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Fichamento do livro “Do Estado liberal ao Estado social” Capítulo I - Das origens do liberalismo ao advento do Estado social: Subcapítulos: I) No pensamento liberal, o poder estatal é sempre o maior inimigo das liberdades de cada indivíduo. Entretanto, nesse pensamento, o Estado é abstrato, e portanto revogável. Porém, como é detentor do poder, o Estado torna-se e criatura que se volta contra seu criador. II) A burguesia busca a liberdade contra o despotismo, que se efetiva em na revolução de 1789. Após essa data, acontece uma visível dominação da burguesia. III) A burguesia trocou seu papel de classe dominada por um papel de classe dominante. Essa classe desempenhou papel fundamental na consolidação do liberalismo após a Revolução Francesa, pois despertou a consciência do povo para suas liberdades políticas. IV) O Estado burguês de Direito, consolidado após a Revolução Francesa constituiu a teoria tripartida dos poderes (o Estado é dividido em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, para Montesquieu. Para Locke, o poder é dividido da seguinte forma: Executivo, Legislativo e Federativo (que responde pelas relações internacionais). V) Para Montesquieu, a liberdade é a negação à soberania estatal. A diferença entre esse e Rousseau está no fato de que Rousseau define a soberania popular, com características de inalienabilidade, imprescritibilidade e indivisibilidade, que dialoga com o pensamento monista de poder, mas que colide com o pluralismo de Montesquieu, que afirma que os poderes devem ser divididos. VI) Alfred Vierkandt rejeita as teorias do liberalismo, conservadorismo e social-democracia. Algumas de suas ideias de Estado são moldadas por teorias marxistas, como a ideia de luta de classes. Para Vierkandt, a constituição é o que garante a distribuição do poder no Estado democrático, enquanto no Estado autoritário, o poder não é distribuído. VII) Segundo Vierkandt, a liberdade baseia-se na exaltação do indivíduo. Quanto menor a intervenção do Estado na vida humana, maior a esfera de liberdade do indivíduo. No liberalismo clássico, a igualdade é apenas formal, e na verdade, esconde um mundo de desigualdades. Capítulo II - O Estado liberal e a separação de poderes Subcapítulos: I) A separação de poderes é uma técnica em declínio, mesmo que constitua um dos princípios do liberalismo. Por isso, o constitucionalismo moderno mostra-se mais eficiente que o liberalismo e sua separação de poderes, pois no constitucionalismo, o individualismo tradicional, fruto da separação clássica II) Após a Revolução Francesa, a burguesia busca liberdade política. Com essa revolução, há renovações nas esferas política, econômica, social e filosófica, consequência da ascensão do terceiro estado ao poder. III) A burguesia buscava liberdade, e o Estado, segundo Kant, servia para intervenção que inibe a livre iniciativa material e espiritual de cada indivíduo. O sistema consolidado após a revolução francesa é o que garante proteção do indivíduo contra o Estado. IV) A divisão de poderes é o que garante a liberdade individual, porém, dividir não significa dissolver o Estado V) No moderno Estado jurídico, o poder não mais é temido, consequência da vinculação e colaboração de poderes. Na filosofia política, houve uma época que a preocupação era a limitação do poder estatal. VI) O sistema de freios e contrapesos é a primeira correção ao modelo constitucional de Estado. Os freios garantem o equilíbrio, a interferência, por exemplo, o poder de veto, característico da relação entre Executivo e Legislativo. VIIi) Para o filósofo Georg Jellinek, no Estado jurídico, inspirado nas ideias de Rousseau e Montesquieu, ocorre a preservação da unidade do poder, mesmo com a teoria da “separação de poderes”. Segundo Jellinek, o que se divide não é o poder, ou a atividade dele, mas sim, o objeto do poder, ao qual se dirige a atividade estatal. VIII) De acordo com Johann Kaspar Bluntschli, a completa separação de poderes leva à dissolução da unidade estatal e do corpo de Estado. Defende