Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES ASSOCIADOS AO TRABALHO (DORT/LER) “Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as asas Que lhe brotavam da mão.” INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Distúrbio: termo mais amplo que “lesão” significa alteração do funcionamento normal quando há desequilíbrio entre capacidade de resposta biológica e exigências ambientais; Distúrbios osteomusculares: engloba uma variedade de sinais e sintomas – principal: dor; INTRODUÇÃO O diagnóstico de DORT implica o reconhecimento de associação entre o quadro clínico osteomuscular e o trabalho, entendido como desencadeante ou agravante da condição; Definir a etiologia do quadro como ocupacional é importante pela repercussão previdenciária e legal; INTRODUÇÃO O impacto econômico e social da incapacidade relacionada aos distúrbios osteomusculares é grande, mas subestimado no Brasil: • Estudo Carga de Doenças no Brasil: apenas 6% do total de anos perdidos por incapacidade; • Porto Alegre 1998: 25% das concessões de auxílio por doença (causa mais frequente); • Bahia 2000: 31% dos benefícios por doença; • Estudo Global Burden of Diseases: condições musculoesqueléticas (dor nas costas, outras musculoesqueléticas, e dor no pescoço) são três das cinco principais causas de anos perdidos por incapacidade na América do Sul. ABORDAGEM DO DORT EM APS Caracterizar quadro doloroso: recente ou crônico; localizado ou regional; severo ou não. Identificar exposições ambientais e vulnerabilidades associadas ao desencadeamento ou manutenção do distúrbio, na situação de trabalho ou fora dele. Tentar identificar as expectativas do paciente com relação ao tratamento médico, à questão previdenciária (benefício, nexo causal) e ao trabalho (afastar-se ou não, retornar ou não, causa judicial). *Yellow Flags Traçar um plano que incluirá a necessidade ou não de referência para especialistas para diagnóstico, tratamento e reabilitação. CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO DOLOROSO 4 FORMAS PRINCIPAIS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE CASOS DE DORT: 1. Dor DIFUSA em MS, cintura escapular e pescoço; o Sem sinais de lesão ortopédica definida; o Sem limitação significativa; o Ambulatórios das empresas; o Manifestação inicial mais comum de DORT; o Dor se intensifica durante a jornada de trabalho e remite à noite; o Em geral, esses trabalhadores continuam trabalhando /automedicam-se para aliviar a dor; o Consulta clínica inicial fora da empresa: agravamento da dor (em geral, perda de força) e limitação funcional. CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO DOLOROSO 4 FORMAS PRINCIPAIS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE CASOS DE DORT: 2. Dor mais intensa e LOCALIZADA o Sugestiva de lesão ortopédica definida: • Bursite • Tendinite • Síndrome do Túnel do carpo o Limitação progressiva para o trabalho (mais fase inicial da incapacidade, em policlínicas de ortopedia); o Exigências biomecânicas específicas podem desencadear lesões localizadas: síndromes compressivas de nervos periféricos, tendinites, bursites, etc. CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO DOLOROSO 4 FORMAS PRINCIPAIS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE CASOS DE DORT: 3. Dor CRÔNICA regional – MODERADA A SEVERA o Com/sem lesão ortopédica definida associada; o Com limitação significativa; o Apenas uma fração do total dos casos de DORT de MS; o PORÉM, MAIOR PROPORÇÃO entre os casos atendidos em ambulatórios clínicos, de saúde do trabalhador e pela previdência social; CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO DOLOROSO 4 FORMAS PRINCIPAIS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE CASOS DE DORT: 4. LOMBALGIAS CRÔNICAS; o Grupo separado dos demais pela localização anatômica, pelo histórico natural (progressão Lombalgia Aguda – Crônica); o Ao contrário dos DORT de MS, considerados como de instalação insidiosa; o Ambos: mesmos desafios em relação ao tto e à reinserção produtiva dos trabalhadores; o