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evolução do direito civil

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http://jus.com.br/forum/17678/evolucao-historica-do-codigo-civil-brasileiro/ acesso em 07/09/2014.
Juarez Rogério Felix
14/06/1999 10:15
Prezado Gustavo,
O tema que v. procura conhecer está versado na obra Direito:Tradição e Modernidade, do Prof. Dr. Cláudio de Cicco, editado pela Ícone.
Neste livro o tema é exatamente o processo de formação do Código Civil brasileiro e as influências das idéias na época.
Para v. que é estudante de graduação poderá, eventualmente, ser um pouco difícil a compreensão do tema como um todo, pois há muitas informações históricas que têm a ver com filosofia, na medida em que a evolução das idéias são a evolução da filosofia.
Mas não se impressione com isso. Leia o livro que aos poucos v. vai entendendo e tirando as informações principais do que v. precisa.
De qualquer forma, este tema tem a ver com a codificação das leis, cujo marco principal na nossa era presente é o Código Napoleônico de 1804, que marca a ideologia liberal da classe burguesa, que ascendeu ao poder com a revolução francesa.
No Brasil, até o advento do Código de 1916 vigiam as Ordenações do Reino (Ordenações Filipinas). O Código Civil é um marco da codificação em nosso país. Um projetto anterior a este, que não foi aprovado no Brasil, vetado pelo Ministro da Justiça José de Alencar (aquele de Iracema), projeto este da lavra de Teixeira de Freitas, foi plenamente adotado na Argentina e vige até hoje. Se v. for estudar o Direito Civil argentino verá que se baseia no projeto brasileiro de Teixeira de Freitas.
O tema está bem tratado no livro indicado. Leia-o mais de uma vez para poder extrair todo seu conteúdo e bom estudo.
Juarez
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Gustavo ( Tigu)
12/03/2000 14:02
Evolução histórica do Código Civil
Seguindo-se uma classificação filogenética do Direito, a evolução parte do direito ariano, romano e medieval, para chegar ao direito moderno, tal como o concebem e praticam a maioria dos povos ocidentais .
O estudo histórico do direito civil inicia-se no direito romano, mesmo porque continua a ser a grande base do direito privado dos nossos dias . Dele se diz que foi a razão escrita.
O direito privado dos romanos compreendia o jus naturale, o jus gentium e o jus civile.
Jus naturale era “quod natura omnia animalia docuit ”, o que a natureza ensinou a todos os animais.
Jus gentium , o que regula as relações dos estrangeiros (peregrini) . A organização política romana não permitia que se regrassem pelo jus civile, privilégio que era exclusivo dos cidadãos romanos.
Três eram os preceitos fundamentais do direito romano: 1º honest vivere; 2º neminem laedere; 3º suum cuique tribuere . Havia o direito escrito ( leges, plebiscita, senatus consulto ) e o direito não-escrito ( jus praetorum, responsa prudentium ) . Dividiam-se em três partes : direito das coisas , das gentes e das ações.
O direito romano sistematizou-se na compilação ordenada pelo imperador Justiniano, no séc. VI da era cristã . Seu conhecimento e estudo se facilitaram, ensejando-lhe a irradiação na História, sobretudo a partir dos últimos séculos da Idade Média.
O Corpus juris civilis compõe-se de quatro livros, na seguinte ordem : Institutas, Digesto ou Pandectas, Codex repetitae praelectionis e Novelas.
Elaboradas por Triboniano e outros, as Institutas são uma condensação de cunho elementar.
O Digesto ou Pandectas, obra de maior importância, contém excertos dos escritos de numerosos jurisconsultos clássicos, natadamente Ulpiano, Paulo, Papiniano, Gaio e Modestino . O chamado “ tribunal dos mortos ” divide-se em livros, subdivididos em Títulos . Como as Institutas, o Digesto entrou em vigor a 30 de dezembro de 533.
O Codex, publicado ulteriormente é uma coletânea das constituições imperiais, desde Adriano.
As Novelas, leis especiais baixadas pelo próprio Justiniano, entre 536 e 565, com força derrogatória das disposições em contrário das três partes do Corpus juris, a ele se integraram, formando, após a sua morte o quarto código.
Do séc. XII ao séc. XVI, o Corpus juris civilis foi objeto de intenso comentário, sem cunho sistemático ; por parte de juristas conhecidos pelo nome de glosadores, porque redigiam breves anotações entre as linhas ( glossae interlineares ) ou à margem ( glossae marginales ) dos textos justinianeus. Dentre eles, os mais famosos e importantes ; Irnério e Acúrsio, este o autor da glosa ordinária. Seguem-se os pós-glosadores, cuja atividade se caracterizou pelo esforço para adaptar a doutrina dos glosadores às necessidades da época e aos costumes vigentes . Os principais representantes dessa escola são Bártolo e Baldo. No séc XVI, a investigação do direito romano se esclarece , devido ao empenho no melhor conhecimento das suas fontes e pela nova orientação, de caráter sistemático, que se procura seguir. As figuras marcantes desse movimento são Cujácio e Doneau . Desde então até nossos dias, o estudo das fontes romanas, principalmente na Alemanha e na Itália, se vem fazendo para melhor fixação de um momento alto da evolução jurídica. Esses estudos têm concorrido decisivamente, não só para o esclarecimento das manifestações do gênio jurídico dos romanos, mas, também, para o aperfeiçoamento da técnica jurídica, em cujo manejo foram insuperáveis.
Claro que não é possível conservá-la em nossos dias, tão distantes e tão diferentes daqueles tempos, pois a sociedade está em constante transformação, mas seu conhecimento continua indispensável ao jurista moderno, por ser de grande utilidade à compreensão do nosso direito atual.
