicas, já que as alternativas para suprir e atender o conforto, consomem muita energia, 
gerando custos aos habitantes. 
Neste estudo foi proposto a redução da carga térmica dos ambientes somente com a 
adaptação do projeto, alterando os materiais originalmente empregados na cobertura e nas 
paredes da edificação. Não se propôs grandes mudanças de materiais para não elevar muito o 
custo original da edificação. 
Verificou-se que na adaptação do projeto, a carga térmica de todos os ambientes da 
residência reduziu consideravelmente, como consequência disso, a potência necessária para os 
aparelhos de ar condicionado também reduziu. A maior diferença observada foi na sala de estar, 
onde a potência requerida para o sistema de climatização passou de 18.000 BTUs para 7.000 
BTUs. 
Diante dessa comparação entre o projeto inicial e o projeto alterado, conclui-se que o 
conhecimento da carga térmica dos ambientes é muito importante para o correto 
dimensionamento do sistema de climatização e para estabelecer as alterações necessárias que 
beneficie o conforto dos habitantes e, reduzam os custos de energia elétrica de uma residência. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 15220: Desempenho 
térmico de edificações Parte 2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade 
térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de edificações. Rio de 
Janeiro, 2003. 
 
COSTA, E. C. Arquitetura ecológica: condicionamento térmico natural. São Paulo: 
Editora Edgard Blucher, 1982. 
 
22%
19%
10%
15%
34%
Carga Térmica Sala Estar - Projeto Alterado
Parede Oeste
Parede Norte
Vidro
Cobertura
Pessoas
 
 
FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico. 5. ed. - São Paulo: Studio 
Nobel, 2001. 
 
SIQUEIRA, T. A.; AKUTSU, M.; LOPES, J. I.; SOUZA, H. A. Dados climáticos para 
avaliação de desempenho térmico de edificações. Revista Esc. Minas, vol. 58, n° 2. Ouro 
Preto, Minas Gerais, 2005.

Continue navegando