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AULA 2 APLICAÇÃO DAS PENAS

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Da aplicação da Pena 
1- Conceito 
• A aplicação da pena é a atividade pela qual o juiz combina circunstâncias, visando fixar 
a pena ao caso concreto. 
Obs.: A aplicação da pena se dá através da sentença penal condenatória. 
Art. 5º, XLVI- CF. lei regulará a individualização da pena”. 
Importante: Devem existir parâmetros legais para a individualização que, assim, não pode 
ficar ao livre​-alvedrio do juiz em cada caso concreto 
Ex.: as penas são previstas abstratamente nos tipos penais em patamares mínimo e 
máximo (Art. 121: de 6 a 10 anos) para que o juiz possa fixar um montante base de pena 
ao réu, porém a lei estabelece regras para que não fique ao alvedrio do juiz. 
 
2- Fixação da Pena ou Dosimetria da Pena 
• O art. 68 do CP adotou o critério trifásico na fixação da reprimenda: 
1ª Fase: o juiz deve levar em conta as circunstâncias inominadas do art. 59; 
2ª Fase: deve considerar as agravantes e atenuantes genéricas (arts. 61, 62, 65 e 66 do 
CP); 
3ª Fase: deve considerar as causas de aumento e de diminuição de pena (previstas na 
Parte Geral ou na Parte Especial do Código). 
Observação: O reconhecimento de qualificadora pelo juiz ou pelos jurados não 
constitui fase de aplicação da pena, e sim de análise de mérito. Inicia a primeira fase 
tendo em vista os limites previstos para o crime em sua forma qualificada. 
2.1- 1ª Fase 
• O juiz deve fixar a chamada pena ​-base tendo como fun ​damento as chamadas 
circunstâncias judiciais ou inominadas do art. 59 do CP. O referido dispositivo 
menciona que o juiz, ao estabelecer a pena ​-base, deve considerar: 
a) Culpabilidade 
b) Antecedentes 
c) Conduta Social 
d) Personalidade do acusado 
e) Motivos 
f) Circunstâncias 
g) Consequências do crime, 
h) Comportamento da vítima. 
Obs.: Embora não exista nenhum dispositivo 
determinando que a pena ​-base deva ser fixada 
no mínimo legal quando inexiste circunstância 
judicial desfavorável, a realidade é que, nestas 
situações, os juízes procedem de tal modo. 
2.1.1- Culpabilidade 
• Diz respeito a maior ou menor reprovabilidade da conduta, de acordo com 
as condições pessoais do agente e das características do crime. 
Ex.: a premeditação (a cuidadosa e detalhada preparação do crime) pode ser 
levada em conta no âmbito da culpabilidade para a exasperação da pena. 
2.1.2. Antecedentes 
• São os fatos bons ou maus da vida pregressa do autor do delito. 
 
