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HELMINTOS TRANSMITIDOS POR VIA ORAL Carlos Eduardo Menezes Viana FORTALEZA-CE UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE FARMÁCIA DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS DISCIPLINA DE PARASITOLOGIA BÁSICA Ascaris lumbricoides Gênero: Ascaris Família: Ascarididae Classe: Secernentea Filo: Nematoda Popularmente conhecido com lombrigas ou bichas; Helmintíase mais frequente; Na maioria dos casos produzem infecções leves e benignas; Estima-se que 1,5 bilhões de pessoas estão infectadas com pelo menos uma espécie de helmintos transmitidos pelo solo (OMS, 2015); Estima-se que 772-892 milhões de pessoas estão parasitadas por A. lumbricoides e 406- 480 milhões com T. trichiura (Pullan et al., 2014); Ocorrem comumente em áreas de clima tropical e subtropical MORFOLOGIA- VERME ADULTO São vermes longos, cilíndricos e com extremidades afiladas; Cutícula lisa e brilhante com finas estriações anulares; Cor variando de branco-marfim a rosado; Boca na extremidade anterior contornado por três fortes lábios com serrilhas de dentículos grandes (um dorsal e dois látero-ventrais), Possuem papilas sensoriais; Esôfago musculoso, cilíndrico, continuando com intestino retilíneo e achatado; Reto envolvido por músculos depressores comunicando-se com ânus em forma de fenda transversal. MORFOLOGIA- VERME ADULTO MORFOLOGIA- MACHO X FÊMEA MACHO FÊMEA Mede de 20 a 30 cm por 2 a 4 mm de largura Mede de 30 a 40 cm por 3 a 6 mm de largura Apresentam um testículo filiforme e enovelado Apresentam dois ovários filiformes e enovelados Possuem dois espículos Possuem única vagina que se exterioriza pela vulva Extremidade posterior fortemente encurvada Extremidade posterior retilínea MORFOLOGIA- MACHO X FÊMEA MORFOLOGIA- OVOS Membrana mamilonada: secretada pela parede uterina, formada por mucopolissacarídeos. Membrana média , bastante espessa, hialina e lisa formada de substância quitinosa proteica. Membrana mais interna, delgada, impermeável à água, formada de 25% de proteínas e 75% de lipídeos Massa de células germinativas 5 0 A 6 0 µ m MORFOLOGIA- OVOS OVOS INFÉRTEIS Quando fêmeas jovens e ainda não fecundadas começam a ovipor; Proporção de fêmeas maior que a de machos; Infecções unissexuais só por fêmeas (número de helmintos reduzidos, em zona de baixa endemicidade) TRANSMISSÃO Ingestão de água e ou alimentos com ovos contendo larva L3; Poeiras, aves e insetos (moscas e baratas) veiculam mecanicamente os ovos; Depósito subungueal com ovos viáveis CICLO BIOLÓGICO Patologia e sintomatologia Invasão larvária Infecção intestinal Localizações ectópicas Assintomáticos PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Invasão larvária Fígado: focos hemorrágicos, inflamação, necrose, aumento do volume do fígado Pulmões: pontos hemorrágicos, edema inflamatório, pneumonia difusa, broncopneumonia. Síndrome de Loeffler: febre, tosse, eosinofilia sanguínea Assintomático (larvas pouco numerosas) SINTOMÁTICOS Infecção intestinal Sintomáticos (30 a 40 vermes) Desconforto abdominal, perda de apetite, emagrecimento Má digestão, náuseas, bruxismo, Irritabilidade, alterações do sono Assintomáticos 03 a 04 vermes Ascaris errático Febre Uso incorreto de medicamentos Alimentos muito condimentados Ascaris errático (localização ectópica) Apêndice cecal causando apendicite aguda, duto pancreático (pancreatite) Duto colédoco e traqueia causando obstrução Abcesso hepático, região do ouvido (otites), canal lacrimal, boca, narinas Verme sofre uma ação irritativa e se desloca DIAGNÓSTICO • Clínico: muito difícil de ser realizado, pois os sintomas são inespecíficos, comuns a outras patologias. • Laboratorial: • Pesquisa de ovos na fezes: método de enriquecimento willis, Ritchie, Kato-Katz e Hoffman (sedimentação espontânea possui alta sensibilidade devido a densidade relativamente alta dos ovos) DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Albendazol Benzimadazóis com amplo espectro antiparasitário; Dose única de 400mg, possui ação contra ovos, larvas e vermes adultos; Age por ligação seletiva nas tubulinas inibindo a tubulina polimerase impedindo a formação de microtúbulos