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IBMR - LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES
ALEXSSANDER JUNIO RESENDE 
ISABELA FERREIRA MARINS 
CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Bom Bespacho
2017
CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao IBMR
– Laureate International Universities como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em biomedicina.
ORIENTADOR: Prof. Rômulo Medina de Mattos Cíntia da Silva Almeida
Rio de janeiro 2017
 (
ISABELA VASQUEZ RODRIGUES
)
 (
Rodrigues. lsabela Vasquez.
R696c
Carboxiterapia 
no 
tratamento 
do 
fibro edemn geloide. 
[manuscrito]
 
/ 
lsabela Vasquez Rodrigues. Rio de Janeim. —201
 
7.
46 
f.
Monografia {graduasfio) — Centro ktniversitârio Herminio da 
Silveira, 
curso de Biomedicina, Rio 
de 
Janeiro, 
2017.
Orientador: 
Romulo Medina de Mattos e Cintia 
da 
Silva 
Almeida.
1. Fibm edema geloide. 2. Celulite. 
3. 
Carboxiterapia. 
1. 
Mattos, 
Romulo Medina de. (Orient.). 11. Almeida, Cintia da Silva. (Orient.). Ill. 
Centro 
Universitario
 Herminio 
da 
Silveira. lV.
 
Titulo.
CDD: 610
)
CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao IBMR – Laureate	International Universities como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em biomedicina.
.
Aprovada em 	de 	de 2017.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. XXXXXXXXXXX
IBMR - Laureate International Universities
Prof. Dr. YYYYYYYYYYY
IBMR - Laureate International Universities
 (
ISABELA VASQUEZ RODRIGUES
)
A Deus, primeiramente, aos meus	pais,
ao meu namorado e amigos que	me
incentivaram do início ao fim	deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, acima de tudo, pois sem ele foi a base do início ao fim e a fonte de ânimo, fé, força e empenho, sem os quais, essa graduação e esse trabalho não seriam possíveis.
Ao IBMR, por tornar esse sonho possível.
Aos meus orientadores Rômulo Medina de Mattos e Cíntia da Silva Almeida pela dedicação, suporte e atenção prestados durante a elaboração deste trabalho.
À banca examinadora, pela dedicação de seu tempo para avaliação deste trabalho.
Aos professores que me acompanharam nessa jornada desde o início da graduação, ao me transmitirem o conhecimento agregado nessa graduação.
Aos meus pais, por toda dedicação, suporte e auxílio, sem os quais toda essa jornada não seria possível.
Ao meu namorado, Lucas Alves, que com paciência, fé, dedicação e muito amor sempre me incentivou a persistir e acreditar, primeiramente em mim mesma, e, consequentemente, nesse sonho.
Ao meu antigo professor de biologia do ensino médio, Marcus Vinicius Mendonça, pela influência na escolha da biomedicina como profissão a seguir.
Aos meus amigos mais próximos que compartilharam desse sonho comigo me dando apoio e forças para concluir essa fase da vida com excelência, em especial Renata Reinsperger, pela parceria desde o início da graduação, que com muito carinho, me deu todo um suporte emocional, sendo imprescindível em diversos momentos dessa caminhada.
RESUMO
O fibro edema gelóide (FEG), atualmente, é uma disfunção estética que acomete principalmente mulheres e homens em condições hormonais alteradas, sendo uma reclamação recorrente em consultórios e clínicas de estética. O termo ´´celulite´´ é popularmente utilizado para designar o FEG, que pode ser classificado em quatro diferentes graus. O FEG ocorre quando há alterações no tecido dérmico e subcutâneo, alterações estas que podem ser estruturais, hormonais, circulatórias e inflamatórias, principalmente. O objetivo desse estudo de revisão é demonstrar a eficácia do gás carbônico na redução do FEG. A metodologia desse trabalho baseia-se numa revisão de literatura que contou com 46 artigos desde de 1978 a 2014. O tratamento consiste em injeções hipodérmicas de gás carbônico medicinal, CO2, no local acometido pelo FEG. O gás carbônico atuará na microcirculação local estimulando a vasodilatação, além de possuir ação farmacológica ao estimular a ocorrência do efeito bohr, aumentando a concentração de oxigênio local e a demanda de nutrientes na região tratada. Os resultados apresentados evidenciaram a melhora dos graus do FEG onde, no primeiro estudo, 68,42% das mulheres tratadas obtiveram diminuição do grau de FEG na região glútea. No segundo estudo com 111 participantes, 101 mulheres demonstraram melhorias no quadro do FEG abdominal na coxa, com uma média de diminuição das circunferências de 2,0 cm e 1,3 cm, respectivamente. E, no terceiro estudo 100% das mulheres tratadas tiveram seus graus de FEG melhorados, embora não tenham demonstrado melhora significativa nas circunferências das regiões tratadas. Dessa forma, este trabalho demonstrou a carboxiterapia como um tratamento eficaz no tratamento do FEG, uma vez que o uso do gás carbônico se apresentou capaz de tratar os sinais clínicos e físicos desencadeados pelo FEG. Devido à baixa quantidade de artigos experimentais que comprovam a eficiência clínica do tratamento, espera-se que mais trabalhos sejam desenvolvimentos futuramente para maior contribuição de dados para esse tema.
Palavras- chave: Fibro edema gelóide, celulite, carboxiterapia, lipodistrofia ginóide.
ABSTRACT
Currently, Fibrous geloid edema (EGF), is an esthetic dysfunction that affects women and men under altered hormonal conditions, being a recurring complaint in aesthetic clinics and offices. The term '' cellulitis '' is popularly used to represent EGF, which can be classified into four different degrees. EGF occurs when there are changes in the dermal and subcutaneous tissues, which can be structural, hormonal, circulatory and inflammatory, mainly. The objective of this review study is to demonstrate the efficacy of carbon dioxide in the reduction of EGF. A methodology of the work is based on a literature review that counted on 46 articles from 1978 to 2016. The treatment consists of hypodermic injections of medical, CO2, non-local CO2 gas affected by EGF. Carbon dioxide acts in the local microcirculation stimulating a vasodilatation, besides having the pharmacological action by stimulating the occurrence of the effect, increasing the concentration of local oxygen and the demand of nutrients in the treated region. The results showed an improvement in the degrees of EGF where, in the first study, 68.42% of the treated women had a decrease in the degree of EGF in the gluteal region. In the second study with 111 participants, 101 women demonstrated improvements in abdominal EGF thigh, with a mean decrease in circumferences of 2.0 cm and 1.3 cm, respectively. And, in the third study 100% of treated women had their grades of EGF improved, although they did not show significant improvement in the circumferences of the treated regions. According to the studies presented, this work demonstrated the carboxytherapy as an effective treatment to the treatment of the EGF, since the use of the carbonic gas presents itself capable of treating the clinical and physical signs triggered by the EGF. Due to the low amount of experimental articles that prove the clinical efficacy of the treatment, it is expected the developments of more articles in the future for the greater contribution of data to this topic.
