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1 BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL Origem, Conceito e Evolução: “Ciência que estuda a relação dos seres vivos com meio ambiente e entre si.” Complexa porque relações representam conjunto simultâneo de fenômenos físicos, químicos e biológicos. Mudanças na estrutura social e econômica a partir dos fins do século XIX: Profundo impacto na exploração pecuária européia; Aceleração da urbanização: aumento na demanda de carne e leite e diminuição na área de terra e mão-de-obra disponíveis para as atividades pecuárias. Passou-se a dar maior importância à produtividade individual registros genealógicos, controle de produção, novas raças e variedades: parte do esforço em aumentar a produção. Mudanças refletiram no Brasil e outros países tropicais gado não atendia aos novos padrões produtivos solução: importação de gado melhorado da Europa para criação em rebanhos puros ou cruzamentos com os nativos. Regiões de clima temperado: maior progresso na produção animal pouca atenção era dada às relações entre animais e o meio. Introdução, nos trópicos e sub-trópicos, de gado proveniente de regiões temperadas: 1° passo para reconhecimento das grandes influências do clima sobre os animais comportamento diferente do país de origem : ↓ características raciais e produtivas. Oikos = casa Logos = estudo Ecologia Animal: 2 Início: não suspeitou-se de problemas seguiram-se repetidas importações de gado especializado. Aumento da produtividade foi temporário seguido de gradual degeneração do gado importado e sua progênie. Êxito: locais de altitude elevada e regiões de clima semelhante ao temperado. Findlay (1950): 1858 já era reconhecido o fracasso das importações. Sucessivos fracassos chamaram a atenção da ciência fato observado: procura de sombra por zebuínos e europeus nas horas de maior insolação, indicava a razão do fracasso: o meio ambiente, principalmente o clima. À nova ciência deu-se o nome de: BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL “Ciência aplicada que estuda os efeitos diretos e indiretos do clima sobre os animais” Outras denominações: Climatologia Zootécnica, Ecologia Zootécnica Simpósio Internacional (Fortaleza - CE, 1986): padronizou-se o nome Bioclimatologia Animal. Desde então muitos progressos foram obtidos. Principais centros de estudo: I. Estações Experimentais de Agricultura dos EUA Universidade de Missouri, Flórida e Califórnia. II. Hannah Dairy Research Institute – Ayrshire Britânica III. INRA França 3 IV. CSIRO Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization Austrália V. Brasil interesse muito pequeno melhorado nos últimos anos. Principais centros: UFV e UNESP (Botucatu e Jaboticabal) ADAPTAÇÃO E TERMOS AFINS 1. Adaptação a um certo ambiente: Mudanças estruturais, funcionais ou comportamentais no animal, objetivando sobrevivência, reprodução e produção em condições adversas. 2. Adaptação biológica: Refere-se às características anatômicas, morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e de comportamento do animal capazes de proporcionarem aumento no grau de bem-estar e a sobrevivência em um ambiente específico. 3. Adaptação genética: Refere-se às características hereditárias do animal que favorecem sua sobrevivência em um ambiente particular e podem promover mudanças por muitas gerações (seleção natural) ou favorecer a aquisição de propriedades genéticas específicas (seleção artificial). OBS: Adaptação genética ocorre na população enquanto que as adaptações fenotípicas são observadas em indivíduos. Exemplo: vaca átomos agrupados em milhões de células experimenta sensações e produz outro conjunto similar. Vive e reproduz em locais, situações e condições determinados (adaptada a certo modo de vida) vacas espalhadas em vários ambientes pelo mundo ressentem ao serem transferidas para ambiente diferente. “““PPPOOORRR QQQUUUEEE???””” 4 Segundo Charles Darwin: mundo modelado durante bilhões de anos de evolução organismos de hoje diferem muito de seus antepassados Darwin: seleção natural é responsável pelas modificações contínuas e reprodução é o mecanismo da seleção natural. Espécies e populações: constituídas de indivíduos se todos adaptados para apenas um certo ambiente: extinção com a mudança ambiental. Sobrevivência aconteceria se houvesse na população um certo número de indivíduos adequados ao novo ambiente (reprodução), mesmo não sendo os melhores população adapta-se quando sobrevive e reproduz (indivíduos não podem se adaptar genéticamente). Variabilidade genética: É a chave da capacidade adaptativa das populações e sua evolução diferentes genótipos dentro de uma população adaptativamente especializados para ocupação de diferentes nichos ecológicos ou contingências ambientais. Exemplo: populações de vacas Holandesas vivendo em clima temperado existem indivíduos mais capazes que os outros de prosperar em clima tropical: características fisiológicas, da pelagem, pele (sudação). Podem não ser os melhores quanto a produção de leite seleção transmissão de características de adaptação associar com elevada produção de leite via seleção. Produção de leite elevada: não é aceita pela seleção natural excesso deve ser evitado não existe associação entre adaptação (conseqüência da seleção natural ) e produção de leite. Conclusões: 1- Vacas de alto potencial genético, mas incapazes de resistir ao ambiente: produção incompatível com seu potencial. 2- Vacas com características de adaptação e baixo potencial: jamais serão boas produtoras. 