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Lei Maria da Penha

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Lei Maria da Penha: em favor da vida, pelo fim da impunidade.
Assistentes Sociais: Estephany Mesquita (CRESS-8386)
LEI 11.340/06
Se destina a combater e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecendo medidas para a prevenção, assistência e proteção às mulheres vitimas de violência.
Como surgiu?
Maria da Penha Maia Fernandes, biofarmaceutica, casada com o professor universitario Marco Antonio Herredia Viveros, com o qual teve três filhas.
Simpático e solícito no início do casamento, Marco Viveros começou a mudar depois do nascimento da segunda filha que, segundo relatos de Maria da Penha, coincidiu com o término do processo de naturalização (Viveros era colombiano) e o seu êxito profissional.
Foi a partir daí que as agressões se iniciaram e culminaram com um tiro em uma noite de maio de 1983. A versão dada pelo então marido é que assaltantes teriam sido os autores do disparo.  Depois de quatro meses passados em hospitais e diversas cirurgias, Maria da Penha voltou para casa e sofreu mais uma tentativa de homicídio: o marido tentou eletrocutá-la durante o banho. Neste período, as investigações apontaram que Marco Viveros foi de fato autor do tiro que a deixou em uma cadeira de rodas.
Sob a proteção de uma ordem judicial, Maria da Penha conseguiu sair de casa, sem que isso significasse abandono do lar ou perda da guarda de suas filhas. E, apesar das limitações físicas, iniciou a sua batalha pela condenação do agressor.
A primeira condenação viria somente oito anos depois do crime, em 1991. Mas Viveros conseguiu a liberdade. Inconformada, Maria da Penha resolveu contar sua história em um livro intitulado Sobrevivi… posso contar (1994), no qual relata todas as agressões sofridas por ela e pelas filhas. 
Por meio do livro, Maria da Penha conseguiu contato com o CEJIL-Brasil (Centro para a Justiça e o Direito Internacional) e o CLADEM-Brasil (Comitê Latino-Americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher), que juntos encaminharam, em 1998, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma petição contra o Estado brasileiro, relativa ao paradigmático caso de impunidade em relação à violência doméstica por ela sofrido (caso Maria da Penha nº 12.051).
Em 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em seu Informe nº 54, responsabilizou o Estado brasileiro por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres.
No mês de outubro de 2002, faltando apenas seis meses para a prescrição do crime, Marco Viveros  foi preso. Cumpriu apenas 1/3 da pena a que fora condenado.
Depois de ter seu sofrimento conhecido em todo o mundo, é que Maria da Penha viu o Brasil reconhecer a necessidade de criar  uma lei que punisse a violência doméstica contra as mulheres.  Para ela, que se tornou símbolo desta luta, a Lei nº 11.340 significou dar às mulheres uma outra possibilidade de vida.
“A principal finalidade da lei não é punir os homens. É prevenir e proteger as mulheres da violência doméstica e fazer com que esta mulher tenha uma vida livre de violência”.
O caso de Maria da Penha foi incluído pela ONU Mulheres entre os dez que foram capazes de mudar a vida das mulheres no mundo.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
Para a configuração da violência doméstica não é necessário somente que as partes sejam marido e mulher. O que enseja a aplicação da Lei 11340/06 é o tipo de relacionamento entre os envolvidos: afetivo, familiar e doméstico. 
Afetivo: agressor convive ou tenha convivido com a ofendida (marido/mulher, companheiros, namorados, noivos e ex). 
Familiar: indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa (mães, tia, sobrinho, irmãos, etc) 
Doméstico: envolve pessoas no espaço caseiro, inclusive as esporadicamente agregadas. Aqui não há necessidade da relação familiar, mas o agressor e vitima devem conviver de forma continuada. 
Por exemplo: uma empregada doméstica que presta serviço a uma família está sujeita à violência doméstica que pode ser praticada pelo patrão, pela patroa, por um filho ou parente deste. 
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A violência contra a mulher há séculos se faz presente nas sociedades, estando profundamente arraigadas nos costumes, hábitos e comportamentos. Daí ser tão difícil rompê-la. Na Grécia Antiga as mulheres não tinham direitos jurídicos, não recebiam educação formal, eram proibidas de aparecer sozinhas em público. Em Roma as mulheres não eram consideradas cidadãs, não podiam exercer cargos públicos e eram colocadas no mesmo patamar que as crianças e os escravos. Era vista somente como procriadora. O Cristianismo retratou a mulher como pecadora e culpada pelo desterro dos homens do paraíso, devendo, por isso, ser submissa e obediente aos homens – seres de grande iluminação e salvação das mulheres.
No Brasil, antes da República, sob o pretexto do adultério, o assassinato de mulheres era legítimo. O marido podia matar a ambos. 
O Código Civil de 1916 - A mulher deveria ter autorização do marido para poder trabalhar e era considerada relativamente incapaz. Até 1919 a mulher não podia exercer cargo público e somente 1932 é que conseguiu o direito ao voto. 
