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TEMPERATURA RETAL E FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA

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TEMPERATURA RETAL E FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA DE VACAS GIR 
LEITEIRO, DURANTE O VERÃO 
 MARIA DE FÁTIMA ÁVILA PIRES1, LUCIANO PATTO NOVAES2, LEANDRO 
ESTEVES MOSTARO3, JOÃO ROBERTO DE SOUZA4 
1 Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite e Bolsista do CNPq - Rua Eugênio do Nascimento, 
610 - Juiz de Foa - MG 
2 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite - Rua Eugênio do Nascimento 610 - Juiz de Fora - 
MG 
3 Bolsista de IC do CNPq 
4 Técnico Agrícola da Embrapa Gado de Leite - Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Juiz de 
Fora - MG 
RESUMO: As vacas da raça Gir Leiteiro de alta produção, por possuírem duas fontes extras de 
calor metabólico, resultantes do maior consumo de alimento e do nível mais elevado de 
produção de leite, poderão manifestar algum dos sintomas decorrentes do estresse calórico. O 
objetivo deste trabalho foi estudar o efeito do ambiente sobre a temperatura retal e a freqüência 
respiratória de vacas Gir Leiteiro. O experimento está sendo conduzido na fazenda 
Calciolândia e as avaliações realizadas durante o período de dois anos, em dois dias do mês 
de fevereiro, representando o verão. O ambiente foi monitorado por meio de instrumentos 
apropriados e a temperatura retal e a freqüência respiratória das vacas foram medidas depois 
das respectivas ordenhas da manhã e da tarde. Os resultados preliminares evidenciaram que, 
no verão, durante os dias do experimento, as médias da temperatura ambiente (25,8ºC), da 
umidade relativa (67%) e do ITU (74) permaneceram dentro da zona de conforto térmico 
estabelecida para o gado zebu. A temperatura retal média das vacas durante o verão atingiu 
37,5 e 38,0ºC e a freqüência respiratória média foi de 24 e 31 movimentos/minuto de manhã e 
à tarde, respectivamente, mantendo-se dentro dos níveis normais. O ambiente climático da 
região oeste do Estado de Minas Gerais é termicamente confortável para criação de animais da 
raça Gir Leiteiro e, neste aspecto, pode-se considerar esta raça como ideal para produção de 
leite nestas condições 
PALAVRAS-CHAVE: ambiente, estresse calórico, gado de leite 
RECTAL TEMPERATURE AND RESPIRATION RATE OF GIR COWS, DURING THE 
SUMMER 
ABSTRACT: High production cows of Gir breed can show some symptoms of heat stress, 
because they have two extra sources of metabolic heat in function of the highest feed intake 
and highest level of milk production. The objective of this study was to evaluate the ambient 
effect on the rectal temperature and the respiration rate of Gir cows. The study is carrying out 
in Calciolândia farm and the measures were taken in two years, during two days in February, 
meaning summer. The ambient was monitored using appropriate tools and the cows’ rectal 
temperature and respiratory rate were taken after morning and afternoon milking, respectively. 
The preliminary results pointed out that, in the summer, during the days of the study, the 
ambient temperature means (25.8°C), the relative humidity (76%), the THI (74) kept on the 
thermal comfort zone established for Zebu cattle. During the summer, the mean rectal 
temperature of cows reached 37.5 e 38.0 º C and the mean respiratory rate was 24 and 31 
movements/minute at morning and at afternoon, respectively, ranging into the normal levels. 
The environment of west region of Minas Gerais State is thermically comfortable to rear Gir 
breed animals for dairy production. 
KEYWORDS: environment, heat stress, dairy cattle 
 
 
INTRODUÇÃO 
Os zebuínos e seus cruzamentos têm grande representatividade no rebanho 
leiteiro nacional. O gado Gir Leiteiro, sob controle oficial, apresenta uma 
produção média de 3.200 kg. com registros de lactações acima de 15.000 kg. 