uma separação relativa de poderes, com predominância do poder Legislativo sobre os demais poderes. IX) O organicismo surge como uma doutrina de combate ao liberalismo, critica a “fórmula mágica” de liberdade presente nas ideologias liberais. X) Krieken acusa os organicistas pela tentativa de enfraquecimento do constitucionalismo liberal-democrático dos séculos XVIII e XIX. Afirma ainda que a tese organicista é anticontratualista. XI) A teoria da divisão de poderes foi essencial para garantir a liberdade e afirmação da personalidade humana, entretanto, no constitucionalismo, é uma ideia decadente. No atual regime, o presidencialismo utiliza a Constituição para garantir a hipertrofia do Executivo. Capítulo III - O Pensamento Político de Kant Subcapítulos: I) Immanuel Kant é um marco na filosofia moderna. Inicialmente, Paulo Bonavides afirma que os críticos do filósofo não interpretaram de maneira aprofundada a ética da obra kantiana, expressada no livro “Crítica da Razão Pura”, tecendo, logo, opiniões superficiais e preconcebidas (considerando-se a idade senil de Kant ao concluir a obra) em relação as ideias desse pensador. Concluindo suas considerações, Bonavides contraria-os, utilizando-se de diversos estudiosos da área para tecer os mais elaborados elogios ao pensamento do grande demolidor de Koenigsberg (forma de caracterizar e referir-se a Kant). II) A filosofia de Kant pode ser dividida em três fases principais, de acordo com Paulsen. A primeira, trata-se da Teoria do Conhecimento e da Metafísica. A segunda, utiliza-se da Analítica e da Dialética Transcendentais como base da Metafísica Científica, distinta da Metafísica Tradicional. Em sua terceira fase, retrata-se o problema da coisa em si. Há, ainda, uma fase pós-crítica, período marcado pelas publicações de diversos livros de sua autoria. Em relação ao seu livro “Crítica da Razão pura”, ocorre a descrição de duas partes, a Teoria Elementar Transcendental que faz uma abstração do objeto, dividida em Estética e Lógica Transcendental, e a Teoria do Método Transcendental, a qual não se utiliza mais das condições empíricas do conhecimento. III) A filosofia é baseada nas ideias gregas antigas. A partir de Kant, ela passa a ter outro viés, de modo que se refere às ciências naturais e matemáticas, contrapondo-se a inquirição helenística. IV) Para Ortega y Basset, Kant não tinha uma filosofia. Acreditava que o filósofo prussiano se focava em questionamentos voltados a si e não se importava com a realidade, a qual, do seu ponto de vista, era essencial. Em sua obra, porém, Kant divide o conhecimento racional em material (relacionado ao objeto) e formal (ligado às formas de entendimento da razão). E, como explica Windelband, ele preocupa-se com o conhecimento transcendental, tentando determinar que o conhecimento do objeto é dominado pela possibilidade a priori das leis. Tenta, por fim, determinar a irracionalidade da realidade. V) A filosofia de Kant é baseada no seu livro “Crítica a Razão Pura”. Nessa obra,ele substitui a Metafísica antiga pela Teoria do Conhecimento. Por fim, ele também retrata a ética em seu método filosófico, o qual é base para sua doutrina. VI) Immanuel Kant possui uma filosofia marcada pela dualidade. Ele supera o enfrentamento do racionalismo e do empirismo, pois determina que o conhecimento começa com a experiência, contudo, não deriva somente dela, mas também do pensamento racional. VII) O filósofo Kant afirma que o homem é tanto ente empírico quanto ser racional. Diferencia assim, o imperativo hipotético, no qual há a necessidade de realizar uma ação para alcançar um objetivo, e o imperativo categórico, em que a ação é necessária, independente de seu fim. Assim, o homem só alcançará a liberdade em seu papel racional, utilizando o imperativo categórico, realizando as ações de modo desvinculado a um objetivo final. VIII) A definição de Estado e Direito na concepção kantiana é fundamental para o estudo de sua filosofia política. Assim, Kant afirma que Direito é regido segundo uma lei geral da liberdade, em que o homem pode coexistir sua