Keywords: Fibrous geloid edema, cellulite, carboxytherapy, Gynoid lipodystrophy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Camadas da pele divididas em epiderme, derme, hipoderme e anexos cutâneos	16
Figura 2 – Septos fibrosos da derme em mulheres (A) e homens (B)	18
Figura 3- Depressões celulíticas causadas pela fibrose, gerando encurtamento e retração dos septos. 19 Figura 4- Sequência de eventos que relata como o tecido adiposo é afetado pelo acúmulo de líquidos no interstício. 	21 Figura 5- Influência do estrogênio nos glicosaminoglicanos gera fibroesclerose	22
Figura 6- LDG grau II (a) sem contração e (b) após contração do tecido	23
Figura 7- LDG grau III (a) sem contração e (b) após contraçãodo tecido	24
Figura 8- LDG grau IV (a) sem contração e (b) após contração do tecido	24
Figura 9- Efeito Bohr. 	29 Figura 10- Equipamentos e acessórios da carboxiterapia	32
Figura 11- Exame de ultrassonografia. 	36 Figura 12-Imagem panorâmica da região glútea tratada com carboxiterapia	39
Figura 13- Imagem panorâmica da região das coxas tratadas com carboxiterapia	39
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Tabela 1- Alteração das medições das 101 mulheres (F) e 10 homens (M) que participaram do estudo.
............................................................................................................................................................... 36
Tabela 2-Imagem panorâmica da região glútea tratada com carboxiterapia.	37
Gráfico 1- Percentual de melhoria do quadro de incidência dos graus do FEG nos glúteos	34
Gráfico 2- Avaliação do grau de celulite de acordo com a classificação geralmente aceita de celulite.38
LISTA DE SIGLAS
ANVISA- Agencia Nacional de Vigilância Sanitária.
cAMP- Cyclic Adenosine Monophosphate; AMPc- Adenosina Monofosfato Cíclico.
CE- Comunidade Europeia. CO2- Dióxido de carbono. FEG- Fibro Edema Gelóide. H+- Íon de Hidrogênio.
KHZ- Quilohertz.
LDG- Lipodistrofia Ginóide.
MHZ- Mega Hertz.
O2- Oxigênio.
PEFE- Paniculopatia Edematofibroesclerótica.
PH- Potêncial Hidrogeniônico.
RF- Radiofrequência.
US- FDA- Food And Drugs Administration; Administração Federal de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	11
OBJETIVOS	13
OBJETIVO GERAL	13
OBJETIVOS ESPECÍFICOS	13
METODOLOGIA	14
DESENVOLVIMENTO	15
ANATOMIA E HISTOLOGIA DO SISTEMA TEGUMENTAR	15
FISIOPATOLOGIA DO FIBRO EDEMA GELÓIDE	16
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS	17
ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS	19
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E HORMONAIS	20
GRAUS DO FEG	22
TRATAMENTOS PARA O FEG	25
CARBOXITERAPIA	27
EFEITOS FISIOLÓGICOS	28
ESTÍMULO CIRCULATÓRIO SANGUÍNEO	28
EFEITO BOHR	28
AÇÃO NO TECIDO CONJUNTIVO	30
APARELHO DE CARBOXITERAPIA	31
DISCUSSÃO	33
CONCLUSÃO	40
REFERENCIAS	41
1. INTRODUÇÃO
A carboxiterapia consiste no método de tratamento das estruturas cutâneas a partir da injeção terapêutica de gás carbônico medicinal. Resume-se, basicamente, a infusão do CO2 de forma subcutânea com uma agulha de insulina, nas áreas a serem tratadas, visando modificar e tratar a flacidez da pele, o FEG, estrias, cicatrizes e a lipodistrofia localizada (gordura localizada) (OLIVEIRA & MEIJA, 2008). A administração do gás no tecido subcutâneo gera um enfisema subcutâneo, por meio do deslocamento da pele deste local, com afastamento dos tecidos que passam a ser ocupados pelo gás. Contudo, esse deslocamento ocorre sem causar traumas vasculares, tampouco, nervosos, embora gere trauma suficiente para provocar uma resposta fisiológica ao fenômeno conhecido como cicatrização. Paralelo ao trauma mecânico causado pela infusão do gás, existe ainda a ação farmacológica do gás, responsável pelo aumento da concentração de oxigênio local, e isso gera condições apropriadas a esse processo fisiológico (MAIO, 2011).
A carboxiterapia teve sua origem em Royat, na França, em 1932, com o tratamento de pacientes acometidos por arteriopatias (BRANDI et al., 2001). Em 1997, Hartmann et al. descreveram a eficácia do uso de gás carbônico também em tratamentos de arteriopatias periféricas, demonstrando melhora na oxigenação gerada através da vasodilatação e aumento da pressão parcial de oxigênio por meio da redução local da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, aumentando a quantidade do mesmo no local (efeito bohr). Em 1988, Albergati et al., publicaram sobre os efeitos do anidrido carbônico por via subcutânea visando o tratamento da paniculopatia edemato fibroesclerótica (PEFE) (celulite como é popularmente chamada).
Em 1920, já existia o termo ´´celulite’’ usado para descrever a alteração estética da superfície cutânea, não sendo entretanto, o melhor termo para nomear essa afecção. Assim, foram recomendados outros nomes que melhor descrevem esta patologia, são eles: o fibro edema gelóide (FEG), paniculopatia edematofibroesclerótica (PEFE), lipoesclerose nodular, Lipodistrofia Ginóide (LDG), paniculosidade e outros (BORGES, 2006).
Segundo GUIRRO & GUIRRO (2002), o termo celulite é inadequado para a definição dessa afecção, uma vez que sufixo “ite” indica inflamação, o que não define o seu verdadeiro significado. Na verdade, o fibro edema geloide refere-se a um distúrbio localizado que afeta o tecido dérmico e subcutâneo acarretando em alterações musculares e lipodistróficas com
 (
26
)
 (
27
)
resposta esclerosante, responsável pelo aspecto inestético que conhecemos. Eles também afirmam que a lipodistrofia ginóide é considerada uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo subcutâneo, que produz uma reação fibrótica.
As depressões (aspecto de casca de laranja) presentes no tecido acometido pelo FEG ocorrem devido a degeneração do tecido adiposo, ocasionada pela baixa circulação sanguínea, que acarreta no acúmulo de gordura na região e rompimento das fibras. A microcirculação e o sistema linfático são afetados levando ao acumulo excessivo de substâncias no tecido subcutâneo, gerando´´ inchaço´´ na derme (GODOY et al., 2011). Existem vários tratamentos para o fibro edema geloide, dentre eles a carboxiterapia.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar o uso da carboxiterapia para o tratamento do fibro edema gelóide.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Descrever as estruturas da pele;
· Relatar a fisiopatologia do fibro edema gelóide;
· Discorrer sobre o uso da carboxiterapia;
· Citar os processos de reparação tecidual;
· Relatar os efeitos da carboxiterapia no fibro edema gelóide;
3. METODOLOGIA
Este trabalho é uma revisão de literatura sobre o método de tratamento da FEG através do uso da carboxiterapia. Para a realização do estudo foram utilizadas pesquisas bibliográficas em livros de estética e fisiologia humana e artigos científicos. Assim, realizou-se pesquisas nos sites Pubmed, Medline, Scielo, Surgical & Cosmetic Dermatology e International Journal of Cosmetic and Science utilizando seus sistemas de busca. Foram pesquisados periódicos nas línguas portuguesa e inglesa, contemplando 46 artigos científicos de 1978 a 2016. A busca dos artigos foi feita usando palavras-chaves como fibro edema gelóide, celulite, pele e carboxiterapia.