Foi através do Corpus juris civilis, da obra dos glosadores e pós-glosadores, dos próprios romanistas modernos, o direito romano constitui-se no mais importante elemento de formação do direito moderno . É a sua fonte histórica por excelência .
O Direito português vigente no Brasil estava contido nas “Ordenações Reais”. Tais Ordenações compreendiam:
1º Ordenações Afonsinas (1500-1514), aparecidas no séc. XV , atribuidas a João Mendes , Rui Fernandes, Lopo Vasques , Luís Martins e Fernão Rodrigues . Foram elaboradas sob os reinados de João I , Duarte e Afonso V . Como o trabalho foi terminado no reinado de Afonso V , recebeu o nome de Ordenações Afonsinas ( 1446 ). Compunham-se de cinco livros , compreendendo direito penal, direito civil, direito comercial, organização judiciária ,competências, relações da Igreja com o Estado , processo civil e comercial.
2º Ordenações Manuelinas ( 1514-1603 ), compilação determinada pela existência de vultoso número de leis e atos modificadores das Ordenações Afonsinas .Foram seus compiladores: Rui Boto , Rui da Grá e João Cotrim .
Iniciaram o trabalho em 1501 , no reinado do rei de D. Manuel I, e terminaram-no mais ou menos , em 1514. Contêm as mesmas matérias das anteriores Ordenações .
3º Ordenações Filipinas, que, juntamente com as Leis Extravagantes ( leis avulsas, não integradas nas Ordenações ), tiveram vigência no Brasil de1603 até 1916. Esta compilação data do período do domínio espanhol, sendo devida aos juristas Paulo Afonso , Pedro Barbosa , Jorge de Cabedo, Damião Aguiar , Henrique de Sousa, Diogo da Fonseca e Melchior do Amaral , que começaram seus trabalhos no reinado do rei espanhol Felipe I ( 1581-1598 ) ; terminaram-no em 1603, no de Felipe II ( 1598-1621 ).
Devemos deixar bem claro que essas Ordenações não eram códigos no sentido atual, mas compilações de leis , atos e costumes.
Eis as fontes principais do direito português vigente no Brasil.
Não é recente a idéia de se condesar as normas jurídicas de um sistema.
A codificação do direito civil foi pioneira em dois códigos : o francês e o alemão (Burgerlich Gesetzbuch) . O primeiro exerceu grande influência em todos os códigos do séc XX. O alemão por sua vez influenciou em regiões distantes e povos com culturas divervas, como a japonesa. Os principais seguidores do código alemão foram os suiços e os helênicos.
No séc XX, vários paises codificaram suas leis civis , enquanto outros as substituiram.
As codificações mais importantes doséc XX foram: Suiça( 1912 ), Brasil ( 1913 ), México ( 1928 ), Peru ( 1936 ), Venezuela ( 1942 ), Itália ( 1942 ), Turquia (1926), Grécia ( 1945 ), Tailândia ( 1935 ), Egito ( 1949 ), Portugal (1967 ) .
Estes códigos acima sofreram influência do código alemão com maior ou menor intensidade, principalmente o suiço, o turco e o grego .
Um código é em sua noção histórica um sistema de normas para reger, durável e plenamente , a conduta setorial de sujeitos de direito.
O estatuto orgânico da vida privada, ou melhor, o Código Civil foi elaborado para dar solução a todos os problemas de vida de relação dos particulares . Não é mais. Estudando-se a fundo, se vê que ele perdeu a generalidade.
No Brasil, tentou-se a codificação em 1963 após a instauração do regime militar e, na sua vigência, novo projeto foi aprovado por voto de liderança, na Câmara dos Deputados, transmitindo atualmente no Senado.
O Codigo Civil brasileiro foi aprovado no dia 1º de janeiro de 1916 e entrou em vigor extamente um ano depois. Foi confiado ao jurista Teixeira de Freitas a grande responsabilidade de elaborar o anteprojeto do do código.
Depois de organizar a Consolidação das Leis Civis, o jurista começou logo a preparação do anteprojeto ao qual denominaram “Esboço de um Código” que reuniam cerca de 4.800 artigos. Teixeira tentou uma unificação do Direito Civil com o Comercial que seria o Direito Privado, a qual foi apresentada ao governo brasileiro que não concordou com a unificação. Isto fez com que o jurista parasse com o seu estudo. Pelo grande valor científico o “esboço” influenciou a formação do Direito Civil Argentino.
Em 1890 o Governo entregou a Coelho Rodrigues a tarefa de apresentar um anteprojeto , que por sua vez também foi vetado pela alegação de falta de originalidade e que não expressava a realidade nacional.
O anteprojeto que foi transformado na Lei Nº 3.071,de 1º de janeiro de 1916, Código Civil Brasileiro foi elaborado pelo grande jurista Clóvis Beviláquia. O anteprojeto foi muito discutido no Congresso Nacional e sofreu numerosas emendas .Pode-se perceber no código as grandes influências da codificação francesa, portuguesa e alemã .
Os juristas brasileiros estão convencidos da necessidade de ser revisto e atualizado o Código Civil. Depois de 1916, os acontecimentos alteraram profundamente a face social do mundo , exigindo do jurisconsulto a sua atuação em obediência ao imperativo de afeiçoar o direito positivo às exigências do momento.
A revisão dos códigos brasileiros tiveram início em 1961, pela iniciativa do Governo Federal. Hoje se encontra no Congresso Nacional um projeto de um novo Código Civil, para a substituição do de 1916.
Espero que este trabalho tenha alguma utilidade para Voce(S).
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