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20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 1/14 Marcadores Bioquímicos da Função Hepática DESCREVER OS MARCADORES LABORATORIAIS QUE AVALIAM A FUNÇÃO HEPÁTICA AUTOR(A): PROF. WESLEY MOTA DA FONSECA 1. ANATOMIA E FISIOLOGIA HEPÁTICA O fígado é um dos maiores órgãos do corpo humano. É localizado no quadrante superior direito do abdômen, próximo à superfície inferior do diafragma. É composto por uma massa de células (hepatócitos) que passam pelo meio de um complexo, formado por um sistema de canais que transportam o suprimento sanguíneo e a bile. Recebe aproximadamente de 25 a 30% do débito cardíaco. 01 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 2/14 Legenda: ANATOMIA DO FíGADO 02 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 3/14 Os hepatócitos são células que têm formato poliédrico e medem cerca de 20 a 30 micrometros. Estão agrupadas em placas que se bifurcam e recombinam em vários pontos entre si formando unidades morfológicas chamadas lóbulos hepáticos. Os espaços entre os lóbulos são formados por uma vênula e uma arteríola (ramos da veia porta e da artéria hepática, respectivamente), um ducto biliar, vasos linfáticos e nervos. Outra estrutura que fica entre os hepatócitos é o canalículo biliar. Essa são as primeiras estruturas coletoras de bile. Os canalículos desembocam em um ducto curto denominado canal de Hering. Os ductos biliares gradualmente se alargam até se fundirem formando o ducto hepático que sai do fígado. Legenda: ESQUEMA DA HISTOLOGIA HEPáTICA 03 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 4/14 O fígado é um dos órgãos vitais, pois desempenha diversas funções importantíssimas para o nosso organismo. A síntese proteica é uma delas, onde o hepatócito renova suas próprias proteínas e sintetiza várias outras como albumina, fibrinogênio, protrombina e lipoproteínas. A secreção de bile também é uma das funções, completando assim a função exócrina do fígado. Os principais componentes da bile são a bilirrubina e os ácidos biliares, que ajudarão na emulsificação de lipídeos da dieta. Faz o armazenamento de glicogênio, vitamina A, gorduras neutras. Participa do metabolismo, como na gliconeogênese e de bilirrubina. Participa da desintoxicação e neutralização de muitas toxinas que são neutralizadas pelos processos de oxidação, acetilação, metilação e conjugação. As enzimas que participam deste processo estão localizadas no retículo endoplasmático liso do hepatócito. 2. PATOLOGIAS HEPÁTICAS Doenças hepáticas são as que causam inflamação ou lesão do fígado, afetando sua função. As doenças hepáticas são classificadas de acordo com a causa e o efeito sobre o fígado. As causas incluem infecções, lesões, exposição a medicamentos ou substâncias tóxicas, e defeitos genéticos que causam o acúmulo de substâncias nocivas, como ferro ou cobre. PATOLOGIAS HEPÁTICAS Tipo de doença hepática Descrição Exemplos de causas Cirrose hepática Fibrose do fígado, causando diminuição da função Resultado comum de hepatite crônica, alcoolismo ou obstrução biliar crônica Hepatites Inflamação hepática aguda ou crônica Vírus, abuso de álcool, medicamentos, toxinas, reações autoimunes, fígado gorduroso não- hepático Infecções Algumas infecções podem causar graus variáveis de lesão hepática ou de obstrução biliar Hepatites virais, parasitas Câncer de fígado Câncer com origem no fígado Risco aumentado com cirrose hepática ou hepatites crônicas. O câncer hepático mais comum é o carcinoma hepatocelular Obstrução biliar Obstrução completa ou parcial dos ductos biliares Tumores, cálculos, inflamação, traumatismos 3) MARCADORES HEPÁTICOS 04 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 5/14 Existe uma quantidade muito grande de exames laboratoriais disponíveis, que servem para avaliar o paciente com suspeita de doença hepática e na pesquisa da etiologia. Os exames podem ser classificados em: Testes para avaliação de lesão hepatocelular (destruição de hepatócitos); Testes para avaliação do fluxo biliar e lesão de vias biliares; Testes para avaliação das funções de síntese do fígado. 