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Módulo 2 Controvérsias entre Clássicos

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1 
 
Controvérsias entre Clássicos e Keynesianos: Uma introdução a 
Demanda e Oferta Agregadas 
 
Rafael Terra 
Introdução 
A Ciência Econômica é, como se sabe, uma ciência humana, que lida com o problema 
da escassez. Para isso, analisa a produção, o consumo e a distribuição de bens e 
serviços. No âmbito da Economia, a Microeconomia busca avaliar os comportamentos 
econômicos individuais, e a Macroeconomia avalia os comportamentos e interações dos 
agregados econômicos (baseados nos comportamentos individuais). Apesar de recorrer 
constantemente à matemática, a ciência econômica o faz com o intuito de obter uma 
simplificação da realidade, composta de complexas relações entre pessoas, firmas, 
instituições e países. Com isso, os economistas conseguem prever efeitos de políticas de 
forma ex-ante, i.e. antes de serem implementadas, ou podem avaliar quais as melhores 
formas de garantir um melhor padrão de vida às pessoas. 
Dentro da Ciência Econômica, a Microeconomia é relativamente menos controversa. Os 
estudos sobre a demanda individual, baseada no princípio da maximização da utilidade, 
são definidos com grande rigor matemático. Da mesma forma, os estudos sobre a oferta 
das firmas individuais, também contam com um arcabouço analítico bastante preciso. 
A Macroeconomia é, no entanto, bem mais controversa. Os modelos e teorias 
macroeconômicas (ainda que muitas vezes matematicamente fundamentados) são 
baseados em hipóteses muitas vezes divergentes, que levam a conclusões opostas. Nesse 
sentido, a força das hipóteses altera a conclusão dos modelos e as implicações em 
termos de políticas. A maior discussão entre os macroeconomistas contemporâneos é 
protagonizada por dois grupos de economistas denominados “Clássicos/ou 
Neoclássicos” e “Keynesianos”. Outras denominações para os dois grupos são 
“Ortodoxos” e “Heterodoxos”. No Brasil também se costuma empregar os rótulos 
“desenvolvimentista” aos economistas “Keynesianos” e “liberal” ou “neo-liberal” para 
designar os economistas com ideias “clássicos”. Por último, “Novo-keynesianos” é um 
rótulo para definir economistas que admitem uma série de ideais Clássicos, mas 
2 
 
divergem em outras questões que os fazem se aproximar de algumas conclusões sobre 
política econômica similares às de Keynes. 
Estes vários termos, no fundo, têm origem na visão sobre o papel do Estado na 
Economia. Os modelos de cada corrente teórica chegam a conclusões opostas sobre o 
papel do Governo. Enquanto os Clássicos defendem uma atuação mínima do Estado na 
Economia, pois este geraria apenas ineficiência ou instabilidade, os Keynesianos 
defendem que o Estado possa atuar ativamente para estabilizar a Economia e promover 
o crescimento e a distribuição de renda. 
No fundo, essas divergências se originam das teorias e hipóteses de cada corrente sobre 
o funcionamento da Oferta Agregada e a determinação do nível de produção (ou renda). 
Para os Keynesianos, a demanda agregada é que determina o nível do produto, a Oferta 
Agregada tem um papel passivo de apenas atender a Demanda. Já os Clássicos, 
acreditam que a Oferta é que determina o nível de produto, ela “cria sua própria 
demanda”, a essa hipótese é dado o nome de “Lei de Say”. A discussão pode ser 
resumida, ao fim e ao cabo, sobre a característica dos preços, se rígidos ou flexíveis. Os 
Clássicos argumentam que os preços são flexíveis, isto é, qualquer política que não 
altere os insumos ou tecnologia na função de produção da economia, não irá ter 
qualquer efeito sobre o aumento da produção, pois os agentes são racionais ao ponto de 
perceberem quando as políticas só afetam variáveis nominais. Os keynesianos, por outro 
lado, argumentam que pelo fato dos preços serem rígidos (ou reajustados somente com 
grande defasagem de tempo), políticas de estímulo à demanda agregada como o 
aumento nos gastos do governo têm efeitos sobre a produção. 
 