Uma das principais causas de incapacidade para o trabalho; o Cultura médica dominante indica tratar como DOR CRÔNICA REGIONAL, abordagem oposta na dor em pescoço e MS, que quando mesmo em casos crônicos de dor regional – individualização dos diagnósticos; o Desafios tratamento-reabilitação são semelhantes. CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO DOLOROSO OBSERVAÇÕES Muitas apresentações dentro dessas 4 formas são mais bem caracterizadas como SÍNDROMES DOLOROSAS INESPECÍFICAS; No caso de dor e incapacidade secundária com distúrbio osteomuscular de MS e/ou pescoço relacionados ao trabalho, tem-se procurado enfatizar menos os diagnósticos ortopédicos específicos e mais o caráter regional e inespecífico da dor. Exame clínico/exames complementares compatíveis com diagnósticos ortopédicos definidos (tendinite do supraespinhoso, síndr. do impacto, síndr. do túnel do carpo): mesmo assim, a atribuição da sintomatologia a essas condições é controversa; CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO DOLOROSO OBSERVAÇÕES Alterações similares (hipoecogenicidade de tendão, acrômio em gancho, distúrbios de condução) também podem ser demonstradas em indivíduos sem queixas e até no membro colateral assintomático do mesmo paciente. Em casos crônicos, a eventual resolução da situação identificada, em geral, não é suficiente para resolver os sintomas. Assim, dirigir o tratamento sem reconhecer a existência de outras alterações regionais inespecíficas concomitantes é garantia de frustração para médico e paciente. ANAMNESE CLÍNICA ANAMNESE CLÍNICA Caracterização da dor: o Localização o Início o Progressão o Fatores atenunantes/agravantes o Característica da dor o Episódios anteriores Sinais e sintomas associados: o Insônia/sono não reparador o Depressão o Parestesia/Hipoestesia o Formigamento o Edema o Alteração de cor/temperatura o Limitação de movimentos ANAMNESE CLÍNICA Revisão de sistemas o Osteomuscular o Psiquiátrico o Diabetes ou outras doenças endócrinas e metabólicas; o Obesidade o Gravidez o Infecções recentes o HAS, tabagismo, alcoolismo, sedentarismo; ANAMNESE CLÍNICA Tratamentos anteriores o Imobilização o Infiltração o AINE o Analgésicos o Corticosteroides o Fisioterapia o Cirurgia ANAMNESE OCUPACIONAL Condição da Atividade atual o Ativo (empregado/desempregado), Inativo (Aposentado/ em benefício); o Mercado formal/informal; o Demitido recentemente ou em aviso prévio; o Há associação entre início dos sintomas e mudança no trabalho; Ocupações anteriores o Tempo em cada emprego o Tempo em cada função o Associação com os sintomas; Riscos biomecânicos o Avaliar tipo, dose e intensidade de exposição no trabalho, considerando a localização dos sintomas; ANAMNESE OCUPACIONAL Organização no trabalho/riscos psicossociais o Esteira o Demanda por produtividade o Horas-extra, Trabalho em turnos o Hierarquia, Grau de controle tarefal o Grau de satisfação, Relacionamento o Associação entre alterações no trabalho e desencadeamento/atenuação/agravamento dos sintomas; Evidências epidemiológicas o Há casos similares no ambiente ocupacional? AVALIAÇÃO PSICOSSOCIAL • Perfil psicológico do paciente: cautelosos, inseguros e pessimistas. • Sentimentos em relação à doença. • Sentimentos em relação à empresa e ao retorno ao trabalho. • Experiência no sistema de saúde e de previdência (número de afastamentos e tempo de benefícios). • Alguma disputa judicial? • Implicações da doença na vida familiar EXAME FÍSICO • Observação: dever ser observada desde a sala de espera e continuar durante a consulta. • Exame físico geral: o Peso: obesidade/sobrepeso o Pressão arterial o Estado geral o Sinais de patologias graves EXAME FÍSICO • Inspeção:sempre em local iluminado, comparando articulações homólogas. Avaliar a postura do paciente, simetria muscular e alinhamento de articulações. EXAME FÍSICO • Palpação: avaliar tonicidade muscular, edema, temperatura, nódulos, crepitações e calcificações. EXAME FÍSICO • Amplitude de movimento e manobras: o Medir a amplitude de movimentos