Anos 80, diante das noticias de vários assassinatos de mulheres por seus companheiros, a luta contra a violência explodiu. As mortes Ângela Diniz (RJ), Eliane de Gramont(SP) e outras tiveram extraordinária repercussão no país.
1985 - DELEGACIAS DA MULHER em vários estados – Estímulo denúncias – Visibilidade problema. Atendimento especializado, feito por mulheres e o chamamento do agressor perante a autoridade policial já dava certa confiança à ofendida e o agressor ficava intimidado, com medo, face a instauração do inquérito policial e da ação penal. 
Em 2002, surgiu a Lei 10.455/02, acrescentando um parágrafo ao Art.69 da Lei 9099/95, onde timidamente falava da violência doméstica. Era uma medida cautelar, de natureza penal, onde o juiz poderia afastar o agressor do lar, domicilio ou local de convivência com a vítima. 
Em 22.09.2006 entrou em vigor a Lei 11.340, conhecida popularmente como Lei Maria da Penha, legislação específica que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecendo medidas para a prevenção, assistência e proteção às mulheres vitimas de violência. 
O QUE MUDOU COM A LEI
a)O (a) agressor(a) pode ser preso(a) em flagrante e ter prisão preventiva decretada em crimes que eram, antes da lei, considerados de menor potencial ofensivo; 
b)A pena máxima para o crime de lesão corporal leve aumentou de 01 (um) para 03 (três) anos de detenção; 
c)Aboliu as penas pecuniárias (doação de cesta básica e pagamento de multa); 
d)deverão ser instaurados inquéritos policiais em todos os crimes que envolvam violência doméstica contra a mulher e não são mais permitidos os simples registros em TCO (termo circunstanciado de ocorrência); 
e)definiu os tipos de violência: física, moral, patrimonial, psicológica e sexual; 
f)a mulher recebeu proteção maior – podem ser concedidas medidas protetivas de urgência; 
g)a ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor; 
h)a mulher é comunicada de todos os atos do processo, especialmente o ingresso e a saída do agressor da prisão;
 i)criou os juizados especializados.
TIPOS DE VIOLÊNCIA 
VIOLÊNCIA FÍSICA: 
Qualquer ato por parte do agressor que ofenda a integridade física ou a saúde da mulher ofendida, deixando ou não marcas evidentes. 
Ex: empurrões, pontapés, puxões de cabelo, tentativa de asfixia, bofetadas, arremesso de objetos, queimaduras, feridas por arma, torcer os braços, etc. 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
Compreende o dano emocional com a diminuição da auto estima, a ameaça, o constrangimento, a humilhação, a perseguição, o insulto, a ridicularização, a chantagem e a exploração. Às vezes, é tão ou mais prejudicial que a física. Trata-se de uma agressão que não deixa sinais ou vestígios) corporais visíveis, mas emocionalmente deixa terríveis
marcas por toda a vida. 
Ex: acusações sem fundamento; restrição ao acesso a serviços, escola, emprego; controlar o que a mulher faz, com quem fala, o que lê, aonde vai, usando como justificativa o ciúme; ameaçar tomar a guarda dos filhos; causar danos propositais a objetos e animais de estimação; ironizar publicamente, etc. 
VIOLÊNCIA SEXUAL 
Qualquer ato que obrigue a mulher a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada, ainda que com o cônjuge ou companheiro, ou que a impeça de utilizar método anticoncepcional (camisinha, comprimidos, tabela e outros). 
Ex: participação forçada em pornografia, toques e caricias não desejadas, expressões verbais ou corporais que não são do agrado da pessoa, forçar relações sexuais quando a pessoa não quer ou quando está dormindo ou doente, etc
 VIOLÊNCIA PATRIMONIAL
É a retenção, subtração, destruição de objetos da mulher, objetos de trabalho, bens, valores e recursos econômicos. 
 VIOLÊNCIA MORAL 
Compreende a CALÚNIA (acusar falsamente alguém da prática de um crime), DIFAMAÇÃO (afirmar que alguém praticou um ato que a desonre) e INJÚRIA (dirigir a outrem ofensas injustas). 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS
São medidas concedidas pelo juiz em favor da mulher objetivando cessar a violência. Para o homem as medidas protetivas são também benéficas pois, em alguns casos, a ele é dado primeiramente a oportunidade de cumprir aquelas determinações ao invés de ser decretada sua prisão. Funcionam como um alerta, um aviso para que o homem possa perceber que aquele seu comportamento é uma forma de violência contra a mulher e que não pode ser aceito. Exemplos:
1.Afastamento ao agressor do lar, domicilio ou local de convivência com a ofendida; 
2.Proibição ao agressor de se aproximar da ofendida; 
3.Proibição ao agressor de contactar com a ofendida, seus familiares e testemunhas, por qualquer meio de comunicação; 
4.Obrigar o agressor a dar pensão de alimentos provisórios; 
5.Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores; 
6.Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente; 
7.Determinar a separação de corpos. 
8.Determinar a recondução da ofendida e filhos ao lar, após o afastamento do agressor. 
9.Encaminhar a ofendida e seus dependentes a abrigos em situação de risco de vida. 
10.Restituição de bens indevidamente subtraidos pelo ofensor.

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