Obs.: Em geral, os antecedentes dos réus são analisados com base na chamada 
folha de antecedentes criminais, mas não é a única forma. 
Importante: A reincidência, que também se prova por meio de certidão, 
constitui agravante genérica aplicada na segunda fase da fixação da pena por 
força da lei (Art. 63 e Art.64 do CP). 
2.1.3. Conduta social 
• Refere ​-se ao comportamento do agente em relação às suas atividades 
profissionais, relacionamento familiar e com a coletividade. 
Obs.: Na prática, as autoridades limitam ​-se a elaborar um questionário 
respondido pelo próprio acusado, no qual ele informa detalhes de sua vida 
social, familiar e profissional. 
2.1.4. Personalidade do acusado 
• Refere ​-se ao comportamento do réu no dia a dia e ao seu caráter, levando ​-se 
ainda em conta sua periculosidade. Personalidade, portanto, é a índole do 
sujeito, seu perfil psicológico e moral. 
Obs.: As menções mais comuns em sentença são aquelas em que o magistrado 
fixa a pena ​-base acima do mínimo por entender que o acusado possui 
personalidade violenta. Refere ​-se ao comportamento do agente em relação às 
suas atividades profissionais, relacionamento familiar e com a coletividade. 
2.1.5. Motivos do crime 
• São os precedentes psicológicos da infração penal, as razões que levaram o 
réu a agir de modo criminoso, os fatores que desencadearam a ação delituosa. 
Obs.: Se a motivação constituir qualificadora, causa de aumento ou diminuição 
de pena ou, ainda, agravante ou atenuante genérica, não poderá ser considerada 
como circunstância judicial. 
Importante: Por isso, é rara a utilização do motivo do crime na aplicação da 
pena ​-base em homicídios. 
2.1.6. Circunstâncias do crime 
• Refere ​-se o dispositivo à maior ou menor gravidade do delito em razão do modus 
operandi no que diz respeito aos instrumentos do crime, tempo de sua duração, forma 
de abordagem, comportamento do acusado em relação às vítimas, local da infração 
etc. 
Exemplos: Não se pode aplicar a mesma pena para um roubo em que a vítima ficou na 
rua à mercê do assaltante por apenas 30 segundos e para aquele cometido no interior de 
uma residência em que uma família inteira ficou dominada por horas pelos roubadores, 
sob a mira de armas, enquanto eles arrecadavam os bens. 
2.1.7. Consequências do crime 
• É uma das circunstâncias judiciais mais importantes e que merece especial atenção por 
parte dos juízes. 
• Conceito: Refere ​-se à maior ou menor intensidade da lesão ao bem jurídico e às 
sequelas deixadas na vítima. 
Ex.: No crime de extorsão mediante sequestro, a consumação se dá com a captura da 
vítima, sendo o pagamento do resgate mero exaurimento, que não altera a capitulação do 
delito, mas pode ser considerado pelo juiz como circunstância inominada para agravar a 
pena. 
Ex.: Nos crimes contra o patrimônio, em geral, o fato de o prejuízo para a vítima ser 
muito elevado também deve ser levado em conta. 
2.1.8. Comportamento da vítima 
• Se o juiz verificar que o comportamento da vítima de alguma maneira estimulou a 
prática do crime ou influenciou negativamente o agente, deve levar em conta tal 
circunstância para que a pena seja reduzida. 
Ex.: Vítima de homicídio jogou copo de cerveja na cara do agente. 
2.2- 2ª Fase: agravantes e atenuantes genéricas 
• As agravantes estão descritas nos arts. 61 e 62 do Código Penal, enquanto as atenuantes 
encontram ​-se elencadas nos arts. 65 e 66 do mesmo diploma. 
Obs.: São chamadas de genéricas por estarem na Parte Geral do Código e, por tal razão, 
serem aplicáveis a todos os crimes, desde que não constituam qualificadoras ou 
elementares do delito. 
Circunstâncias agravantes 
 Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
 I - a reincidência; 
 II - ter o agente cometido o crime: 
 a) por motivo fútil ou torpe; 
 b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
 c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do 
ofendido; 
 d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo 
comum; 
 e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
 f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com 
violência contra a mulher na forma da lei específica; 
 g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
 h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; 
 i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
 j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; 
 l) em estado de embriaguez preordenada. 
2.2.1- Agravantes 
I- Reincidência: é quando o agente após ter sido condenado, vem a cometer novo crime 
(art. 63, CP). É agravante genérica preponderante e não se comunica. 
Obs.: A sentença será irrecorrível quando não cabe mais recurso, pois já é coisa julgada. 
Importante: após5 anos do cumprimento da sentença o agente volta a ser réu primário. 
Obs.: Existe a reincidência entre: crime e crime; crime e contravenção, contravenção e 
contravenção. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
a) por motivo fútil ou torpe; 
• Por motivo torpe: É o motivo baixo, vil, repugnante. Ex.: matar alguém para adquirir-
lhe a herança; matar alguém. 
• Por motivo fútil: é o praticado por motivo insignificante, sem importância. Ex.: matar 
a esposa porque ela queimou o feijão; matar o trocador do ônibus porque ele deu o 
troco errado. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro 
crime; 
• Para facilitar ou assegurar a execução: e realização de um crime futuro. 
• a ocultação: o agente mata para ocultar um crime que já praticou. 
• a impunidade ou vantagem de outro crime: o agente é um ladrão e mata seu 
comparsa para ficar com o produto do furto. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou 
tornou impossível a defesa do ofendido; 
• À traição: é o ataque sorrateiro pelas costas. Ex.: O agente desfere dois tiros de 
espingarda na vítima pelas costas. 
• Com o emprego de emboscada: é a tocaia, o agente fica escondido para matar a 
vítima. 
• Mediante dissimulação: O agente disfarça seu propósito para atingir a vítima 
desprevenida. Ex: o homicídio praticado com emprego de disfarce. 
• Mediante outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: 
Ex.: O agente mata a vítima que estava dormindo em uma rede. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que 
podia resultar perigo comum; 
• Emprego de veneno: Ex.: o agente coloca arsênico no copo da vítima. 
• Com emprego de fogo: Ex.: destrói carro, incendiando-o. 
• Com o emprego de explosivo. Ex.: o agente explode o carro da vítima. 
• Com emprego de tortura: é a extorsão com violência mediante suplício (sofrimento). 
Obs.: Tortura é todo ato pelo qual alguém provoca intencionalmente um sofrimento agudo a outra 
pessoa para alcançar um determinado objetivo. 
• Meio insidioso: é o meio camuflado. Ex.: roubar a vítima enganando-a primeiro e usando 
violência depois. 
• Meio cruel: causa excessivo sofrimento. Ex.: morte da vítima em tanque de ácido ou dentro de 
uma máquina de triturar algodão. 
• Meio que possa resultar em perigo comum: é aquele que pode atingir um indeterminado 
número de pessoas. Ex.: o agente incendeia o prédio o que põe em risco as pessoas que moram 
e passam por lá. moradores. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
 - A necessidade do aumento surge em razão da insensibilidade moral do agente que 
pratica crime contra alguns dos parentes enumerados na lei ou contra o cônjuge. 
 