a partir de uma posição neutra procurando assimetrias. o Avalia atentamente as reações do paciente (dor) o Avaliar força e destreza do paciente ao vencer resistência imposta pelo examinador. EPICONDILITE MEDIAL/COTOVELO DE GOLFISTA Inflamação do epicôndilo medial tendão do músculo palmar longo MovimentoInflamação do s de punho flexão causam dor ATIVIDADES FUNCIONAIS Jogadores de golfe Digitadores Cozinheiras Dentistas FATORES DE RISCO Sobrecarga do cotovelo Carregamento de pesos Flexão de punho com esforço Vibração EPICONDILITE MEDIAL/COTOVELO DE GOLFISTA Sinais e sintomas: o Dor na região medial (origem dos tendões flexores) do cotovelo à palpação ou pela flexão forçada dos dedos o Diagnóstico diferencial com Síndrome Complexa de dor regional Tratamentos: o Apoio para movimentos da articulação o Aplicação de cortisona na região do epicôndilo o Fisioterapia o Mudança de hábitos durante o tratamento o Uso de tira, logo abaixo da região dolorida do cotovelo EPICONDILITE LATERAL Cotovelo do tenista; Disfunção clínica mais comum do cotovelo; Acomete a origem do tendão extensor radial curto do carpo; EPICONDILITE LATERAL Aumento da tensão no tendão Microrupturas Sobrecarga repetitiva Cicatrização parcial Hiperplasia Angiofibro blástica Esforços em arranco, envolvendo extensão do punho e cotovelo Trauma Agudo EPICONDILITE LATERAL Sinais e sintomas o Palpação dolorosa no epicôndilo lateral (origem dos tendões extensores do carpo) o Dor na região lateral do cotovelo, acentuada por manobras contrarresistência e extensão forçada do terceiro dedo o Sinovite (dor local com abaulamento) Tratamento o Repouso o Fisioterapia o Infiltração com cortisona ou plasma rico em plaquetas o Utilização de imobilização específica LOMBALGIA AGUDA Dor mecânica lombar e/ou sacral Duração: Até 3 meses de persistência dos sintomas Afeta até 70% da população em algum período da vida 95% dos casos de lombalgia aguda são não específicos, afecções graves são causas raras LOMBALGIA AGUDA Sinais e sintomas • Atitude Antálgica • Desvio postural na coluna lombar (escoliose antálgica) • Contratura muscular paravertebral lombar • Crepitação • Dor a apalpação dos processos espinhosos lombares • Diminuição da mobilidade lombar LOMBALGIA AGUDA Sintomas x Hipóteses • Dor em repouso ou à noite Suspeitar de Câncer • Osteomielite Adultos com história de infecção urinária de repetição e especialmente nos diabéticos • Doenças inflamatórias Rigidez e dor pela manhã • Doenças sistêmicas Início insidioso, duração prolongada, não alteram significativamente com a posição LOMBALGIA AGUDA Tratamento – Conjunto de orientações da AHCPR – Agência para Programas e Pesquisa em Atendimento de Saúde dos EUA • Aconselhar aos pacientes que mantenham a atividade física • Prescrever medicações se necessário: paracetamol, anti- inflamatórios não esteroidais • Desencorajar o repouso no leito • Considerar manipulação da coluna • Não recomendar exercícios específicos para a coluna LOMBALGIA AGUDA Outros tratamentos • Bloqueios terapêuticos • Vertebroplastia • Acupuntura • Fisioterapia SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO • Mais comum das neuropatias compressivas periféricas do MMSS. • Compressão do nervo mediano do túnel do carpo. • Pode afetar ambas as mãos • Pode estar associada ao dedo em gatilho, síndrome de Quervain e artrite reumatóide SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO • Exame Físico: Testes causam dor típica da síndrome. • Manobra de Phalen: flexão máxima dos punhos realizadas com o dorso das mãos encostados um no outro. • Teste de Tinel: percussão do nervo mediano na região do túnel do carpo. SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO • Atividades Profissionais o Digitadores o Lavadores de vidro. o Pintores. o Marteleiros. o Grampeadores. o Montadores industriais. o Microscopistas. o Empacotadores. o Costureiras o Empacotadores de caixa. o Cortadores de carne (frigoríficos). o Lavadeiras (torcer roupa). o Dentistas. o Agricultores (vibração de tratores e