vontade com os demais. O Estado é a aglomeração de pessoas sob as leis definidas pelo direito. Essas são, portanto, suas conceituações. IX) No pensamento kantiano, o Direito impõe-se negativamente, prevendo a coação realizada pelo Estado, controlando, portanto, os atos externos. A Moral, por outro lado, comporta o controle dos atos internos, limitando-se a subjetividade da consciência. Kant explana também sobre a teoria do pacto social, considerando-a, porém, como uma ideia regulativa, usando o Estado-ideia relacionado ao homem. Situa-se, portanto, em esfera racional e normativa. X) O Estado Natural possuía Direito, de acordo com Kant. Faltava, entretanto, o princípio de segurança jurídica para garantir a liberdade. Assim, o status naturalis, composto por aglomerado de vontades particulares sem a sobreposição de alguma, passa ao status civilis, o qual garante certeza e estabilidade, formando um estado jurídico. XI) A tripartição de poderes no Estado também é conteúdo abordado por Kant, o qual afirma que o Poder Legislativo representa a vontade do povo, logo, emana o Direito, sendo a premissa maior, e, portanto, irrepreensível. O Poder Executivo, por outro lado, é a premissa menor, classificado como irresistível. Por fim, há o Poder Judiciário, que é a conclusão, caracterizando-se como inapelável. Em suma, para o pensador, com a união dos três poderes, a população garante a sua autonomia se o Estado organizar-se seguindo as leis da liberdade. XII) O período em que o filósofo Kant viveu auxiliou na sua concepção de liberalismo no Estado. Em suas ideias, o ente estatal deveria apenas fornecer proteção jurídica, não devendo interferir em nenhuma outra esfera. Apesar do caráter da ideia desse pensador, percebe-se a influência da época vivida por ele em sua construção. XIII) No livro “Metafísica dos Costumes”, Kant discorre sobre o sistema da autoridade paternal, considerando o pior estilo de governo. Em sua concepção de liberdade, o indivíduo deve estar inserido em um Estado Jurídico. Por isso, ele condena o Estado Policial ou eudemonístico, o qual suprimia o princípio da liberdade, visto que, em uma tática de manter o poder, os governantes legitimavam seu poder contra a população, afirmando as pessoas ainda não estarem aptas para serem livres. O Estado, devia, portanto, conduzi-las a liberdade. XIV) Em conclusão ao pensamento de Kant, apesar de seus pensamentos sobre o Estado serem idealistas, fica marcado sua fundamental importância ao discorrer sobre um ideal inabdicável presente na contemporaneidade: a liberdade. Capítulo IV - O Pensamento Político de Hegel Subcapítulos: I) O pensamento político de Hegel era idealista. Como um filósofo que adotava a dialética, há uma relação dinâmica entre a Ideia e Natureza. Seu sistema filosófico pode ser dividido em três partes. A primeira parte discorre sobre a Lógica. A segunda, tem por base a Filosofia da Natureza (processo mecânico, orgânico e físico). Por fim, a terceira parte é a Filosofia do Espírito, os três sistemas correlacionando-se. Em relação à política, em virtude do caráter universal e móvel da dialética, Krause faz uma crítica, prevendo que a instabilidade dos pilares do Direito e do Estado em virtude dessa mutabilidade, podia acabar transmutando ideias. Esse é um fator que se nota, pois houve, então, o surgimento de ideias socialistas baseando-se na dialética de Hegel, e um dos exemplos é Marx. II) Como um filósofo da dialética, um dos princípios basilares de Hegel é a dinâmica das relações, sua inconstância. Ele, contudo, define o modelo de Estado em que vive como um ideal, visto sua comodidade dentro daquele país. Isso se contradiz com sua ideia de mutabilidade, pois a escolha de um governo como realização do modelo absoluto de organização política, visto que isso manteria uma constância do padrão de Estado. III) O comportamento de inconstante de Hegel é alvo de várias críticas. Bonavides, baseando-se Theimer, usa de exemplo a Revolução Francesa, em que, por diversas vezes, mudou sua opinião, ora condenando, ora celebrando esse movimento. Era, portanto, de