e consequentemente a divisão celular; Age inibindo a captação de glicose e consequente formação de ATP Mebendazol • Mecanismo similar ao Albendazol; • tratamento alcança cura entre 93,8 e 100% e taxas de redução de ovos de 97,9% e 99,5% Piperazina: • Antagonista do GABA causando paralisia flácida, • Pode ser utilizada com óleo mineral para facilitar expulsão em casos de obstrução intestinal Pamoato de Pirantel • Bloqueia atividade neuromuscular por despolariza- ção prolongada, com produção de paralisia do verme. Lavamisol: • Inibe receptores de acetilcolina, causando contração seguida de paralisia muscular, • Pode ser utilizado após primeiro trimestre de gravidez TRATAMENTO Filo Nematoda Classe: Adenophorea Família: Trichuridae Gênero: Trichuris Trichuris trichiura Nome vem do grego que quer dizer cauda capilar, também conhecido por Trichocephalus; Espécie bem antiga, encontrada em muitos primatas do velho mundo; Infecções normalmente silenciosa; Habitat natural no intestino grosso (ceco e apêndice) Trichuris trichiura MORFOLOGIA-VERMES ADULTOS A parte delgada anterior é mais longa que a posterior, lembrando pequenos chicotes; Na extremidade anterior está a boca, é uma abertura simples e sem lábios, onde pode ser observado um pequeno estilete; Em seguida há um esôfago bastante longo e delgado (ocupa 2/3 do comprimento total do verme A parte posterior (cerca de 1/3 do corpo), compreende a porção alargada, onde se localiza o sistema reprodutor simples e o intestino que termina no ânus; Vermes adultos são dioicos e com dimorfismo sexual; Macho mede 4 cm, possui testículo único seguido por canal deferente, ejaculador, extremidade posterior curvada ventralmente com espículo protegido por uma bainha, recoberta por pequenos espinhos; Fêmea mede 5 cm, observa-se ovário seguido de útero, que se abre na vulva, localizado na proximidade da junção entre esôfago e intestino; Vermes adultos vivem de 03 a 04 anos MORFOLOGIA-VERMES ADULTOS MORFOLOGIA-VERMES ADULTOS MORFOLOGIA- OVOS 50 A 54 µm Camada lipídica Camada quitinosa Camada vitelínica CICLO BIOLÓGICO 1.Ingestão dos ovos larvados (infectantes L2) pela via oral; 2.Passagem do ovo pelo estômago e liberação de larva no duodeno; 3.Migração das larvas para o ceco e desenvolvimento das mesmas (três mudas), com posterior transformação em vermes adultos (machos e fêmeas); 4.Eliminação do ovo pelas fezes, contaminando o ambiente; 5 e 6. Desenvolvimento dos ovos embrionados no ambiente, originando ovos larvados, que podem contaminar água e alimentos. PATOGENIA Infecção Leve (<1000 ovos/g de fezes) Moderada (1000- 9999 ovos/g de fezes) Grave (> 10000 ovos/g de fezes) Infecções leves: • Muitas vezes assintomática ou sintomatologia intestinal discreta e inespecífica. Infecções moderadas: • dor de cabeça, epigástrica e no baixo abdômen, diarreia, náusea, vômito resultando na diminuição da ingestão de alimentos, afetando o estado nutricional. Infecções graves: • Síndrome disentérica crônica, diarreia intermitente com presença de muco e sangue, erosões e ulceraçõesde mucosa, falta de apetite, dor abdominal, tenesmo, anemia, desnutrição grave devido à perda de peso, colite, apendicite e prolapso retal. Em caso de crianças retardamento no desenvolvimento físico e cognitivo. PATOGENIA PATOGENIA Migrações dos vermes para o reto Inflamação, formação de edema na mucosa retal, Inicia- se o reflexo de defecação Mesmo na ausência de fezes, o esforço continuado mais possíveis alterações nervosas... DIAGNÓSTICO Muito difícil devido a sintomas inespecíficos, confundindo com outras parasitoses. CLÍNICO Parasitológico de fezes (Lutz, Kato-Katz), pesquisar ovos LABORATORIAL TRATAMENTO Mebendazol: Droga de escolha para essa parasitose; dose de 100mg duas vezes ao dia. Albendazol: Também apresenta boa eficácia, dose única de 400mg ou por três dias; usado associado com Ivermectina. PREVENÇÃO E CONTROLE Uso de instalações sanitárias Lavagem das mãos antes de comer ou manusear alimentos Proteção dos alimentos contra moscas e outros vetores Colaboração da comunidade com os programas de controle Enterobius vermiculares Filo: Nematoda Classe: Secernentea Família : Oxyuridae Gênero : Enterobius