4. DESENVOLVIMENTO
4.1 ANATOMIA E HISTOLOGIA DO SISTEMA TEGUMENTAR
O sistema tegumentar é formado pela pele, tela subcutânea e anexos cutâneos como pêlos, unhas, glândulas sebáceas, mamárias e sudoríparas, que recobrem toda superfície do corpo formando uma proteção contra perda de água, atrito, radiação ultravioleta, e invasão de microrganismos. A pele é constituída de duas partes principais, sendo a epiderme a parte mais superficial, e a derme, a camada mais grossa e profunda anterior à hipoderme (Figura 1) (GUIRRO & GUIRRO, 2002). Existe uma camada abaixo da derme, a tela subcutânea ou hipoderme que, embora não seja considerada parte da pele, é composta de tecido conjuntivo adiposo areolar e por fibras. A epiderme tem por principais funções a proteção contra agressões físicas, químicas e biológicas. É formada por um epitélio escamoso estratificado queratinizado, onde suas principais células são os queratinócitos, melanócitos, células de Merkel e células de Langerhans (TORTORA & DERRICKSON, 2012). A derme, por sua vez, é formada de tecido conectivo não modelado com muitas fibras colágenas e elásticas, que conferem firmeza à pele ao unir a derme à epiderme. Além disso, são encontrados na derme nervos, glândulas, e ainda, células leucocitárias como os linfócitos e macrófagos, mergulhados numa substância fundamental, constituída de mucopolissacarídeos. No limite da derme com a tela subcutânea é possível encontrar ainda vasos sanguíneos e linfáticos (MAIO, 2011). Por fim, a hipoderme é composta de células adiposas e finos septos conjuntivos, onde são encontrados vasos e terminações nervosas (sensíveis à pressão). É uma camada considerada tecido conjuntivo subcutâneo e participa doacúmulo de adipócitos. Os septos estão conectados entre si de tal forma que formam redes de colágeno que separaram os adipócitos em diversas camadas, em forma de lóbulos. A medida que os níveis de adipócitos aumentam dentro desses lóbulos, ocorrem alterações no tecido, que conhecemos popularmente como celulite (SABATOVICH & KEDE, 2009).
Figura 1- Camadas da pele divididas em epiderme, derme, hipoderme e anexos cutâneos. Fonte: TORTORA & DERRICKSON, 2012.
4.2 FISIOPATOLOGIA DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Segundo Parienti (2001) apud Corrêa et al. (2001), o FEG se resume a uma sequência de situações que ocorrem no tecido, provocando alterações bioquímicas devido ao aumento da viscosidade no interstício, interrupção do suprimento de oxigênio devido a estase vênulo- capilar, ou seja, bloqueio da conexão sanguínea entre vasos e capilares. Todas essas alterações provocarão aumento da permeabilidade capilar que intensificará o edema acumulado e a nutrição do tecido. Como consequência de todos esses efeitos, os adipócitos enrijecem e forma fibroses que intensificam o grau do FEG. Esse aspecto resulta em alterações microcirculatórias e mudança na conformação anatômica do tecido subcutâneo de mulheres em relação aos homens (TERRANOVA et al., 2006), além de hipertrofia de adipócitos, diminuição da circulação sanguínea, disfunções do tecido conjuntivo e fibrose (ORTONNE et al., 2008). Este processo se inicia com a alteração da microcirculação e progride para um estado fibrocicatricial com alteração dos capilares. Diversos fatores contribuem para o surgimento e desenvolvimento do FEG. Estes fatores podem ser desencadeantes, como
alterações hormonais, inflamatórias e circulatórias; predisponentes, como fatores genéticos (raça) e anatômico envolvendo o sexo feminino; e agravantes como idade, tabagismo, sedentarismo, obesidade e sobrepeso, dieta, uso de medicações como anticoncepcionais, corticosteróides, compressões externas, gravidez e distúrbios psicossomáticos como o estresse (BINAZZI, 1983 apud ROSSI & VERGNANINI, 2000; ISIDORI, apud RIBUFFO &
BARTOLETTI, 1983). Dentre todos esses fatores, os que mais influenciam no desenvolvimento da LDG são os fatores hormonais, circulatórios, anatômicos e inflamatórios que serão abordados a diante (ROSSI & VERGNANINI, 2000).
4.3 ALTERAÇÕES ANATÔMICAS
Segundo PIÉRARD et al., (2000), a diversidade anatômica entre homens e mulheres originou a hipótese anatômica da celulite. Essa hipótese é baseada nas características estruturais dos lóbulos de gordura subcutânea e dos septos de tecido conjuntivo de homens e mulheres. O autor acredita na hipótese de que a celulite predomina nas mulheres devido ao alongamento das bandas fasciais (septos) determinadas geneticamente. Em mulheres, esse alongamento é possível uma vez que suas bandas fasciais se organizam verticalmente. O alongamento delas, gerado pelo aumento de gordura dentro do lóbulo prejudica e torna a base do tecido conjuntivo dérmico, possibilitando o deslocamento da gordura entre a derme e a hipoderme (figura 2).
Figura 2 – Septos fibrosos da derme em mulheres (A) e homens (B). Observe os septos organizados de forma vertical nas mulheres (seta branca) e diagonal ou horizontal nos homens (seta amarela).
Fonte: Adaptação de Disponível em: http://www.surgicalcosmetic.org.br/content/imagebank/figuras/v6n4a09- fig05.jpg
A aparência de casca de laranja da superfície da pele é resultado, em grande parte, da fibrose dos tecidos conjuntivos presentes na derme e / ou no tecido subcutâneo. O tecido conjuntivo da derme é conectado à hipoderme por meio dos septos fibrosos do tecido adiposo. São eles que separam os lóbulos de gordura subcutânea e estabilizam o tecido. Com a alteração dessa rede de feixes ocorre aumento do volume das papilas adiposas prejudicando alguns septos ao serem comprimidos, enquanto outros se soltam (MURPHY apud HEXSEL et al., 2010). O encurtamento desses septos devido à fibrose provoca retração nos pontos de inserção dos septos causando depressões que são características da celulite (figura 3) (HEXSEL & MAZZUCO, 1997, Apud TOBERGTE & CURTIS, 2013). Essas mesmas
herniações da gordura não ocorrem em homens com suas características andrógenas normais, uma vez que possuem as bandas fasciais horizontais e/ ou diagonais, não possibilitando assim seu alongamento (AVRAM & JAMES, 2005).