colheitadeiras). SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO • Sinais e Sintomas • Parestesia na mão na área da inervação do nervo mediano (polegar, indicador, médio, parte do anular), frequentemente noturna. • Raras vezes dor no punho, referida para cima, pelo membro superior. • O paciente precisa balançar a mão para obter alívio (zerar termômetro). • Em casos crônicos, presença de hipotonia tenar (por comparação contralateral). • Quando há comprometimento motor, a força de preensão está diminuída. • Dificuldade de pegar objetos pequenos, queda de objetos. TENOSSINOVITE ESTENOSANTE DE QUERVAIN TENOSSINOVITE ESTENOSANTE DE QUERVAIN • Inflamação dos tendões que passam pelo punho no lado do polegar. • O tendão do músculo abdutor longo e do extensor curto do polegar ao nível do estilóide radial passa por um túnel osteofibroso denominado primeiro compartimento dos extensores cujo limite superficial é o ligamento anular dorsal do carpo que se torna espessado. • Principal causa dos sintomas: variação anatômica. • Mulheres são mais acometidas (6:1), entre a quinta e sexta década de vida → pode estar associada à gravidez e ao hipotireoidismo. TENOSSINOVITE ESTENOSANTE DE QUERVAIN • Fatores de Risco o Movimento brusco ou repetitivo de abdução do polegar. o Esforços repetitivos, com força e desvio ulnar do punho ou protossupinação repetitiva. o Movimento repetitivo de pinça do polegar seguido de flexão, extensão ou rotação do punho, principalmente associado à força. o Posturas viciosas do polegar e do punho, como manter o polegar elevado e/ou abduzido durante as atividades (polegar alienado). o Compressão mecânica do polegar ou do processo estilóide radial. TENOSSINOVITE ESTENOSANTE DE QUERVAIN • Atividades profissionais relacionadas o Costureiras e alfaiates que usam tesoura frequentemente na confecção de roupas o Fabricantes artesanais de telas de arame o Manicures o Jardineiros o Fritadeiras o Cabeleireiras o Lavadeiras TENOSSINOVITE ESTENOSANTE DE QUERVAIN • Teste de Finkelstein SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS • Dura + de 3 meses/além do período esperado • Não se correlaciona com o tamanho do dano: • Forma amplificada, caráter + regional • Hipersensibilidade - até em estímulos que não evocariam dor • Alteração no balanço estímulo e supressão da dor -> modulação exercida por condições psicológicas DOR CRÔNICA SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS • Dor persistente, contratura muscular, ↓ força muscular, parestesias, fadiga, insônia, depressão • Achado no exame físico: ponto gatilho • Ponto sensível sobre uma banda muscular tensa • Estimulação mecânica provoca uma resposta de dor e retirada • Padrão de dor referida característico p/ áreas específicas em cada músculo • Ponto doloroso sem dor referida é suficiente p/ caracterizar a síndrome SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS • Ativos: é um foco hiperirritável com dor referida espontânea ou ao movimento •Latentes não causa dor, mas pode tornar-se ativo por qualquer evento como trauma, estresse, gerandoa dor referida. •Pontos satélites são pontos secundários, ou seja, são pontos menos dolorosos que estão em torno do ponto primário que se manifesta com mais intensidade. PONTOS GATILHO SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS • Sobrecarga de músculos, adoção de más posturas (sobrecarregam a musculatura), estresse emocional •Microtaumatismos repetitivos → fadiga por excesso de esforço CAUSAS SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS • Critérios para caracterização diagnóstica de Síndrome dolorosa miofascial: SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS • Fisiopatonia desconhecida • Pequena parcela de pct com DORT, mas é grave → alta demanda em serviços de tto continuado p/ dor crônica osteomuscular • Incapacidade: dor persistente, alodinia, hiperalgesia • Frequente: edema, alteração de cor da pele, atividade sudomotora anormal na região afetada • Envolve toda uma região anatômica: mão, pé... • + em sequência de traumatismo