A Demanda Agregada 
A curva de demanda agregada mostra para cada nível de preços qual seria a intenção de 
despesa (demanda) com bens e serviços dos cidadãos da economia. A inclinação é 
negativa, o que significa que quanto menor o nível geral de preços, maior a demanda. 
Movimentos “ao longo” da curva de demanda agregada são ocasionados por alterações 
no nível de preços. Mas a interpretação é diferente daquela da demanda de um só 
consumidor e um só produto. Uma redução no nível geral de preços implica uma maior 
disponibilidade de encaixes reais ( ) para os indivíduos do país, que podem gastá-
3 
 
los em Consumo (C), Investimento (I), Gastos do Governo (G) ou exportações e 
importações (M), fatores que determinam a Demanda Agregada e o Produto pela ótica 
da despesa. 
 
 
 
 
Figura 1 – Uma representação genérica da Demanda Agregada 
 
Note que a demanda Agregada pode ser representada como uma função dos 
componentes da despesa agregada 
 . (1) 
Em que é a despesa, é o investimento, é o gasto público, representa a 
exportação e a importação. Essa representação se baseia na ótica das despesas das 
contas nacionais. Esta é a forma da demanda agregada segundo Keynes. 
De fato, a DA de Keynes considera o consumo como função da renda, i.e. 
 , em que é a renda, é a proporção da renda adicional que é consumida 
(propensão marginal a consumir), e é o consumo autônomo (de subsistência). 
Ademais, a Demanda Agregada é função de variáveis determinadas por fatores 
exógenos (ou autônomas). No modelo keynesiano, são autônomos os gastos do Governo 
4 
 
(G), as exportações (X), o Investimento (I), e o consumo autônomo ( ). As 
importações podem também ser consideradas função da renda, tal que 
 , em que é a propensão marginal da renda a importar. No diagrama (P x Y) a DA 
de Keynes poderia ser representada conforme a figura 2. 
Variações nos itens autônomos da demanda Keynesiana descrevem deslocamentos 
paralelos da curvas de demanda. Na Demanda Keynesiana, variações positivas no gasto 
do Governo provocarão deslocamentos paralelos à direita na Demanda Agregada. O 
mesmo vale para os demais componentes . Variações negativas representam 
deslocamentos para à esquerda. O nível de Preços P não se encontra entre parênteses 
junto com as demais variáveis, porque a inclinação da curva na figura 2 já deixa claro 
que a demanda é também função do nível de preços. 
O fato do consumo ser uma função da renda no modelo Keynesiano (ver no capítulo da 
apostila sobre Macroeconomia Keynesiana), produz o chamado multiplicador de gastos, 
o qual, em linhas gerais, implica que o efeito de uma variação nos componentes 
autônomos produzem efeitos proporcionalmente maiores sobre o PIB. As importações, 
por outro lado, atuam de forma semelhante, mas a propensão marginal a importar 
reduz o efeito do multiplicador de gastos na renda. 
 
 
 
Figura 2 – A Demanda Agregada Keynesiana 
5 
 
 
Os teóricos Clássicos, por outro lado consideram uma Demanda Agregada que se baseia 
na equação quantitativa da moeda, dada por 
 , (2) 
em que M é a oferta de moeda, V é a velocidade de circulação da moeda (o número de 
vezes que a moeda é transacionada em determinado período, e.g durante um ano), P é o 
nível de preços (calculado com base em um período inicial 0) e Y é a quantidade de 
bens transacionados em termos reais (em valores do período base 0). Note que o lado 
esquerdo da equação quantitativa da moeda mede o valor total das transações, e.g. se eu 
tenho 1 bilhão de reais de oferta de moeda e estas trocam de mãos em média 1000 vezes 
ao ano, o valor total de transações será de 1 trilhão. Do lado direito temos um produto 
real, em valores doperíodo base 0, igual a 500 bilhões de reais, e um nível de preços do 
período corrente igual a 2, o que resulta em 1 trilhão de reais em valores correntes. Com 
base nessa equação quantitativa da moeda, os economistas clássicos obtêm a função 
demanda agregada rearranjando-a 
 