Estes resultados indicam a potencialidade do Gir Leiteiro para as condições 
tropicais brasileiras. A habilidade das raças indianas em sobreviver e reproduzir 
em condições desfavoráveis prevalecentes nos trópicos é atribuída à sua 
adaptação (Baker & Rege 1994). O aceleramento da freqüência respiratória no 
bovino é um recurso de compensação, visando à eliminação pelos pulmões do 
excesso de calor corpóreo. Assim, as raças zebuínas controlam melhor a 
temperatura corporal através da dissipação ativa do calor. No entanto, mesmo 
dispondo destes mecanismos de adaptação às altas temperaturas e umidade 
relativa do ar prevalecente nos trópicos, vacas Gir Leiteiras de alta produção, 
por possuírem duas fontes extras de calor metabólico resultantes do maior 
consumo de alimento e do nível mais elevado de produção de leite, apesar de 
seu nível de tolerância ao calor, poderão manifestar algum dos sintomas 
decorrentes do estresse calórico. Azevedo (2004), detectou, em vacas 
mestiças, um aumento de 0,5ºC na temperatura retal e de 24 movimentos 
respiratórios/minuto no verão em relação ao inverno. O objetivo deste trabalho 
foi estudar o efeito do ambiente sobre a temperatura retal e freqüência 
respiratória de vacas Gir Leiteiro. 
MATERIAL E MÉTODOS 
O experimento, utilizando animais da raça Gir leiteiro, está sendo conduzido na 
fazenda Calciolândia, situada no município de Arcos-MG. As avaliações estão 
sendo realizadas durante o verão, no mês de fevereiro. Os animais utilizados 
no experimento estão em controle leiteiro oficial e participam do Programa 
Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro, trabalho coordenado tecnicamente 
pela Embrapa Gado de Leite. 
Nos dois anos de coletas de dados já realizadas, os animais em teste foram 
divididos em quatro grupos: 1- Animais com produção média diária de até 5kg 
de leite (seis vacas); 2- Animais com produção média diária de 5 a 10kg (45 
vacas); 3- Animais com produção média diária de 10 a 15kh (34 vacas) e 4- 
constituído dos animais com produção média acima de 15kg litros de leite/dia 
(sete vacas). Os grupos de vacas de menor produção (grupos 1 e 2) foram 
utilizados como controle para os grupos de animais mais produtivos. Os 
animais foram amostrados dois dias, no período do verão, em dois anos 
consecutivos. 
De acordo com o manejo da fazenda, os animais são ordenhados 
manualmente duas vezes ao dia, às 3h (ordenha da manhã) e às 14h (ordenha 
da tarde) e, durante o verão, são manejados em sistema de pastejo 
rotacionado de capim tânzania e capim elefante com sombreamento natural. 
Os animais de mais alta produção permanecem confinados todo o dia com 
acesso a pastagem apenas no período noturno. 
O ambiente foi monitorado por meio do termômetro de bulbo seco, bulbo úmido 
e do globo negro, localizados á sombra, dentro do estábulo de ordenha e, outro 
termômetro de globo negro foi colocado ao sol, próximo ao curral de espera. 
Os dados climáticos foram coletados nos mesmos dias de obtenção dos dados 
fisiológicos, com coletas horárias da temperatura ambiente iniciando-se, pela 
manhã, antes da tomada da temperatura retal e finalizando-se após a coleta de 
dados dos animais e, durante todo o período da tarde. O ITU foi calculado a 
partir dos dados de temperatura e umidade relativa do ar, de acordo com a 
equação abaixo: 
ITU = 0,72 (ts-tu) + 40,6 
Onde: 
ts = temperatura do termômetro do bulbo seco , °C 
tu = temperatura do termômetro do bulboúmido, °C 
A temperatura retal e a freqüência respiratória foram medidas depois das 
respectivas ordenhas da manhã e da tarde. A temperatura retal foi obtida por 
meio de termômetro clínico digital introduzido no reto e a freqüência respiratória 
por contagem dos movimentos na região do flanco durante 30 segundos. Os 
valores obtidos foram multiplicados por dois para se ter o número de 
movimentos respiratórios por minuto. Evitou-se, tanto quanto possível, a 
movimentação dos animais no momento de medir a temperatura retal, bem 
como tentou manter-se sempre o mesmo responsável pela coleta de dados. 
