Buscar

Catálogo Vladimir Lagrange Assim Vivíamos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

apresenta
CAIXA Cultural São Paulo
Ars et Vita
São Paulo
2015
A CAIXA, uma das principais patrocinadoras da arte e cultura brasileira, 
destina anualmente mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para 
patrocínio a projetos culturais em espaços próprios e espaços de terceiros, 
dando ênfase às exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos 
de dança, shows musicais, festivais de teatro e dança em todo o território 
nacional e artesanato brasileiro.
 
Os projetos patrocinados são selecionados via edital público, uma opção 
da CAIXA para fazer mais democrática e acessível a participação de 
produtores e artistas de todo o país como também dar mais transparência 
à utilização dos recursos da empresa.
 
A exposição “Vladimir Lagrange – Assim Vivíamos” é um desses projetos. 
Apresenta a obra de um dos maiores fotógrafos da Rússia que retratou 
como poucos a vida cotidiana e leve de uma sociedade russa rodeada por 
conflitos bélicos soviéticos. Seu ponto de vista peculiar traz ao público um 
olhar único e profundo do mundo ao seu redor.
 
Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e difundir a cultura 
no país e retribui à sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos 
ao longo de seus 154 anos de atuação no país e de efetiva parceira no 
desenvolvimento das nossas cidades. Para a CAIXA a vida pede mais que 
um banco. Pede investimento e participação no presente, compromisso 
com o futuro do país e criatividade para conquistar os melhores resultados 
para o povo brasileiro.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
CAIXA, one of the main sponsors of Brazilian art and culture, invests every 
year more than R$60 million from its budget in cultural projects, which 
happens in its own cultural centers and in others spaces, emphasizing 
visual arts exhibitions, theater plays, dance spectacles, music shows, 
theater and dance festivals throughout the national territory and Brazilian 
handicraft.
 
The sponsored projects are selected through a public bidding, which is 
CAIXA’s option to make the participation of producers and artists from 
around the country more democratic and accessible, as well as to give 
more transparency to the use of company resources.
 
The exhibition “Vladimir Lagrange: So we lived” is one of those projects. 
It presents the work of one of the greatest photographers of Russia, who 
portrayed in a very unique manner the daily life of a Russian society, 
surrounded by Soviet war conflicts. His peculiar point of view brings to 
the public an unique and profound view of the world around him.
 
Thus, CAIXA contributes to promote and spread the culture in the country 
and returns to the Brazilian society the confidence and the support 
received during its 154 years of operations in the country and effective 
partnership in the development of our cities. For CAIXA, life asks more 
than a bank. It asks for investment and participation in the present, 
commitment with the future of the country and creativity to achieve the 
best results for Brazilian people.
98
“João bobo”, 1979
Tilting dolls, 1979
O vôo interrompido, 1986
Interrupted flight, 1986
1110
A obra de Vladimir Lagrange impressiona pela singular beleza de imagens extraídas das cenas mais cotidianas da antiga União 
Soviética, assim como pela poesia com a qual o fotógrafo compõe 
narrativas a partir destes cenários.
Fotógrafo de grande importância para a compreensão da sociedade 
soviética pós-Stalinista, Vladimir Lagrange começa a contribuir 
como fotojornalista para a agência TASS, maior agência de imprensa 
soviética, aos vinte anos de idade. Entretanto, à técnica e à profissão 
parece anteceder, desde o início, o seu olhar humanista e o seu profundo 
universo artístico interior. Estes traços já são visíveis na sua imagem 
“Pombas da Paz” (1962), onde o artista escolhe a Praça Vermelha como 
palco para eternizar o seu amor pela juventude, abordando de maneira 
inédita um cenário, conhecido até então como um dos maiores símbolos 
da potência bélica opressora do regime soviético. Durante todos os anos 
de contribuição para a revista “União Soviética”, o respeito e a perene 
admiração pelo “homem simples” estão presentes nos vários aspectos que 
contribuíram para que a obra de Vladimir Lagrange esteja hoje inscrita 
na história mundial da fotografia: o “momento decisivo”, influência do 
fotógrafo humanista francês Henri Cartier-Bresson; a dinâmica virtuosa 
usada na composição das imagens, o surrealismo através do qual muitas 
vezes visualmente explica a União Soviética, o sentido de dramaturgia, 
assim como o senso de humor extraordinário do artista moscovita. 