Figura 3- Depressões celulíticas causadas pela fibrose, gerando encurtamento e retração dos septos. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Formation_of_Cellulite-ar.jpg
4.4 ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS
Segundo a teoria de CURRI (1993), o FEG se origina a partir da deposição de glicosaminoglicanos na parede de capilares dérmicos e entre o colágeno e as fibras elásticas, prejudicando a vascularização cutânea. Assim, uma vez que a circulação sanguínea é prejudicada, uma série de novos fatores subsequentes ocorrem alterando o aspecto do tecido, tais como: o aumento da pressão nos capilares gerando aumento da permeabilidade do mesmo e, consequentemente, retenção hídrica na derme entre os septos interlobulares e os adipócitos. Esse processo gera alterações celulares e hipóxia no tecido. Além disso, como resultado dessas alterações e com a microcirculação prejudicada, ocorre aumento da lipogênese (resultante da ação do estrógeno celular) e diminuição da capacidade natural de drenagem linfática das áreas afetadas, deixando-as mais edemaciadas, contribuindo para o aspecto casca de laranja característico do FEG (ALSTER & TEHRANI, 2006).
4.5 ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E HORMONAIS
Segundo MARBAIX et al. (1995), a etiologia da FEG é resultado de um processo inflamatório ocasionado pela quebra de colágeno na derme, gerando os depósitos de gorduras. Pesquisadores relacionaram o FEG às alterações hormonais necessárias para a descamação do endométrio, visto que o aparecimento da celulite se dá na maioria dos casos na puberdade, após a menarca. Eles acreditam que a menstruação requer a secreção de metaloproteases (MMP) – enzimas do grupo de proteinases, como colagenase (colagenase-1, MMP-1) e gelatinase (gelatinase B, MMP-2) (SINGER et al., 1999). A colagenase pode decompor os colágenos fibrilares presentes na derme, enquanto a gelatinase B (produzida durante a fase endometrial tardia proliferativa após a ovulação), está interligada com o aumento do influxo de células inflamatórias como leucócitos polimorfonucleares, macrófagos e eosinófilos (figura 4). Citocinas inflamatórias locais também participarão da síntese de colágeno (regulando a reparação tecidual depois que as reações imunológicas ou inflamatórias locais regridem), promovendo aumento da pressão capilar, diminuição da pressão osmótica plasmática e, consequentemente, diminuição do fluxo linfático, resultando em edema dentro da célula (JEZIORSKA et al., 1996).
Figura 4- Sequência de eventos que relata como o tecido adiposo é afetado pelo acúmulo de líquidos no interstício, com infiltração linfocitária e consequentemente fibrose.
Fonte: Adaptação de SANT’ANA, et al., 2007.
A multiplicação e hiperpolimerização do ácido hialurônico e glicosaminoglicanos geram ainda uma intensificação da pressão osmótica intersticial e edema e, com a alteração no colágeno, ocorre fibroesclerose nos septos do tecido conjuntivo interlobular (figura 5). Há ainda presença de receptores hormonais nas células que ativam ou inibem a enzima adenil ciclase (responsável pela produção de AMPc) a atividade hormonal no tecido é afetada. O estrogênio desempenha um papel importante ao intensificar as modificações fibroblásticas. Isso gera alterações na estrutura dos glicosaminoglicanos na derme e no tecido conjuntivo, seguido de hiperpolimerização, intensificação da hidrofilicidade e pressão osmótica entre as células, aumentando ainda mais o edema. As alterações celulares advindas do processo
descrito afetarão os vasos, comprimindo-os, gerando hipóxia tecidual e comprometimento do tecido (CIPORKIN & PASCHOAL, 1992).
Figura 5- Influência do estrogênio nos glicosaminoglicanos gera fibroesclerose.Fonte: Adaptação de ROSSI & VERGNANINI, 2000.
4.6 GRAUS DO FEG
Segundo RONA et al. (2006), a LDG pode ser classificada, em graus, de forma clínica, sendo assim:
Grau 0, onde não há celulite. Nessa fase, a pele se constitui de forma firme, com uma derme espessa que retém uma quantidade pequena de fluidos e não há deposição de nódulos de elastina nem fibras de colágeno ligadas. Os adipócitos apresentam forma regular sem acúmulo excessivo de lipídeos o que inibe protrusões na derme. Além disso, não há comprometimento da rede circulatória e linfática, promovendo uma boa nutrição e oxigenação tecidual sem acumular toxinas, uma vez que o sangue e a linfa circulam corretamente.
No grau 1, já é possível observar alterações minuciosas gerando leves ondulações na
superfície da pele visíveis sob compressão da mesma. Nessa fase a circulação sanguínea passa a ser comprometida tornando os vasos permeáveis o suficiente para induzir ao edema nas fasciais, ou seja, nos espaços entre os adipócitos. Assim, a camada adiposa incha, os adipócitos se aglomeram e aumentam por acumular muito lipídio. Além disso, com o comprometimento da rede linfática torna-se difícil a eliminação dos fluidos retidos (edema) e toxinas.
No grau 2, as ondulações que surgiram anteriormente e depressões da pele são agravadas sendo pouco visíveis, mas já aparentes; Nessa fase, ocorre aumento dos fluidos retidos na fase anterior, intensificação dos aglomerados de adipócitos e ligação das fibras de colágeno, gerando um maior comprometimento da circulação e má nutrição do tecido. Assim, torna-se notório o aspecto casca de laranja na superfície (figura 6).
Figura 6- LDG grau II (a) sem contração e (b) após contração do tecido Fonte: ROSSI e VERGNANINI, 2000.
No grau 3, há ondulações, presença de micronódulos e fibrose. O aspecto acolchoado é notório, evidenciando os nódulos presentes com ou sem compressão do tecido. Nesse caso, o agravamento do quadro de estresse tecidual provoca alterações mais intensas na derme, gerando ainda alterações metabólicas como a redução da síntese proteica. Ocorre a formação de pequenos nódulos rodeados de colágeno endurecido. Sem apalpação da pele é possível observar o aspecto casca de laranja de qualquer ângulo, devido ao enorme comprometimento
do tecido que se encontra edemaciado, com conglomerados de adipócitos gordurosos e microcirculação afetada (figura 7).
Figura 7- LDG grau III (a) sem contração e (b) após contração do tecido Fonte: ROSSI e VERGNANINI, 2000.
E por fim, no grau 4, há presença de todos os critérios anteriores de forma intensificada e visível, estando presentes nódulos maiores e mais dolorosos, fibroses, compressão de nervos, vasos dentre outros problemas. Isso ocorre pois os micronódulos agrupados progridem para macronódulos e endurecem na camada dérmica. Esse evento provoca dor pela compressão de nervos e agrava o aspecto ruim da pele, intensificando os aspectos anteriores, as fibroses e ondulações no tecido (figura 8).
Figura 8- LDG grau IV (a) sem contração e (b) após contração do tecido. Fonte: ROSSI e VERGNANINI, 2000.
Segundo GUIRRO & GUIRRO (2004), a mídia, principalmente, tem implantado padrões radicais de beleza na sociedade e relacionado os mesmos com diversos valores
sociais, como a reivindicação de uma boa aparência para vagas de trabalho, para inclusão em determinados grupos sociais e, ainda, rotulação do consumismo por uma valorização de estilo de vida consumista. Na busca pela inclusão e aceitação na sociedade, cada vez mais pessoas têm lutado pelo corpo perfeito e, com isso, aderido à procedimentos estéticos visando corrigir essas alterações que geram incômodo pessoal. A algumas dessas alterações estéticas, como a celulite, podem acarretar em um comprometimento emocional e psicológico em meio a insatisfação corporal, principalmente nas mulheres, as quais são acometidas com maior frequência.
