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1. O Direito como Regras e Princípios 1.1 - Expressos 1.2 - Reconhecidos 2. Princípios Administrativos Constitucionais 2.1. Princípio da Legalidade e da Submissão da Administração Pública ao Direito 2.2. Princípio da Impessoalidade 2.3. Princípio da Moralidade e Probidade administrativa 2.4. Princípio da Publicidade 2.5. Princípio da Eficiência Aula 2: Direito Administrativo Princípios O QUE É REGIME JURÍDICO? Aula 2: Direito Administrativo Princípios Aula 2: Direito Administrativo Princípios É o conjunto de direitos, deveres, garantias, vantagens, proibições e penalidades aplicáveis a determinadas relações sociais qualificadas pelo Direito. Regime é aquele sistema que regula o funcionamento de algo. Jurídico é aquilo que está vinculado ao Direito. Regime é o conjunto de normas legais que organizam uma atividade. Estas normas para serem jurídicas devem ser concretas em termos jurídicos, ou seja, são todas as leis, regulamentos que se fundamentam. Todas as atividades e condutas que estão reguladas pelo Estado são regidas por um regime jurídico, caracterizado pela legislação em vigência que é aplicado nesta relação. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Regime jurídico: Cada setor da sociedade se organiza por um tipo de regime jurídico. Assim há regime jurídico em relação a diversos assuntos: da Administração Pública, empresarial, trabalhista, dos servidores públicos, etc. Qual o regime jurídico que se submete a Administração Pública? Regime Jurídico Público ou Regime Jurídico Privado? Aula 2: Direito Administrativo Princípios Aula 2: Direito Administrativo Princípios A Administração Pública pode submeter-se a REGIME JURÍDICO de Direito Público A Administração Pública pode submeter-se a REGIME JURÍDICO de Direito Privado Não PODE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA por ato próprio optar por um regime jurídico não autorizado em Lei. Decorrência da sua vinculação ao Princípio da Legalidade. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Regime Jurídico Administrativo Em sentido amplo: designa os regimes de direito público e de direito privado a que pode submeter- se a Administração Pública. Através do Regime Jurídico Administrativo se identifica a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical na relação jurídico- administrativa. COMO SE IDENTIFICA? Através de PRERROGATIVAS E RESTRIÇÕES. A Administração Publica possui prerrogativas frente as relações privadas Impõem a Administração Pública restrições mais estritas do que aquelas a que estão submetidas os particulares. Aula 2: Direito Administrativo Princípios O Direito Administrativo surgiu na modernidade, no Estado Liberal, no Estado de Direito. O Estado de Direito , alicerçado no princípio da legalidade e na separação dos poderes, deu lugar a dois ordenamentos distintos: Direito Civil no campo do regime individualista Direito Público no campo do regime administrativo Assim o Direito Administrativo nasceu e desenvolveu-se baseado em duas ideias opostas: de um lado a proteção aos direitos individuais frente ao Estado, baseado no princípio da legalidade, um dos esteios do Estado de Direito e ... A necessidade de satisfação dos direitos coletivos que precisa das prerrogativas e privilégios para a Administração Pública para: limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia) e para prestar serviços públicos. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Por isso, a doutrina diz que o Direito Administrativo é BIPOLAR. Liberdade do indivíduo x autoridade da administração publica Para garantir a Liberdade do Indivíduo: Administração Pública observa à Lei (Princípio da Legalidade) Para garantir a autoridade da Administração Pública: Administração Pública tem assegurada a supremacia do interesse público sobre o particular. Aula 2: Direito Administrativo Princípios A Administração Pública possui prerrogativas e privilégios? Por exemplo: As prerrogativas: Autoexecutoriedade, autotutela, poder de expropriar, poder de requisitar bens e serviços, poder de ocupar temporariamente o imóvel alheio, poder de instituir servidão, poder de aplicar sanções administrativas, poder de alterar unilateralmente os contratos, poder de impor medidas de polícia. As prerrogativas públicas são as “regalias usufruídas pela Administração, na relação ou, em outras palavras, são as faculdades especiais conferidas à Administração, quando se decide a agir contra o particular.” (CRETELLA JUNIOR, in PIETRO, p. 56) Os privilégios: imunidade tributária, prazos dilatados em juízo, processo especial de execução, presunção de veracidade de seus atos. