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30 Fisioterapia Especialidades - Volume 1 - Numero 1 - outubro / dezembro de 2007 
REVISÃO
Estela Maria Correia Sant’Ana1, Rita de Cássia Marqueti1, Vanessa Lira Leite2.
 
1Doutorandas do Departamento de Ciências Fisiológicas, Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal de 
São Carlos (UFSCar). São Paulo, Brasil.
2Mestre em Bioengenharia. Universidade de São Paulo (USP). São Carlos, Brasil.
RESUMO
O fibro edema gelóide (FEG) conhecido popularmente como celulite, afeta cerca 80-90% das mulheres após a puberdade. Atinge 
especialmente a região glútea e as coxas. Sua etiologia é complexa e envolve aspectos multifatoriais. O entendimento de fatores 
biológicos e bioquímicos que influenciam o FEG é necessário para o desenvolvimento de efetivas formas de tratamento. A endermologia 
é uma técnica de massagem que consiste de roletes com pressão positiva em conjunto com pressão negativa aplicados na pele e tecido 
subcutâneo e se desponta como uma proposta de tratamento não-invasivo para FEG. O objetivo deste trabalho foi revisar na literatura 
científica aspectos fisiopatológicos do FEG e seu tratamento com endermologia.
Palavras-chave: fibro edema gelóide, tecido adiposo, endermologia.
ABSTRACT
Cellulite affects 80-90% of post-puberal females. Buttocks and thighs seem to be particularly affected. It is a pathology with a complex 
etiology that involves multi-factorial aspects. Understanding the biological and biochemistry factors that affect severity may facilitate 
the development of effective therapies. Endermologie is a massage method consisting of positive pressure rolling, with applied negative 
pressure to both skin and subcutaneous tissues and it is turning into a promising noninvasive treatment for cellulite. The purpose of this 
work was to review the scientific literature about pathophysiological aspects of cellulite and its treatment by endermologie. 
Key words: cellulite, adipose tissue, endermologie.
FIBRO EDEMA GELÓIDE (CELULITE): 
FISIOPALOGIA E TRATAMENTO COM ENDERMOLOGIA
CELLULITE: PATHOPHYSIOLOGY AND ENDERMOLOGIE TREATMENT.
Endereço para correspondência:
Estela Maria Correia Sant’Ana 
Universidade Federal de São Carlos
Dep. Ciências Fisiológicas 
Rodovia Washington Luís Km 235 São Carlos SP Brasil
CEP 13565-905
Fone: 55-16-3351-8333
E-mail: estelasantana10@yahoo.com.br 
RECEBIDO: 30/07/2007 - REVISADO: 17/08/2007 - ACEITO : 28/08/2007
Fisioterapia Especialidades - Volume 1 - Numero 1 - outubro / dezembro de 2007 31 
INTRODUÇÃO
 O fibro edema gelóide (FEG) conhecido, popularmente, 
como celulite afeta cerca 80-90% das mulheres após a puber-
dade1. Atualmente os cuidados com o corpo e com a aparência 
estética tornaram-se uma preocupação constante na vida da maio-
ria das pessoas. Isso se deve aos reflexos dos valores e padrões 
culturais, sociais e individuais acarretando baixa de auto-estima, 
ansiedade e desestabilização da imagem corporal2. A necessidade 
de investigar a aplicação e a eficácia de novas terapias para o 
FEG decorre da substancial procura para seu tratamento. Apesar 
da existência de numerosos tratamentos, incluindo terapia farma-
cológica, termogênica e cirúrgica, a endermologia se destaca por 
se tratar de uma técnica não-invasiva. Este trabalho teve por ob-
jetivo revisar aspectos fisiopatológicos do FEG e seu tratamento 
com endermologia, na literatura científica. Foi realizada busca 
eletrônica pelo Pubmed e foram usadas as palavras-chaves: cellu-
lite, lipodystrophy, panniculopaty, adipose tissue, endermologie, 
massage therapy e mechanical massage.
