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Capítulo 1 INTRODUÇÃO À CINÉTICA QUÍMICA 1. Introdução A cinética química, frequentemente abreviada para cinética, consiste no estudo da velocidade das reações químicas. A sua grande importância prática é permitir analisar as reações químicas sob diferentes aspectos, como por exemplo: a) reações indesejáveis: corrosão dos metais, putrefação da carne, etc. b) reações desejáveis: síntese de produtos úteis ou realização prática de processos valiosos. Os principais objetivos do estudo da cinética são: a) determinar o mecanismo da reação (caminho percorrido pela reação); b) coletar e analisar dados cinéticos experimentais (métodos que permitam medir a velocidade das reações, desde as mais lentas até as explosivas); c) projetar reatores; d) definir as condições operacionais (temperatura, pressão, composição da alimentação, condições de fluxo, grau de mistura, condições do catalisador e parâmetros envolvidos na transferência de calor e massa). 2. Termos Relacionados à Cinética Química 2.1. Mecanismo da reação: Consiste nas etapas através das quais os reagentes interagem para formar produtos. Existem 2 níveis de estudo: nível macromolecular e nível eletrônico. A cinética trata do primeiro caso. 2.2. Molecularidade É o número de moléculas envolvidas em uma etapa de uma reação química elementar. Pode ser uni, bi ou trimolecular. Exemplo 1: reação unimolecular - isomerização do ciclopropano CH2CH2CH2 ↔ CH3CH = CH2 Exemplo 2: reação bimolecular – formação do HI H2 + I2 ↔ 2 HI 2.3. Reações homogêneas e heterogêneas Homogêneas: ocorrem em uma única fase: grande parte das reações em fase gasosa (queima) e em fase líquida (catalítica), etc. Heterogêneas: ocorrem no mínimo entre duas fases: queima de coque, ataque de sólidos por ácidos, craqueamento do óleo cru (catalítca), etc. 2.4. Reações simples e múltiplas Simples: representadas por uma única equação estequiométrica A + B R + S Múltiplas: representadas por mais de uma equação estequiométrica. Podem ser: série ou paralelas. Série: A R S Paralelas: Competitivas: AR A S Laterais: A R B S 2.5 Reações elementares Ocorrem tal qual a sua estequiometria. 2.5. Reações Irreversíveis e Reversíveis Irreversíveis: chegam ao equilíbrio, “param” quando acaba o reagente limitante. Reversíveis: atingem o equilíbrio com quantidade significativa do reagente limitante. Reagente Limitante: responsável pela parada da reação, isto é, normalmente a reação pára quando acaba o reagente limitante. É o reagente que não está em excesso em relação à quantidade estequiométrica. 3. Tempo de meia-vida (t1/2) É o tempo para se atingir metade da concentração inicial do reagente. Por exemplo, considere a seguinte reação bimolecular irreversível: A + B R, com as concentrações molares iniciais de A e B de 3 e 2, respectivamente. - na meia vida de A , reagiram 75% de B - na meia vida de B, reagiram 33,33% de A 4. A taxa ou velocidade da Reação 4.1. Definição: dt nd V r AA )(1 Obs.1 – a taxa pode ser expressa em relação à qualquer componente presente no meio reacional, mas é convencionalmente escrita em função do reagente limitante. Obs.2 – Pode-se relacionar a taxa da reação dos diversos componentes presentes na mistura reacional através da estequiometria da reação. Exemplo: aA + bB rR r r b r a r RBA 4.2 A expressão da taxa da reação ou equação da velocidade Consideremos uma reação simples, A + B R Se postularmos que o mecanismo controlador da velocidade da reação envolve a colisão ou interação de uma molécula A com uma molécula B, dando uma molécula de produtos, o número de colisões entre as moléculas de A e B será proporcional à velocidade da reação. Por outro lado, o número de colisões numa dada temperatura é diretamente proporcional à concentração dos reagentes na mistura, assim, a velocidade de consumo de A será dada por: BAA CkCr )( Onde: k = constante de velocidade da reação Ci = concentração molar do componente i 4.3 A ORDEM DA REAÇÃO É um número real (positivo, negativo, inteiro ou fracionário) usado para ajustar dados experimentais, sendo a soma dos expoentes das concentrações na expressão da taxa da reação. Obs. 3 – A ordem da reação em relação à cada componente coincide com o coeficiente estequiométrico, somente, se a reação for elementar. Exemplo1: reação elementar irreversível: aA + bB rR + sS b B a AA CkCr Exemplo2: reação elementar reversível: aA + bB 2 1 k k rR + sS s S r R b B a AA CCkCCkr 21 Exemplo 3: reação não elementar: H2 + Br2 2 1 k k 2 HBr 2 22 2 1 ))(( Br HBr BrH A C C k CCk r 5. A Constante de Velocidade e a Lei de Arrhenius Se todas as moléculas de uma determinada substância são iguais, é natural pensar que todas comportem-se da mesma maneira. Nesse caso, é de se esperar que não ocorra reação ou, ao contrário, que cada colisão entre moléculas reagentes ocasione reação (reação instantânea). Entretanto, a experiência prática não mostra isso. Enquanto em uma colisão de A e B ocorra reação instantânea, uma outra molécula de A pode demorar muito tempo para reagir com B. Arrhenius resolveu o problema em 1897, admitindo que somente moléculas que possuíssem uma energia superior a um certo valor crítico, denominado energia de ativação, seriam capazes de reagir. A Equação de Arrhenius: mostra a dependência da constante de velocidade com a temperatura. Na sua forma mais usual é dada por: RT Ea kok exp Ou na forma linearizada: TR Ea kok 1 lnln Onde: k = constante de velocidadwe ko = fator de freqüência Ea = energia de ativação R = constante dos gases ideais (unidade de energia) T = temperaturam em K Obs.: A equação de Arrhenius é obedecida pelas reações simples em uma etapa. 