uma mutabilidade muito grande de opinião. IV) Rousseau foi um importante contratualista, o qual inspirou inicialmente as ideias de Hegel. A ideia de Contrato Social perpetua-se então nas concepções hegelianas, distinguindo-se do modelo de Rousseau ao usar o princípio da vontade com base racional. Enfim, abandonar a teoria política de um Estado Hipotético para criar um Estado existencial, concreto, constituindo uma inovação na forma de pensamento do período. V) Após um período de intensas transformações na Europa, como a transição da Idade Média para a Idade Moderna e movimentos revolucionários, Hegel acaba por construir um novo pensamento, influenciado por esse momento histórico. Assim, passa a se distanciar das ideias de Rousseau, Kant e Montesquieu, ou seja, passa a adotar as ideias de liberdade orgânica em detrimento da liberdade individual. VI) As ideias de Hegel geram muitas interpretações equivocadas. Primeiramente, esse filósofo afirma ser o melhor estilo de governo a monarquia constitucional. São, pois, divergentes do pensamento hegeliano a instauração de monarquias absolutistas, autoritárias. Ele repudia essa forma de organização do estatal, de modo que o Estado deve se identificar com a moral. VII) Hegel vai evoluindo seu pensamento sobre filosofia política, e acaba, por fim, adotando o sistema de Estado Forte como a melhor forma de governo, sendo que a tese individualista sobre ética passa, então, a se alojar no Estado, VIII) Há uma mudança de pensamento proposta por Hegel. Ele afirma que o indivíduo gravita em torno da sociedade, e não o contrário. Além disso, há diversas discussões sobre os regimes de governos totalitaristas. IX) Hegel afirma que deve haver a divisão de poderes. No entanto, ela deve acontecer baseando-se em contrapesos, diferenteda ideia da época, em que os poderes deviam ser independentes e se limitar. X) Utilizando-se do organicismo estatal, Hegel afirma que o Estado é um organismo. Não pode, assim, a divisão de poderes ocorrer de forma a esses serem independentes. Como parte de um todo, deve haver um monismo, uma união, diferindo da ideia proposta por Montesquieu. XI) A tese hegeliana de separação de poderes pareceu prosperar ao ser aplicada na monarquia constitucional inglesa, com flexibilidade característica, muito reconhecida pela valorização do common law, ou da prática consuetudinária. Hegel reconciliou a teoria dos poderes que se excluem com a teoria dos poderes que se coordenam, dando à base o poder que o liberalismo radical da época. Capítulo V – A Liberdade Antiga e a Liberdade Moderna Subcapítulos: I) Teorias totalitárias buscaram, após a primeira guerra mundial, desacreditar os ideais liberais. Porém, a liberdade se mantém e, após a segunda guerra mundial, volta a ter seus pensadores estudados devido à busca pelo fortalecimento democrático e pelo afastamento de ideais totalitários. Pensadores esses que podem ser exemplificados por Montesquieu e Rousseau, que embora possuíssem ideais completamente distintos, buscaram o mesmo fim, ou seja, o combate a regimes totalitários. II) Rousseau, Mably e Hegel buscaram, através da contemplação da Grécia antiga, criar definições de liberdade, estando essa ligada a vida e a prática política. Hegel pretende, através dessa busca, contrapor-se ao conceito negativo de liberdade criado por Kant, argumentando que na Grécia clássica, a liberdade significava muito mais do que apenas uma “limitação comum” proposta por Kant. III) Benjamin Constant estabelece a diferenciação dos ideais de liberdade antiga e de liberdade moderna. Sendo, segundo ele, o primeiro caracterizado como baseado no coletivo, ou seja, submetendo o indivíduo à vontade do todo e o segundo focado totalmente na liberdade individual. IV) Diversos pesquisadores que acabaram por se ocupar da Antiga Grécia concluíram, de forma similar, que a vida na Cidade-Estado era focada na coletividade, contrapondo-se ao individualismo moderno. Segundo o filósofo Jacob Burckhardt, a vida em um Estado moderno se baseava na liberdade individual, enquanto na Grécia a vida e a liberdade