Também nas suas fotografias sobre a guerra, continua sendo o Homem o 
âmago do seu interesse. Até mesmo nestas circunstâncias, o que importa 
para Vladimir Lagrange não é o héroi, mas o homem, ou o que restou do 
homem.
Consciente da estética tolerada oficialmente no seu país e tendo realizado 
um extenso número de fotografias, que puderam ser expostas e publicadas 
somente após a queda do regime, o fotógrafo construiu durante quatro 
décadas um registro visual fiel e objetivo da vida cotidiana neste país 
fantasma chamado União Soviética, conseguindo unir com maestria 
The work of Vladimir Lagrange provokes a big impression by the unique beauty of extracted images of the scenes of a daily life in the former 
the Soviet Union, as well as the by poetry of the composed narratives from 
these scenarios. 
Vladimir Lagrange, photographer of great importance of the understanding 
of the post-Stalinist Soviet society, started his career as photojournalist 
for the TASS, the biggest Soviet news agency, when we was twenty years 
old. However, the technique and the profession seem to be predetermined, 
from the beginning, by his humanist view and his deep interior artistic 
universe. These aspects are already noticiable in his photograph “Doves 
of Peace” (1962), where the photographer chooses the Red Square as a 
backdrop to immortalize his love for youth, dealing in an unprecedented 
way with this scenario, known until then as one of the greatest symbols 
of oppressive military power of the Soviet regime. During all the years of 
work for the magazine “Soviet Union”, his endless respect and admiration 
Um corredor coletivo e um contador pessoal, 1989
A common corridor and a private counter, 1989
lados tão opostos que formavam a realidade cotidiana: de um lado o mito 
soviético sobre o futuro radioso, e do outro, as condições desumanas da 
luta pela sobrevivência. Neste sentido, Vladimir Lagrange confirma a 
filosofia de Jean-Paul Sartre, pois a existência dos personagens retratados 
é sempre precedida pela essência destes personagens.
Tendo escolhido a fotografia preto e branco como meio, a exposição “Assim 
Vivíamos” incita-nos a refletir sobre as cores das lembranças das nossas 
vidas cinzas. A câmera, o filme, o papel fotográfico, a luz são meramente 
um canal através do qual o artista traz à tona esta realidade que passa, 
corre, escapa-nos. O “momento decisivo” de Vladimir Lagrange não tem 
nenhuma relação com “estar no bom lugar na hora certa”. Ao contrário, ele 
nos prova que o momento é crucial por existir sempre. 
for the “simple man” are present on different levels, which justify that 
the work of Vladimir Lagrange belongs in our days to the world history 
of photography: the “decisive moment”, influence of the humanist French 
photographer Henri Cartier-Bresson, the virtuous dynamism used in the 
composition of the images, the Surrealism through which he often offers 
visual explanation of the Soviet Union, the sense of dramaturgy, as well as 
the extraordinary sense of humor of the Moscovite photographer. Also, his 
photos related to the war focus on the Man. Even in these circumstances, 
what matters to Vladimir Lagrange is the man, or what was left of the man, 
not the hero, the Man.