A etiologia multifatorial e a natureza do FEG o fazem ser uma particularmente difícil de tratar. Para melhor atender os pacientes, a busca de uma cura completa para o FEG deve ser evitada. Em vez disso, o objetivo do tratamento deve ser minimizar os aspectos físicos dessa patologia prevenindo sua progressão através de meios seguros e mais econômicos. O tratamento da celulite baseia-se em: cuidados gerais (evitando a compressão do tecido por uso de roupas apertadas, dieta, entre outros); tratamento tópico (uso de agentes que aumentam o fluxo microvascular, reduzem a lipogênese e promovem a lipólise, agentes que restaurem a estrutura normal do tecido dérmico e subcutâneo sistêmico e que previnem ou destroem a formação de radicais livres); fisioterápico e complementares. Os tratamentos médicos das patologias celulíticas devem começar com um ciclo envolvendo regulação da função: microcirculação estimulante, drenagem linfática, lipólise e ação antioxidante (TOBERGTE & CURTIS, 2013). Muitos são os tratamentos estéticos para o FEG, dentre eles: a drenagem linfática manual, endermologia, pressoterapia, ultrassom, eletroterapia, lipossucção, mesoterapia, fonoforese, radiofrequência, subcision, eletrolipoforese, laser e infusão intradérmica de CO2, mais conhecida como carboxiterapia. Dentre estes, os mais eficazes incluem a mesoterapia, endermologia, radiofrequência e a carboxiterapia (PIANEZ et al., 2016).
4.7 TRATAMENTOS PARA O FEG
Um dos tratamentos utilizados para o FEG é a mesoterapia que é um método terapêutico em que o fármaco é administrado diretamente na derme. Foi descrito por Pistor, em 1958, e tem sido usada para tratar a LDG desde 1964. A técnica tem como princípio a
infusão de uma pequena quantidade de solução com ação vascular e lipolítica diretamente no local afetado, utilizando uma agulha de 4 mm, evitando a resistência da barreira epidérmica (CARUSO et al., 2008). O medicamento "ideal" utilizado deve ser hidrossolúvel, isotônico, ser fisicamente e quimicamente estável, ter um pH adequado, ter baixo potencial alergênico e ser bem tolerado após administração dérmica. Como não há dados disponíveis sobre a farmacocinética (absorção, distribuição, metabolismo, eliminação, eventos adversos sistêmicos possíveis) e nenhum estudo clínico controlado com qualquer medicamento com esse tipo de administração, os riscos para o paciente e a eficácia deste método não são muito conhecidos (CORBEL, 1992).
Outro tratamento utilizado para o FEG é a endermologia, um método francês de massagem profunda aprovado também pelos U S Food and Drug Administration (US-FDA) para diminuir a aparência da celulite. Durante a massagem, a sucção é usada para puxar a pele para uma máquina de mão onde a pele é comprimida e enrolada para aumentar o fluxo sanguíneo e linfático e para modificar o tecido conjuntivo subjacente. Um efeito colateral relacionado a este tipo de tratamento é o possível aumento de laxidade cutânea (tecido com aparência frouxa). Este método não é aconselhado para mulheres grávidas e para pessoas que apresentam hipertensão, diabetes, deficiências circulatórias ou condições excessivas de flacidez da pele (RAO et al., 2005).
Existe ainda a radiofrequência (RF) como forma de tratamento do FEG, sendo esta uma espécie de corrente elétrica alternada em que a frequência varia de 3 kHz a 300 MHz. Seu mecanismo de ação se estabelece por meio do aquecimento volumétrico moderado da derme profunda. Enquanto isso, a epiderme é conservada através de sistemas de resfriamento. É um tratamento usado para diferentes aplicações estéticas e dermatológicas utilizando energia térmica. Dessa forma, quando o colágeno é aquecido, as fibras que são sensíveis ao calor começam a quebrar e originam um gel desorganizado em vez da estrutura cristalina organizada anterior. Com a estabilização do calor, há contração do colágeno. A contração do tecido dependerá de vários fatores, incluindo a temperatura mais alta alcançada, o tempo de exposição à RF e o estresse mecânico exercido sobre o tecido no decorrer do processo de
aquecimento. Sendo assim, a radiofrequência é sugerida para o tratamentoda celulite principalmente causada ou influenciada pela instabilidade da pele (PINO et al., 2006).
4.8 CARBOXITERAPIA
Dentre todos os tratamentos apresentados anteriormente, a carboxiterapia tem se mostrado como a mais promissora por se tratar de uma técnica muito usada na área da estética com intuito de melhorar o aspecto da celulite, diminuir a gordura localizada, melhorar a flacidez e o aspecto das estrias, que são complicações que alcançam em média, 60 a 80%, das mulheres (HEXSEL et al., 2010). Baseia-se num método de tratamento de irregularidades da pele, que promove melhorias na perfusão tecidual e pressão parcial de oxigênio e, ainda, de padrões locais de circulação, sendo considerado um tratamento eficiente com benefícios que envolvem a melhora da elasticidade cutânea, arteriopatias, adiposidade localizada, celulite e estrias (BANDEIRA, 2013). O procedimento, por sua vez, consiste na aplicação de injeções cutâneas e subcutâneas de anidrido carbônico nos sítios afetados utilizando uma agulha fina e pequena (agulha de insulina). A aplicação do gás na forma injetada abaixo da pele gera um enfisema subcutâneo uma vez que gera descolamento do tecido e afastamento dos planos que serão preenchidos pelo gás. Tal descolamento ocorre sem causar traumas nervosos, tampouco vasculares. O único trauma causado é mecânico, devido à punção com a agulha no tecido, que desencadeará um fenômeno fisiológico importante para obtenção do resultado esperado, que é o processo de cicatrização (SCORZA & BORGES, 2008). O resultado é a melhora dos fatores causadores da isquemia e inflamação no tecido celular subcutâneo. Além disso, a entrada do CO2 promove estímulo a vasodilatação e, promove juntamente, uma drenagem vasolinfática com consequente melhoria da circulação e perfusão local, reordenando as fibras existentes no tecido que foram afetadas, melhorando o aspecto da pele (DOMINGUES; MACEDO, 2006).
A ação farmacológica do CO2 acontece por meio da aplicação transcutânea do gás
carbônico que gera dilatação das arteríolas pré-capilares (restaurando capilares ocluídos) a partir da ativação de barorreceptores cutâneos. Assim é possível visualizar a formação do enfisema subcutâneo (elevação do tecido subcutâneo que perdura por aproximadamente 3 a 5 minutos), além de eritema local provocado pela vasodilatação, e, por fim, o gás carbônico estimula o aumento do fluxo sanguíneo e da pressão parcial de oxigênio em decorrência do
efeito bohr (gerando maior afinidade de hemoglobina pelo CO2, que por meio do O2, gera uma troca de CO2 local injetado, por meio do O2 carregado pelas hemácias, nutrindo o tecido com mais eficácia) (HARTMANN et al., 1997). Com o aumento na vasodilatação e com o efeito bohr, há melhora do fluxo de alguns nutrientes tais como as proteinases que auxiliam no remodelamento dos componentes da matriz extracelular e na reparação tecidual (LOPEZ WORTHINGTON, 2006).