giravam ao redor do Estado. Já para Fustel de Coulanges, a origem histórica da polis grega está baseada na onipotência do Estado que, em conjunto a religião, dominava a vida privada. V) Devido ao caráter coletivista da vida na polis, diversas correntes liberais acabaram por concluir que aspectos como os direitos fundamentais do homem eram inexistentes nesse tipo de sociedade. Porém, pensadores como Ernest Barker acabam por contrariar essa visão, considerando que, anteriormente a coletividade, se apresentava o indivíduo que identificava seu valor dentro da comunidade. VI) Na visão do professor Miguel Reale, o conceito de liberdade apresentado em Atenas estava baseado em princípios como a isonomia, pela qual o indivíduo expressava sua liberdade dentro do limites da cidade-estado. VII) Segundo Von Jhering, estabelece uma diferenciação entre o dito “Reino da natureza”, que engloba o “reino da necessidade”, e o chamado “Reino dos valores”, do qual o “Reino da liberdade” seria integrante, considerando, porém, que me diversos momentos um não pode existir sem o outro. Além disso, o pensador alemão considera singularidade do conceito de liberdade para a sociedade romana, pela qual a liberdade é vista como um bem que independe da vontade humana. VIII) Obras como “O começo da Tragédia”, de Nietzsche, acabam por reforçar a crítica feita a visão do liberalismo acerca da liberdade na Antiguidade Clássica. Isso ocorre, pois esta obra acaba por evidenciar o equívoco do liberalismo por ver o período clássico como uma época de inexistência do indivíduo como conceito. IX) O Estado Liberal acaba por encontrar opositores tanto na direita, com os regimes fascistas, quanto na esquerda, com as doutrinas socialistas. Dessa forma, fica evidente o contexto de sua substituição por formas de governo como os chamados Estados de Bem estar Social, no período contemporâneo. Capítulo VI - As bases ideológicas do Estado Social Subcapítulos: I) Tanto Rousseau, quanto Marx apresentam como ponto de partida uma análise crítica aos sistemas presentes em suas épocas. Sendo o caso de Rousseau uma análise crítica em relação à sociedade de sua época e, no caso de Marx, uma análise crítica em relação sistema econômico capitalista vigente no período. II) Diferentemente das visões apresentadas antes e depois de Rousseau, o filósofo identifica o exercício da democracia como ato político que não difere classe social. III) O liberalismo possui como uma de suas principais teses a limitação do poder, de tal forma que o Estado possua uma expressão mínima necessária. Dessa forma, acaba por divergir de Rousseau, pensador que considera o povo como o único dono legítimo do poder. IV) As teoria de Rousseau e de Marx estando diretamente conectadas por, em primeiro lugar, almejaram o alcance do poder político para todos e, em segundo lugar, realizarem uma análise crítica de seus respectivos contextos. Essas análises têm como objetivo, em ambos os casos, a reformulação da sociedade e reconstrução de valores do homem. V) Através da obra Rousseauniana se abre a possibilidade de três interpretações distintas. A primeira ligada a Direita, que extrai da obra o ideal de integração política, levando a interpretação do Estado totalitário. A segunda ligada ao centrismo, que acaba por considerar a produção do filósofo como incoerente e sem lógica. Já a terceira interpretação, relacionada aos movimentos de esquerda que vê no filósofo um demonstração da evolução do pensamento político. VI) O Contrato Social de Rousseau demonstra o processo de reformulação da sociedade e a reconstrução do homem, possibilitando a reconquista da liberdade. VII)Embora Rousseau e Marx tenham contemplado a mesma situação de inexistência da liberdade, para diversos seguimentos da sociedade, as respostas apresentadas por ambos diferem não apenas pela alternativa para resolução, mas pela área de atuação dessa alternativa. Isso fica exemplificado através da concepção pela qual Rousseau considerou a situação da falta de liberdade como um fator resultante da política, enquanto Marx considerou esse fato