Obs.: não é possível a utilização da analogia para alcançar crimes praticados contra o 
companheiro ou a companheira nos casos de união estável. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
 f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação 
ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; 
-Abuso de autoridade: se refere às relações privadas (tutela, curatela, patrão e 
empregado, mestre-aprendiz, diretor de clube-associado, etc.), e não públicas, para as quais 
existe lei especial (Lei n. 4.898/65). 
-Relações domésticas: são as criadas com os integrantes de uma família, podendo ser 
parentes fora das hipóteses da alínea anterior (primos, tios) ou não. Ex.: crime cometido 
pelo patrão contra babá; ou pela babá contra a criança; pela empregada doméstica contra 
os patrões etc. 
-Relação de coabitação: indica que autor e vítima moram sob o mesmo teto, de forma 
não transitória. 
 
II-Ter o agente cometido o crime: 
 f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação 
ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; 
- Relação de hospitalidade: ocorre quando a vítima recebe alguém em sua casa para 
visita ou para permanência por certo período e este se aproveita da situação para cometer 
o crime contra ela. 
- Violência contra a mulher na forma da lei específica: foi inserida pela Lei Maria da 
Penha, mas não tem muita utilidade prática: 
a) quando o crime é o de lesão corporal, a violência doméstica já atua como qualificadora 
ou causa de aumento de pena (art. 129, §§ 9º e 10). 
b) Nas demais infrações penais, o fato de a vítima ser a esposa, a mãe ou a filha já é 
considerado agravante na alínea anterior. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
 g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
 - Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo: o crime deve ter sido 
praticado por funcionário que exerce cargo ou ofício público, desrespeitando os deveres inerentes 
às suas funções ou abusando de seu poder. 
Ex.: ofensas dirigidas pelo funcionário público contra pessoa que pretendia alguma prestação de 
serviço na repartição, furto cometido por um policial quando vistoriava o interior de uma casa etc. 
- Ofício: é a atividade remunerada e predominantemente manual. Ex.: mecânico furta peças de 
automóveis de clientes. 
- Ministério: se refere ao desempenho de atividades religiosas. Ex.: desviar o dinheiro da doação 
dos fiéis. 
- Profissão: caracteriza​-se pela inexistência de vinculação hierárquica com outra pessoa e pelo 
exercício predominantemente técnico e intelectual (arquiteto, advogado, médico, agrônomo 
etc.). Ex.: advogado apropria-se de dinheiro de cliente. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
 h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; 
 