 
 
 ̅ (3) 
em que a velocidade ̅ com que a moeda troca de mãos é considerada constante no 
curto prazo. Perceba que o nível de produto varia diretamente com a moeda em 
circulação, inversamente com o preço, e diretamente com a velocidade de circulação. 
No diagrama (PxY) teríamos a DA clássica com inclinação negativa, idêntica a figura 3. 
 
6 
 
 
Figura 3- Demanda Agregada Clássica 
 
Poderíamos escrever a Demanda Agregada Clássica como , mas 
também nesse caso podemos omitir o nível de preços nessa função. No diagrama 
(PxY), portanto, escrevemos Demanda Agregada em função das variáveis que causam 
movimentos (deslocamentos) paralelos da curva, no caso clássico . 
No exemplo Clássico, uma expansão na oferta de moeda deslocará a curva de 
demanda paralelamente para a direita, o que significa que para os mesmos níveis de 
preço, após a expansão monetária, haverá maior demanda por bens e serviços. Essa 
maior demanda se deve à maior disponibilidade de encaixes reais ( ) para satisfazer 
as transações e ao maior investimento induzido pela redução nos juros
1
. 
 As duas Demandas Agregadas no fundo descrevem os mesmos fenômenos, mas 
enquanto a DA de Keynes se vale da ótica da Despesa, e demanda Clássica se baseia na 
ótica dos recursos (medido pelos encaixes reais). 
John Hicks e Paul Samuelson organizaram o que ficou conhecido como “Síntese 
Neoclássica”, baseada no trabalho de Hicks, conhecido como Modelo IS-LM. Essa 
síntese buscava incorporar os principais elementos do modelo keynesiano no arcabouço 
 
1 Isso ocorre porque após a expansão monetária, ao nível de taxa de juros vigente, haverá no mercado 
de ativos (títulos) um excesso de demanda por títulos (mais pessoas querendo se desfazer de moeda e 
comprar títulos – i.e., emprestar dinheiro). Como a oferta de moeda é fixada pelo Banco Central, para 
equilibrar esse mercado, os vendedores de títulos (tomadores de dinheiro) vão exigir taxas de juros mais 
baixas, até que o mercado se equilibre. 
7 
 
clássico. Nesse cenário, a Demanda Agregada de acordo com o Modelo IS-LM pode ser 
escrita no diagrama (P x Y) como função dos dois principais instrumentos autônomos 
de políticas públicas: a oferta de moeda (política monetária), e os gastos públicos 
(política fiscal). Portanto, . Se o câmbio fosse fixo, as exportações 
também poderiam ser consideradas fatores autônomos da função Demanda Agregada 
sob o controle do Governo. Mas no modelo IS-LM esse é apenas um caso especial, há 
situações em que o câmbio é flutuante, o movimento de capitais é totalmente liberado 
ou totalmente restrito. Adicionalmente, no modelo IS-LM o Investimento também não é 
autônomo, mas determinado pela taxa de juros no mercado de ativos e de moeda. 
Finalmente, a Demanda Agregada, seja ela clássica, keynesiana, ou obtida pelo modelo 
IS-LM, afeta o nível de produção e renda dependendo do formato da Oferta Agregada. 
Aí se encontram as maiores controvérsias entre keynesianos e clássicos. 
 
A Oferta Agregada 
Para Keynes, a Oferta Agregada é horizontal (ver figura 4), i.e. infinitamente elástica 
em relação aos preços. Portanto, os preços são rígidos, ao menos no curto prazo. Nesse 
cenário, as firmas ofertam justamente o necessário para atender a demanda. Assim, 
qualquer política, monetária ou fiscal, que provoque o deslocamento na Demanda 
Agregada para a direita, produzirá um nível de produção (ou renda) de equilíbrio maior. 
Vale, então, o princípio da demanda efetiva. 
 