4.9 EFEITOS FISIOLÓGICOS
4.9.1 ESTÍMULO CIRCULATÓRIO SANGUÍNEO
A ideia da carboxiterapia se baseia, em parte, na resposta inflamatória do corpo em meio a uma “agressão” física. Esta por sua vez (resposta inflamatória) visa paralisar o agente agressor de alguma forma, e com isso, desencadeia uma sequência de eventos no plasma, no tecido conjuntivo vascularizado, nos vasos sanguíneos, nas células circulantes, e ainda nos componentes extravasculares do tecido conjuntivo, visando cicatrizar e reconstruir o tecido lesionado (ROBBINS et al., 1996). Em estudo, Irie (2005) mostrou que o CO2 auxiliou na restauração do fluxo sanguíneo para os membros posteriores de camundongos que haviam sofrido com processos isquêmicos. Com o estímulo do gás carbônico, houve proliferação de pequenos vasos sanguíneos (neoangiogênese) e movimentação de células progenitoras na circulação, que procediam de linhagem endotelial. Além disso, estudos usaram a técnica de videolaparoscopia para demonstrar que com a infusão de gás carbônico, ocorre uma vasodilatação persistente gerando um aumento na concentração de oxigênio (O2) local. Foi visto também, através da técnica de dopllerfluxometria, que a carboxiterapia provoca uma melhora no fluxo sanguíneo (CARVALHO et al. 2005).
4.9.2 EFEITO BOHR
Nas células teciduais, por meio do aumento da quantidade de anidrido carbônico, o oxigênio é transportado, principalmente, em associação à hemoglobina, até os capilares teciduais, e por fim é liberado para, em seguida, ser usado pelas células podendo reagir com diversas substâncias nutrientes e formar uma elevada concentração de anidrido carbônico. O
CO2, por sua vez, entra nos capilares teciduais, sendo carreado para os pulmões. O CO2, da mesma forma que o oxigênio, associa-se, também, a componentes químicos no sangue, que melhoram seu transporte de 15 a 20 vezes. Assim, os gases são capazes de se mover de um ponto a outro do corpo por difusão, sendo esse processo resultado do desnível de pressão através desses dois pontos. Ou seja, com o metabolismo do oxigênio nas células que formam o CO2, a pressão de gás carbônico dentro da célula atinge valor elevado, promovendo a difusão de carbono para os capilares dos tecidos. De igual forma ocorre quando o CO2 se difunde do sangue para o interior dos alvéolos, diante do aumento da pressão de CO2 no sangue capilar pulmonar ser superior à dos alvéolos. Assim, o transporte de oxigênio e de gás carbônico pelo sangue necessita tanto da circulação sanguínea quanto da difusão. O desvio da curva de dissociação da oxiemoglobina em resposta às alterações das quantidades de dióxido de carbono e de íons hidrogênio no sangue exerce efeito significativo, aumentando a oxigenação de sangue nos pulmões e, mais uma vez, aumentando a liberação de oxigênio do sangue para os tecidos, esse processo denomina-se como efeito bohr (figura 9) (GUYTON et al., 2002; WEST, 2002;).
Figura 9- Efeito Bohr.
Fonte: Adaptação de GUYTON et al., 2002.
4.9.3 AÇÃO NO TECIDO CONJUNTIVO
Como visto anteriormente, a ação mecânica que ocorre na carboxiterapia, ocasionada pelo “trauma” provocado pela agulha e pela infusão do gás, provoca um processo inflamatório e o resultado disso é a migração de fibroblastos para local da agressão. Estes proliferam e estimulam a produção de colágeno e de outras moléculas do tecido conjuntivo (geralmente glicoproteínas) como a fibronectina que é achada no sangue e está atrelada a diversos processos biológicos como: reparação de tecidos, adesão e diferenciação celular, além de ser usada como substrato para algumas enzimas fibrinolíticas e de coagulação (STENMAN & VAHERI, 1978). Há relatos revelam um aumento da espessura da derme através do tratamento com o gás carbônico, comprovando a ideia da neocolagenase, além da reorganização das fibras de colágeno presentes na derme que contribuem pra firmeza do tecido e organização dos lóbulos de gordura (BRANDI, 2001). Foi ainda comprovado, através de um estudo piloto, que a carboxiterapia estimula a reorganização das fibras de colágeno, através do tratamento de ratos jovens e velhos, ambos tratados com CO2. Em seguida, realizaram uma biopsia de todos os ratos (jovens e velhos) e verificaram que a reorganização das fibras de colágeno nos ratos velhos foi semelhante as fibras de colágeno encontradas nos ratos novos. Essas fibras, inclusive, proliferaram mais na área de tratamento com a técnica de injeção intradérmica (FERREIRA et al., 2008).
Por mais que não seja aparente, o tecido adiposo é extremamente vascularizado. Assim a metabolização gasosa entre os adipócitos e o sangue é intensa e isso auxilia em muito na oxigenação do tecido conjuntivo pelo consequente suporte e suprimento sanguíneo do mesmo (KESSEL, 2001). Foi visto anteriormente que o tecido acometido pelo FEG tem, principalmente, sua microcirculação afetada. Sendo assim, com a infusão de gás carbônico nesse tecido, haverá um aumento da concentração de oxigênio local, a partir do efeito bohr no tecido. O aumento do CO2 local promove a vasodilatação e consequentemente, há aperfeiçoamento da circulação sanguínea da pele.Como resultado tem–se uma melhora do metabolismo local, antes comprometido (BRANDI et al., 1999; BRANDI et al., 2002). A ativação do metabolismo nessa área ocorre com o efeito bohr, uma vez que este estimula os receptores dérmicos de Golgi e Paccini, que quando ativados, levam à síntese e liberação de substâncias como bradicininas, histamina, serotonina e catecolaminas, que podem mediar o
efeito anti-inflamatório da carboxiterapia. Sendo assim, com estímulo de receptores beta adrenérgicos no tecido adiposo, ocorre lipólise no adipócito por intermédio da enzima adenilato ciclase e ocasionaria estímulo do AMP cíclico tissular e, consequentemente, liberação de triglicerídeos na corrente sanguínea (LEGRAND et al., 1999; BRANDI, 2001). Já no tecido, o efeito bohr é responsável por estimular o a chegada de sangue no local da punção e, como consequência, a região em tratamento tem a temperatura local aumentada juntamente com o suprimento de oxigênio carreado pela hemoglobina, antes escasso pelo comprometimento da circulação local (PACHECO et al., 2011). Por ser responsável pela melhora da microcirculação da pele e do tecido subcutâneo, e por ainda, promover maior oxigenação e vascularização tecidual, a carboxiterapia é sugerida para o tratamento da LDG, uma vez que trata o tecido celular subcutâneo, acometido pela patologia, que se encontra prejudicado e obstruído pela retenção de líquido e toxinas não eliminadas e adipócitos hipertrofiados (BELLOTTI et al., 1992; LUIGI et al., 1997).