Nomenclatura e conceito
 O fibro edema gelóide é um distúrbio do panículo adi-
poso que afeta mulheres após a puberdade3 sendo mais comum 
em caucasianas do que em asiáticas4,5. O termo “celulite” foi de-
scrito pela primeira vez na França, por volta de 1920, quando o 
pesquisador Paviot identificou e descreveu as alterações estéticas 
que ocorrem na superfície da pele6. O próprio nome celulite é 
uma combinação do termo francês para designar célula – Cellule 
- e o sufixo -ite que significa inflamação5. Considerando que não 
se trata, propriamente, de uma inflamação, vários outros termos 
têm sido descritos incluindo dermoipodermose7, lipodistrofia 
ginóide8,9,10, paniculose11, paniculopatia esclero-edematosa12, fi-
bro edema gelóide3, dentre outros. O FEG se apresenta como uma 
alteração da pele que adquire um aspecto em forma de “casca de 
laranja” com depressões irregulares sendo que os locais mais afe-
tados são as coxas e região glútea (Figura 1.)13. Também são afeta-
dos em menor intensidade, a panturrilha, os braços e o abdome3.
Etiologia e fisiopatologia
 Com relação aos agentes etiológicos ou etiopatogenia 
do FEG, estão presentes: fatores desencadeantes, fatores predi-
sponentes e agravantes. Os fatores desencadeantes compreendem 
alterações de natureza hormonal que ocorrem na adolescência, 
sendo o principal hormônio envolvido com o aparecimento do 
FEG, o estrógeno. Os fatores predisponentes são hereditários e 
múltiplos como sexo, etnia, biotipo corporal, distribuição do teci-
do adiposo e ainda, quantidade, disposição e sensibilidade dos re-
ceptores das células afetadas pelos hormônios envolvidos. Fatores 
agravantes como hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, 
estresse, patologias, medicamentos e gravidez podem acelerar 
desequilíbrio3,8,10,14.
 Na primeira descrição há mais de 150 anos, os au-
tores referem-se ao FEG como uma distrofia celular complexa 
não-inflamatória do tecido mesenquimal causada por uma des-
ordem do metabolismo dos líquidos intersticiais. Esta distrofia 
foi considerada como sendo uma reação ao trauma, localizada, 
causada por estímulos glandulares ou infecções6 e associada à 
alteração reumática11. Entretanto, estudos recentes sugerem uma 
fisiopatologia que inclui alterações primárias no tecido adiposo, 
hiperpolimerização anormal do tecido conjuntivo e alterações 
microcirculatórias6,5.
Figura 1. Aspecto clínico do fibro edema gelóide apresentando ondulações 
características na pele (Hexsel eMazzuco, 2000 ).
Figura 2. Ultrassonografia da região posterior de coxa de mulher afeada 
por FEG, de uma mulher não afetada pelo FEG e de um homem não 
afetado pelo FEG (modificado de Rosenbaum et al., 1997)
Epiderme
Derme
Tecido adiposo
MULHER AFETADA
MULHER NÃO
AFETADA
HOMEM NÃO 
AFETADO
32 Fisioterapia Especialidades - Volume 1 - Numero 1 - outubro / dezembro de 2007 
 Devido à arquitetura diferenciada do tecido sucutâneo 
feminino, estudos sugerem uma correlação entre mudanças fisi-
ológicas e a incidência de FEG15. Rosenbaum et al.16, em estudo 
com humanos, investigou a morfologia e bioquímica do FEG, 
sugerindo a ocorrência de um dimorfismo de características es-
truturais no tecido conjuntivo subdérmico, que predispõe as mul-
heres ao desenvolvimento de uma extrusão (herniação) irregular 
do tecido adiposo para a derme (Figura 2 e 3). Trabalhos com 
micro-ressonância magnética (micro-RMI) demonstram clara-
mente a espessura e as alterações estruturais do tecido conjun-
tivo na derme e dos adipócitos da hipoderme relacionados com 
o FEG4,15. De acordo com Mirrashed et al.15 nos homens o tecido 
subcutâneo apresenta septos fibrosos mais finos com lóbulos de 
gordura menores, arranjados em cápsulas menores e em planos 
oblíquos quando comparados com os das mulheres. Por sua vez, 
o tecido subcutâneo das mulheres é constituído por septos radiais 
contendo lóbulos de gordura de grandes dimensões (Figura.4).