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Administração Pública tem PRERROGATIVAS : SUPREMACIA PERANTE O PARTICULAR e esta sujeita a RESTRIÇÕES As restrições LIMITAM a sua atividade a determinados fins e princípios Não observância dos FINS e PRINCÍPIOS implicam em DESVIO DE PODER. Consequentemente NULIDADE DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Reforçando conhecimentos: O conjunto de prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração Pública e que Não se encontram nas relações entre particulares se chama: a) Princípios da Administração Pública b) Princípio da Legalidade c) Supremacia do interesse público d) Regime jurídico administrativo ou Regime Jurídico da Administração Pública e) Poder de polícia Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIOS? O que são Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIOS de uma ciência são as PROPOSIÇÕES BÁSICAS, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturações subsequentes. (DI PIETRO, p. 57) Princípios são os alicerces da ciência. (CRETELLA JUNIOR, in DI PIETRO, p. 57) Os princípios são as idéias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um sentido lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensão de seu modo de organizar-se. (ALEXANDRINO; PAULO; p. 117) Os princípios determinam o alcance e sentido das REGRAS de um determinado ordenamento jurídico. (ALEXANDRINO; PAULO; p. 117) Há diferença entre PRINCÍPIOS e REGRAS ! Aula 2: Direito Administrativo Princípios A moderna doutrina jurídica que se dedica ao estudo da a interpretação jurídica (hermenêutica jurídica) trata do tema PRINCÍPIOS e REGRAS: Doutrinadores : Robert Alexy e Ronald Dworkin As normas jurídicas admitem classificação em duas categorias básicas: os princípios e as regras. Princípios: tem papel de destaque no sistema normativo e diversos deles tem natureza de norma, ou seja, estabelecem “estados ideais e objetivos que devem ser atingidos”. Alexy: os princípios são incorporados no sistema jurídico no mais alto grau de hierarquia das normas e pode conferir no direito positivo a aplicação direta. Regras: são normas que apenas descrevem determinado comportament o sem se ocupar com a finalidade dessas condutas. Aula 2: Direito Administrativo Princípios ***PRINCÍPIOS*** QUAL A IMPORTÂNCIA PARA NÓS (OPERADORES DO DIREITO) ESSA NOVA DOUTRINA? ***REGRAS*** Aula 2: Direito Administrativo Princípios As regras são operadas de modo disjuntivo (separa), ou seja, se DUAS REGRAS podem ser aplicadas ambas numa mesma situação, UMA DELAS APENASVAI REGULAR, ATRIBUINDO A OUTRA NULIDADE. Os princípios são operados de modo conjuntivo (juntos), ou seja, se DOIS PRINCÍPIOS conflitam em determinada situação, um não exclui o outro. Adota-se o critério da ponderação de interesses e o intérprete atribui no caso concreto terá grau de preponderância. Pode ocorrer em sede de Direito Administrativo a colisão entre princípios, sobretudo os princípios constitucionais no caso concreto que através da ponderação de seus valores um preponderá sobre o outro. ** NO PLANO DA VALIDADE ** Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS São postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública. Representam cânones pré- normativos, norteando a conduta do Estado quando no exercício de atividades administrativas. Os princípios administrativos constituem em instrumento para integração das regras. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Deixou expresso os princípios a serem observados por todas as pessoas administrativas de qualquer dos entes federativos. Capítulo VII do Título III – Artigos 37 e 38 A CONSTITUIÇÃO DE 1988 inovou: dedicou um capítulo à ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Aula 2: Direito Administrativo Princípios A conduta só será válida se estiver compatível com estes princípios. Diretrizes fundamentais da Administração Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] Princípios EXPRESSOS na CONSTITUIÇÃO: Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - Diretriz básica Toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei. A atividade administrativa não prevista em lei