8 
 
 
Figura 4-Oferta Agregada Keynesiana 
 
Para os clássicos, a Oferta agregada é vertical (figura 5). A oferta agregada é obtida pela 
função de produção da Economia, que se baseia somente em variáveis reais como o 
Capital (K), a tecnologia (A), o trabalho (L), o capital humano (H) e os recursos naturais 
(N). A função de produção do país pode ser representada por . 
O termo denota o “Produto Potencial” que informa o maior produto possível de se 
obter com todos os recursos empregados. Também podemos nos referir a esse nível de 
produto, como “produto de pleno emprego dos fatores” ou simplesmente “produto de 
pleno emprego”. Ou seja, não há desperdício de insumos, nem ineficiência na produção. 
9 
 
 
Figura 5 - Como é determinada a Oferta Agregada no modelo clássico 
 
Na figura 5 nota-se no gráfico mais abaixo que a quantidade de trabalho utilizada na 
produção é determinada no mercado de trabalho. A demanda e a oferta de trabalho são 
equilibradas pelo salário real. A quantidade de trabalho de equilíbrio é igual a L*. Note 
que não é possível haver desemprego involuntário nesse caso. Quem não está 
trabalhando é porque acha que deveria ganhar mais para trabalhar, ou em outras 
palavras, é porque valoriza o lazer mais do que o salário que receberia caso decidisse 
trabalhar. 
Essa quantidade de trabalho de equilíbrio combinado a outros fatores como capital, 
capital humano, recursos naturais, etc, produz um nível de produto Y* de forma 
eficiente, empregando todos os fatores (no gráfico mais acima e à esquerda). Portanto, o 
nível de produto se encontra em seu potencial ( , e não depende de variáveis 
nominais como o nível de preços. Daí o formato vertical da Oferta Agregada (no gráfico 
10 
 
mais acima e à direita). A Oferta Agregada clássica pode ser expressa com 
 
 
 
 . 
O mercado de trabalho não determina a oferta de trabalho no modelo keynesiano. Os 
empresários empregam a quantidade de trabalhadores de acordo com a demanda 
agregada que eles esperam enfrentar. Para Keynes, pode haver desemprego involuntário 
se os empresários esperam uma demanda mais fraca. O produto (ou renda) de equilíbrio 
não necessariamente se encontrará no nível de pleno emprego, poderá se encontrar à 
esquerda desse nível. 
A diferença entre o nível potencial e o nível efetivo de produção é chamada de 
“hiato do produto”. Dado que no modelo Keynesiano pode haver desemprego 
involuntário, pode também haver hiato do produto. 
De fato, variações no modelo keynesiano podem incluir um ramo vertical da Oferta 
Agregada, no nível de produto em que há pleno emprego dos fatores. Na figura 6 pode-
se notar que não é possível produzir além do produto potencial, e qualquer política que 
induza a demanda agregada para além desse nível provocará tão somente aumento de 
preços. Isso ficará mais claro na seção seguinte em que Oferta e Demanda Agregadas 
são contrapostas para verificar os efeitos de políticas. 
 
 
Figura 6 - Curva de Oferta Agregada Keynesiana quando se considera a existência de um nível de 
pleno emprego 
11 
 
 
 
Um argumento sobre a forma da Oferta Agregada que é comumente apresentado é o de 
que esta pode ser horizontal no Curto Prazo, mas é Vertical no Longo Prazo. Portanto, 
políticas de estímulo a DA (de expansão nos gastos ou na oferta de moedas) só teriam 
efeitos no curto prazo. 
Pode-se também pensar a oferta agregada como positivamente inclinada (a produção 
aumenta conforme o nível de preços se eleva). O formato da OA depende da forma 
como os agentes (firmas e trabalhadores) definem seus preços por meio de suas 
expectativas em relação ao nível de preços, se se baseiam no nível de preços passados 
para formar seus preços, ou com base em um conjunto mais amplo de informações 
disponíveis.Essa é uma discussão que merece um maior aprofundamento, mas é 
largamente baseada no tópico sobre Curva de Phillips (apresentado com material da 
apostila do curso). A conclusão geral é que, mesmo que no curto prazo a OA seja 
positivamente inclinada, no longo prazo os agentes corrigem suas expectativas de modo 
que políticas que não afetam o lado real da economia não podem aumentar o produto, 
somente produzem elevação do nível de preços e da inflação. 
 