 
 A unidade matriz-intersticial é formada por células 
(especialmentefibroblastos, responsáveis pela síntese de mac-
romoléculas da matriz extracelular) e pela matriz extracelular 
composta por uma parte fibrosa (fibras colágenas, elásticas e re-
ticulares) e por substância fundamental amorfa constituída por 
proteoglicanas, glicoproteínas e ácido hialurônico6,10. As gli-
cosaminoglicanas (GAGs) são cadeias de polissacarídeos, ligadas 
covalentemente à proteínas formando moléculas de proteoglica-
nas que possuem alta propriedade hidrofílica. No FEG as alte-
rações causadas nos fibroblastos, especialmente pelo estrógeno, 
promovem modificações estruturais nas GAGs com hiperpolim-
erização aumentando seu poder hidrofílico e a pressão osmótica 
intersticial. Esse mecanismo gera acúmulo de líquido entre os ad-
ipócitos com conseqüente deposição de colágeno na matriz-inter-
sticial. A não uniformidade na deposição dessas fibras de coláge-
no acarreta uma esclerose irregular de tamanhos variados tanto ao 
redor dos adipócitos quanto dos vasos sangüíneos. As mudanças 
no tamanho dos capilares levam quase sempre à formação de mi-
croaneurismas, por estrangulamento dos mesmos, permitindo o 
extravasamento de plasma para o interstício em conjunto com al-
gumas citocinas e linfócitos reforçando esta desordem. De acordo 
com Curri17 a fisiopatologia do FEG se divide em quatro estágios 
evolutivos: 1) alterações no esfíncter pré-capilar arteriolar que 
induzem modificações na permeabilidade vênulo-capilar, além 
de estase capilar com transudação e edema pericapilar entre os 
adipócitos; 2) o edema causa alterações metabólicas que resultam 
em hiperplasia e hipertrofia das fibras reticulares e formação de 
uma trama fibrótica irregular; 3) as fibras de colágeno dos septos 
se polimerizam entre os adipócitos formando micronódulos;4) 
fibroesclerose progressiva com formação de macronódulos. 
(Figura 5)5,6,10,18.
Figura 3. Orientação das fibras do tecido subcutâneo se estendendo da derme 
à fáscia, em mulheres e homens (modificado de Rosenbaum et al., 1997). 
Figura 4. Exemplos de RMI em cortes sagitais de pele normal de homem 
(a, b) e de mulher (c, d). Todos os sujeitos dos grupos possuem IMC 
(índice de massa corporal) alto (Mirrasched et al., 2004). 
Figura 5. Seqüência de eventos que mostra como o tecido adiposo é afe-
tado pelo acúmulo de líquidos no interstício, infiltração linfocitária e con-
seqüente fibrose (modificado de Ryan, 1995). 
Mulheres
Homens
Epiderme
Epiderme
Tecido
subcutâneo
Tecido
subcutâneo
Tecido adiposo normal Acúmulo de líquido
Alteração dos vasos
sanguíneos
Fibrose
Infiltração de linfócitos
Variação do tamanho dos
adipócitos
Fisioterapia Especialidades - Volume 1 - Numero 1 - outubro / dezembro de 2007 33 
 Portanto, o FEG consiste em uma infiltração edematosa 
do tecido conjuntivo, seguida de polimerização da substância 
fundamental que, infiltrando-se nas tramas, produz uma reação 
fibrótica consecutiva. Essa polimerização (ou processo reativo), 
resultante de uma alteração no meio interno, é favorecida por cau-
sas locais e gerais, em virtude da quais os mucopolissacarídeos 
que a integram sofrem um processo de gelificação. Sendo assim, o 
FEG pode ser definido clinicamente como um espessamento não-
inflamatório das capas subdérmicas3,5.
Endermologia e FEG
 
 A endermologia é uma técnica criada a partir de ex-
perimentações utilizando-se a pressoterapia por pressão nega-
tiva, associadas a roletes que empregam pressão positiva simul-
taneamente, destinadas ao incremento circulatório, tanto venoso 
quanto linfático, e ainda a massoterapia por “palper roller” (palpar 
e rolar)19. Em 1970, o francês Louis Paul Guitay sofreu um aci-
dente automobilístico, no qual teve lesões musculares e graves 
queimaduras com subseqüente aderência cicatricial da pele. Estas 
lesões foram tratadas por massagem terapêutica com o propósito 
de restaurar a função muscular e a elasticidade da pele. As ses-
sões tinham duração de 3-4 horas diariamente, em uma rotina 
rigorosa de rolamento manual sobre a pele. Devido à grande de-
manda de tempo, ao trabalho intenso para efetuar as massagens e 
as habilidades individuais de cada terapeuta, Guitay desenvolveu 
um sistema denominado endermologia baseado em um método 
mecânico de promover as massagens. Durante seu uso terapêu-
tico, os terapeutas rapidamente observaram melhora no aspecto 
do FEG e alterações na distribuição de gordura corporal em pa-
cientes, que tratavam cicatrizes causadas por traumas20.