5 Aclimatização: Refere-se a ajustamentos fisiológicos adaptativos duradouros, que resultam em aumento de tolerância a contínuas ou repetidas exposições a vários estressores climáticos (normalmente produzidos sob condições de campo). Aclimatação: Refere-se a mudanças adaptativas (normalmente produzidas em câmaras climáticas) em resposta a uma única variável climática. Também chamada de Aclimação. Degeneração: Queda progressiva nas características econômicas e raciais em relação ao seu padrão. Ex.: Raças nativas tropicais. Também chamadas de raças naturalizadas. Naturalização: Ocorre quando os animais encontram em seu novo ambiente condições muito semelhantes a sua região de origem (não havendo necessidade de ocorrer adaptação, pois as condições são semelhantes, sendo assim as condições são de ajuste completo). Ex.: Zebu no Brasil Central. Acomodação: Falso método de adaptação, ou seja, o animal encontra em ambiente completamente diferente não havendo modificações genéticas e sim fenotípicas como mudanças na pigmentação da pele não sendo passada para os descendentes. Fracasso da Raça: Ocorre quando as condições ambientais da nova região são totalmente hostis ao desenvolvimento da nova raça, e esta não consegue sobreviver na nova região. Ex.: Raças bovinas britânicas (Hereford, Aberdeen Angus , Red Angus) no Norte e Nordeste brasileiro. Aclimação: Ocorre quando as novas condições ambientais embora não sejam muito semelhantes às condições de origem da raça, são ainda favoráveis ao seu desenvolvimento. Aclimatização Aclimatação Adaptação fenotípica Adaptação fenotípica 6 PRODUÇÃO ANIMAL NOS TRÓPICOS Tabela 1. Proporção das principais espécies domésticas existentes entre as latitudes 30°Norte - 30°Sul em relação ao total mundial Espécie Percentual (%) Bovinos 55,1 Bubalinos 79,8 Eqüinos 53,2 Ovinos 36,2 Caprinos 67,3 Aves 26,7 Suínos 34,2 Fonte: Adaptado de MULLER, P.B. Bioclimatologia Aplicada aos Animais Domésticos (1982). 7 Temperatura do ar (°C) e Precipitação pluvial (cm)em duas regiões representativas das zonas tropical e temperada Tropical (Colômbia) Temperada (Nova York) Meses Tª Precipitação Tª Precipitação Jan 27,2 0,0 - 3,3 6,8 Fev 27,2 0,0 - 3,3 5,6 Mar 27,8 0,2 1,7 7,4 Abril 28,9 1,5 7,8 7,8 Maio 28,9 8,4 14,4 9,4 Junho 28,9 13,0 19,4 9,1 Julho 28,9 7,1 21,7 9,4 Agosto 28,9 12,7 20,5 8,9 Setembro 28,9 13,2 17,2 8,4 Outubro 28,9 22,3 10,6 7,4 Novembro 28,3 11,4 5,0 6,9 Dezembro 27,8 1,0 -1,7 6,1 Total 28,3 90,4 8,9 92,0 Tabela 2. Temperaturas mensais médias (°C) e precipitação (cm) de uma superfície representativa das regiões tropical e temperada 8 Regiões tropicais e temperadas Figura 2. A zona de climas quentes da Terra abrange a amplitude compreendida entre as latitudes 30° N-S. 9 Figura 4. Ilustração do somatório ∑ dos estressores climáticos que afetam o animal induzindo a uma carga de calor (estresse climático, estresse térmico) em seu organismo. O estresse climático é função (f) da temperatura (T) e umidade (U) do ar, radiação solar (Rs), vento (V), da intensidade do estressor (I) e sua duração de atuação (D) e da temperatura do corpo (Tc). O estresse climático causa redução no crescimento e conseqüente produção de carne, falhas na esfera reprodutiva e diminuição na produção de leite. Figura 25. Interação entre o meio ambiente físico e a produtividade animal. 10 Mortalidade de Bovinos e Perdas Econômicas Ocasionadas pelo Estresse Calórico (tradução). Livestock production system management responses to thermal challenges Int J Biometeorol (2007) 52:149–157 ** Esses padrões de clima quente de alta intensidade e curto prazo são chamados de "ondas de calor" (Hahn et al., 1999). Para o gado, as ondas de calor causam muitos eventos documentados, mas economicamente devastadores, com muitas mortes de animais: 700 vacas leiteiras no sul da Califórnia (Oliver et al. 1979); mais de 3.000 bovinos em confinamento em Queensland, Austrália (Blackshaw e Blackshaw, 1991); mais de 500 bovinos confinados no leste do Nebraska (Hahn, 1995b); mais de 4.000 bovinos confinados em Nebraska e Iowa (Hahn e Mader, 1997); mais de 5.000 bovinos confinados no leste de Nebraska (Hungerford et al. 2000), 1.200 bovinos na Austrália em 2000 (John Gaughan, comunicação pessoal) e mais de 25.000 bovinos e 700.000 aves na Califórnia em 2006 (USAg Net 2006). Cada um desses eventos foi relativamente curto e gerou investigações sobre os padrões climáticos característicos para descrev^-los.. O impacto combinado de temperatura e umidade, expresso como índice de temperatura-umidade (THI), é uma estatística derivada (adaptada de Thom 1959): THI = 0: 8tdb þ RH ð Þþ db 14: 4 46: 4: Þ1Þ Onde tdb = temperatura do bulbo seco (° C) e UR = umidade relativa na forma decimal. Em um esforço inicial para fornecer diretrizes para o transporte seguro de animais, o Índice de Segurança do Clima para Animais Domésticos (LWSI; LCI 1970) foi desenvolvido para classificar a intensidade combinada de temperatura e umidade em quatro categorias de valores de THI: Normal, menor ou igual a 74 ; Alerta, 75-78; Perigo, 79–83; e Emergência, maior ou igual a 84. A experiência ao longo do tempo sugeriu que o LWSI baseado em THI era uma ferramenta valiosa para os produtores, mesmo que faltasse o reconhecimento dos efeitos da radiação térmica e da velocidade do vento. As advertências, com relação a essas categorias, foram emitidas pelo Departamento de Meteorologia dos Estados Unidos para alertar os produtores sobre possíveis condições de estresse por calor. No entanto, esse serviço foi descontinuado devido a restrições orçamentárias e à disponibilidade de serviços comerciais. Embora o THI fosse valioso, faltavam outros fatores importantes para classificar adequadamente as ondas de calor. Uma análise climatológica foi feita dos eventos de onda de calor que ocorreram em meados de junho até meados de setembro de 1949 a 1991 em uma 11 localização no centro-sul de Nebraska (EUA) (Hahn et al. 1999). Com base no critério de que uma onda de calor tenha pelo menos 3 dias de duração com THI maior ou igual a 70 para todas as horas, foram identificadas 42 ondas de calor ao longo do período de 43 anos, variando de 0 a 4 por ano. A Tabela 1 resume essa avaliação, incorporando persistência e resfriamento noturno em categorias de intensidade que afetam o gado em confinamento. As ondas de calor mais devastadoras geralmente ocorreram no início do verão, antes de os animais serem aclimatados a altas temperaturas. As conseqüências foram suaves para muitas