Calculou-se as médias da temperatura retal e dos movimentos 
respiratórios/minuto, durante o verão, para os quatro grupos, separadosde 
acordo com a produção de leite. Para os dados climáticos foram também 
calculadas as médias diárias considerando os dois dias amostrados em cada 
ano totalizando quatro dias. Estas médias foram posteriormente classificadas, 
de acordo com o período do dia, em médias obtidas a partir dos dados 
coletados de manhã, entre 3h e 8h, e coletados à tarde, entre !4:00 e 18:00 
h . 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Os resultados preliminares evidenciaram que no verão, nas condições da Zona 
Oeste do Estado de Minas Gerais, durante os dias de experimento, a 
temperatura média do bulbo seco (25,8ºC) permaneceu dentro da zona de 
conforto térmico estabelecida para o gado zebu entre 10°C e 27°C (Muller, 
1989). No entanto, quando se classificou esta variável de acordo com o período 
do dia (manhã e tarde) verificou-se um aumento de 10,2°C entre a temperatura 
ambiente da manhã e da tarde (Tabela 1), alcançando esta última a média 
30,9° C, acima portanto 3ºC do limite térmico da zona de conforto. A umidade 
relativa do ar média de 67%, obtida durante os dias de coleta está, segundo 
Muller (1989) dentro dos limites da normalidade (35-75%) assim como a 
umidade obtida à tarde (Tabela 1), embora, no período da manhã, tenha 
ultrapassado este limite, atingindo 80%. Os valores médios obtidos nos 
termômetros de globo negro, medidos dentro (30,5ºC) e fora (35,0°C) do 
estábulo de ordenha, fornecem uma medida indireta do calor radiante e como 
tal podem expressar a sensação térmica a que os animais estavam submetidos. 
Neste sentido, verificou-se que estes valores permaneceram dentro da faixa 
da temperatura crítica (35ºC) para o gado zebu (Muller, 1989). No entanto, 
considerando apenas o período da tarde, independente do local em que foi 
medido, as temperaturas dos globos negro mostraram valores acima dos 
limites críticos para os zebuínos (Tabela 1). O índice utilizado para medir o de 
conforto térmico dos animais (ITU), calculado a partir dos dados de 
temperatura e umidade relativa, manteve-se na média de 74 podendo-se 
considerar, assim, que os animais estavam submetidos a um estresse térmico 
ameno, segundo a tabela de classificação de níveis de estresse proposta por 
Wiersma (1990) citado por Chestnut & Houston (2004). Ainda, de acordo com 
Wiersma (1990) os dados da Tabela 1 mostram a ausência de estresse no 
período da manhã (ITU=69) e, estresse classificado como moderado à tarde 
(ITU=79). No entanto, segundo McDowell (1972), bovinos de todas as idades 
mostraram graus mensuráveis de desconforto térmico apenas quando o ITU 
atingiu 78. Baseando-se neste parâmetro, observou-se que a ausência de 
temperaturas do ar extremas, durante o verão, resultou em um ambiente que 
pode ser considerado dentro dos limites do conforto térmico para animais da 
raça Gir Leiteiro traduzido por parâmetros fisiológicos (temperatura retal e 
freqüência respiratória) dentro dos padrões considerados normais (37,5°C a 
39,0ºC) e (40 movimentos/minuto) por Stober (1993). Assim, independente do 
nível de produção, a temperatura retal média de vacas Gir leiteiro durante o 
verão atingiu 37,5 e 38,0º C e a freqüência respiratória foi de 24 e 31 
movimentos/minuto de manhã e à tarde, respectivamente. Quando agrupou-se 
os animais de acordo com o nível de produção de leite (Tabela 2), observou-se 
que a temperatura retal e a freqüência respiratória permaneceram dentro dos 
limites da normalidade, tanto de manhã quanto à tarde, e não mostraram efeito 
do nível de produção já que não houve tendência das vacas de maior produção 
apresentarem temperatura retal e freqüência respiratória mais elevadas. Deve-
se considerar contudo, que estes dados são preliminares e, número reduzido 
de animais nos grupos de maior e menor produção de leite pode estar 
interferindo nos resultados. 