 Adcock et al.21 realizaram um estudo com duas raças de 
porcos (Yucatan e Yorshire). Os objetivos deste trabalho foram 
estudar se o tratamento com endermologia poderia causar algum 
tipo de lesão na derme e na fáscia superficial e ainda mensurar e 
analisar as forças geradas nos tecidos submetidos ao tratamento. 
Foram escolhidas essas raças de porcos devido à similaridade his-
tológica e fisiológica com os humanos. Os Yucatans (n=12 com 
4 meses de idade) foram divididos aleatoriamente em três grupos 
com quatro animais cada e foram usados para a análise histológica. 
 Esses receberam o tratamento com endermologia na 
região do quadril, uma ou duas vezes por semana num total de 4, 
10 ou 20 sessões. Os Yorshire (n=3 com 6 meses de idade) foram 
tratados com 10 sessões cada e usados para mensurar as forças 
aplicadas durante o tratamento. As sessões tinham duração de 10 
min. O tratamento foi realizado na região do quadril e o lado con-
tra-lateral dos animais foi usado como controle. Após o tratamen-
to, os animais foram submetidos à eutanásia. Amostras do tecido 
tratado foram preparadas para análise histológica. Não foram 
observados a olho nu nem à microscopia evidencias de trauma 
ou lesão. Foram observadas alterações nos feixes de colágeno e 
nos adipócitos após 20 sessões de tratamento com endermologia, 
indicando uma possível remodelagem local. Para medir as forças 
que ocorrem durante o tratamento os animais foram anestesiados 
e após preparação da pele foi inserindo, através de catéteres sub-
cutâneos, um aparato que permitia a coleta e o armazenamento 
de dados sobre tensões das forças aplicadas nos tecidos, durante 
as manobras de tratamento com endermologia. Posteriormente, 
esses dados foram analisados em software específico e os autores 
concluíram que as forças aplicadas são dependentes do tipo de 
manobra executada e ainda sofrem influência do operador do eq-
uipamento. 
 Collis et al.22, em estudo randomizado com duração 
de 12 semanas, trataram e avaliaram 52 mulheres com idade 
acima de 18 anos que foram divididas em três diferentes gru-
pos. No grupo 1 as pacientes receberam dois tubos de creme mar-
cados para perna direita e perna esquerda. Um tubo contendo 
creme com aminofilina a 2% e contendo ácido glicólico a 10% 
para facilitar a permeação e outro tubo contendo creme placebo. 
Cada aplicação era feita duas vezes por dia nas coxas e nádegas. 
O grupo 2 recebeu duas vezes por semana durante 10 min o tratamen-
to com endermologia nos glúteos e coxas, sempre do mesmo lado 
(controle: coxa contra-lateral não recebeu tratamento) totalizando 24 
sessões do mesmo lado. As pacientes do grupo 3 receberam creme 
com aminofilina e ácido glicólico e creme placebo com as mesmas 
instruções do grupo1, mais 10 min de tratamento com endermologia 
em ambos os lados. Todas as sessões foram feitas pelo mesmo op-
erador. As pacientes receberam instruções para manter a mesma 
qualidade de vida durante o tratamento. Antes e depois dos trata-
mentos foram realizadas medições morfológicas, fotográficas e 
ultrassonográficas do local afetado, para posterior comparação. 
Entretanto, este estudo não demonstrou diferenças estatistica-
mente significativas entre os grupos. Uma das possíveis explica-
ções para esses pobres resultados poderia ser o uso do controlecomo membro contra-lateral e ainda o tempo reduzido de trata-
mento, já que outros estudos utilizam sessões de 30 a 45 min19,20.
 LaTrenta e Mick24 avaliaram os efeitos do uso da ender-
mologia após lipoplastia comparado com a lipoplastia isolada, na 
redução do contorno corporal. Observaram que o uso da ender-
mologia no pós-operatório de lipoplastia promove uma melhora 
nos resultados do quadro pós-operatório em relação à redução na 
aparência do FEG, nas aderências cicatriciais e uma melhor redis-
tribuição da gordura mal posicionada, reduzindo a taxa de revisão 
cirúrgica subseqüente. 