4.10 APARELHO DE CARBOXITERAPIA
O aparelho empregado nessa técnica, por sua vez, é conectado a um cilindro de ferro através de um regulador de pressão. O anidrido carbônico é injetado por meio de um equipo (sonda) que possui adaptador para a agulha pequena (agulha insulina- 30 G1/2) (Figura 10). Esta, por sua vez, fará punção diretamente sobre a pele do paciente. Diante das inúmeras vezes que fora realizado o procedimento, desenvolveu-se a técnica atual de realização da carboxiterapia que define a utilização de fluxos de infusão entre 20 a 80 ml/min e o volume máximo aplicado entre 600 ml a 1 litro num intervalo de 10 a 20 sessões. Tais sessões podem ser feitas até duas vezes a cada semana com duração de 15 a 30 minutos, obedecendo os limites para cada área tratada. Os resultados positivos surgem a partir da 5a a 8a sessão (BORGES, 2010).
Figura 10- Equipamentos e acessórios da carboxiterapia. (A) Aparelho de carboxiterapia portátil. (B) Equipo para aparelho de carboxiterapia. (C)- Aparelho completo de carboxiterapia com cilíndro. (D) Agulha de insulina.
Fonte: (A) www.hsmed.com.br/carboxide-digital-portatil-control-dermoplastica, (B) https:// www.biocarerers.com.br/departamento/23/carboxiterapia, (C) www.hotfrog.com.br/companhia//aparelho-de- carboxiterapia-venda-139424, (D) www.fibracirurgica.com.br/agulha-descartavel-13-x-03-30g1-2-40120-c-100- sr-3525/p
De acordo com Paschoal e Cunha (2012), o CO2 se difunde rapidamente através dos tecidos chegando logo aos músculos próximos e, em seguida, é eliminado. Uma parte desse gás injetado será eliminada pelos pulmões e outra parte através da via renal. Em paralelo com o tratamento, são recomendadas algumas instruções ao paciente com objetivo de ampliar ainda mais seus resultados como: realizar atividade física, se possível, 3 vezes por semana (mínimo); ingestão de bastante água, em torno de dois litros para auxiliar na eliminação do gás e manter uma dieta equilibrada e limitada à alimentos com baixa quantidade calórica (CARVALHO & MEIJA, 2014). Para Paschoal e Cunha (2012), é possível que as aplicações ao longo do tratamento possam gerar um incômodo aos pacientes. Estes, geralmente, reclamam com relação à sensação de queimação, aumento de pressão e ardor nos locais por onde o gás carbônico passa. Existem ainda possíveis efeitos colaterais como a formação de pequenos hematomas devido à punção e equimoses. Contudo, as únicas contraindicações são: insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca congestiva crônica, insuficiência renal,
insuficiência hepática crônica, pacientes tratados com inibidores de carboanidrase, flebites (inflamação na parede da veia), hipertensão arterial grave, angina instável, gangrena, epilepsia e gravidez (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999).
O tratamento é considerado seguro, visto que possui registro nas normas da Comunidade Europeia desde 2002 (CE 0051). Para a realização desse procedimento é utilizado um dispositivo médico com padrões de qualidade e segurança (standard) tendo licença de utilização e comercialização pelo U S Food and Drugs administration (U S-FDA) e pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por ser um equipamento de uso médico ambulatorial. Além disso, o aparelho oferece segurança em sua aplicação uma vez que é possível controlar a quantidade de anidrido carbônico injetada, não ultrapassando assim, a quantidade máxima permitida por sessão estando, inclusive, abaixo do volume produzido pelo organismo. Além disso, trata-se de um gás atóxico e não embólico encontrado normalmente em nosso corpo e participante de diversas reações metabólicas celulares (WORTHINGTON & LOPEZ, 2006).
5. DISCUSSÃO
Em um estudo piloto, Corrêa et al. (2008), analisaram a efetividade da carboxiterapia no tratamento da lipodistrofia ginóide na região do glúteo, em mulheres com idade entre 25 a 35 anos que apresentavam a LDG. Assim, foram selecionadas para o estudo 19 mulheres que, por sua vez, não estivessem envolvidas com nenhum outro tratamento estético. O peso corporal foi calculado e a média encontrada foi 62,10 Kg. A pesquisa contou com avaliação inicial onde foi feita a identificação das mulheres e colhido informações importantes acerca dos seus hábitos de vida diários, antecedentes pessoais e tipo de grau de FEG que apresentavam. O experimento foi feito com base em dez sessões e ao final do tratamento, as mulheres foram reavaliadas. A mesma pesquisa classificou a dor sentida pelas mulheres do estudo estabelecendo um percentual desde o início do tratamento e ao fim dele, através da própria visualização de dor relatada pelas mulheres do estudo durante cada sessão, estabelecendo notas para a dor que sentiam durante o tratamento numa escala de 0 e 10 (0 ausência de dor e 10 excesso de dor). Além disso, foram avaliadas também as mudanças nos graus do FEG de cada uma delas após término das dez sessões. As participantes do estudo
responderam à um questionário sobre o tratamento aplicado na ficha de avaliação inicial, e os resultados obtidos demonstraram que a média de dor relatada inicialmente atingiu o valor de 7,5% e a média ao fim do tratamento reduziu para 4,9%.
Além disso, as médias das circunferências dos dois glúteos tanto antes quanto após o tratamento foram feitas, tendo como base a classificação do FEG em graus I, II, III e IV. Após término do tratamento, também foi confirmado uma diminuição da área acometida pela LDG e tratada em relação à sua incidência antes do tratamento, levando a uma alteração positiva. Assim, algumas mulheres do estudo tiveram seus graus de FEG reduzidos. Ao realizar a comparação, foi verificado que no primeiro instante sete pacientes possuíam grau 3, nove pacientes grau 2 e três pacientes grau 1. Ao fim do tratamento, após ser realizada a última avaliação, três pacientes passaram a ter grau três, seis passaram para grau dois e quatro para grau um. Logo, ao comparar as incidências do FEG antes e depois do tratamento, foi constatado uma redução na incidência dos graus, gerando assim um regresso do grau de FEG nos glúteos sujeitados à carboxiterapia. O cálculo realizado na obtenção desses resultados foi um cálculo médio da quantidade de incidências do FEG inicialmente e também no final do tratamento. Após, foi realizada uma média final por meio do resultado obtido, considerando os dados do início do tratamento e após seu término. Verificou-se então, uma redução de 40,47% nos graus do FEG nos glúteos tratados pela carboxiterapia, demonstrado no gráfico 1.
Gráfico 1- Percentual de melhoria doquadro de incidência dos graus do FEG nos glúteos após término do tratamento.
Fonte: Adaptação de CORRÊA et al., 2008.
Assim, o estudo elaborado por CORREA et al. (2008), trouxe resultados positivos e demonstrou que a carboxiterapia no tratamento do fibro edema gelóide promove melhorias ao tecido celulítico, reduzindo os graus do FEG após término do tratamento e, ainda sua
incidência na região tratada. Além de ter demonstrado uma melhora de 33,78% na escala usada para retratar o percentual de dor (CORRÊA et al., 2008).