agudo, cirurgia ou imobilização de um membro após lesão de nervo periférico • Associada: neuropatia diabética, EM, AVC, IAM • FR: execução de atividades com mais requerimento de força do que de repetição → microtraumas SÍNDROME COMPLEXA DE DOR REGIONAL SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS •Critérios para o diagnóstico de Síndrome Complexa de dor regional SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS • Condição dolorosa difusa •Padrão não considerado como casualmente associado ao trabalho •Mas há quadros de síndrome miofascial associados ao trabalho evoluindo p/ fibromialgia FIBROMIALGIA SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS • Não há exames objetivos de rotina • Diagnóstico é clínico • Abordagem inicial independe de exames complementares • Exames Complementares: •Atendem + necessidade administrativa (empresa, perícia médica, seguradoras) do que orientação de manejo •Devem ser realizados: • Se necessidade de diagnóstico diferencial e de comorbidades • Se intervenção cirúrgica Diagnóstico das síndromes dolorosas regionais IDENTIFICAÇÃO DE EXPOSIÇÕES AMBIENTAIS E VULNERABILIDADES ASSOCIADAS IDENTIFICAÇÃO DE EXPOSIÇÕES AMBIENTAIS E VULNERABILIDADES ASSOCIADAS FATORES OCUPACIONAIS BIOMECÂNICOS •Fator físico: • Repetição. • Força. • Postura (inadequada ou estática). • Vibração. • Combinação de fatores. •Grau de exposição: • Intensidade. • Duração. • Frequência. IDENTIFICAÇÃO DE EXPOSIÇÕES AMBIENTAIS E VULNERABILIDADES ASSOCIADAS FATORES OCUPACIONAIS ORGANIZACIONAIS/PSICOSSOCIAIS • Intensificação da carga de trabalho; • Trabalho monótono; • Falta de controle/clareza de tarefas; • Falta de suporte social; • Insatisfação com o trabalho; IDENTIFICAÇÃO DE EXPOSIÇÕES AMBIENTAIS E VULNERABILIDADES ASSOCIADAS FATORES EXTRATRABALHO • Distúrbio osteomuscular pré-existente (ocupacional ou não); • Gravidez; • Doenças metabólicas; • Doenças neuropsiquiátricas • Patologia osteoarticular pré-existente: o Artrite; o Deformidade congênita; o Sequelas de acidentes; IDENTIFICAÇÃO DE EXPOSIÇÕES AMBIENTAIS E VULNERABILIDADES ASSOCIADAS Liminar obriga Teka a reduzir ocorrência de doenças ocupacionais “Uma liminar da Vara do Trabalho de Mogi Mirim (SP) determina que a Teka Tecelagem adote medidas para reduzir a ocorrência de doenças ocupacionais entre seus funcionários, principalmente lesões por esforço repetitivo (LER/Dort). (...) A empresa vem sendo investigada pelo MPT desde 2007, quando a Justiça do Trabalho enviou sentenças em reclamações trabalhistas individuais, que evidenciam a crescente constatação de acometimento de doenças profis-sionais por esforço repetitivo na fábrica da Teka, na filial do município de Artur Nogueira (SP).” IDENTIFICAÇÃO DE EXPOSIÇÕES AMBIENTAIS E VULNERABILIDADES ASSOCIADAS • Excesso de trabalho (média 10-14 ton/dia) • Pagamento por produtividade • Postura inadequada • Repetição de movimentos • Manuseio de instrumentos cortantes • Terreno desnivelado e permeado de restos de cana e raízes • Sobrecarga térmica 11,29 flexões por minuto ou 1,88 flexões a cada 10 segundos; Trabalhador cortou em 107 minutos um total de 85,3 metros de cana; 85,3m de cana = 5.119 Kg de cana = 1.373 golpes de podão; 1.209 flexões de coluna; 442 rotações lombares; IDENTIFICAÇÃO DE EXPOSIÇÕES AMBIENTAIS E VULNERABILIDADES ASSOCIADAS EXPECTATIVAS DO PACIENTE COM RELAÇÃO A TRATAMENTO, TRABALHO E PREVIDÊNCIA • Afastamentos prolongado do trabalho e o retorno quase sempre é difícil • Assédio moral, cobrança de produtividade, inalteração da função exercida • Pouca receptividade e das empresas, e até dos colegas, que tendem a marginalizar o trabalhador • Dificuldade em retomar o cotidiano profis- sional • Sob a mesma função, com novas limitações e sem possibilidade de adaptação funcional EXPECTATIVAS DO PACIENTE COM RELAÇÃO A TRATAMENTO, TRABALHO E PREVIDÊNCIA Revisão recente sobre alternativas terapêuticas mostram ganhos modestos com relação a melhora da dor e mínimos com relação a restauração da capacidade física e emocional. POR