CONCLUSÕES 
Os dados mostram que os ambiente climático da região Oeste do Estado de 
Minas Gerais é termicamente confortável para criação de animais da raça Gir 
Leiteiro. Níveis moderados de estresse não alteraram os parâmetros 
fisiológicos estudados (temperatura retal e frequencia respiratória) dos animais, 
o que nos leva a recomendar esta raça, considerando o aspecto de adaptação 
ao clima, como uma opção para os sistemas de produção de leite nas nossas 
condições. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. Azevedo, M. Efeito do verão e inverno sobre os parâmetros fisiológicos de 
vacas mestiças Holandês X Zebu, em lactação, na região de Coronel Pacheco. 
Belo Horizonte: UFMG/Escola de Veterinária , 2004. 85p. Tese Doutorado. 
2. BAKER, R.L.; REGE, J.E.O. . Genetic resistence to diseases and other 
stress in improvement of ruminant livestock in the tropics. In: World Congress 
on Genetics Applied to Livestock Production, 6, Proceedings..., Guelph, 
Canada, v.20, p.405-412, 1994. 
3. MÜLLER, R.P.Bioclimatologia aplicada aos animais domésticos, 3ed., 
Porto Alegre: Sulina, 1989, 262p 
4 McDOWELL, R.E. Determiningthe suitable of livestock to warm climates. In: 
Improvement of livestock production in warm climates. W. H. Freeman and Co., 
São Francisco, 432.p, 1972. 
5. STOBER, M. . Identificação, Anamnese, regras básicas da técnica do 
exame clínico geral. In: ROSEMBERG (ed). Exame clínico dos bovinos, 3.ed., 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993, 419 p 
6 CHESTNUT, A. & HOUSTON, D. Heat stress & cooling cows. 2004. 
http://www.vigortone.com./heat stress.htm 
Tabela 1 Médias das temperaturas do bulbo seco (B.S.), da umidade 
relativa do ar (UR), do globo negro dentro do estábulo de ordenha (G.N.) e, 
do globo negro ao ar livre (G.N.fora) e do índice de temperatura e umidade 
(ITU) medidas em dois dias durante o verão de 2002 e 2003 
HORA B.S G.N (ºC) G.N. fora (ºC) UR (%) ITU 
3:00 – 8: 00 (manhã) 20,7 20,3 21,9 82,4 69 
14: 00 – 18: 00 (tarde) 30,9 40,1 43,1 50,6 79 
 
Tabela 2 Médias da temperatura retal (TR) e freqüência respiratória (FR) de 
vacas da raça Gir Leiteiro de acordo com o nível de produção de leite, 
medidas de manhã e à tarde em dois dias durante o verão de 2002 e 2003. 
 MANHÃ TARDE 
Produção de leite 
média Nº de animais TR( ºC) FR (movimentos/minuto) TR (ºC) 
FR 
(movimentos/minuto) 
0-5Kg 6 38,2 25,2 38,80 37,0 
5-10 Kg 45 37,7 23,2 38,70 34,5 
10-15 Kg 34 37,9 23,4 38,80 34,0 
15-20 Kg 7 37,9 23,4 38,5 37,1

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