VladimirLagrange was conscious of the officially tolerated aesthetic in his 
country and did an extensive archive of photographs which could only have 
been exhibited and published after the fall of the regime. The photographer 
has built over four decades a loyal and objective visual register of the 
daily life in this ghost country called Soviet Union, managing to unite 
with mastery the opposite sides which formed the everyday reality: on 
one side - the Soviet myth about the radiant future, and on the other, the 
inhuman conditions and the struggle for survival. In this sense, Vladimir 
Lagrange confirms the philosophy of Jean-Paul Sartre, since the existence 
of the portrayed characters is always preceded by the essence of these 
characters.
Having chosen black and white photography as a medium, the exhibition 
“So We lived” encourages us to reflect on the colors of the memories of our 
gray lives. The camera, film, photo paper, light are merely ways through 
which the artist brings to light this reality that passes, runs and escapes 
us. The “decisive moment” of Vladimir Lagrange has nothing to do with 
“being in the right place at the right time.” Instead, he proves us that the 
moment is crucial because it exists always.
Luiz Gustavo Carvalho
1312
Mais ou menos, 1982
Minus or plus, 1982
Cheiro de bolo, 1990
Smell of cake, 1990
15
Desânimo, 1990
Ennui, 1990
1716
Perplexidade, 1977
Perplexity, 1977
Mestres, 1975
Masters, 1975
1918
Tempo de colheita, 1973
Time of harvest, 1973
2120
O petróleo de Tymen, 1970
Tymen s´ oil, 1970
“Noite escura”, 1970
“Dark night”, 1970
2322
Sauna, 1992
Sauna, 1992
As vítimas de 1937, 1987
The victims of 1937, 1987
2524
Sob a abóboda celeste, 1969
Under the heaven’s vault, 1969
A ilha Olkhon, 1969
Olkhon Island, 1969
2726
Galope, 1969
Gallop, 1969
Este pombal não existe mais, 1971
This dovecot doesn t´ exist anymore, 1971
2928
Assol, 1979
Assol, 1979
A Velhinha, 1961
Granny, 1961
3130
A parada das sombras, 1972
Shadows’ parade, 1972
Momento quente, 1974
Hot moment, 1974
3332
O veterano, 1983
Veteran, 1983
Operário Pavel Kruglov, 1963
Builder Pavel Kruglov, 1963
3534
Solfejo, 1967
Solfeggio, 1967
Idade não é problema, 1982
Age is not a problem, 1982
3736
Aconteceu, 1989
It happened, 1989
Destino de mulher, 1984
Woman’s destiny, 1984
3938
Meu dia de lavar roupas, 1989
My laundry day, 1989
Dia quente, 1969
Hot day, 1969
4140
Kamchatka. Aqui começa o dia, 1964
Kamchatka. Here begins the day, 1964
Travessura, 1963
Outrage, 1963
4342
Montadores, 1962
Riggers, 1962
Pombas da paz, 1962
Doves of peace, 1962
4544
Eu sabia que um dia teria que fazer este trabalho. A abundância de caixas, 
bolsas, envelopes com negativos freiava-me. Feitos há muitos anos, notas 
curtas me intrigavam: Artek, Sibéria, jovens, etc prometiam encontros 
interessantes com os heróis das minhas imagens. Mas tudo isso precisava 
ser editado visando a realização de exposições e livros. 
Passei dois anos escavando o tesouro. Separando as imagens, por data, 
tema e depois as digitalizando. Esta seleção continha imagens desde 
1959. Nos anos 60, em jornais e revistas as fotos eram na maioria em 
preto e branco. Por que agora, quando toda a imprensa, o cinema, a TV são 
coloridos, existe tal interesse pela imagem preto e branco? No negativo 
preto e branco reside, para mim, um significado simbólico. Nós vemos tudo 
o que nos circunda de uma maneira colorida, mas em períodos diferentes, 
para cada um de nós, a vida adquire tons pretos escuros, e em algum lugar 
brilha uma brancura e alegra-nos. Da mesma forma, o filme em preto e 
branco enfatiza, ainda de maneira mais ampla, a heterogeneidade do 
estado de espírito e da natureza. O espectador, subconscientemente, adere 
a este jogo do contraste entre o preto e branco, aguçando a sensibilidade 
na sua compreensão da vida no tempo e no espaço. Aqui manifesta-se o 
seu amor atemporal pela fotografia preto e branco.