configura em conduta ILÍCITA. O princípio implica em SUBORDINAÇÃO DO ADMINISTRADOR À LEI Enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza. Efeito do Princípio da Legalidade no direito dos indivíduos – é a consequência, a garantia dos direitos individuais depende da existência do princípio da legalidade. Lembrando: há duas funções estatais básicas – criar a lei (legislação) e executar a lei (administração e jurisdição). Só se pode conceber atividade administrativa diante de parâmetros já instituídos pela atividade legiferante. (administrar é subjacente à de legislar) Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Supremo Tribunal Federal: Em face do princípio da legalidade, pode a administração pública, enquanto não concluído e homologado o concurso público, alterar as condições do certame constantes do respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação aplicável à espécie, visto que, antes do provimento do cargo, o candidato tem mera expectativa de direito à nomeação ou, se for o caso, à participação na segunda etapa do processo seletivo. [RE 290.346, rel. min. Ilmar Galvão, j. 29-5-2001, 1ª T, DJ de 29-6-2001.] = RE 646.491 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 25-10-2011, 1ª T, DJE de 23-11- 2011 Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE Denota igualdade de tratamento que a Administração deve dispensar aos administrados que se encontrem em idêntica situação jurídica. Na prática: veda favorecer ou prejudicar pessoas em detrimento de outros. Prega uma conduta administrativa não direcionada a determinada situação ou pessoa, não tendo assim atuações dissociadas no atendimento do interesse público. Decorre do princípio da ISONOMIA (matriz) e do PRINCÍPIO DA FINALIDADE Isonomia: tratamento igual, não privilegiado (matriz do princípio da impessoalidade) Finalidade: fim é o interesse público, não se pode perseguir o interesse particular Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE – Reforçando conhecimentos: (CARVALHO, 2017, p. 21 - adaptado) O sistema de cotas que prevê reserva de vagas pelo critério étnico-social para ingresso em instituições públicas de nível superior pode ser considerado exceção ao princípio: a) Princípio da Legalidade b) Princípio da Isonomia c) Princípio da Impessoalidade d) Princípio da impessoalidade e sua matriz, o princípio da isonomia e) Princípio da Igualdade Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE – Reforçando conhecimentos: (CARVALHO, 2017, p. 21 - adaptado) O sistema de cotas que prevê reserva de vagas pelo critério étnico-social para ingresso em instituições públicas de nível superior pode ser considerado exceção ao princípio: RESPOSTA – trecho da página 21. CARVALHO FILHO, Manual de Direito Administrativo. “A propósito do princípio da impessoalidade a de sua matriz, o princípio da isonomia, é oportuno ressalvar que têm sido admitidas exceções para sua aplicação. Uma delas diz respeito ao sistema de cotas, em que se prevê reserva de vagas pelo critério étnico- social para ingresso em instituições de nível superior. O STF, fundando-se no art. 5º, caput, da CF, e fazendo sobrelevar a igualdade material sobre a formal, considerou constitucional tal ação afirmativa, que traduz política de inclusão social com o objetivo de suplantar desigualdades oriundas do processo histórico do país, muito embora os destinatários obtenham maiores vantagens que os demais interessados. Não obstante, a matéria é profundamente polêmica, havendo muitos setores da sociedade que não aceitam, nesse caso, o privilégio de tratamento e entendem que outras políticas devem ser executadas para a inclusão étnico-social. [...]” Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA MORALIDADE O princípio da Moralidade impõe que o Administrador público não dispense preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Distinção: HONESTO e o DESONESTO, BEM do MAL, LÍCITO ou ILÍCITO e seus EFEITOS. Distinguir a MORAL COMUM da MORAL ADMINISTRATIVA. Nas relações: Administração com administrados (externo) e na relação com a Administração e os agentes que a integram (interno) – São os critérios morais que dão valor jurídico à vontade psicológica do administrador. Conteúdo da MORALIDADE é diverso da LEGALIDADE. Doutrina: não é pacífica. Conceito vago e impreciso. Origem do Princípio da Moralidade – Direito dos ROMANOS. Non omne quod licet honestum est. (Nem tudo que é legal é honesto) O princípio deve ser observado pelo Administrador e pelo administrado. Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA MORALIDADE Legislação Infraconstitucional define: a) Decreto 1.171/94 – Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil Federal: Das Regras Deontológicas I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput,e § 4°, da Constituição Federal. III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA MORALIDADE Legislação Infraconstitucional define: a) Lei 9784/99 – Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA MORALIDADE: Sempre que em matéria administrativa se verificar que o comportamento da Administração ou do Administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de equidade, a ideia comum de honestidade, estará havendo ofensa ao princípio da moralidade administrativa. (DI PIETRO, p. 70) Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA MORALIDADE Supremo Tribunal Federal: O princípio da moralidade administrativa – enquanto valor constitucional revestido de caráter ético-jurídico – condiciona a legitimidade e a validade dos atos estatais. A atividade estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência, está necessariamente subordinada à observância de parâmetros ético-jurídicos que se refletem na consagração constitucional do princípio da moralidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a atuação do poder público, confere substância e dá expressão a uma pauta de valores éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado. [ADI 2.661 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 5-6-2002, P, DJ de 23-8-2002.] Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Publicidade: é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos. Leis, atos e contratos administrativos que produzem consequências jurídicas fora dos órgãos que os emitem exigem publicidade para adquirirem validade universal, isto é, perante as partes e terceiros. Visa propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados direto e pelo povo em geral. Publicidade: é REQUISITO de eficácia e moralidade do ato. Atenção: a publicação que produz efeitos jurídicos é a do órgão oficial da Administração, e não a divulgação pela imprensa particular, pela televisão ou pelo rádio, ainda que em horário oficial. (HELY, p. 89) “... Os atos administrativos são publicados em órgãos de imprensa ou afixados em determinado local das repartições administrativas, ou, ainda mais modernamente divulgados por outros mecanismos integrantes da tecnologia da informação, como é o caso da Internet.” (CARVALHO FILHO, p. 26) Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Ressalva-se as exceções que estão previstas em lei: LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Supremo Tribunal Federal Edital de concurso público da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de Alagoas. Previsão de pontuação aos servidores não estáveis, bem como a aprovação em qualquer concurso público, sem diferenciação de nível de graduação, desiguala os concorrentes, em ofensa ao princípio da isonomia. Ofensa ao princípio da publicidade, ao não trazer o nome dos candidatos e os respectivos números de inscrição. [ADI 2.206 MC, rel. min. Nelson Jobim, j. 8-11-2000, P, DJ de 1º-8-2003.] Vide ADI 3.443, rel. min. Carlos Velloso, j. 8-9-2005, P, DJ de 23-9-2005 Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Supremo Tribunal Federal A divulgação no Diário Oficial é suficiente per se para dar publicidade a um ato administrativo. [RE 390.939, rel. min. Ellen Gracie, j. 16-8-2005, 2ª T, DJ de 9-9-2005.] Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA - Incluído pela EC 19/98 – Reforma Administrativa - O conceito do princípio segundo CARVALHINHO: “procura de produtividade e economicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. Há vários aspectos a serem considerados dentro do princípio, além da produtividade e economicidade, como a qualidade, a celeridade e presteza e desburocratização e flexibilização...” (CARVALHO FILHO, p. 31) - O conceito segundo HELY: “exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional.” (MEIRELLES, p. 90) - Doutrina administrativista dispõe: Princípio da Eficiência = Qualidade do Serviço Prestado (Não é unânime) Aula 2: Direito Administrativo Princípios PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA Eficiência não se confunde com eficácia nem como efetividade. • Eficiência: MODO pelo qual se processa o desempenho da atividade administrativa – CONDUTA DOS AGENTES. • Eficácia: MEIOS E INSTRUMENTOS empregados pelos agentes no exercício de seus misteres na Administração – INSTRUMENTAL. • Efetividade: voltada para os resultados obtidos com as ações administrativas - RESULTADO. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Reforma Administrativa: medidas efetivas propiciem melhoria contínua e crescente no funcionamento da Administração. Revela-se uma preocupação em modernizar a Administração, para que tenha EFICIÊNCIA, atue sem corrupção, não desperdice recursos públicos e respeito o indivíduo tratado-o como cidadão, portador de direitos, não como súdito que recebe favor. A importância da Administração se revela pelo tratamento amplo que hoje recebe nas Constituições, inclusive a brasileira. À medida que se foram ampliando as funções do Estado aumentaram as atividades da Administração. Hoje adquiriu dimensões gigantescas e tornou-se fundamental na vida da coletividade. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA Reforma Administrativa – Doutrina de Odete Medauar em Direito Administrativo Moderno, 20. ed, ver., atual., e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. pág. 50. Opina a doutrinadora: Aula 2: Direito Administrativo Princípios A teoria da burocracia - Max Weber Qualquer sociedade, organização ou grupo que se baseie em leis racionais é burocrática. A burocracia prevê: a organização em uma estrutura sistêmica, um grupo organizado e estável de meios adequados para o alcance dos objetivos. Burocracia=único modo de organizar eficientemente um grande número de pessoas e que detalha todas as tarefas. A burocracia promove a competência técnicae a eficiência. É a teoria aplicada por governos e pela administração pública. As organizações bem sucedidas são aquelas que atuam de maneira burocrática. Bases da Burocracia: formalização ou regras definidas, Divisão do trabalho Hierarquia, Impessoalidade, competência técnica, Previsibilidade de funcionamento. O modelo burocrático, da CF 88 e em todo o sistema do direito administrativo brasileiro, é baseado : INSTITUIÇÕES HIERARQUIZADAS e CONTROLE NOS PROCESSOS. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Em Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional, de Alexandre de Moraes, no que tange ao Princípio da Eficiência e a burocracia este revela: Desburocratização: uma das características básicas do princípio da eficiência é evitar a burocratização da administração pública, no sentido apontado por Canotilho e Moreira, de “burocracia administrativa, considerada como entidade substancial, impessoal e hierarquizada, com interesses próprios, alheios à legitimação democrática, divorciados dos interesses da população, geradora dos vícios imanentes às estruturas burocráticas, como mentalidade de especialistas, rotina e demora na resolução dos assuntos dos cidadãos, compadrio na seleção de pessoal.” (Pág. 785) Aula 2: Direito Administrativo Princípios Wander Garcia, Doutor e Mestre pela PUC/SP, autor de diversos livros voltados para concursos públicos, opina Antes da EC 19/98 já havia previsão do Princípio da Eficiência no Decreto-Lei 200/67 que regula a Administração Pública Federal: a) Art. 25, VII : fortalecimento do sistema de mérito b) Art 25, V : dirigentes capacitados c) Art. 26, III: Supervisão ministerial das entidades da administração indireta d) Art. 100: demissão de servidor ineficiente ou desidioso A Reforma Administrativa ocorrida em 1998 trouxe EXPLICITAMENTE o princípio geral da eficiência. Tal reforma estava preocupada em diminuir o controle de meios (administração burocrática) e focar no controle dos fins (administração gerencial), controle que se volta para os resultados, ou seja, para a eficácia. Porém não se pode buscar a EFICIÊNCIA a qualquer custo. Esse princípio deve ser obedecido sem desconsiderar os demais, como Legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. Aula 2: Direito Administrativo Princípios Wander Garcia, Doutor e Mestre pela PUC/SP, autor de diversos livros voltados para concursos, opina: A administração pública gerencial não abandona as conquistas da administração pública burocrática, em especial o combate aos vícios da administração publica patrimonialista (corrupção, personalismo, confusão entre o patrimônio do soberano e o