Em outro estudo de LEE (2010), foram analisados, num período de quatro anos, os efeitos da carboxiterapia para o tratamento de adiposidades localizadas, visando a melhoria do quadro celulítico. Dessa forma, o autor contou com a participação de 101 mulheres organizadas em três grupos etários (20 a 29 anos, grupo de 30 a 39 anos e grupo de 40 a 50 anos) e 10 homens para tratamento da região abdominal e dessas 101 mulheres, 57 realizaram o tratamento na região da coxa. Os participantes do estudo foram divididos por faixa etária, sexo e tipo de terapia. Para participação do estudo os pacientes deveriam realizar ao menos cinco sessões de carboxiterapia em intervalos de 1 a 2 semanas desde que não estivessem sob restrições dietéticas especiais, que não estivessem passando por outra terapia de contorno corporal como endermologia, e que não estivessem fazendo uso de pastilhas dietéticas. Assim, foram realizadas medições de peso, medição da circunferência das regiões das coxas e abdômen antes da primeira sessão e após o final de cada sessão. Alguns pacientes tratados por redução de gordura abdominal foram submetidos a exame ultra-sonográfico para documentar a presença de celulite subepidérmica. A medição ultra-sonográfica da espessura dessa gordura subcutânea foi feita abaixo do umbigo para todos os pacientes submetidos aos tratamentos abdominais.
Num total de 101 mulheres que foram submetidas à terapia abdominal. Uma redução significativa na circunferência do abdômen superior, médio e inferior ocorreu em todos os três grupos etários respectivamente,1,8 ± 0,5, 1,6 ± 0,4, e 2,1 ± 0,3 cm no grupo de 20 a 29 anos,
1,6 ± 0,4, 2,3 ± 0,3, e 2,1 ± 0,3 cm no grupo de 30 a 39 anos, e 2,0 ± 0,4, 2,5 ± 0,4, e 2,6 ± 0,4
cm no grupo de 40 a 50 anos (tabela 1). Com relação aos 10 homens submetidos à mesma terapia, a queda na circunferência abdominal não foi significativa. Dentre as 101 mulheres do estudo, 57 foram submetidas à terapia de coxas, sendo notável a redução da circunferência das mesmas, além de ter havido redução do peso dessas mulheres mais velhas submetidas à carboxiterapia na região das coxas (LEE, 2010).
Tabela 1- Alteração das medições das 101 mulheres (F) e 10 homens (M) que participaram do estudo.
Fonte: Adaptação de Lee (2010).
A Figura 11 mostra a evidência típica de ultrassom com a diminuição da espessura subepidérmica após cinco sessões de carboxiterapia.
Figura 11- Exame de ultrassonografia mostrando a medição de gordura subcutânea antes (A) e depois (B) do tratamento com anidrido carbônico.
Fonte: Lee (2010).
No estudo de PIANEZ et al. (2016), foram analisadas 10 mulheres (entre 25- 30 anos) que por sua vez, foram tratadas com a carboxiterapia na região glútea e no posterior de coxas. A idade média dessas mulheres foi de 29 anos. Foi calculado o índice de massa corporal (IMC) de cada participante tendo como média 25,5 kg/m2. Além disso, foi aferido o peso e
percentual de gordura das regiões tratadas de cada mulher. As participantes não participaram de qualquer tratamento estético adicional nos glúteos e coxas num período de 6 meses anteriores ao estudo e foram analisadas e incluídas no mesmo devido a presença de celulite glútea e no posterior de coxas sendo reconhecida como celulite grau 2 e 3. Foram realizadas 8 sessões de carboxiterapia, sendo uma por semana. Foram tiradas fotografias das participantes antes e após o tratamento. As avaliações antropométricas foram realizadas antes do primeiro tratamento (linha de base) e 7 dias após a última sessão. Os resultados evidenciaram que embora tenha havido melhora nas regiões tratadas de algumas participantes, essa melhora não foi significativa (Tabela 2).
Tabela 2-Imagem panorâmica da região glútea tratada com carboxiterapia, onde o antes é representado por (A,
C) e (B, D) 7 dias após a última sessão. As setas indicam as áreas comparadas e a diminuição da espessura dos septos fibróticos após tratamento.
Fonte: Adaptação de PIANEZ et al., 2016.
Com relação ao aspecto da celulite, o estudo demonstrou uma redução significativa no grau da celulite em todas as voluntárias do estudo de acordo com a avaliação comparativa das imagens de antes e depois do tratamento (gráfico 2).
Gráfico 2- Avaliação do grau de celulite de acordo com a classificação geralmente aceita de celulite, demonstrando o antes e depois (7 dias após a última sessão de carboxiterapia). Nota: ** P = 0,0025.
Fonte: Adaptação de PIANEZ et al., 2016.
A avaliação por ultrassom revelou uma melhora de algumas estruturas da pele altamente reflexivas como os septos fibrosos (cor branca), além de melhoras nas estruturas áreas pouco reflexivas como a derme e a gordura alojada entre os músculos e a pele (cor cinza) (Figuras 12 e 13).
Figura 12-Imagem panorâmica da região glútea tratada com carboxiterapia, onde o antes é representado por (A,
C) e (B, D) 7 dias após a última sessão. As setas indicam as áreas comparadas e a diminuição da espessura dos septos fibróticos após tratamento.
Fonte: PIANEZ et al., 2016.
Figura 13- Imagem panorâmica da região das coxas tratadas com carboxiterapia, onde o antes é representado por (A, C) e (B, D) 7 dias após a última sessão. As setas indicam as áreas comparadas e a diminuição da espessura dos septos fibróticos após tratamento.
Fonte: PIANEZ et al., 2016.
Os estudos de CORRÊA et al., (2008), LEE et. al (2010) e PIANEZ et al., (2016), apresentados anteriormente mostram que a carboxiterapia foi efetiva para o tratamento do FEG nas principais áreas acometidas por ele, coxas, glúteos e abdômen. No estudo de CORRÊA et al., (2008), viu-se que das 19 mulheres participantes, 13 delas apresentaram melhora na incidência do FEG ao terem os seus graus de incidência na região glútea alterados para melhor. Já o estudo de LEE et. al (2010), contou com uma amostra maior de 111 participantes sendo 101 mulheres e 10 homens, durante um tempo maior de experimento. Este por sua vez, demonstrou melhorias no quadro do FEG abdominal e nas coxas, uma vez que houve alterações positivas significativas nas mulheres participantes. Ainda no segundo estudo foi constatada uma diminuição do peso das participantes e melhoria na espessura da gordura subcutânea, sendo este um estudo mais completo e confiável. E por fim, o estudo de PIANEZ et al., (2016), contou com uma amostra pequena de 10 mulheres tratadas em 8 sessões de carboxiterapia, onde embora não tenham havido melhoras significativas nas circunferências das regiões tratadas, houve melhoras significativas no aspecto do FEG de cada área em todas as mulheres do estudo.
6. CONCLUSÃO
O uso dos gás carbônico medicinal se mostrou um tratamento promissor na melhora dos sinais clínicos e físicos desencadeados pelo FEG. Tendo em vista a baixa quantidade de estudos experimentais dentro desse tema, é fundamental que mais estudos sejam desenvolvidos para fins de demonstração das aplicações clínicas da carboxiterapia no tratamento do FEG.
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