como uma consequência econômica. VIII) Tanto Rousseau quanto Marx buscaram uma sociedade igualitária, desprezando assim os privilégios de classe. Porém, a democracia rousseauniana utiliza o princípio das classes sociais como fundamento de sua tese, enquanto a doutrinamento marxista busca a igualdade eliminação das classes, o que aconteceria pela união de todas os exemplos existentes. IX) A democracia de Rousseau já se distinguia das demais por defender o sufrágio universal, o que já a distância do liberalismo e até os dias de hoje, 300 anos mais tarde, continua ganhando cada vez mais força e presença. A diferençaentre este e Marx, no entanto, seria que o primeiro defenderia um Estado Social, possibilitando o acesso à um socialismo moderado, enquanto o segundo era um revolucionário, que trazia a solução através da força e não pelo consentimento, como analogamente incumbia o contratualismo. X) Rousseau era a favor de um socialismo democrático e reformista, baseado na concordância entre as partes. Defendia a evolução gradual do Estado Social para o Estado Socialista a partir do contrato social. Para ele, o ponto mais importante de sua teoria seria a volonté générale, que inaugurou uma visão social de liberdade, para entender a nova configuração de Estado Social. Capítulo VII - O Estado Social e a Democracia subcapítulos: I) O dualismo entre o conservadorismo liberal e o radicalismo marxista foram as bases para a construção do Estado Social, que só foi possível com as inúmeras derrotas e perda de espaço do Estado burguês. II) O Estado Social representa a transformação pela qual passou o antigo Estado Liberal, mas mantém-se dentro do capitalismo. Nasce do desprendimento do controle burguês, dando possibilidade da igualdade política e social. É a metade do caminho entre o Estado Liberal e o Estado Social. Já o Estado Social estende a sua influência à todas as esferas, tanto políticas quanto econômicas e sociais. III) O liberalismo, como já é sabido, não conseguia satisfazer o proletário, que significava a maior parte da sociedade industrial, gerando, inevitavelmente, inúmeras crises. Uma das mais difíceis conquistas da massa, foi o sufrágio universal, considerada uma enorme derrota para a burguesia, pois seguiu-se muitas outras conquistas que caminhavam para um Estado mais social. Entre as massas, no entanto, passa-se a surgir diferentes vertentes, entre elas o socialismo democrático ou ocidental que era fundado no consentimento, e o bolchevismo ortodoxo, que defendia a revolução e a implantação do comunismo. E é justamente o primeiro, menos perigoso, que é mais intensamente combatido pelos liberais, pois é de mais fácil alcance. IV) Para alguns pensadores, a força das massas que as fizeram conquistar tantos direitos é a mesma que irá às destruir, pois são explosivas, imprudentes e manipuladoras. O Estado Social necessita de estabilidade, pois a planificação econômica não permite grandes oscilações, algo que as massas não conseguem propiciar. Por isso, os grandes líderes radicais como Lênin e Hitler viam as massas com desprezo e desconfiança. V) Para M. Graf Solms, o fenômeno das massas estaria presente em todas as idades e não pode ser reduzido à política ou religião. Considera que não se pode aceitar a nivelação, uniformização e mediocrização. VI) Grabowski diferencia a massificação da massa, sendo esta um fruto da ditadura marxista e aquela um fenômeno capitalista, tanto de regimes democráticos quanto totalitários. VII) Nawiasky enuncia que Estado e democracia não podem ir contra as massas, e sim ao seu encontro, politizando-as, pois se não o fizer, estas estarão entregues à fome de regimes ditatoriais. A universalização do sufrágio emancipou politicamente o proletário, mas não o educou. Continuaram ignorantes e manipuláveis, porém com uma arma em mãos. Hitler e Mussolini, por exemplo, eram líderes autoritários e antidemocráticos, mas ainda assim, foram eleitos democraticamente, pelas mãos do povo. VIII) Forsthoff considera que o Estado Social diminuiria cada vez mais o espaço existencial do homem contemporâneo, que