- A razão do gravame é a vulnerabilidade da vítima escolhida pelo criminoso decorrente 
de sua condição física. 
a) Criança: é a pessoa com menos de 12 anos, nos termos do art. 2º do ECA. 
b) Pessoa maior de 60 anos: Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003). 
c) Enferma: é a pessoa que, em razão de doença ou defeito físico, tem reduzida sua 
capacidade de defesa (cego, paraplégico, deficiente mental, pessoa que recentemente 
passou por cirurgia e que se encontra debilitada etc.). 
d) Mulher grávida: a agravante pressupõe que o agente saiba da gravidez. 
II-Ter o agente cometido o crime: 
 i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
-O dispositivo se refere à proteção direta e imediata de alguma autoridade, e não à situação 
genérica dos cidadãos que se encontram sob a proteção da Polícia. 
-O aumento é devido em razão do desrespeito à autoridade e à maior audácia do agente. 
 Exemplo: um policial dá voz de prisão a um assaltante e o algema sendo que, nesse momento, 
um popular desfere um soco no preso causando ​-lhe lesões corporais. 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de 
desgraça particular do ofendido; 
- A razão da maior punição é a insensibilidade do agente que se aproveita das facilidades 
decorrentes do momento de desgraça coletiva ou particular para cometer o crime 
 l) em estado de embriaguez preordenada. 
- O agente embriaga-se com o fim de praticar o crime. Forma de afasta a inibição. 
Obs.: é necessário que se prove que o agente se embriagou com a específica finalidade de 
cometer o crime. 
 
Inaplicabilidade das agravantes genéricas aos 
crimes culposos 
• Nos crimes culposos, o agente não quer cometer infração penal, não 
apresenta a subjetividade reprovável. 
Ex.: se o agente atropela uma mulher grávida ou pessoa maiorde 60 anos, não 
o faz de forma intencional, não merecendo a agravação da reprimenda. 
Jurisprudência: “salvo a agravante da reincidência, as demais somente incidem 
nos crimes dolosos” (STF, HC 62.214/MG, 2ª Turma, Rel. Min. Djaci Falcão). 
Agravantes no caso de concurso de pessoas 
 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
 I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais 
agentes; 
 II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
 III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou 
não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
 IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de 
recompensa 
 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao 
agente que: 
 I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos 
demais agentes; 
- Nesse dispositivo, a lei pune mais gravemente o indivíduo responsável pela união dos 
criminosos ou que atua como líder do grupo. 
 II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
-Nessa hipótese, o agente emprega violência ou grave ameaça, ou, ainda, seu ​poder de 
insinuação (induzimento), para convencer alguém à prática direta do delito ​. 
 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
 III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
 -Instigar: é reforçar a ideia preexistente. 
-Determinar: significa mandar. 
Obs.: Para que se aplique a agravante, é necessário que a conduta recaia sobre pessoa que está sob a 
autoridade (pública ou particular) de quem instiga ou determina, ou sobre pessoa não punível em 
razão de condição ou qualidade pessoal (menoridade, doença mental, acobertado por escusa 
absolutória etc.). 
 IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa 
- Pune ​-se o criminoso mercenário. 
- Paga: é prévia em relação à execução do crime. 
- Recompensa: é para entrega posterior. (A agravante pode ser aplicada ainda que o autor da 
promessa não a tenha cumprido após a execução do crime.) 
 
 
2.2.2- Atenuantes 
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
 I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na 
data da sentença; 
 II - o desconhecimento da lei; 
 III - ter o agente: 
 a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
 b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou 
minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
 c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de 
autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
 d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; 
 e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. 
 
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a 
pena: 
 I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na 
data da sentença; 
 -Entendeu o legislador que a pessoa menor de 21 anos ainda não tem sua personalidade 
plenamente formada, de modo que o senso de responsabilidade ainda não é total, justificando a 
redução da reprimenda. 
Obs.: A jurisprudência fixou entendimento no sentido de que esta é a mais importante das 
circunstâncias da 2ª fase da fixação da pena. 
 II - o desconhecimento da lei; 
- Como é sabido, o desconhecimento da lei não isenta de pena nos termos do art. 21 do Código 
Penal, mas pode atenuá ​-la. 
Obs.: incide, em geral, em infrações de natureza complexa que podem levar o cidadão a se 
confundir em torno de seu alcance. 
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a 
pena: 
 