das ondas de calor que ocorreram no final do verão, provavelmente refletindo a aclimatação do gado. ** Extraído do artigo completo publicado no Int J Biometeorol (2007) 52:149–157 Efeitos das mudanças climáticas na produção animal e sustentabilidade dos sistemas pecuários Effects of climate changes on animal production and sustainability of livestock systems Livestock Science 130 (2010) 57–69 Nardone, B. Ronchi, N. Lacetera, M.S. Ranieri, U. Bernabucci *** A mudança climática, particularmente o aquecimento global, pode afetar fortemente o desempenho da produção de animais de produção e o impacto mundial na produção pecuária (Nienaber et al., 1999). O stress térmico é uma das principais fontes de perda de produção na indústria leiteira e carne bovina e, considerando que o novo conhecimento sobre as respostas dos animais ao ambiente continua a ser desenvolvido, gerenciar animais para reduzir o impacto do clima continua a ser um desafio (Hahn, 1995, 1999; Hahn et al., 2003a, b; Sprott et al., 2001). Durante a onda de calor de 2006 na Califórnia, os produtores de leite perderam mais de US $ 1 bilhão em leite e animais. Durante a década de 1990, as severas ondas de calor em Nebraska, as mortes de gado e as perdas de desempenho custaram aos produtores de Nebraska mais de US $ 20 milhões. Entre 11 e 12 de julho de 1995, uma combinação de calor mortal e umidade com céu limpo e sem vento causou a morte de mais de 3700 bovinos em treze condados do oeste de Iowa (Collier e Zimbelman, 2007). Como relatado anteriormente, também na Itália, o estresse por calor pode ser responsável pela aumento da mortalidade e perdas econômicas (Vitali et al., 2009). Mader (2007), em uma revisão recente, relatou que em 1992, 1995, 1997 e 1999, 12 confinamentos individuais perderam> 100 cabeças durante episódios de calor severo. As ondas de calor de 1995 e 1999 foram particularmente severas, com as perdas de gado em estados do Meio-Oeste se aproximando de 5.000 cabeças a cada ano. Perdas econômicas como resultado da onda de calor de 1995 foram estimados em 31 milhões de dólares apenas em Iowa. Mader et al. (2002) estimaram as perdas diretas e indiretas (morte do gado e perda de desempenho) como resultado do clima adverso, em média entre US $ 4.000 e US $ 5.000 para cada animal que morre. Esses exemplos prevêem um aumento das perdas econômicas no futuro devido ao aquecimento global, tanto em sistemas de produção pecuária intensiva quanto extensiva. St-Pierre et al. (2003) estimaram uma perda econômica total que os animais dos EUA sofreram devido ao estresse térmico entre 1,69 e 2,36 bilhões de dólares/ano. Cerca de 58% disso ocorreu na pecuária leiteira, 20% na bovinocultura de corte, 15% na suinocultura e os 7% restantes na avicultura. *** Extraído do artigo completo publicado no Livestock Science 130 (2010) 57–69 LEITURA COMPLEMENTAR! Mortalidade de bovinos zebuínos por hipotermia em Mato Grosso do Sul1 Bethania S. Santos2, Ana P. Pinto3, Ana C.M. Aniz3, Ana P.M.G. de Almeida3, Gumercindo L. Franco3, Euripedes B. Guimaraes3 e Ricardo A.A. Lemos3* FONTE: Pesq. Vet. Bras. 32(3):204-210, marco 2012 AmbienteFísico Ideal Ta Ar = 13° a 18°C UR = 60 a 70% Velocidade do ar = 5 a 8 Km/h Radiação solar = igual aquela das latitudes subtropicais na primavera e outono 13 Solo = fértil, livre de doenças e parasitas. Precipitação pluvial = adequada e bem distribuída Animal ideal para os trópicos, segundo Yousef et al. (1968) deveria possuir: 1. Alta eficiência de utilização de alimentos 2. Habilidade de perda de calor 3. Habilidade de conservar produção calor corporal permitindo que processos produtivos ocorram a nível normal, mesmo com alta Ta Ar 4. Isolamento contra radiação solar 5. Habilidade para suportar alto grau de desidratação e elevação da temperatura corporal 6. Alto grau de resistência a doenças mais comuns. INTERAÇÃO GENÓTIPO X AMBIENTE A variação nas características economicamente importantes nos animais domésticos é controlada pela herança genética, pelo ambiente, mas também pela ação conjunta destes dois efeitos, denominada interação genótipo-ambiente. A expressão genética nestas características está sob a influência de um grande número de genes que constituem o genótipo de indivíduo, no entanto, a ação dos mesmos está condicionada pelo conjunto de efeitos contidos no ambiente. Com isso, o modelo básico do desempenho animal (1) define a expressão fenotípica da característica na soma dos efeitos genéticos, de ambiente e da interação entre eles, ou seja, o fenótipo dos indivíduos é o resultado de seu genótipo, manifestado segundo o ambiente em que este indivíduo está exposto. Assim, a interação genótipo-ambiente é caracterizada quando as diferenças fenotípicas entre diferentes genótipos são desiguais de um ambiente para outro. 14 (1) P = G + E + GxE Em que P é o fenótipo; G é o genótipo; e GxE é a interação genótipo- ambiente. Esta última é um dos aspectos mais importantes na seleção de genótipos mais adequados a determinados ambientes e uma situação clássica de interação genótipo x ambiente pode ser observado em raças bovinas leiteiras que apresentam níveis elevados de produção em clima temperado, mas não mostram o mesmo desempenho quando transferidas para climas tropicais. Fisiologia do Estresse Estresse (Stress): Todo fator exógeno que provoca estresse ESTRESSOR (1936) 15 Estressores podem ser: Mecânicos: traumatismos Físicos: calor, frio (Ta e UR do ar, radiação solar e ventos) Químicos: drogas Biológicos: agente infeccioso Psicológicos: ambiente novo Social: dominância social no rebanho a) Agudo: minutos a alguns dias b) Crônico: semanas a meses Interação entre estímulo (estressor) e reposta ao estímulo: Estresse climático: produzido pelos elementos climáticos (temperatura e UR do ar, radiação solar e ventos) 16 Córtex adrenal: cortcosteróides a. Mineralocorticosteróides: manutenção do balanço Na e K b. Glicocorticosteróides (hormônios de adaptação): metabolismo de CHO’s, proteínas e lipídeos os mais importantes: cortisol e corticosterona Cortisol: dosagem nos experimentos de bioclimatologia objetivam avaliar se o animal está ou não em estresse. Funções: Mobilização e degradação de proteínas e gorduras [açúcar no sangue] ↑ Efeito catabólico sobre os tecidos conjuntivo e ósseo e sobre o sistema linfático, principalmente GLÂNDULA TIMO. SECREÇÃO DE GLICORTICOSTERÓIDES [Glicorticosteróides] no plasma mecanismo “feedback” negativo 17 Estresse crônico: Efeito catabólico e gliconeogênese degradação tecido muscular e gorduroso ↓ peso e ↓ crescimento. Selye caracterizou a Síndrome da Adaptaçao Geral (SAG) em 3 fases: 1. Fase de reação de alarme: adaptação ainda não foi adquirida; 2. Fase de resistência: adaptação ótima 3. Fase de exaustão: adaptação adquirida é perdida novamente. 