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TEXTO: ENTREVISTA LÚDICA A partir do caso do pequeno Hans, as neuroses infantis passaram a ser compreendidas, assim como, o seu papel na organização das neuroses dos adultos, abrindo a possibilidade de aplicar os princípios da técnica psicanalítica à criança. 1. Precursores: * Melanie Klein - Iniciadora da técnica psicanalítica com crianças. - Achava que as crianças poderiam ser motivadas para a análise explorando seus conflitos. - Refletiu sobre a função e o mecanismo psicológico da atividade lúdica infantil compreendendo que, através de brincadeiras e jogos, as crianças elaboram suas ansiedades (perdas, novidades, o que não compreendem, os adultos), realizam desejos e dominam a realidade com o uso da projeção. - O brincar ajuda a dominar a realidade dolorosa e a controlar medos instintivos projetados nos brinquedos através da simbolização. - A linguagem lúdica infantil corresponderia a associação livre e aos sonhos dos adultos. * Hermine von Hug-Hellmuth - Utilizou o jogo como possibilidade de compreender os fantasmas infantis mas não o levou para a esfera clínica. * Anna Freud - Contrária à Klein, achava que as crianças eram presas aos pais (objetos originais) não podendo desenvolver uma neurose de transferência com o terapeuta. - O terapeuta deveria reforçar os aspectos positivos do vínculo em nível de orientação educativa. - O brincar não poderia ser relacionado a associação livre do adulto. * Arminda Aberastury - Além de concordar com Klein, achava que a criança era capaz de estruturar, através dos brinquedos, a representação de seus conflitos, defesas e fantasias e que desejava que o psicólogo assumisse uma postura que lhe desse condição de melhorar seus sintomas. - Evidenciou o valor diagnóstico da Entrevista Lúdica ou Hora do Jogo Diagnóstica. 2. Entrevista Lúdica: - Para fins diagnósticos não é necessário o uso de caixa lúdica exclusiva, pois não se está sob processo terapêutico. - É conveniente não interpretar o brincar da criança (idem). - É um processo técnico que o psicólogo utiliza dentro do processo psicodiagnóstico o qual tem começo, meio e fim em si mesmo. - Usada para o conhecer da criança , cujos dados serão ou não confirmados na testagem. - Costuma-se entrevistar primeiro os pais para a obtenção de dados abrangentes e para pedir que orientem a criança em sua vinda ao psicólogo. - Com a criança, perguntar se sabe por que está ali e o que seus pais falaram. - Oferecer-lhe a oportunidade de brincar como deseje com o material disponível. - Esclarecer sobre espaço, tempo disponível e os papéis de cada um. - Observar pois a criança deposita seus sentimentos no brincar onde projetará suas questões básicas. - Algumas crianças aceitam facilmente acompanhar o psicólogo, outras não, ou quebram os limites estabelecidos. Cabe ao psicólogo estimular a interação respeitando e acolhendo a criança. - Quanto aos papéis, o psicólogo é passivo (observador) e ativo (atento a compreensão e formulação de hipóteses, questiona ao longo da brincadeira e participa ou não dela). 2.1 Características da entrevista: * sala preparada para brincar com acesso à água; * material lúdico apresentado acessível e de acordo com a faixa etária da criança. * brinquedos mais usados: material expressivo, bonecos, animais, veículos, bolas, armas, personagens, equipamentos e ferragens, jogos, quadro-negro... * para interpretação da hora de jogo diagnóstica é preciso um profissional familiarizado com material teórico de cunho analítico, conceituar o conflito atual, evidenciar os mecanismos de defesa e ansiedade, avaliar o rapport, por a fantasia de doença e cura em evidência, observar como a criança se inclui na brincadeira (como se aproxima, atitudes no início e no final, localização no consultório, atitude corporal etc...). 3. Indicadores do nível de funcionamento da personalidade: a) escolha dos brinquedos e jogos: indica o momento evolutivo emocional e intelectual. b) modalidade do brinquedo: plasticidade, rigidez, estereotipia e perseveração. c) motricidade: capacidade motora atual de acordo com os fatores psicomotores. d) personificação: associar e desempenhar papéis. e) criatividade: manipulação do ambiente resultando em novas idéias, formas e relações. f) capacidade simbólica: objetos representando outros objetos. g) tolerância à frustração: relação com a aceitação ou não de instruções. h) adequação à realidade: enquadramento na hora do jogo, orientação de limites e de papéis. * Melanie Klein * Hermine von Hug-Hellmuth * Anna Freud
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