 III - ter o agente: 
 a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
a) Valor moral: diz respeito aos sentimentos relevantes do próprio agente, avaliados de 
acordo com o conceito médio de dignidade do grupo social, no que diz respeito ao 
aspecto ético. 
b) Valor social: é reconhecido quando o agente comete o crime pensando agir em 
consonância com os anseios da coletividade. 
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a 
pena: 
 
 b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou 
minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
-A presente atenuante não deve ser confundida com o instituto do arrependimento ​ eficaz, em 
que o agente, após realizar os atos executórios do delito, arrepende ​-se e realiza nova ação 
evitando a consumação do crime. 
-Já na atenuante, o sujeito, após a consumação do delito, tenta evitar ​-lhe ou minorar ​-lhe as 
consequências. Não se exige a eficácia, pois o texto legal diz que basta que o agente procure 
(tente) diminuir ou evitar as consequências da infração. 
Ex.: alguém que após agredir a vítima e lhe provocar lesões graves (crime consumado) a socorre, 
levan ​do​-a ao hospital. 
 
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a 
pena: 
 
 c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem 
de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato 
injusto da vítima; 
- Trata ​-se aqui de coação resistível e, como o texto legal não faz restrição, abrange a de 
natureza física ou moral. 
- Em se tratando de coação irresistível, o coagido fica isento de pena, 
 d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; 
-Não basta que a confissão seja voluntária, devendo ser espontânea. Assim, não haveria a 
atenuante se o acusado confessasse o crime apenas em razão da insistência de seu 
advogado. 
 
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a 
pena: 
 
 e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. 
 -Justifica ​-se o dispositivo porque, em tais situações, o sujeito costuma agir por impulso 
(efeito manada). 
-Ex.: Se tomba acidentalmente um caminhão e os bens transportados caem na estrada, e, 
nesse momento, um grande grupo de pessoas, sem prévio ajuste, começa a se apoderar 
das mercadorias e furtá ​-las, mostra ​-se viável o redutor. 
 
Atenuante inominada 
• Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, 
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
 -O juiz pode ainda atenuar a pena em razão de qualquer outra circunstância relevante, 
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
Ex.: É o que ocorre, quando o juiz entende ser o caso de reduzir a pena de pessoa que, 
presa por dirigir embriagada, submeteu ​-se espontaneamente a tratamento para 
alcoolismo, ou que, tendo cometido crime de tráfico de drogas, passou a ministrar 
cursos em escolas falando dos malefícios do vício. Nestes exemplos, a circunstância é 
posterior ao crime. 
Concurso de circunstâncias agravantes e 
atenuantes 
 Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado 
pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos 
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. 
• A ordem das circunstâncias preponderantes consta expressamente do texto legal, porém a 
jurisprudência tem entendido que, apesar de não existir menção no art. 67, o fato de o agenteser menor de 21 anos na data do crime deve preponderar sobre todas as demais. 
• O dispositivo tem por finalidade esclarecer que o juiz, ao reconhecer, no mesmo caso, uma 
agravante e uma atenuante genérica, não deve simplesmente compensar uma pela outra. O 
magistrado deve, em verdade, dar maior valor às chamadas circunstâncias preponderantes 
(quer seja uma agravante, quer uma atenuante). 
Concurso de circunstâncias agravantes e 
atenuantes 
• Essa análise deve ser feita caso a caso, mas o legislador esclareceu no dispositivo que 
as circunstâncias preponderantes são as de caráter subjetivo (motivos do crime, 
personalidade do agente e reincidência). 
Ex.: João de 21 anos furta Lauro por ganância (motivos do crime). Pena base 1 ano + 
agravante 1/6(10 meses) - atenuante 1/6: pena =1 ano (errado). 
Pena base 1 ano + agravante 1/6(10 meses) preponderante à atenuante 1/6: pena =1 
ano e 10 meses. 
Ser menor de 21 anos é superior a todos os outros, na prática, e não na lei
2.3-3ª Fase: da fixação da pena 
• Na última fase de fixação da pena, o juiz deve considerar as causas de aumento e de 
diminuição de pena que se mostrarem presentes no caso concreto. 
• Estas circunstâncias podem estar previstas na Parte Geral ou na Parte Especial do Código 
Penal. 
• Identifica ​-se uma causa de aumento quando a lei se utiliza de índice de soma ou de 
multiplicação a ser aplicado sobre o montante de pena estabelecido na fase anterior. 
Ex.: a) no caso do concurso formal, a pena é aumentada de 1/6 até 1/2 (art. 70); b) no crime 
continuado, a pena é exasperada de 1/6 a 2/3 (art. 71); c) no homicídio e nas lesões corporais 
dolosas, a pena é aumentada em 1/3, se a vítima é menor de 14 ou maior de 60 anos (arts. 121, § 
4º, e 129, §7º); 
Exemplo 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o 
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, 
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego 
de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
 