1. FASE DE REAÇÃO DE ALARME Resultante de todos os fenômenos não específicos produzidos pela exposição repentina a um estressor ao qual o organismo não estava adaptado; É a resposta inicial do organismo ao estresse e está relacionada a liberação de catecolaminas; Acontecem manifestações típicas da reação do alarme: 1. Taquicardia 2. Fígado libera açúcar armazenado músculo 18 3. Redistribuição de reservas sanguíneas da pele e vísceras músculos e cérebro 4. ↑ Freqüência respiratória 5. Dilatação dos brônquios: receber > O2 2. FASE DE RESISTÊNCIA Se caracteriza pelo aumento da resistência do organismo ao estressor, e um nível acima do normal; Sinais da reação de alarme desaparecem; As respostas são predominantemente adrenocorticais Glicocorticosteróides continuam o processo iniciado na reação de alarme provendo o corpo com fontes de energia rapidamente mobilizadas Reduz a atividade da tireóide: devido a ↓ liberação de TSH hipófise anterior 3. FASE DE EXAUSTÃO Se estabelece quando o organismo continua exposto ao estressor ao qual havia se adaptado; ↓ Atividade da supra-renal; ↓ a resistência; Esgotam os mecanismos de defesa; Reações catabólicas continuam; Pode ocorrer a morte 19 Figura 1. Mecanismo regulador da secreção de glicocorticóides As 3 fases da síndrome de adaptação geral: A reação de alarme. O organismo mostra as alterações características da primeira exposição a um estressor. Ao mesmo tempo, sua resistência diminui e, se o estressor é suficientemente intenso (queimaduras, extremos de temperatura), a morte pode ocorrer. 20 B Fase e resistência. A resistência se estabelece em seguida se uma exposição contínua ao estressor é compatível com a adaptação. Os sinais característicos da reação de alarme desaparecem com a adaptação eventualmente e a resistência aumenta acima do normal. C Fase de exaustão. Após uma exposição longa e contínua ao mesmo estressor, ao qual o organismo havia se ajustado, a energia de adaptação pode se esgotar. Os sinais da reação de alarme reaparecem, mas agora são irreversíveis e o indivíduo morre. (Selye, 1975). . DEMONSTRAÇÃO DA SAG NA ZOOTECNIA CLIMA Klima (inclinação): importância que os estudiosos antigos davam a inclinação do sol 21 “Condições meteorológicas, a longo prazo, de um determinado local.” Divide-se em: a) Macroclima: condições climáticas gerais, em grande escala, da atmosfera livre em uma grande extensão. b) Microclima: são as condições climáticas que envolvem diretamente o animal. Classificação climática Importância: caracterização climática geral de um ambiente através de símbolos. Classificação climática de KÖPPEN Os tipos de clima são representados por letras. 1° letra 2° letra 3° letra A = clima quente e úmido f = sempre úmido h = quente B = clima árido ou semi- árido m = monçônico (com pequena estação seca) a = verões quentes C= clima subtropical ou temperado s = chuvas de inverno b = verões brandos w = chuvas de verão s’ = chuvas de outono e inverno 22 w’ = chuvas de verão e outono Significado dos tipos climáticos Af: Clima tropical úmido ou super-úmido (sem estação seca) Ta média do mês mais quente > 22°C Ta média do mês mais frio > 18°C Total de chuvas do mês mais seco > 60 mm Maiores precipitações de março a agosto (> 150 m/ano) Aw Clima tropical com inverno seco Ta média do mês mais quente > 22°C Ta média do mês mais frio > 18°C Estação chuvosa no verão (novembro a abril) Nítida estação seca no inverno (maio a outubro) Precipitações > 750 mm/ano atingindo 1800 mm/ano Total de chuvas no mês mais seco < 60 m/ano. Am Clima tropical úmido ou sub-úmido Transição entre o tipo Af e Aw Temperatura média do mês mais frio sempre > 18°C Estação seca de pequena duração AsTropical quente e úmido Estação seca no verão 23 Índice pluviométrico ≈ 1600 mm/ano Bsh Semiárido quente e seco Escassez e irregularidade na distribuição de chuvas Baixa nebulosidade Forte insolação Elevada evaporação Ta média elevada (≈ 27°C) Mesmo durante época chuvosa (nov. a abril) a distribuição de chuvas é irregular. Secas periódicas Cwa Clima tropical de altitude Inverno seco (Ta 18°C) e verão quente (Ta > 22°C) Chuvas de verão Cwb Clima tropical de altitude Inverno seco e verão ameno Ta média do mês mais quente inferior a 22°C Chuvas de verão Cfa Clima subtropical Verão quente (Ta > 22°C) Precipitação do mês mais seco > 30 mm Chuvas bem distribuídas durante o ano Cfb 24 Clima sub-tropical Verão ameno (Ta média do mês mais quente < 22°C) Precipitação de 1100 a 2000 mm/ano Chuvas bem distribuídas durante o ano CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN ADAPTADA AO BRASIL Climas Símbolos Características básicas Área de Ocorrência Equatoriais Af Não possui estação seca Amazônia Oriental e litoral da Bahia e trechos do litoral do Sudeste Am Com pequena estação seca no inverno Grande parte da Amazônia Tropicais Aw Chuvas de verão e seca no inverno Brasil Central, parte de Minas Gerais e Bahia, Roraima Aw’ Chuvas de verão e outono Litoral Oriental do Nordeste (RN até a BA) Semiárido quente Bsh Chuvas escassas e irregulares Sertão Nordestino Tropicais de Altitude Cwa Chuvas de verão e verões quente Grande parte do Sudeste e pequena porção do sul de Mato Grosso Cwb Chuvas de verão e verões brandos Csa Chuvas de outono- inverno Planalto