Durante um quarto de século, eu trabalhei na maior revista do país, “União 
Soviética”, cuja principal estratégia era promover a forma de vida socialista. 
Minha tarefa consistia em familiarizar o leitor com o trabalho e com a vida 
de metalúrgicos, pilotos, mineiros, médicos, agricultores, etc. Os lugares, 
assim como os heróis dos ensaios, encontravam-se espontaneamente, 
I knew that one day I would have to do this job. The huge number of 
boxes, packages and envelopes full of negatives was frightening me. 
The short notes about Artek, steel makers, Siberia, young people made 
many years ago, aroused my curiosity and gave me a hope to meet the 
heroes of my footage one day. But it was necessary to look through all 
these images and to make a selection for exhibitions and publications. 
I spent two years «rooting out» these treasures. I was sorting them 
out by dates and topics, and then making digital copies of them. This 
selection includes pictures going back from 1959. In 1960’s the black-
and-white photography was the main technique used in the newspapers 
and magazines. So why in our time, when everything is done in colour, 
there is such an interest in black-and-white photography? There is a 
symbolic meaning in black-and-white films. We see everything that 
surrounds us in colour and in different periods the colour of our life 
becomes black, sometimes it’s white and it brings us joy. In the same 
manner, the white-and-black film emphasizes the heterogeneity of our 
mind and nature. The spectator subconsciously plays this white-and-
black game of transition and understands more precisely the meaning 
of life in the time and space domains. And here comes his timeless love 
for the black-and-white photography. 
For 25 years I had worked in “The Soviet Union”, the country’s largest 
magazine about public affairs, the main strategy of which, was to 
promote the socialist way of life. My main task was to show the readers 
the life of steel workers , pilots, miners, doctors and farmers. We were 
Assim Vivíamos So we lived
confiando na minha compreensão e boa relação com as pessoas, o que, às 
vezes, causava conflito com a opinião de líderes locais do partido.
Atualmente são publicados um grande número de revistas e jornais, 
mas os heróis tornaram-se muito diferentes: não se vê pessoas, porém 
máscaras, maquiagem, todos como se fossem bonecas Barbie, ou guerra, 
sangue, dispersão de manifestantes, comícios de campanha política, onde 
presidentes e primeiros-ministros exageram, gritando “Nós vencemos!” 
Quem eles derrotaram, seu povo, todos nós? E os meus heróis agora 
perderam a alta estima. Surge a pergunta: Quando era mais falso?
Olhando para o meu trabalho destes anos, um dos meus amigos disse: 
“Finalmente eu vi aqueles rostos, dos quais sentia falta.” Como essas 
pessoas são heróicas, trabalhadoras, bonitas, e ao mesmo tempo infelizes. 
 
Nenhum dia se passa sem notícias, eventos e emoções. E os anos que se 
tornaram história? Algo do passado pode ser visto através dos momentos 
gravados e oferecidos por uma fotografia. Ela é uma fonte de informação 
e memória. Em uma exposição, as fotografias são uma composição não 
congelada, elas devem incitar um pensamento ao espectador. E através 
dos momentos fotografados cria-se um quadro completo, transmitindo o 
tempo, no qual eu vivi em um país chamado União Soviética.
looking for the shooting places and heroes by our selves and were 
relaying on our own understanding and good attitude towards people, 
which sometimes was different from the opinion of the local leaders of 
the Communist Party. 
Nowadays, there are plenty of magazines and newspapers, but its 
main heroes are different, you don’t see people anymore butmasques. 