Juntando Demanda e a Oferta Agregadas 
Considerando a Demanda e Oferta Agregadas Keynesiana, podemos verificar na figura 
7, que qualquer política que varie positivamente os componentes autônomos da 
Demanda produzirá um deslocamento na Demanda Agregada para a direita. Como a OA 
é horizontal (preços flexíveis), os efeitos de políticas de ampliação do Gasto Público, do 
Investimento, das Exportações ou do Consumo autônomo terão efeito máximo sobre o 
crescimento do produto. No exemplo dado, uma expansão fiscal de para tal que 
 , aumentará o produto de para . Note que esses níveis de produção são 
inferiores ao nível de pleno emprego. Portanto, é uma situação compatível com a 
existência de desemprego involuntário. 
12 
 
 
Figura 7 – Demanda e Oferta Agregadas Keynesiana e o efeito de uma política fiscal expansionista 
 
Se considerarmos, por outro lado, a Oferta e Demanda Agregadas Clássicas, temos uma 
situação oposta (ver figura 8). A oferta agregada vertical (no produto de pleno emprego) 
irá restringir o aumento da Demanda Agregada. Qualquer estímulo à Demanda 
Agregada só terá efeito sobre o nível de preços, pois o excesso de demanda só é 
corrigido via aumento de preços. Nesse caso, representamos uma política de expansão 
monetária de para , em que o único efeito produzido foi aumentar os preços de 
para , sem impactos no nível de produto. 
 
Figura 8 – Demanda e Oferta Agregadas Clássicas e o efeito de uma política monetária 
expansionista 
 
13 
 
Se tivermos uma situação em que a Demanda Agregada se baseia em um modelo IS-
LM, em que somente os gastos públicos e a oferta de moeda são considerados 
componentes autônomos, e uma Oferta Agregada Keynesiana com um ramo vertical no 
nível de produto de pleno emprego, então, uma política fiscal expansionista (aumento 
dos gastos G), ou uma política monetária expansionista (aumento da oferta de moeda), 
induzirão o crescimento do produto até atingir a plena utilização dos fatores (ver figura 
9). Além desse ponto, as políticas monetária e fiscal somente produzirão aumentos no 
nível de preços (i.e., provocarão uma inflação de demanda). Na figura 9 é possível 
verificar que a política monetária tem efeitos sobre o produto somente enquanto . 
Expansões monetárias adicionais além do produto potencial só refletem em aumento de 
preços. 
 
Figura 9 – Demanda Agregada e Oferta Agregada Clássica e o efeito de uma política monetária 
expansionista 
 
Outra possibilidade é que a Oferta Agregada seja positivamente inclinada (figura 10). 
Nesse caso, as políticas fiscal e monetária expansionistas terão impacto no nível de 
produto se este for inicialmente inferior ao nível de pleno emprego. Além disso, 
também haverá aumento de preços, que alterarão as expectativas das firmas e dos 
trabalhadores levando a renegociações salariais, causando um choque negativo na oferta 
agregada (deslocando-a para a esquerda) e reduzindo o impacto inicial da expansão 
fiscal ou monetária. Portanto, qualquer política de estímulo fiscal ou monetário que 
14 
 
force o produto para além do nível potencial (em que a DA2 e a OA1 se cruzam), 
produzirá, no longo prazo, aumento de preços (com o deslocamento da OA para 
esquerda, temos a OA2) e produto só crescerá até o nível de pleno emprego (ponto em 
que a DA2 e a OA2 se cruzam). 
 
Figura 10 – Uma representação genérica da Demanda Agregada

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