da Borborema do Nordeste Subtropicais Cfa Chuvas bem distribuídas durante o Sudeste de São Paulo e parte da região Sul 25 ano e verões quentes Cfb Chuvas bem distribuídas durante o ano e verões brandos Rio Grande do Sul, litoral e interior da Região Sul SINOPSE CLIMÁTICA DO BRASIL Região Norte: Quente e úmida Temperatura elevada durante todo o ano Chuvas todo o ano ou parte dele Região Nordeste: Litoral quente e úmido Interior quente e seco (semiárido) CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KOPPEN ADAPTADA PARA O BRASIL 26 Nordeste Ocidental (MA e PI) quente e úmido – estação seca e chuvosa bem definida. Região Leste: Vários tipos climáticos Litoral clima quente Centro Oeste: Duas estações bem distintas: seca (inverno e primavera) e chuvosa (verão e outono). Região Sul: Extensas áreas climáticas homogêneas. Amplitude térmica anual elevada Inverno rigoroso ELEMENTOS DO CLIMA E MEDIÇÕES 1. TEMPERATURA DO AR: Fator bioclimático mais importante. Bonsma (1973): determina tipo animal a ser mantido em um determinado local; Agente agitação molecular envolvida no controle do metabolismo e crescimento; Importante no conforto e funcionamento geral dos processos fisiológicos Amplitude variação, temperatura ambiente na terra: -70°C (Ártico) e 50°C (deserto) > limites de variação compatíveis com a vida; Atividades vitais: 0 – 40° C; 27 Em função da temperatura d ar: frio ou calor mecanismos de termoregulação reflexos atividades produtivas efeitos maiores à medida que se afasta da zona de conforto ou termoneutralidade. RHOAD (1935): gado leiteiro no Brasil tropical : 56% de sua capacidade de lactação mesmo com ração balanceada. 1.a. Fatores que influenciam a temperatura do ar: a) Radiação solar: Variação anual de Ta do ar: determinada pela variação na radiação solar. b) Altitude Resfriamento causado pela descompressão adiabática à medida que o ar se eleva: ≈ 0,6°C/100 metros acima do nível do mar. Município (MG) Altitude Tª média Muriaé 240 ms 22,5°C Oliveira 960 ms 19,3°C Diamantina 1261 ms 18,4°C c) Distância até o mar Solo: > calor específico que água Oceano: aquece e se resfria mais lentamente que o solo Ar se deslocando do litoral interior: maior amplitude térmica (diferença temperatura meses mais quentes e mais frios). d) Características superfície do solo Pouca vegetação: sertão NE energia solar usada intensivamente no aquecimento do ar. Floresta Amazônica: aquecimento do ar é amortecido pela evapotranspiração das plantas 1.b. Medição da temperatura do ar 28 Escala arbitrária de referência: 0°C e °F C/5 = (F – 32)/9 Determinações mais empregadas: máxima e mínima Média = (Max + Min)/ 2 Exemplo: Dois locais com temperaturas médias iguais podem ter ambientes diferentes a ponto de determinar práticas de manejo diferentes com o gado: ≠ 8°C ou menos Se a mínima = 24°C estresse todo o dia ≠ 22°C ou mais: à noite tª cai dentro da ZTN animal recupera o equilíbrio térmico Sheeveport – Louisiana (EUA) Brownsville – Texas (EUA) Meses °C (% do tempo com Ta >27°C) °C (%Ta >27°C) Maio 23 26 26 44 Junho 28 38 28 65 Julho 28 60 29 72 Agosto 29 62 29 70 Medição: 29 1. Termômetros: indicadores de temperatura 2. Termógrafos: registradores de temperaturas Termômetros: a) Comum de mercúrio Valores instantâneos valores de Ta do ar no momento da medida b) Digital: mais preciso c) Extrema Máxima Mínima Recordes de Tª 14 horas Alguns minutos após o sol nascer 56,7°C Vale da Morte – Califórnia, 1913 - 88,3 °C – Antártida (08/1960) Localização: abrigo meteorológico ou termométrico Abrigo: De madeira montado a 1,70 metros do solo Venezianas com paredes simples ou duplas Janela voltada para o sul Pintado de branco Instrumentos utilizados na medição de temperatura e umidade à sombra: Leituras representativas das condições reinantes Abrigados da insolação direta, precipitação e radiação de superfícies, pedras e objetos. Termômetros de extrema: 30 a) Isolados (um de mínima e outro de máxima). a.1) Máxima: Finalidade: Ta do ar máxima de um dia, à sombra Princípios de funcionamento: termômetro do tipo líquido e vidro.Elemento sensível é o Hg. Constrição do capilar perto do bulbo. ↑ Ta , expansão da coluna não volta devido à constrição, indicando Ta max. Instalação: Abrigo termométrico suporte duplo junto com a mínima brevemente inclinado (2° relação a horizontal). Leitura: 7 – 9 horas (relativa dia anterior) 16:00 horas: relativa mesmo dia. Observação: Após leitura, forçar coluna retornar ao bulbo com movimentos em semicírculo. a.2) Mínima: Finalidade: Ta do ar mínima, à sombra de um dia. Instalação: abrigo suporte junto com o de máxima. Leitura: à tarde leitura referente ao mesmo dia extremidade do haltere junto do menisco. b) Conjugados b.1) Termômetro de Máxima e Mínima de capela (tipo Six) Finalidade: determinar a Ta max. E min.,à sombra, de um dia, em um mesmo instrumento. Instalação: abrigo termométrico Leitura 31 Observação: após leitura: passar imã sobre o haltere ou apertar o botão no centro dos dois termômetros. b.2) Termômetros Bimetálico Finalidade: registro contínuo de temperatura do ar. Instalação: abrigo Observação: calibração comparar temperatura com aquela do Tbs. b.3) Termoigrógrafo: Finalidade: Ta e UR do ar mesmo aparelho. Princípio funcionamento: placa bimetálica e fio de cabelo humano. Instalação: abrigo Observação: calibração Vantagens: cálculo ITU, horas de estresse Desvantagens: preço, regulagem do fio de cabelo. b.4) Termoigrômetros digitais: Temperaturas do momento, máxima, mínima e UR. Localização: abrigo meteorológico. 