2.3.1- Possibilidade de transposição dos limites 
previstos em abstrato 
• É importante salientar que, com o reconhecimento de causa de aumento ou 
de diminuição de pena, o juiz pode aplicar pena acima da máxima ou inferior 
à mínima cominada em abstrato. 
Ex.: em um crime de tentativa de furto qualificado, o juiz pode fixar a pena em 
2 anos de reclusão (pena mínima em abstrato) e diminuí ​-la de 2/3, chegando a 
um montante final de 8 meses. 
2.3.2- Concurso de causas de aumento ou de 
diminuição de pena em relação ao mesmo 
delito 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste 
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e 
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
 Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição 
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só 
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 
na racionalidade do direito penal, Pode significa Deve
3- Circunstâncias qualificadoras 
• São circunstâncias legais especiais ou específicas previstas na Parte Especial 
do CP que, agregadas a figura típica fundamental, têm a função de aumentar 
a pena. 
Obs.: Quando a norma penal prevê uma causa de aumento de pena na 
descrição dos crimes, não menciona o mínimo e o máximo, traz apenas um 
quantum. Quando a norma penal prevê uma qualificadora na descrição dos 
crimes, menciona o mínimo e o máximo. 
Exemplo 
Art. 121. Matar alguem: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 Homicídio qualificado 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 II - por motivo futil; 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossivel a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Art. 59- culpabilidade do réu, seus antecedentes, conduta social, 
personalidade, motivos, circunstâncias e consequências do crime, 
comportamento da vítima. 
Obs.: A pena fixada não pode ultrapassar os limites legais em 
abstrato. 
Agravantes: Art. 61, art.62, 
Atenuantes: Art.65, art. 66 
Não é possível que a pena alcance índice inferior ao 
mínimo ou superior ao máximo previsto em abstrato. 
É Aplicação das causas de aumento e de diminuição 
previstas nas partes geral e especial do CP. 
 possível passar do quantum penal previsto em 
abstrato. 
1ª Fase 
circunstân
cias 
judiciais 
3ª Fase 
causas de 
aumento e 
diminuição 
2ª Fase 
agravantes 
atenuantes 
Exercício 
Dois homens foram presos em flagrante após cometerem um assalto a agência dos 
correios da cidade de Matinha, a 240 Km de São Luís, durante a tarde desta terça-feira. 
Welton Ferreira Ribeiro, de 37 anos, e Wellison de Sousa dos Santos, 18 anos, fizeram 19 
pessoas reféns e foram presos após negociação com a polícia. 
O assalto começou por volta das 15h. Uma denúncia alertou a polícia, que pediu reforço 
para impedir a fuga. Os dois homens estavam armados com revólver e queriam apenas o 
dinheiro do cofre. Após o cerco da polícia, a dupla fez 19 pessoas reféns dentro da 
agência. Dentre elas, quatro passaram mal e foram liberadas de início. Os outros foram 
liberados depois. 
Por volta das 17h40 os dois se renderam e se entregaram. Eles foram encaminhados para a 
Delegacia da cidade de Viana, onde serão autuados. 
Ambos eram velhos conhecidos da polícia, Wellison sempre foi um jovem violento e 
agressivo, já o Welton havia duas condenações sobre ele já transitadas em julgado. 
Welton praticou o crime porque sua mãe estava necessitando de uma operação em São 
Paulo e a família não tinha condições de mandá-la.

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