3.1 Bilirrubinas A bilirrubina é o principal componente dos pigmentos biliares, e é o produto final da degradação do heme (porção não proteica) da hemoglobina e outras hemoproteínas (mioglobina). - Metabolismo Em condições fisiológicas, a maioria das hemácias normais são retirada da circulação após aproximadamente 100 a 120 dias de vida pelos macrófagos reticuloendoteliais do baço e do fígado. Dentro dessas células ocorre a lise dos eritrócitos e a degradação da hemoglobina. A globina (porção proteica) é degradada em aminoácidos. O heme é quebrado e o produto resultante é a biliverdina, que é convertida em bilirrubina pela enzina biliverdina redutase. Essa forma de bilirrubina é denominada Não Conjugada (BNC) (ou indireta) e é lipossolúvel. A BNC liga-se reversivelmente à albumina, para ser transportada. Em condições normais, a BNC é rapidamente captada e metabolizada pelo fígado que a prepara para ser eliminada. No retículo endoplasmático, a bilirrubina não conjugada é convertida pela ação da enzima UDP - glicuronosil transferase em Bilirrubina Conjugada (BC) (ou direta), que é solúvel em água. O processo de excreção de bilirrubina conjugada para os canalículos biliares requer energia. Quando a BC é excretada do hepatócito, ela é transportada dos canalículos biliares para o ducto biliar comum e depois desemboca no duodeno. A BC não é absorvida pelo intestino delgado. No intestino, a BC é hidrolisada por enzimas bacterianas formando o urobilinogênio. Uma pequena parte desse urobilinogênio é reabsorvido, sendo que 90% será reexcretado na forma de bile e 10% por via renal, ou seja, será eliminada na urina. A maior parte de BC presente no duodeno será convertida também em estercobilina, sendo responsável pela coloração das fezes. A diminuição ou ausência de excreção de bilirrubina na luz intestinal provoca alterações na cor das fezes tornando-as mais claras (hipocolia fecal) ou esbranquiçadas (acolia fecal). 05 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 6/14 06 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 7/14 Legenda: ESQUEMA DO METABOLISMO DAS BILIRRUBINAS - Icterícias A icterícia é caracterizada quando a pele, escleróticas e mucosas ganham uma coloração amarelada. Isso acoontece como resultado da deposição de pigmento biliar (bilirrubina), o qual se encontra em níveis elevados no plasma (hiperbilirrubinemia). A icterícia começa a ficar aparente quando a concentração sérica de bilirrubina ultrapassa 2-3 mg/dL. Legenda: ICTERíCIA O aumento da BNC pode ser causado pelo aumento da degradação do heme e deficiência da conjugação no fígado. Como exemplo de aumento na degradação do heme estão os processos hemolíticos, onde a produção de BNC excede a capacidade de conjugação, isto é, a produção é muito além do que o fígado pode metabolizar. Na deficiência de conjugação temos a doença de Gilbert, onde o indivíduo terá uma diminuição da atividade da UDP glicuronil-transferase. E na Síndrome de Criegler-Najar existe uma deficiência permanente da UDP glicuronil-transferase. Podem ser também decorrentes de lesão hepatocelular, sendo que nesse caso a destruição de células resulta em uma menor metabolização da BNC. Exemplos de situações que podem levar a lesão hepatocelular seria as hepatites (virais, alcóolica, por medicamentos). Outra situação que pode também aumentar a BNC é a icteríciado recém-nascido (fisiológica). Nesse caso a criança nasce com um defeito temporário na atividade da UDP glicuronil transferase. Por sua vez, a BC pode se mostrar