2. Umidade do ar Conceito: Água, na fase vapor, que existe na atmosfera. Certa pressão e ta o ar retém vapor d’água 32 Quando vapor concentração máxima: ar saturado Mesma pressão : ↑ Ta , ↑capacidade reter vapor d’água Em geral, no ar a [vapor água] < [saturação]. Ta Umidade de saturação (g vapor/m³) 0 4,85 5 6,80 10 9,40 15 12,82 20 17,28 25 23,02 30 30,32 40 51,03 Alto valor de UR não implica, necessariamente, grande quantidade de água no ar. Ar a 10°C e 99% de UR contém 9,31 g vapor/m³ Ar a 30°C e 50% de UR contém 15,16 g vapor/m³ 33 30°C 50%UR ↑ vapor água no ar com 30°C 15°C Curso diário da UR: aumenta a partir das 16:00 horas e reduz a partir das 6:00 horas. Outra forma de expressar [umidade do ar] pressão parcial de vapor d’água. Fora da zona de conforto: umidade importante limita perda calor por evapotranspiração pele e vias respiratórias. Evaporação da pele e vias respiratórias: Região quente e seca : ↑ evaporação Região quente e úmida: ↓evaporação Variação anual da UR: De acordo com a precipitação alimenta a fontes naturais de água. Variação diária: ↑ noite; ↓ dia Medição: a) Psicrômetros Tbs Ta ou instantânea Tbu ar passa pela gaze calor sensível retirado ou passante ts – tu = depressão psicrométrica. Tabela meteorológica: correlacionar ts com (ts – tu) ou tu com (ts – tu). Finalidade: determinar a Ta do momento e UR (%) Instalações: abrigo meteorológico 34 OBS.: troca de gaze (1 vez/mês), completar H2O; observar fracionamento coluna Hg e evitar erro de paralaxe Pressão parcial de vapor: É pressão exercida pelo vapor d’água na atmosfera não saturada. É uma outra forma de se expressar a umidade relativa do ar. Ps{tu} = pressão de saturação à T a bulbo úmido calculada pela equação: Ps{ta} = 6,1078 x 10 m, mb Onde: {ta} = T a do ar °C m = 7,5 [(ta)/ (ta + 237,5)] na qual substitui-se ta por tu UR (%) = 100 Pp{ta}/ Ps{ta}, % Tpo = [(186,4950 – 237,3 Log Pp{ta})/ (Log Pp{ta} – 8,2859)], °C 35 Ex.: Ta =30°C e Tu = 22°C Ps{ta} = 6,1078 x 10 7,5 [(30)/(30+237,5)] = 42,36 mb Ps{tu} = 6,1078 x 10 7,5 [(22)/(22+237,5)] = 426,45 mb Pressão Parcial de Vapor será: Pp{ta} = Ps{tu} – 8,7 x 10 -4 x 750 x (ta – tu) = 26,41 – 8,7 x 10 -4 x 750 x 8 = 21,19 mb Umidade relativa será: UR (%) = 100 Pp{ta}/ Ps{ta} = 100 x 21,19/42,36 = = 50% Temperatura de ponto de orvalho será: Tpo = [(186,4950 – 237,3 Log Pp{ta})/ (Log Pp{ta} – 8,2859)], °C =[(186,4905 – 237,3 Log 21,19)/(Log 21,19 – 8,2859)] = 18,42°C c) Higrógrafo: rotação diária ou semanal Finalidade: registrar a UR Instalação: abrigo meteorológico OBS.: Trocar higrograma de acordo com a rotação Calibração: comparando a leitura com a de um psicrômetro 36 3. Ventos: Conceito: Deslocamento de ar em relação à superfície terrestre Efeito nos animais: Direto: favorece perda de calor por convecção e evaporação Indireto: ao reduzir a Ta das superfícies onde atua, modifica a quantidade de calor radiante que o animal recebe. Medição: Três grandezas: força, direção e velocidade (mais importante) Cata-vento tipo Wild: Finalidade: indicar a direção e estimar a velocidade instantânea do vento Princípio de funcionamento: Direção: peça metabólica em forma de seta sobre eixo e varetas Velocidade: ação do vento sobre chapa metálica móvel e um conjunto de ponteiros fixos. 37 Posição da placa Velocidade (m/s) Posição da placa Velocidade (m/s) 1 0 4-5 7 1-2 1 5 8 2 2 5-6 9 2-3 3 6 10 3 4 6-7 12 3-4 5 7 14 4 6 Anemômetro de canecas: Finalidade: determinar a velocidade média dos ventos entre duas leituras consecutivas. 38 Princípios de funcionamento: três canecas montadas sobre um eixo movimento das canecas é acusado em um hodômetro v = e/t (m/s ou Km/h). Instalação: canto sul da estação na altura desejada OBS.: Limpeza e lubrificação. Anemógrafo: Finalidade: registrar a velocidade dos ventos Instalação: sobre base de alvenaria OBS.: manutenção especialista. Trocar anemograma diariamente Anemômetro digital portátil: Finalidade: indicar a velocidade instantânea do vento. Princípio de funcionamento: ventoinha acionada pelo vento e acusa a velocidade no visor. Funcionamento a pilha. Instalação: canto sul da estação na altura desejada. OBS.: retirar as pilhas após o uso e guardar o aparelho no abrigo Vantagens: Leve, barato, indicação rápida da velocidade do vento e pode ser transportado para qualquer que deseje para fazer a medição. 39 4. Chuvas Principal efeito: indireto Quantidade de alimentos que pode ser produzido; Período de tempo no qual forragens mantêm a qualidade; Práticas de pastoreio a serem adotadas; Sistemas de conservação de forragens a ser utilizadas. Efeito direto: depende da intensidade da chuva e da penetração da água na capa do pelame. Experimento com bovinos: após chuva de seis horas temperatura corporal reduziu de 38,1 para 36,9°C recuperação em três horas. Medição: consiste em determinar a lâmina de água que se depositaria sobre uma superfície caso não houvesse infiltração e nem evaporação. Pluviômetro tipo Ville de Paris: Finalidade: determinar a precipitação pluvial em milímetros. Princípios de funcionamento: recipiente com área de captação de 200 a 500 cm² coleta de água da chuva reservatório proveta graduada em milímetros h = v/a 900 cm³/ 225cm² = 4 cm = 40 mm. Instalação: preso a um mourão a 1,5 m do solo e em nível. OBS.: retirar sujeira da área de captação e verificar vazamentos. 40 Pluviômetro comum: Feitos de plástico e a graduação é no próprio aparelho. Área de captação pequena erro de 40% 5. Radiação solar Conceito: “É a energia radiante originada do sol e recebida pela terra sob a forma de ondas eletromagnéticas.” Do total: 31% atinge a superfície terrestre Atenuação por três processos: 1. Dispersão pelas partículas de gases, cristais e impurezas; 2. Absorção seletiva: ultravioleta O2 e O3 Infravermelho CO2 e vapor de água 41 3. Reflexão e absorção pelas nuvens Parcela que atinge a superfície terrestre: ondas curtas (0,20 – 3,0 μm) Ondas longas (3,0 – 30,0 μm): solo e objetos vizinhos emitidas para cima. Distribuição espectral da radiação solar ao nível do mar: FAIXA DE RADIAÇÃO COMPRIMENTO DE ONDA (μm) ULTRAVIOLETA (UV) C 0,200 – 0,280 B 0,280 – 0,315 A 0,315 – 0,380 VISÍVEL Violeta 0,380 – 0,424 Azul 0,424 – 0,492 Verde 0,492 – 0,535 Amarelo 0,535 – 0,586 Laranja 0,586 – 0,647 Vermelho 0,647 – 0,780 INFRAVERMELHO 0,781 – 3,00 UV tipo C: Absorvida potencialmente perigosa UV tipo B: Síntese de vitamina D dano celular em exposição longa UV tipo A: menos penetrante síntese de melanina. Efeitos nos animais: Radiação solar + temperatura + umidade + ventos = estresse pelo calor 42 Radiação solar nos trópicos + temperatura ambiente elevada : ↑ carga de calor. Evidência: efeito benéfico da sombra na produção e reprodução. Sintomas de insolação ou golpe de calor: Dificuldades de locomoção Aumento na FR Aumento na TR: 42 -43°C muito grave transtorno no SNC; TR > 43°C MORTE TRATAMENTO: sombra, aspersão de água, compressa fria e água para beber. Caso de Hipertermia norte da Austrália (1972): vaca Shorthorn, 5 anos de idade abate trem (400 Km) temperatura ambiental (22,2 – 37,8°C) curral com água e feno, mas sem sombra. Após 48 horas: deitada sobre ventre com cabeça no solo e língua exposta respiração rápida e indiferença ao ambiente TR = 42,7°C. 43 Fotossensibilização: Ação direta dos raios solares sobrepele pouco ou não pigmentada. Ex.: Gado Holandês: área de pêlos brancos. [Agentes fotodinâmicos] na pele: dermatite plantas: erva de São João, trevo duro, trigo sarraceno. A primária: não há comprometimento do fígado B hepatógena: com comprometimento do fígado Substância fotossensibilizante: filoeritrina (produto final do metabolismo da clorofila excretada pela bile) se fluxo biliar é interrompido acúmulo de filoeritrina [filoeritrina] ↑ na pele sensível a radiação solar. 1°sinal: Eritema, seguido de edema. Irritação intensa animal fere as partes afetadas friccionando contra objetos e árvores. Se o úbere é afetado: escoicea os flancos Tratamento: sombra, evitar ingestão de material tóxico, laxante e anti- histamínico. Carcinoma ocular escamoso: Câncer nos olhos pálpebras despigmentadas Hereford é a raça mais sensível); Simental também ocorre. Radiação ultravioleta (principalmente ondas curtas < 0,3 μm) melanina: filtra a radiação UV. EUA: 0,2% de incidência média. No sudoeste: 0,5% (↑ radiação solar) h² alta progresso na seleção. 44 Medição da Radiação Solar: 1. Actinógrafo Bimetálico: Finalidade: registrar a radiação solar global (cal/cm²/min). Princípio de funcionamento: placas bimetálicas pretas e brancas diferentes coeficientes de absorção dilatam diferentemente diferença na dilatação ampliada e transmitida por sistemas de alavancas que acionam pena localizada sobre actinograma. Instalação: base sólida de alvenaria evitando sombreamento. Manutenção: limpeza cúpula de vidro (poeira e orvalho) diariamente. 2. Heliográfo Finalidade: registrar o número diário de horas de sol (insolação). Instalação: base de alvenaria evitar sombreamento. Princípio de funcionamento: radiação solar focalizada por esfera de cristal em fita de papelão. Insolação é dada pelo comprimento de carbonização da fita. Manutenção: limpeza diária da esfera de cristal. 45 Insolação no Nordeste > que todas as regiões em qualquer época do ano Região % de céu encoberto Norte 52 Sul 49 Sudeste 41 Centro-Oeste 41 Nordeste 34 Brasil: insolação varia de 1600 – 3200 hs NE: 2200 – 3200 hs. Macau (RN): 3200 hs Centro-Oeste do Piauí, Oeste da Bahia e Terezinha (PI): 2920 hs Carga Térmica Radiante (CTR) a) Total de energia térmica radiante que atinge um animal ou ponto no espaço, procedente do conjunto de todas as superfícies reais e virtuais que rodeiam o animal ou ponto. b) Soma das parcelas de radiação térmica recebidas pelo animal, proveniente de todas as fontes e direções. FONTES: sol, céu, abrigos, cercas, solo, construções, etc. superfície acima do zero absoluto (°k ou – 273,15 °C). Medição: Termômetro de globo negro ou globotermômetro – muito útil em Bioclimatologia experimentos ao sol e à sombra. Tipos: 46 a) Comum: globo de cobre com 15 cm de diâmetro + termômetro escala de 0 – 60°C bulbo do termômetro no centro do globo. b) Digital: mais preciso, fácil leitura e mais caro. c) Alternativos: Bóia de caixa caixa de descarga, bola de ping-pong etc. Termômetro de globo negro ou Globotermômetro Conceitos importantes: Irradiância: fluxo radiante incidente sobre uma superfície (w/m²)/unidade de área. Resulta da emissão e reflexão de outras espécies. Radiosidade: indica toda a radiação que sai de uma superfície, por unidade de área por unidade de tempo. Inclui emitida e refletida. Refletividade: propriedade de uma superfície que permite a reflexão de uma determinada proporção de energia radiante nela incidente. Absorvidade: capacidade de uma superfície absorver a energia radiante de um dado comprimento de onda que sobre ela incide. Emissividade: “relação da energia radiante emitida por um corpo, com respeito à energia emitida por um corpo negro perfeito à mesma https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fjuan0590.files.wordpress.com%2F2015%2F04%2Ftermometro-de-globo.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fjuan0590.wordpress.com%2Fsegundo-corte%2Ftermometros%2Ftipos-de-termometros%2Ftermometro-de-globo%2F&docid=b8X0U1jut8d1vM&tbnid=OZncjxM9Jk3RZM%3A&vet=10ahUKEwjYwK2O567eAhWFQpAKHds_D9sQMwguKAYwBg..i&w=156&h=240&bih=657&biw=1366&q=term%C3%B4metro%20de%20globo%20negro&ved=0ahUKEwjYwK2O567eAhWFQpAKHds_D9sQMwguKAYwBg&iact=mrc&uact=8 https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fjuan0590.files.wordpress.com%2F2015%2F04%2Ftermometro-de-globo.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fjuan0590.wordpress.com%2Fsegundo-corte%2Ftermometros%2Ftipos-de-termometros%2Ftermometro-de-globo%2F&docid=b8X0U1jut8d1vM&tbnid=OZncjxM9Jk3RZM%3A&vet=10ahUKEwjYwK2O567eAhWFQpAKHds_D9sQMwguKAYwBg..i&w=156&h=240&bih=657&biw=1366&q=term%C3%B4metro%20de%20globo%20negro&ved=0ahUKEwjYwK2O567eAhWFQpAKHds_D9sQMwguKAYwBg&iact=mrc&uact=8 47 temperatura”. Ex.: se a emissividade é igual a 0,5 emissão de metade da radiação emitida por um corpo negro nas mesmas condições. “Capacidade de uma superfície emitir ou irradiar a energia térmica nela contida sobre a forma de ondas eletromagnéticas”. Transmissividade: proporção de energia radiante que atravessa uma substância em relação ao total de energia nela incidente. Condutividade térmica: propriedade de uma substância que permite a passagem de uma determinada quantidade de energia térmica/unidade de área/ °C de