QUÊ? EXPECTATIVAS DO PACIENTE COM RELAÇÃO A TRATAMENTO, TRABALHO E PREVIDÊNCIA • Tratamento adequado? • Valorização das queixas? • Alívio dos fatores que propiciam o adoecimento? TERAPIA MEDICAMENTOSA TERAPIA MEDICAMENTOSA Paracetamol • Dores crônicas osteomusculares (leve e média intensidade) • Mais fraco que os AINEs, porém menores custo e complicações gastrintestinais e cardiovasculares • Consirerar risco de superdosagem = complicações hepáticas AAS • Atentar para o risco de sangramentos quando em uso crônico TERAPIA MEDICAMENTOSA AINES •Grande variação nas respostas individuais •Monitorar efeitos adversos: gastrintestinais, discrasias sanguíneas e nefrotoxixidade. •NAPROXENO: fármaco de escolha em pacientes com elevado RCV •Considerados eficazes para o paciente com dor lombar, mas não dor neuropática •Os de meia-vida longa (PIROXICAM, NAPROXENO,TONOXICAM,MELOXICAM) requerem 10 dias para atingir a concentração plasmática máxima = estipula-se prazo de 2 semanas para sucesso terapêutico TERAPIA MEDICAMENTOSA OPIOIDES •Ex: TRAMADOL •São opção para dor moderada, contudo não parecem ser mais efetivos que AINEs no manejo de dor crônica (grau C) •São 1ªlinha para exacerbações de dor neuropática severa, mas 2ª e 3ª linha para dor neuropática •Efeitos colaterais: náusea, constipação e sonolência; em uso prolongado, hiperalgesia. •Risco de adicção à droga, overdose acidental e morte TERAPIA MEDICAMENTOSA MIORRELAXANTES •Adjuvantes para dores musculares agudas e crônicas quando há espasmo muscular •Pouco eficazes nas dores crônicas e eficazes na fibromialgia e no espasmo muscular (grau C) •Resposta benéfica após 7 a 10 dias com 10mg/dia de CICLOBENZAPRINA (dose máxima diária: 30mg/dia - boca seca e sonolência) •BENZODIAZEPÍNICOS: miorrelaxantes de origem central, para casos agudos – uso limitado (2 a 3 semanas) CORTICÓIDES DE DEPÓSITO •Dipropionato + fosfato sódico de betametasona ( DIPROSPAN): absorção errática e resultado imprevisível. Em casos não responsivos a AINEs (3 ampolas IM em intervalos de 1 semana TERAPIA MEDICAMENTOSA ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS •Superiores a placebo nos casos de dor crônica miofascial associada ou não à depressão •Eficácia menor na dor neuropática •AMITRIPTILINA nas dores crônicas: 25 a 50 mg/dia •C.I: IMAO; IAM ; insuficiência cardíaca congestiva aguda •Efeitos colaterais: boca seva, visão borrada, retenção urinária, náusea, vômitos, constipação, hipotensão, hipertensão, taquicardia, disfonia, insônia, ganho de peso e icterícia •Estimular atividade física concomitante à terapia medicamentosa •Aguardar3 semanas para resposta terapêutica; se positiva, manter por, no mínimo, 6 meses. TERAPIA MEDICAMENTOSA ISRS • Benéficos, porém menos efetivos que inibidores da serotonina e noradrenalina (DULOXETINA e MILNACIPRAM) que são bem tolerados e reduzem sintomas funcionais na fibromialgia ANTICONVULSIVANTES •GABAPENTINA,PREGABALINA e CARBAMAZEPINA : principais fármacos para manejo de dor crônica não relacionada ao câncer AGENTES TÓPICOS • Utilizados para dores localizadas • Reduzem dor neuropática e dores dos distúrbios osteomusculares quando comparados a placebo MEDIDAS FÍSICAS • Tratamento fisioterápico da dor osteomuscular crônica deve ser individualizado; • Alternativas: medidas de autocuidado e exercícios orientados por especialista; • Influência do exercício sozinho é difícil de avaliar; MEDIDAS FÍSICAS •Exercícios podem diminuir a dor e melhorar a função, embora os ganhos sejam pequenos (<30% de redução da dor e 20% na função); •Adesão do paciente; •Acupuntura: tratamento da dor lombar crônica, cervicalgia e fibromialgia. Avaliação positiva pelos pacientes. MEDIDAS EDUCATIVAS Orientar sobre fatores desencadeantes e agravantes da dor (movimentos repetitivos, força, vibração, posições inadequadas) para que sejam evitados tanto no trabalho quanto na vida diária e prevenir intercorrências (evitar segurar panelas com líquidos quentes, procurar viajar sentado em ônibus); Orientar sobre medidas gerais de promoção da saúde: controle de peso, atividade física, como caminhadas, e prática continuada de exercícios aeróbicos; Orientar sobre medidas gerais de promoção da saúde: controle de peso, atividade física, como caminhadas, e prática continuada de exercícios aeróbicos; MEDIDAS EDUCATIVAS Repouso relativo da região afetada durante agudização dos sintomas; Evitar imobilização do segmento em caso de agudização da dor, pois pode desencadear ou agravar quadros de dor regional neuropática; Encorajar manutenção e retorno à atividade produtiva, respeitando-se as limitações funcionais do paciente e condições do ambiente de trabalho. MANEJO DOS FATORES PSICOSSOCIAIS • Ajudar a reconhecer sinais e estresse e fatores associados a seu desencadeamento ou manutenção; • Técnicas de relaxamento, meditação, biofeedback (capacidade de auto-regulação) e programas de exercícios personalizados; • Técnicas funcionam melhor se o paciente tem algum controle sobre seu trabalho, pois não propõem modificações no ambiente; MANEJO DOS FATORES PSICOSSOCIAIS Se o estresse é decorrente do ambiente de trabalho, medidas de cunho individual podem não ser efetivas; Essas abordagens enfatizam mais a conformação do paciente à situação de dor crônica, mais do que sua eliminação; Terapia cognitivo-comportamental, relaxamento e hipnose: ajudam a mudar atitude passiva diante da dor para ativa/; Tratamentos psicológicos resultam em benefício modesto para a melhora da dor e do funcionamento físico e emocional; Fibromialgia: benefício maior com a terapia cognitivo-comportamental; A dor é um estresse mental permanente para o paciente, por isso é necessário maior engajamento dos profissionais no empreendimento de controlá-la, pois não é razoável esperar que o paciente se conforme com ela. TERAPIAS ALTERNATIVAS Variedade de tratamentos que não fazem parte da Medicina Convencional; Se proporcionam alívio dos sintomas e não interferem de forma prejudicial com o tratamento convencional devem ser estimuladas; Manipulação da coluna: muito usada para dor lombar baixa; Massagem: muito utilizada por pacientes com dor crônica (benefícios nos casos de dor cervical, nos ombros, lombar, fibromialgia). MEDIDAS ADMINISTRATIVAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS Atender casos de baixa complexidade ou sequelas crônicas resultantes de acidentes e doenças do trabalho – não há credenciamento especial para acidentes do trabalho – oferecendo o mesmo atendimento médico aos trabalhadores sejam eles formais ou informais; Fornecer atestado de comparecimento se solicitado; Fornecer atestado de incapacidade temporária ao trabalho, quando justificado, por um período máximo de 15 dias (a empresa continuará pagando o salário). No caso de mais de 15 dias, o trabalhador deve marcar perícia previdenciária levando o atestado. No caso de autônomos o INSS paga integralmente o período de incapacidade. Cabe ao médico perito do INSS decidir se há ou não incapacidade; São responsabilidades do médico clínico: MEDIDAS ADMINISTRATIVAS Trabalhadores da área pública devem entregar atestados no setor de pessoal imediatamente após a emissão, para orientação subsequente em cada órgão; Preencher o CAT (comunicação de acidente de trabalho), documento oficial do INSS, que deve ser fornecido ao trabalhador pela empresa, em caso de trabalhadores assalariados do setor privado. Apenas os trabalhadores assalariados com carteira de trabalho (CLT) têm direito aos benefícios do seguro de acidente do trabalho (pago à parte pelo empregador). Se estabelecido incapacidade pelo perito médico do INSS no 16º dia de afastamento e nexo causal entre a condição incapacitante e o trabalho, o INSS reconhecerá esse afastamento como doença acidental de trabalho, o que garantirá ao trabalhador o recolhimento de fundo de garantia pela empresa e estabilidade no emprego por 12 meses após a alta do benefício e o retorno ao trabalho. São responsabilidades do médico clínico: MEDIDAS ADMINISTRATIVAS O Consenso do American College of Occupational and Environmental Medicine estabelece que: •O propósito fundamental do cuidado médico é restabelecer a saúde, otimizar a capacidade funcional e minimizar o impacto destrutivo da doença na vida do paciente; •A ausência prolongada ao trabalho é prejudicial à saúde mental, física e ao bem- estar social; •Os médicos afetam positivamente as chances e a rapidez de melhora, explicando claramente para os pacientes as chances de recuperação; Avaliação de capacidade para retorno ao trabalho: MEDIDAS ADMINISTRATIVAS O retorno ao trabalho deve ser um ato médico planejado desde o início do tratamento , quando se deve discutir com o paciente o tempo esperado de recuperação; Quando o médico julgar que o paciente já está apto à reinserção ocupacional, caso a empresa ofereça atividade compatível com o nível de recuperação funcional obtido, o paciente deve, como uma parte importante do processo de reabilitação, ser estimulado a reassumir suas atividades apesar da permanência de algum sintoma; Orientar sobre estratégias no retorno ao trabalho, como pausas e rodízios; Respeitar o sigilo profissional. Avaliação de capacidade para retorno ao trabalho: MEDIDAS ADMINISTRATIVAS PROGNÓSTICO • O risco de cronificação pode ser reduzido a partir de medidas como: o Prestar atenção aos fatores psicológicos dos sintomas; PROGNÓSTICO o Evitar investigação excessiva desnecessária; o Evitar recomendações inconsistentes e o Orientar medidas de prevenção de recorrências. PROGNÓSTICO PROGNÓSTICO • A má evolução dos casos pode ser evitada a partir da identificação dos grupos de risco e da orientação a respeito de abordagens terapêuticas específicas. PROGNÓSTICO • Subdivisão dos trabalhadores em grupos para abordagens preventivas específicas. 1. Grupo em que o problema primário é a situação de trabalho adversa. PROGNÓSTICO 2. Grupo em que a dor é o maior problema, não havendo insatisfações quanto ao local de trabalho. PROGNÓSTICO 3. Grupo com dor e com problemas funcionais crônicos. NECESSIDADE DE AÇÕES COLETIVAS • 2009: Mais de 100 mil trabalhadores em benefício acidentário em razão de distúrbios Osteomusculares.• Muitas vezes a avaliação biomédica possui papel inferior ao de sistemas de benefícios ou ao de atuações sindicais no que diz respeito ao retorno dos pacientes ao trabalho. • As ações do Sistema de Saúde devem ampliar seu foco de atuação. • Deixar de atuar individualmente pode ser a chave para melhoria nas condições de retorno do trabalhador para suas atividades. NECESSIDADE DE AÇÕES COLETIVAS • Triagens coletivas e programas de reabilitação são ideias que merecem ser estudadas como alternativas para ampliar a atuação dos profissionais de saúde na avaliação da capacidade de retorno dos pacientes ao trabalho. • Investimento em prevenção tanto do desencadeamento dos DORT, como da evolução para a incapacidade. • Melhorias de ambientes e processos de trabalho pelas empresas. • Suporte da previdência social que permita que os trabalhadores se afastem pelo tempo necessário até a recuperação plena, sem medo de perder o emprego. REFLEXÕES REFLEXÕES O T R A BA L H O É A C AU S A D O A D O E C I M E N TO ? SIM NÃO O que fazer? REFLEXÕES E X P O S I Ç Ã O A P É S S I M A S C O N D I Ç Õ E S E T R A BA L H O A D O E C I M E N T O I N S S ( C I D R 5 2 . 1 E R 5 2 . 2 ) E M P R E G A D O R E M P R E G A D O N E X O P R E V I D E N C I Á R I O A T U A L I M P L I C A Ç Õ E S E C O N Ô M I C A S COMO ALTERAR ESSA REALIDADE? O Q U E R E A L M E N T E M E L H O R A A S A Ú D E D O T R A B A L H A D O R ? B O A S C O N D I Ç Õ E S D E T R A B A L H O M E N O R C A R G A H O R Á R I A M E L H O R A N O C O N T E X T O S O C I A L ARTHUR NEUBAUER CARLOS LOHMANN CARLA TE IXERA CRIST INE WEIHRAUCH BRUNA DE CONTI GRAMZ LUCIANO SERRO DEGRANDI NICOLLE KAY SE ATM 2017/2 SAÚDE DO TRABALHADOR PROFº CARLOS ANDRÉ AITA A N TO N I O C O D E V I L L A VA N E S S A B R AG A M AC H A D O R E N ATA K E S T E R I N G S A N T I R O DAY N E K H O U R I A N E L I S E K R U G A M A N DA T I T Z E H E S S E L N AT H Á L I A F U Z E R AU G U S TO G O L L E R
Compartilhar