elevada em situações onde ocorre obstrução dos canalículos biliares, ocasionado por cálculos biliares. Outra situação que pode elevar BC é a síndrome de Dubin-Johnson, onde a pessoa acometida por essa síndrome nasce com os canalículos malformados e não ocorre a passagem da bile para a vesícula biliar. Valores normais em adultos: Bilirrubina total: 0,2 a 1,0 mg/dL (somatória da BC + BNC) Bilirrubina não conjugada: 0,2 a 0,8 mg/dL Bilirrubina conjugada: 0,0 a 0,2 mg/dL 3.2) ENZIMAS HEPÁTICAS O aumento de enzimas hepáticas no sangue é a principal característica que indica lesão hepatocelular. 3.2.1) Alanina aminotransferase (ALT) ou Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP) É uma enzima que catalisa a reação: aspartato + alfa-queroglutarato = piruvato + glutamato. Encontrada em grandes concentrações apenas no citoplasma do hepatócito, fazendo com que o seu aumento seja mais específico em lesão hepática. 07 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 8/14 Valores normais: Até 31 U/L (mulheres) Até 41 U/L (homens) 3.2.2) Aspartato aminotransferase (AST) ou Transaminase Glutâmico Oxaloacética (TGO) É uma enzima que catalisa a reação: aspartato + alfa-queroglutarato = oxaloacetato + glutamato. Encontrada em grandes concentrações nas mitocôndrias do fígado, músculos esquelético e cardíaco, rins, pâncreas e glóbulos vermelhos do sangue. Quando qualquer um desses tecidos é danificado, a AST é liberada no sangue. Portanto, esse marcador possui baixa especificidade para indica se a lesão presente é hepática. Valores normais: Até 31 U/L (mulheres) Até 37 U/L (homens) Relação ALT/AST Além das características individuais, a relação entre o aumento das duas enzimas tem valor diagnóstico. As duas enzimas costumam ter aumento ou diminuição das suas concentrações mais ou menos na mesma proporção nas doenças hepáticas. ALT > AST: As concentrações de ALT estarão mais elevadas que de AST em casos de hepatites virais agudas, esteatose hepática não-alcóolica. AST > ALT: As concentrações de AST estarão mais elevadas que de ALT em casos de hepatites alcoólicas ou medicamentosas e hepatites virais crônicas. Elevações de ambas enzimas acima de 1.000 U/L, são observadas em hepatites agudas virais ou por drogas (http://www.hepcentro.com.br/hepatopatia_induzida_por_drogas.htm) 3.2.3) Gama Glutamil Transferase (GGT) 08 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 9/14 É uma enzima encontrada em grande quantidade no fígado. Elevações muito grandes estão associadas principalmente a câncer do fígado e a obstrução biliar. É um marcador muito sensível de doença hepática, pois está alterado em 90% dos portadores de doença hepatobiliar. Aumento das concentrações de GGT podem estar associadas ao uso de álcool e algumas medicações. Valores normais: Mulheres: 8 a 41 U/L Homens: 12 a 73 U/L 3.2.4) Fosfatase alcalina (FAL) É uma enzima que está presente em praticamente todos os tecidos; no fígado, é encontrado principalmente nos canalículos biliares. O aumento da fosfatase alcalina hepática é mais evidente na obstrução biliar, aonde o acúmulo de sais biliares a solubilizam e a obstrução promove a sua regurgitação entre as células hepáticas até o sangue. O aumento de FAL também pode estar associada a alterações no metabolismo ósseo. Valores normais Variam de acordo com a idade devido ao desenvolvimento e metabolismo ósseo. 