diferença de temperatura. CTR de uma instalação depende de: a) Orientação do abrigo: N – S secos em qualquer época,mas aumenta CTR devido ↑ radiação solar de manhã e a tarde. Orientação L – O sol corre sobre a cobertura durante todo o dia. b) Altura do pé-direito: ↑ pé-direito, ↓ CTR (↑ proporção “céu frio” c) c)Altura do animal: ex.: aves, cabras e bovinos. d) Existência de paredes: bloqueia a radiação de origem externa, mas reduz a ventilação e ↑ calor interno. e) Material de cobertura: características desejáveis alta refletividade, baixa condutividade térmica e baixa absorvidade. Exemplos: Sapé: melhor; Alumínio novo polido: pior que pintado de branco (superior) e negro (inferior); Ferro galvanizado: pintura de preto e branco melhora; Cimento amianto: ruim, mas melhora com pintura de preto e branco. Pintura branca de tinta epoxi: ↑ refletividade. Pintura negra interna: se fosse refletante transferir a energia do piso sobre os animais no interior do abrigo. Superfície negra: ↑ absorvidade ao calor do animal. 48 PROBLEMA: condutividade térmica do material se Ta superfície interna for tão alta quanto a externa pintura negra aumenta emissividade de radiação. SOLUÇÃO: chapas mistas. Quadro 4. Carga térmica radiante (CTR) medidas sob abrigos cobertos por diferentes tipos de material MATERIAL TRATAMENTO CTR (W /m-2) Sapé 15 cm espessura 473,2 Alumínio Exterior banco, interior negro 504,7 Alumínio Exterior polido, interior negro 507,9 Alumínio Polido, novo 536,3 Alumínio Oxidado, não pintado 545,7 Alumínio Exterior branco, interior polido 520,5 Madeira compensada 9 mm Natural 526,8 Madeira compensada Exterior branco, interior polido 526,8 Cimento amianto Natural 548,9 Ferro Galvanizado Novo, não pintado 539,4 Ferro Galvanizado Oxidado, não pintado 542,6 Ferro Galvanizado Exterior banco, interior negro 514,2 Ferro Galvanizado Exterior branco, interior natural 520,5 49 Figura 7. Fontes de radiação térmica sobre um animal em campo aberto: (a) radiação solar direta de ondas curtas; (b) radiação de ondas curtas refletida pelas nuvens; (c) radiação de ondas longas emitidas pelo solo e refletida nas nuvens; (d) radiação celeste de ondas curtas; (e) radiação de ondas longas emitidas por corpo e objetos vizinhos; (f) radiação de ondas longas emitidas pelo solo; (g) radiaçãode ondas curtas refletidas na superfície do solo. 50 CATAVENTO ABRIGO METEOROLÓGICO 51 52 ESTAÇÃO METEOROLÓGICA AUTOMÁTICA 53 54 CALCULO DE INDICES DE CONFORTO TERMICO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DISCIPLINA: BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL AULA: CÁLCULO DE ÍNDICES DE CONFORTO TÉRMICO Exemplo: Dados obtidos em um posto meteorológico de uma fazenda especializada em bovinocultura leiteira: Ts = 32 °C ; Tu = 22 °C ; Tgn = 46 ° ; vv = 3,6 m/s ; P = 750 mm Hg (psicrômetro não aspirado) 1-Calcular o ITU (Ìndice de Temperatura e Umidade) pelas três fórmulas e classificar o tipo de estresse pelo calor. 2-Calcular a CTR (Carga Térmica Radiante ou de Radiação) na pastagem. CÁLCULO DAS PROPRIEDADES PSICROMÉTRICAS DO AR Equivalência: 1 kPa = 10 mb 1 mb = 0,1kPa = 0750062 mm Hg 1 mm Hg = 1,333224 mb Pressão de saturação de vapor de água ( nas condições de Ts) - Transformando para mmHg Pressão de saturação (nas condições de Tu) 55 Transformando para mmHg: Pressão real de vapor Transformando para mb Umidade relativa 56 Sugestão: verifiquem se o resultado é similar aquele obtido com o uso da tabela meteorológica. Temperatura do ponto de orvalho (Tpo) , então °C CÁLCULO DO ÍNDICE DE TEMPERATURA E UMIDADE (ITU) ITU (Fórmula nº1) ITU 2 (Fórmula nº 2) 57 ITU (Fórmula nº 3) Obs: exige transformação de °C para °F Classificação do estresse: brando *Transformação de Ts : °C para °F ou Assim: , e Classificação de ITU (vacas leiteiras) 68 a 71 = estresse limite 72 – 79 = estresse brando 80 – 89 = estresse moderado 90 – 98 = estresse severo Acima de 98 = fatal Cálculo do ITGU (Índice de Temperatura de Globo e Umidade) Substituir a Ts da fórmula nº 2 pela Tgn, então 58 ETI ou ITE (Índice de Temperatura Equivalente) BAÊTA (1985) – vacas em lactação ITE = 27,88 – (0,456 ts + 0,010754 ts²) – (0,4905 ur + 0,00088 ur²) + ( 1,1507 v – 0,126447 v²) + (0,019876 ts x ur) – ( 0,046313 ts x ur)°C Para temperaturas (ts) de 16 a 41°C, umidade relativa (ur) de 40 a 90% e velocidade do ar de 0,5 a 6,5 m/s. Classificação do ITE : seguro (18 a 27°C) alerta (27 a 32°C), alerta extremo (32 a 38°C) perigo (38 a 44°C) extremo perigo (> que 44°C) *Níveis críticos de ITU (índice de temperatura e umidade) para diversas espécies e raças: Vacas Holandesas de alta produção: ITU = 72 Vacas Girolando 7/8 HZ: ITU = 75 Vacas Girolando 5/8 HZ ITU = 78,1** Vacas Girolando ¾ HZ: ITU = 77 Vacas Girolando ½ HZ: ITU = 80 Bovinos de corte Hereford: 71 Bubalinos (novilhas); ITU = 79,5** Bubalinos (vacas em gestação): ITU = 78,5** Ovinos Dorper: ITU = 74,7** Ovinos Santa Inês brancos ITU = 78,9** Ovinos Santa Inês Castanhos: ITU = 79,5** Ovinos Corriedale: ITU = 75 Ovinos Santa Inês pretos: ITU = 80** Cabras Moxotó: ITU = 83 *ITU acima do crítico indica que animais daquela espécie/raça estão sob estresse pelo calor. ** Índices obtidos em pesquisas realizadas com alunos do PPGZ e/ou PDIZ da UFRPE 59 Carga térmica radiante (W/m2) Trm = 100 x { [2,51 x (Tgn – Ts)] + (Tgn/100)4}0,25 = 319,15 Temperatura radiante média Trm = 100 {[2,51 x 1,897366 x 14} + (3.1915)4}0,25 Trm = 100 {[66,67344124] + 103,747919}0,25 Trm = 100 { 170,4213602}0,25 Trm = 100 { 3,613108528} Trm = 361,3108528 °K Carga térmica radiante 60 *Legenda: Ts: temperatura do bulbo seco (o mesmo que tª do ar ou tª ambiente) Tu: temperatura do bulbo úmido Tgn: temperatura do globo negro vv: velocidade dos ventos P: pressão atmosférica ao nível do mar (mm Hg) A: constante psicrométrica ITU = Índice de Temperatura e Umidade ITGU: Índice de Temperatura de Globo e Umidade ITE: Índice de Temperatura Equivalente 𝞂: constante de Sthefan – Boltzman = 5,67 x 10-8 61
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