Espécie : E. vermicularis Conhecido como oxiúrio; parasito exclusivamente humano; Mais comum em clima temperado, tanto na Europa como na América do Norte; Infecção costuma ser benigna, mas incômoda Enterobius vermiculares MORFOLOGIA-VERMES ADULTOS Possuem cor branca, filiforme, lateral à boca há expansões vesiculosas chamada de “asas cefálicas” Fêmea: mede cerca de 1 cm, cauda pontiaguda e longa, vulva seguida de uma curta vagina que se comunica com dois úteros seguindo de oviduto e ovário; Macho: mede cerca de 5 mm, cauda fortemente recurvada em sentido ventral, possui um espículo e um testículo A – fêmea; a)Expansões vesiculosas;b) Esôfago c/ bulbo esofagiano; c)Intestino; d)Útero; e)Vagina; f) Ovários e ovidutos; g)Reto e ânus. B – Macho; h)Canal ejaculador ; i)testículo. C – Ovo. Bulbo esofagiano Asas cefálicas MORFOLOGIA-OVO • Mede cerca de 50µm, • Apresenta aspecto de um D (um lado mais achatado e outro convexo); • Membrana dupla, lisa e transparente TRANSMISSÃO Heteroinfecção: quando os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem novo hospedeiro. Indireta: quando os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem o mesmo hospedeiro Autoinfecção interna: As larvas eclodem dentro do reto e depois migram até o ceco. Autoinfecção externa ou Direta: levam os ovos da região perianal à boca através das mãos (Crianças, Hábitos precários de higiene) Retroinfecção: As larvas que eclodem na região perianal, penetram pelo ânus e migram pelo intestino grosso até o ceco. CICLO BIOLÓGICO PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Prurido anal noturno, devido a presença do parasito na região perianal; Escoriações abrem caminho para infecções secundárias; Em mulheres pode haver prurido vulvar, vaginite, salpingite e ovarite; Perturbações do sono, irritabilidade; Colites crônicas, apendicite, enterite catarral e granulomas na parede do ceco (infecções mais severas) DIAGNÓSTICO • Clínico: Prurido anal noturno • Laboratorial: • Exame de fezes mesmo com métodos de enriquecimento, só revelam de 5% a 10% dos casos. • Método de Graham (fita gomada): Os ovos ficam aglutinados na região perianal por um tempo, devido sua casca de natureza albuminosa; deve ser feita pela manhã antes do banho; se negativo repetir 5 ou 6 dias (primeira coleta apenas 88% dos casos são revelados em infecção alta e apenas 55% nas moderadas. • Método de Hall (Swab anal) e análise de material retirado de unhas TRATAMENTO Pamoato de Pirantel • Dose de 10mg/kg, dose única com 80- 100% de cura. Albendazol • Para criança acima de dois anos dose única de 100mg com eficácia próxima de 100% de cura. Pamoato de Pirvínio • Dose única de 5 a 10 mg por kg de peso, cura parasitológica em 90 a 95% dos casos Tiabendazol, Ivermectina. • Outras drogas que também podem ser utilizadas PREVENÇÃO E CONTROLE Banho de chuveiro diários ao levantar-se Mudar com frequência as roupas íntimas, pijamas, lençóis p/ cobrir e lençóis de cama Evitar superlotação de quartos Instalações sanitárias adequadas Mãos limpas Educação sanitária Tratamento de todas as pessoas parasitadas da família Cuidado com as unhas Variáveis Ascaris lumbricoides Trichuris trichiura Enterobius vermicularis Duração do ciclo 2 meses 3 meses 2 meses Tempo de embriogênese do ovo no solo 15 dias 25 a 30ºC 15 dias a 25ºC 3 a 6 horas Viabilidade do ovo infectante no solo 1 ano 1 ano 3 semanas Longevidade do verme no intestino 1 a 2 anos 1 a 2 anos 2 meses Postura /dia 200.000 ovos 3.000 a 5.000 ovos 5.000 a 16.000 ovos Numero de espículos 2 espículos 1 espículo recobertos por espinhos 1 espículo recoberto por espinho Faixa etária de maior prevalência 1 a 12 anos 5 a 15 anos 5 a 15 anos Tamanho do verme 30 a 40 cm 3 a 5 cm 5mm a 1cm Tamanho do ovo 60/50µm 50/25 50/20 EXERCÍCIO • Explique porque no método de Graham, é aconselhável fazer a coleta pela manhã e com paciente sem tomar banho. Qual espécie de parasito é diagnosticado com esse método e o que ele pesquisa essencialmente. • Explique como uma infecção por Trichuris Trichiura leva ao prolapso retal. • Explique o que são “Ascaris erráticos” e onde podem ser encontrados.
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