 Chang et al.20 realizaram um estudo com 85 mulheres, 
com idade variando entre 21 a 61 anos, que foram divididas em 
dois grupos. 
Figura 6. Endermologia: mecanismo rítmico de manobra de rolamento 
com roletes motorizados e aspiração por pressão negativa da pele
e panículo adiposo (Benelli, 1999). 
34 Fisioterapia Especialidades - Volume 1 - Numero 1 - outubro / dezembro de 2007 
 Todas receberam 45 min de tratamento com endermo-
logia duas vezes por semana nos glúteos e coxas. Um grupo (n= 
46) realizou 7 sessões de tratamento e apresentou uma média de 
redução na circunferência da cintura de 1,34 cm e outro grupo 
(n= 39) completou 14 sessões de tratamento e apresentou uma 
média na redução da circunferência da cintura de 1,83 cm. Os 
autores concluíram que a endermologia é eficaz na diminuição e 
mobilização da gordura do contorno corporal. Aproximadamente 
90% das pacientes que participaram deste estudo relataram que 
apresentaram melhora no aspecto do FEG e redução de gordura 
localizada nas áreas tratadas. 
 A endermologia tem sido utilizada como um recurso 
cosmético em larga escala na Europa, Japão, América do Sul e nos 
Estados Unidos. É um sistema que auxilia na redução da aparên-
cia da celulite e na redistribuição do tecido adiposo subcutâneo, 
bem como na redução de medidas de circunferência corpora.l19,20. 
Além, desses outros efeitos têm sido atribuídos à endermologia, 
tais como: modulação do estrógeno, observada em estudo com 
mulheres pré e pós menopausa, além de melhora na aparência do 
FEG e contornos corporais23; melhora do aspecto e diminuição de 
cicatrizes com conseqüente melhora na qualidade de vida em in-
divíduos com morféia (escleroderma localizado)25; diminuição de 
dor muscular e sensação de fadiga em mulheres com fibromialgia26.
 A revisão de literatura realizada por Blome19 descreve 
que a endermologia possui potencial indicação terapêutica: na 
medicina do esporte, para diminuição do tempo de recuperação de 
tecidos moles após lesão e melhora na capacidade de endurance; 
na medicina geral, na prevenção de úlceras de pressão, melhora 
do retorno venoso e incremento da circulação linfática; na medic-
ina estética, com melhora do aspecto da pele e do contorno corpo-
ral, melhora visual do FEG e atuação no pré e pós-operatório de 
lipoaspiração, diminuindo edemas e equimoses. 
 A endermologia pode utilizar equipamentos motorizados 
ou manuais, que diferem em alguns aspectos. Os motorizados pos-
suem cabeçote com roletes tracionados por motor, que os impelem 
facilitando o seu deslizamento sobre a pele. Isso pode provocar 
pinçamentos na pele, sendo necessário o uso de malha protetora 
para o paciente. Embora, o uso da malha possa impedir a perfeita 
análise das condições do tecido pelo terapeuta, durante a aplicação 
do tratamento, este modelo de equipamento permite maior homo-
geneidade das forças aplicadas e maior facilidade de manejo. Em 
contrapartida nos equipamentos manuais os roletes do cabeçote 
não são motorizados, não necessitam de malha protetora e per-
mitem melhor visualização da área tratada. Entretanto, o terapeuta 
precisa fazer excessivo esforço durante as manobras. Não foram 
encontrados na literatura trabalhos que utilizaram o equipamento 
manual ou que comparassem os efeitos dos dois equipamentos. 
CONCLUSÃO
 O FEG pode ser definido clinicamente como um es-
pessamento não-inflamatório das camadas subdérmicas, sendo 
uma disfunção de etiologia complexa. Sua fisiopatologia envolve 
mecanismos multifatoriais e seu aspecto desagradável promove, 
nas mulheres acometidas, uma busca para o seu tratamento. Ape-
sar da existência de numerosos tratamentos, a endermologia se 
destaca como uma proposta de tratamento não-invasivo do FEG. 
Diversos trabalhos experimentais e clínicos têm comprovado a 
eficiência da endermologia no tratamento do FEG, diminuição e 
redistribuição da gordura localizada. Até o momento não há rela-
tos de efeitos adversos importantes, mas existe a necessidade de 
que estudos futuros, com melhor delineamento, sejam realizados 
para comprovar sua eficácia e ainda, determinar se os resultados 
obtidos são transitórios ou possuem maior duração.
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