por sua vez, seria cada vez mais dependente do Estado, e passaria a servi-lo, quando deveria ser ao contrário. Considera também, que a democracia e o Estado seriam apenas um ‘’teatro’’ no momento da formação da vontade estatal, que visavam os interesses dos grupos de pressão. A autonomia dos governantes é inversamente proporcional à participação e interesse popular. IX) O Estado Social significa patronagem, intervencionismo, mas garante os direitos da personalidade. Capítulo VIII - A Interpretação das Revoluções Subcapítulos: I) As ideologias são as esperanças do povo. A Grande Revolução Francesa trouxe três importantes aspectos para o contexto atual: a hegemonia do terceiro estado, depois os séculos XIX e XX com a formação do socialismo e consciência do proletário e por fim, o Estado Social como liberdade. II) As maiores revoluções tiveram a força para quebrar paradigmas porque ocorreram no momento certo e a insatisfação suficiente, pois caso contrário, teriam sido sufocadas. E grandes revoltas trazem consigo uma mudança no contexto da época, como a Revolução Russa em 1917, que tirou o país da 1° Guerra Mundial e a Revolução Francesa, em que a queda da Bastilha simbolizou a passagem da Modernidade para a Contemporaneidade. III) A diferença entre revoluções e golpes de Estado é que este tem efeitos passageiros, enquanto aquela nunca poderá ter seus efeitos revertidos. IV) O antagonismo das revoluções é o radicalismo. As ditaduras, não raramente abreviam o curso das transformações e eliminam o progresso que seria feito nesse percurso. V) As Revoluções tiveram por papel possibilitar a gama de direitos sociais e fundamentais que a sociedade contemporânea conhece. Relação entre as apresentações do seminário e a obra lida: O contratualismo seria os indivíduos, quando em seu estado de natureza, abdicarem de liberdades pessoais para obter a segurança do Estado. Os principais teóricos contratualistas seriam Thomas Hobbes, absolutista, considerava que todos os homens são naturalmente maus, acarretando na guerra de todos contra todos. Logo, a existência de uma estrutura de poder visível faz-se necessária para manter a segurança dos homens, que abdicariam de suas liberdades em prol disso. Este seria um Estado Soberano. John Locke, liberal, o homem em seu estado de natureza seria neutro com tendências a ser bom e não há apenas o direito à vida, como também o direito à propriedade e o direito de punir, os chamados direitos fundamentais. O homem estaria sujeito às leis naturais e às leis de Deus. E por último, Jean Jacques-Rousseau, o homem é bom por natureza, logo, há ausência de conflitos. A complexização da sociedade que o corrompe, assim, destaca-se a famosa frase “o homem nasce bom, a sociedade o corrompe”. O Estado surgiria para regular a propriedade privada, que gera desigualdade social, a liberdade e igualdade por ele definidas seriam falsas, pois o Estado de sociedade é um Estado de alienação. Karl Marx, quase 100 anos após Rousseau postular sua teoria, começa a divagar sobre as condições do proletário em plena Revolução Industrial, no século XIX. Com conceitos como a mais-valia e a alienação, o alemão incitou a revolução com a finalidade de tomar os meios de produção da burguesia e instaurar o socialismo, absorvendo a diferenciação da sociedade em classes. A alienação, para Marx, seria a separação entre o proletário e aquilo que ele produz. Em linhas de produção Fordistas por exemplo, não era incomum que o trabalhador nãosequer soubesse qual produto está fabricando, ou ainda, trabalhadores que jamais terão a possibilidade de comprar o produto que produzem, pois o valor deste é muito superior ao valor repassado ao seu salário. Desse plano surge a mais-valia. Assim como para Rousseau, Marx considera que a liberdade e igualdade pregadas pelo Estado seriam falsas, pois considera que no contexto em que viveu, na Inglaterra, século XIX, havia entre todos a igualdade formal, mas a igualdade material era inexistente, o que criava abismos de desigualdade social.
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