Everyone looks like Barbie or all you can see is blood, war, crackdown 
on protestors and campaign rallies where presidents and prime 
ministers are shouting «We won»! Who did they win over, their own 
people, all of us? And my heroes are not popular at the moment. So I’m 
asking myself, when was it more false?
Looking at the pictures from that time, one of my friends said: “Finally 
I could see the faces I have been missing for such a long time”. These 
faces belong to heroic, hardworking, beautiful and at the same time 
unhappy people. 
Not a day passes without news, events and emotions. And what 
about years that became part of history? Some parts of the past we 
can see thanks to the moments captured by the photography. The 
photography is the source of memory and information. Photos at an 
exhibition do not have a set layout, but they should provoke emotions 
in everyone that looks at them. You can make a whole picture from 
these captured moments, allowing the viewer to feel the epoch of 
living in the Soviet Union.
4746
Selecionando as imagens para esta exposição, eu não pretendia explicar 
o inexplicável, porém apresentar-lhes às pessoas trabalhadoras, a 
alguns eventos, o meu olhar sobre eles e a minha relação com estes 
tempos. Aqui, tudo é como era naqueles anos.
 
Havia vida pessoal: pais, casa, trabalho, amor, filhos, amigos, e a vida 
do país: slogans, reuniões, obrigações, condecorações, planos do partido 
e o povo. Não ficávamos surpresos, porque éramos habituados a viver 
assim. Não conhecíamos outra vida, pensavam por nós, privavam-nos 
de qualquer autonomia, tudo era familiar, cada um fazia o seu trabalho. 
Antolhos, criados pela liderança do partido, não permitiam-nos pensar 
sobre o que poderia ser diferente. O trabalho cansativo, a vida desgastante, 
a luta diária pela sobrevivência, incrível, mas ninguém resmungou.
Eu nasci em Moscou, e vivíamos em uma rua perto da Praça Pushkin. 
E por incrível que pareça, guardo recordações calorosas do nosso 
apartamento coletivo. Esta casa já não existe, preservaram somente a 
tília, que ficava no meio do antigo pátio. Transmitir esses sentimentos 
é difícil, eles ainda estão vivos em mim. Lembro-me quais palavras 
faziam parte da nossa vida cotidiana: Stalin, a queda dos preços, a qual 
todos esperavam; querosene, abrigo antiaéreo, lenha, burgueses, patins, 
“perseguindo”, tinta-lápis, jornal “Pravda”, fila, circo e assim por diante. 
“Sim, isto é a nostalgia!” diz alguém! Não! Isso era a minha infância e 
juventude, por isso lembro-me de tudo com calor no coração. É possível 
esquecer isso? 
Mas quando reconstruo na memória as nossas frases, tais como “Viva o 
governo soviético!” Já aqui, desculpe-me! Por esta ideologia e este partido 
não possuo nenhum arrependimento e não tenho nenhuma nostalgia.
A perestroika trouxe consigo um aumento extraordinário de força e 
energia, proporcionando o surgimento de esperança por uma nova vida. O 
trabalho nesta época era extenso: congressos, reuniões, manifestações, 
Artek. Clarins, 1962
Artek. Buglers, 1962
When selecting photos for this exhibition, I wasn’t aiming to embrace 
the boundless, but I just wanted to present you to the simple working 
people, certain events, my views and attitude towards that time. 
Everything that you could see here is as it was at that time. 
We each had our own life – jobs, homes, family, friends, love – but we 
also had our life as a Party member – slogans, meetings, obligations, 
awards, plans for the future of the Party and its people. We were 
not surprised by it, we were accustomed to this life. We didn’t know 
anything else: the Party decided everything for us. It thought for us, 
deprived us of independence and ensured everything was familiar 
and everyone was doing their job. Blinkers created by our government 
didn’t give us the opportunity to think that life could be different. 
Exhausting labour, exhausting life, a daily struggle for survival – 
amazing, but nobody grumbled.
