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POLÍTICAS FISCAIS As políticas fiscais estão relacionadas aos instrumentos de que o governo dispõe para arrecadar impostos, controlar despesas, estimular ou desestimar o consumo, bem como os gastos públicos e privados. A política fiscal obedece ao principio da autoridade, segundo o qual a implementação de uma medida fiscal só pode ocorrer a partir do ano seguinte ao de sua aprovação no congresso. Por isso os governos brasileiros devem aprovar seus planos orçamentários, a vigorarem para o ano seguinte, e assim organizar também quais serão as fontes de geração de receita pública, administrando a arrecadação para o financiamento dos gastos públicos, assim como para controle de política econômica. A política fiscal, assim como a monetária, pode ser utilizada para restringir ou expandir a atividade econômica: Se o governo pretende reduzir a inflação, deve diminui os gastos públicos e aumentar a carga tributária. Se o governo quer aumentar o emprego, deve aumenta os gastos governamentais (em obras públicas, contratação de funcionários, subsídios e outros gastos). Se o governo quer atuar na distribuição de renda ou na desigualdade regional, deverá impor impostos sobre certos setores mais ricos da economia e incentivar os menos capitalizados com incentivos fiscais (desoneração de impostos). Tipos de Impostos a) tributos diretos: são aqueles que sobre a renda e a riqueza. Exemplos: IR, IPTU, IPVA; b) tributos indiretos: são aqueles que incidem sobre a produção, vendas, circulação ou consumo de bens e serviços. Exemplos: ICMS, IPI, ISS, II, PIS, COFINS. Estrutura Tributária A estrutura tributária brasileira é considerada mal distribuída, pois adota principalmente o modelo regressivo, no qual a proporcionalidade do valor do imposto é maior em relação a rendas menores. Vejamos os tipos de estruturas: a) progressiva: a alíquota (valor do percentual) do imposto aumenta com o aumento da renda: IR (tabela do Imposto de Renda). Note que até certa faixa salarial, a renda é isenta de IR; depois, conforme a renda aumenta, muda-se de faixa e a alíquota do IR também aumenta; b) regressiva: Quanto maior a renda, menor a tributação, em proporção à renda (Impostos Indiretos (ICMS e IPI, por exemplo)). Observe que se compararmos uma família que tem uma renda mensal de R$1.000,00 e outra família com uma renda de R$ 5.000,00, a proporção da carga dos impostos indiretos incorporados aos preços dos produtos é, proporcionalmente, maior para a família de renda menor. É por isso que se questionam se o nível de tributação sobre o processo produtivo na economia brasileira, pois na prática, estes impostos acabam onerando as famílias com menor renda, pois estas destinam a maior parte dos seus salários para o consumo, enquanto as famílias de maior renda, pagam os mesmos impostos indiretos, proporcionalmente; mas, por terem uma renda maior, para o consumo é destinado uma parcela da renda (se compararmos às famílias de menor renda); c) proporcional (neutra): os impostos aumentam proporcionalmente ao aumento da renda. Não temos exemplos de impostos com essa estrutura. Balanço das Contas Públicas A partir da relação entre o que o Estado arrecada e os seus gastos, obtêm-se o chamado “Balanço das Contas Públicas”. Este pode ser medido de duas formas: a) pela diferença entre receitas e despesas públicas; b) pela variação do endividamento líquido do setor público (valor necessário para financiar o déficit público). No caso da relação entre despesas e receitas, se o Estado atingir uma arrecadação que supere os gastos públicos, o balanço terá um superávit público. Por outro lado, se a arrecadação for menor que os gastos, o balanço terá um déficit público. Neste caso, podemos classificar os déficits públicos como: Déficit primário: corresponde à diferença entre arrecadação e gastos do governo, sem levar em conta as despesas com os juros da dívida interna pública; Déficit nominal: corresponde à soma do déficit primário com os gastos com juros nominais (juros reais mais correção monetária) e com a amortização da dívida pública; Déficit operacional: corresponde à soma do déficit primário com o pagamento dos juros reais (taxa cobrada sobre um empréstimo ou financiamento sem considerar a correção monetária) e a amortização da dívida pública (apresenta-se com valor inferior ao nominal, pois dele já está excluída a parte correspondente à inflação). De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), referente aos estudos sobre o retorno dos impostos cobrados pelos governos (Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade – IRBES de 2013) e que tem como objetivo medir a qualidade dos serviços públicos em relação o nível de arrecadação dos governos, apresentou os seguintes resultados (veja a tabela 1). Dos trinta países analisados, o Brasil ficou na última colocação, com um índice de 135,63. O país que apresentou melhor índice foi os Estados Unidos com um índice de 165,78. Isso significa que a carga tributária do Brasil não condiz com o retorno oferecido de bens e serviços públicos, visto que a qualidade de vida do brasileiro, medida pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), é inferior a outros países que tem carga tributária menor (ou é desproporcional). De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a carga tributária brasileira é de 6,02% do PIB e o IDH é 0,730 (85º entre 136 países do ranking mundial). Para calcular o IRBES, o IBPT utiliza os seguintes parâmetros de análise: a Carga Tributária (peso da arrecadação em relação ao PIB, obtida junto à OCDE referente ao ano de 2011) e o IDH/2012 da Organização das Nações Unidas (ONU). Este é o quarto ano seguido que o Brasil fica na 30ª colocação. Tabela 1 - Ranking do Índice de Retorno De Bem Estar à Sociedade Posição Países IRBES Resultado ano anterior 1 Estados Unidos 165,78 2º 2 Austrália 164,53 1º 3 Coreia do Sul 162,48 3º 4 Japão 160,78 4º 5 Irlanda 160,43 5º 6 Suíça 159,83 6º 7 Canadá 156,79 7º 8 Nova Zelândia 156,66 8º 9 Israel 154,01 10º 10 Espanha 153,89 9º 11 Eslováquia 153,28 11º 12 Grécia 152,22 12º 13 Uruguai 151,06 13º 14 Islândia 150,61 14º 15 Alemanha 150,54 15º 16 República Tcheca 148,61 16º 17 Reino Unido 148,55 18º 18 Eslovênia 148,5 17º 19 Luxemburgo 146,71 19º 20 Noruega 146,5 20º 21 Argentina 145,41 21º 22 Hungria 144,58 22º 23 Áustria 142,66 23º 24 Suécia 141,15 24º 25 Bélgica 140,65 27º 26 Itália 140,55 26º 27 Finlândia 140,91 25º 28 França 140,08 29º 29 Dinamarca 139,84 28º 30 Brasil 135,63 30º Fonte: IBPT (2013).
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