público, nepotismo, entre outros) Aula 2: Direito Administrativo Princípios Supremo Tribunal Federal: Princípios constitucionais: CF, art. 37: seu cumprimento faz-se num devido processo legal, vale dizer, num processo disciplinado por normas legais. Fora daí, tem-se violação à ordem pública, considerada esta em termos de ordem jurídico- constitucional, jurídico-administrativa e jurídico-processual. [Pet 2.066 AgR, rel. min. Carlos Velloso, j. 19-10-2000, P, DJ de 28-2-2003.] Aula 2: Direito Administrativo Princípios Princípio da Eficiência – POSSUI ALGUMAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS conforme ALEXANDRE DE MORAES. Constituição do Brasil Interpretada. Pág. 784 a 786 a) Direcionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade do bem comum * Art. 3º, IV CF * Vetor de interpretação seja na edição de leis seja nas suas aplicações b) Imparcialidade * A atuação da Adm Pública deve ser imparcial e independente. * imparcialidade: independência frente aos interesses privados, independência frente aos interesses partidários, independência frente aos concretos interesses políticos do governo c) Neutralidade: * Não é abstenção, assume uma posição valorativa de simultânea e igual consideração de todos os interesses ponderados. e) Transparência: * transparência das atividades dos órgãos e dos agentes públicos. Afasta qualquer tipo de favorecimento ou discriminação. f) Participação e aproximação dos serviços públicos da população: * favorecer a gestão participativa. Ver § 3º do Art. 37 (formas de participação do usuário) Aula 2: Direito Administrativo Princípios Princípio da Eficiência – POSSUI ALGUMAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS conforme ALEXANDRE DE MORAES. Constituição do Brasil Interpretada. Pág. 784 a 786 f) Eficácia * eficácia material: adimplemento de suas competências * eficácia formal: adimplemento no curso do procedimento, na obrigatoriedade do impulso ou resposta g) desburocratização: * no sentido: rotinas e demoras nas resoluções dos assuntos dos cidadãos h) Busca da qualidade: * qualidade de um serviço público é antes de tudo, qualidade de um serviço, sem distinção se prestado por instituição de caráter público ou privado. * busca-se a otimização dos resultados pela aplicação de certa quantidade de recursos e esforços, incluída a satisfação do consumidor, cliente ou usuário. Aula 2: Direito Administrativo Princípios CASO CONCRETO Caso Concreto: O prefeito do município “P", conhecido como João do “P”, determinou que, em todas as placas de inauguração das novas vias municipais pavimentadas em seu mandato na localidade denominada “E”, fosse colocada a seguinte homenagem: “À minha querida e amada comunidade “E”, um presente especial e exclusivo do João do “P”, o único que sempre agiu em favor de nosso povo!” O Ministério Público estadual intimou o Prefeito a fim de esclarecer a questão. Na qualidade de procurador do município, você é consultado pelo Prefeito, que insiste em manter a situação. Indique o princípio da Administração Pública que foi violado e por que motivo. Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS A cada um dos Poderes do Estado foi atribuída determinada função. Assim os Poderes Estatais desempenham também funções que materialmente deveriam pertencer a Poder diverso. O Poder Executivo incumbe precipuamente a função administrativa. São funções do Poder Executivo, exceto: a) Função normativa, como função típica. b) Função normativa, como função atípica. c) Função jurisdicional, como função atípica d) Função administrativa, como função típica. e) Função administrativa residual Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS Não é consenso entre os administrativistas a tarefa de identificar a função administrativa. A doutrina contribuiu criando uma classificação . Segue: A – Critério subjetivo – realça o sujeito ou agente da função B – Critério material – realça o conteúdo da atividade C – Critério formal – realça o regime jurídico se situa a relação Classifique abaixo os serviços públicos conforme a doutrina A, B ou C. a) Empresa Privada. Transporte coletivo de passageiros (ônibus). b) Hospital Municipal Souza Aguiar. Prestação de serviços de assistência médico hospitalar. c) Vivo SA. Prestação de serviços de telefonia móvel. d) Colégio Pedro II. Prestação de serviços educacionais. e) Empresa Privada. Coleta de Lixo. f) Concessão Ponte Rio Niterói. Administração trecho da BR-101. g) Polícia Militar. Segurança Pública. h) Taxi. Serviço de transporte de passageiros. Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS O Direito Administrativo surgiu no período do: a) Estado Liberal b) Estado Absolutista c) Estado de Natureza d) Estado deBem estar social e) Estado de Social Direito Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS As três funções do Estado são: Legislativa, executiva e jurisdicional. Além dessas funções básicas e típicas, a doutrina classifica as funções administrativas da seguinte forma: A – Critério subjetivo – realça o sujeito ou agente da função B – Critério material – realça o conteúdo da atividade C – Critério formal – realça o regime jurídico se situa a relação Todas as situações abaixo são consideradas funções administrativas, para identificá-las adote um dos critérios doutrinários acima: a) Empresa Privada. Transporte coletivo de passageiros (ônibus). b) Hospital Municipal Souza Aguiar. Prestação de serviços de assistência médico hospitalar. c) Vivo SA. Prestação de serviços de telefonia móvel. d) Colégio Pedro II. Prestação de serviços educacionais. e) Empresa Privada. Coleta de Lixo. f) Concessão Ponte Rio Niterói. Administração trecho da BR-101. g) Polícia Militar. Segurança Pública. h) Taxi. Serviço de transporte de passageiros. Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS Acerca da função política ou função de governo : a) Atividade de ordem superior referida à direção em seu conjunto ou sua unidade, dirigida a determinar os fins e as diretrizes. b) Conjunto das funções do Estado incluindo legislação e Jurisdição. c) Prepondera sobre o Poder Executivo e Legislativo. d) Não há exclusividade no exercício da função de governo pelo Poder Executivo, há preponderância. e) Aquela que traça diretrizes, dirige, comanda e elabora planos de atuação. Estão corretas: A, B, D e E. A, D, E B, C, D A, C e E Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS A função administrativa é o mesmo que função de governo? Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS O princípio pelo qual o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de pratica ato inválido denomina-se: a) Eficiência b) Publicidade c) Impessoalidade d) Legalidade e) Moralidade Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS A Prefeitura celebrou contrato de prestação de serviços com Empresa Rolinho Ltda para fornecimento de papel higiênico para hospitais da rede pública em 01/12/2017 para fornecimento imediato. O setor da Prefeitura responsável pela elaboração do contrato esqueceu de publicá-lo no Diário Oficial do Município no prazo definido em lei. Constatando seu erro, providenciou a publicação POR OMISSÃO em 01/02/2018, 60 dias após a celebração do contrato. Pergunta-se: a) Qual(is) princípio(s) foi(ram) violado(s)? b) O contrato tem validade? Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS Determinado prefeito de uma grande cidade brasileira, possui quase um diário em seu Facebook, publicando todos as ações do dia realizados pelo prefeito, sempre usando frases o exaltando, algumas vezes pontuando comparações com a administração anterior e seu partido, e quase sempre usando as hashtag. Por conta desse marketing pessoal, abriu a discussão no mundo jurídico. Viola o princípio da impessoalidade por parte de servidores públicos que fazem marketing pessoal em mídias impressas e eletrônicas? Aula 2: Direito Administrativo Princípios QUESTÕES – REFORÇANDO CONHECIMENTOS A filósofa Marilena Chauí tem um importante texto que trata do “O senso comum”. Há uma grande diferença entre nossas certezas cotidianas e o pensamento científico. Nossas opiniões cotidianas formam o senso comum da nossa sociedade, criam certezas que são transmitidas de geração a geração. O conhecimento científico desconfia das veracidades da nossa certeza. Não é de hoje que se escuta que a Administração Pública é lenta e burocrática. A palavra burocracia é utilizada de forma pejorativa para denotar ineficiência. No entanto a Teoria da Burocracia é amplamente utilizada em países desenvolvidos, pois além de organizar a Administração Pública cria um organismo lógico que facita o controle dos atos pelos administrados. Usando argumentos jurídicos, é possível abandonarmos a teoria da burocracia na Administração Pública do Brasil? Se sim, como?
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