1 dia de idade: até 250 U/L; 2 a 5 dias: até 231 U/L; 6 dias a 6 meses: até 449 U/L; 7 meses a 1 ano: até 462 U/L; 2 a 3 anos: até 281 U/L; 4 a 6 anos: até 269 U/L; 7 a 12 anos: até 300 U/L; 13 a 17 anos: até 187 U/L (mulheres) e 390 U/L (homens); Adultos: 35 a 104 U/L (mulheres) e 40 a 129 U/L (homens) 3.3) AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES SINTÉTICAS 3.3.1) Proteínas totais e albumina 09 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 10/14 O fígado possui por função sintetizar algumas proteínas plasmáticas como a albumina. Quando o indivíduo possui uma lesão hepatocelular muito intensa, resultará em uma diminuição da produção de albumina. Essa diminuição pode alterar os processos de transporte de fármacos, mas também pode alterar a pressão coloidosmótica, resultando assim em um quadro de ascite. Legenda: ASCITE 3.3.2) Uréia 10 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 11/14 O fígado é responsável pela conversão de amônia, que foi produzida na proteólise, em uréia. Em indivíduos hepatopatas graves, essa metabolização não acontece e a amônia se acumula na corrente sanguínea e torna-se tóxica para o organismo. Essa condição resultará em diminuição na síntese de uréia, diminuindo sua concentração plasmática. 3.3.3) Colesterol total e triglicérides Hepatopatas apresentam alterações no metabolismo de lipídeos, resultando assim em aumento nas concentrações sanguíneas de colesterol e triglicérides. 3.3.4) Provas de coagulação Os fatores de coagulação são sintetizados pelo fígado, e esses possuem papel fundamental na coagulação sanguínea. Indivíduos que apresentam grau elevado de lesão hepática, tem como consequência uma diminuição na produção desses fatores, assim resultando em prejuízo sobre a coagulação sanguínea e nos exames que avaliam esse processo biológico. ATIVIDADE São consideradas provas de função hepática, EXCETO: A. Dosagem de amilase. B. Dosagem de proteínas plasmáticas. C. Dosagem de fosfatase alcalina D. Dosagem de transaminases ATIVIDADE Foi antigamente designada transaminase glutâmico pirúvica. Fisiologicamente possui níveis baixos no tecido hepático. Esta enzima mostra-se aumentada em doenças hepáticas. Qual analito abaixo esta sendo relacionado? 11 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 12/14 A. Gama Glutamil Transferase B. Aspartato aminotransferase C. Alanina aminotransferase D. Bilirrubina não conjugada ATIVIDADE FINAL É importante ressaltar que uma parte da bilirrubina excretada no processo digestivo, a qual é convertida em urobilinogênio pelas bactérias intestinais, é novamente absorvida, e, através do sistema porta-hepático, volta ao fígado, sendo novamente convertida em bilirrubina e armazenada na vesícula biliar. É possível quantificar separadamente três frações da bilirrubina, sobre estas é INCORRETO afirmar: A. A não-conjugada, que está aumentada quando a hemólise ocorre fora do fígado. B. A conjugada, que está aumentada quando a hemólise ocorre fora do fígado C. A total, que é a soma das duas anteriores. A dosagem de bilirrubina constitui-se em um importante marcador de disfunções hepáticas. D. Os níveis séricos da bilirrubina conjugada são determinados pela capacidade de excreção da bilirrubina pelo fígado, ou seja, pela integridade fisiológica do hepatócito e da permeabilidade das vias biliares. REFERÊNCIA GAW, A., et al. Bioquímica clínica, 2ºed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. BURTIS, C.A., ASHWOOD, E.R. Tietz. Fundamentos de Química Clínica. 4ºed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. MOTTA, V.T. Bioquímica Clínica. 4 ed., Porto Alegre:Editora Médica Missau, 2003. HENRY, J.B. Diagnósticos Clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 19ºed., Barueri: Manole, 1999. 12 / 13 20/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 13/14 BAYNES, J., DOMINICZAK, M.H. Bioquímica médica.Barueri: Manole, 2000. JORGE, Stefano Gonçalves. Disponível em: http://http://www.hepcentro.com.br. Acesso em: 01/10/2015 GUYTON, Arthur C. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2011. KUMAR, Vinay. Robbins e Cotran : patologia: bases patológicas das doenças. Rio de Janeiro. Elsevier, 2010. MARTINELLI, Ana L. Candolo. Icterícia. 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