5.1. As unidades da constante de velocidade k = (concentração)1-n(tempo)-1 onde: n = ordem da reação 6. A Energia de Ativação 6.1. Definição: É a energia mínima que as moléculas reagentes precisam ter para formar produtos.s 6.2. A relação de H da reação e a Energia de Ativação H = Ead - Eai Obs. - A energia de ativação é sempre maior que zero. 6.3. O efeito do catalisador a) O catalisador diminui a energia de ativação dos reagentes, aumentando a velocidade da reação. b) O catalisador não altera a constante de equilíbrio e conseqüentemente não altera a conversão da reação. Reação endotérmica Reação exotérmica c) O catalisador não altera H da reação. Exemplo: Observações: a) reações com Ea muito pequenas, da ordem de 1 Kcal/mol são muito rápidas (reações instantâneas) b) reações com Ea médias, da ordem de algumas dezenas de Kcal/mol , corresponderão a velocidades altas, ou não, conforme a importância do fator geométrico. c) Reações com Ea altas, da ordem de 100Kcal/mol são muito lentas a temperatura ambiente, que na prática pode-se dizer que elas não ocorrem. d) Regra prática, mas não generalizada: Para reações com Ea da ordem de 12,4Kcal/mol, o que abrange muitas reações, para cada 10ºC de aumento de temperatura, a velocidade da reaçãoduplica. 6.4. Desvios da Lei de Arrhenius Na Lei de Arrhenius, a relação entre o logaritmo da constante de velocidade e o inverso da temperatura é traduzido por uma linha reta, onde a inclinação (constante) é dada por - Ea/R. Isso permite determinar a velocidade da reação para qualquer temperatura ou até mesmo por extrapolação verificarmos a temperatura onde a velocidade é muito baixa ou muito alta (interesse prático). Todavia estas extrapolações devem ser feitas com reservas, pois embora haja muitos casos em que a Lei de Arrhenius se aplica a um amplo intervalo de temperaturas, existem outros casos em que isto não ocorre. Esse Reação endotérmica catalisada último caso, implica em uma mudança no mecanismo controlador da reação com a temperatura, alterando a energia de ativação e conseqüentemente a linearidade da equação de Arrhenius. Exercícios: 1. Os seguintes dados cinéticos foram obtidos para a reação entre o óxido nítrico e o hidrogênio a 700ºC. 2NO + 2H2 N2 + 2H2O Co (mol/litro) -rAo = (mol/litro.segundo) NO H2 0,025 0,01 2,4x10-6 0,025 0,005 1,2x10-6 0,0125 0,01 0,6x10-6 Onde Co = concentração inicial ou de alimentação -rAo = velocidade inicial de consumo de A Determinar: a) a ordem da reação em relação a cada reagente b) a constante de velocidade da reação a 700ºC 2. Determine a e b na equação de velocidade a seguir sendo dados: Velocidade (mol/L.s) 0,05 0,1 0,2 0,4 CAo (mol/L) 1 1 2 2 CBo (mol/L) 1 2 1 2 (-rA) = kCAaCBb Calcular k para esta reação. 3. Para uma reação em fase gasosa a 600ºC, a velocidade da reação é 3025,1 A A P dt dP (atm/h) Pede-se: a) Quais as unidades da constante de velocidade na equação de velocidade? b) Qual será o valor da constante de velocidade se a pressão for expressa em mmHg? c) Qual será o valor da constante de velocidade para essa reação se a equação de velocidade for: 3 A A kC dt dC (mol/litro.h) 4. A decomposição térmica do etano foi estudada em diversas temperaturas, e os valores das constantes de velocidade encontrados em cada temperatura estão na tabela a seguir: Kx105(seg)-1 2,5 4,7 8,2 12,3 23,1 35,3 57,6 92,4 141,5 T(K) 823 833 843 853 863 873 883 893 903 A partir destes valores experimentais, determine graficamente a energia de ativação e o fator de frequência para esta reação. 5. As constantes de velocidade para a reação 2HI H2 + I2 a diferentes temperaturas estão dadas na tabela a seguir. Sabendo-se que a presente reação é de segunda ordem, determine a equação de velocidade desta reação em função da temperatura e da concentração. K (dm³/mol.seg) T(K) 3,11 x 10-7 556 1,18 x 10-6 575 3,33 x 10-5 629 8,96 x 10-5 647 1,92 x 10-4 666 5,53 x 10-4 683 1,21 x 10-3 700 6. A constante de velocidade para a decomposição do dióxido de nitrogênio é 5,22 x10-5 (dm³/mol.seg) a 592K e 17 x 10-5 (dm²/mol.seg) a 627K. Calcule a energia de ativação desta reação. 7. Em uma determinada reação a constante de velocidade a 35ºC é o dobro da constante de velocidade a 25ºC. Calcular a energia de ativação desta reação. 8. A pirólise do etano se efetua com uma energia de ativação de mais ou menos 75000 cal/mol. Quantas vezes mais rápida será a decomposição a 650ºC do que a 500ºC? 9. Para a reação 2A + 3B C + 4D + 2F, a velocidade de consumo de A é de 5 moles/l.min. a. Qual a velocidade de desaparecimento de B? b. Quais são as velocidades de formação de C,D e F? c. Suponha que uma reação complexa seja constituída pela sucessão de três etapas elementares com constantes de velocidade k1, k2 e k3. Admitindo que se tenha k2 = k3 e k1 <<<< k2, o que se pode dizer em relação à velocidade de reação global? (Admitir nas várias etapas concentrações unitárias dos componentes da reação).
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