I was born in Moscow and we lived in a side street close to the Pushkin 
square. And oddly enough, I keep warm memories of our communal 
apartment. This building doesn’t exist anymore; there is only a linden 
left, which was standing in the middle of the former courtyard. It’s 
difficult to convey these feelings; they are still alive in me. I remember 
the words we used in our common life: Stalin, highly expected price-
cutting, bomb shelter, kerosene stove, firewood, burzhuyka, skates tied 
to valenki, lapta, ink-pencil, “Pravda” newspaper, line, circus etc. But 
it’s all about nostalgia – someone can say! No, it was my childhood and 
youth that I remember with warmth in my heart. How could I possibly 
forget it? 
But when I remember our slogans, like «Long live dear Soviet 
government!” here do please excuse me! I don’t regret and miss that 
Party, that ideology and that system. 
4948
Pequenas bailarinas, 1963
Young dancers, 1963
5150
mercados loucos, novos heróis. Entender e de alguma forma discernir 
o que estava acontecendo, apresentava-se como uma tarefa difícil para 
uma pessoa. Eu percebi uma coisa: eu aceitava essas mudanças. Como 
eu, com a minha alma aberta e romântica, era ingênuo, e eu não estava só 
neste pensamento. As idéias utópicas do comunismo foram substituídas 
pelo colapso completo do país nas áreas econômicas, sociais, jurídicas, 
educacionais, culturais, científicas e financeiras. Chegou o capitalismo 
bandido, a corrupção inimaginável, os líderes atuais interessados apenas 
em gás e petróleo, interessados somente em fortalecer o seu poder. Aos 
poucos, é introduzida a censura nos meios de comunicação, os fecham os 
canais de televisão, reformulam-se as agências de notícias, mais uma vez 
colocam-nos antolhos. E sob esta linha de pobreza encontra-se todo o país, 
praticamente não produzimos nada, com fábricas e usinas fechadas e uma 
medicina medieval, dirigimos carros estrangeiros, voamos em Boeings, 
usamos roupas alheias. As pessoas não vivem, porém sobrevivem. 
With the beginning of Perestroika there was an extraordinary rise of 
strength and energy; there was a hope for a new life. I had a lot of 
jobs: congresses, meetings, demonstrations, crazy markets, and new 
heroes. It was a hard task to understand what was going on. But I 
realized one thing – I do accept these changes. Oh! How I was naïve 
with my open and romantique soul, and I wasn’t alone. The idea of 
communism, which was an Utopia, was substituted by the full collapse 
of the country in the economic, social, judicial, educational, cultural, 
scientific, financial and other areas. A wild capitalism and enormous 
corruption came to our country; current leaders think only about oil 
Avenida Nevsky, 1977
Nevsky Avenue, 1977
Vladimir Lagrange
5352
Juramos, 1972
We sware, 1972
Não há dança sem acordeão, 1983
No dance surgir accordion, 1983
5554
Saudação, 1986
Greeting, 1986
O chá da noite, 1989
Evening’s tea, 1989
5756
A piscina “Moscou”, 1962
The swimming pool “Moscow” 
(Moscow instead of Moscow), 1962
Goleiro, 1961
Goal keeper, 1961
5958
A paz é vida, 1962
Peace is life, 1962
Afeganistão, 1989
Afghanistan, 1989
60
A manhã do dia de amanhã, 1969
The morning of tomorrow, 1969
Geometria, 1973
Geometry, 1973
6362
Fila para o mercado, 1991
Queue to the market, 1991
Os homens têm outro trabalho, 1982
Men have another job, 1982
6564
Agora eles estão no poder, 1987
Now they are at the power, 1987
Moscou. Praça Vermelha. Fila para o mausoléu, 1976
Moscow. Red Square. A queue to the Mausoleum, 1976
6766
Réquiem, 1989
Requiem, 1989
O alfabeto dos mudos, 1962
Alphabet of dumbs, 1962
6968
Na loja de brinquedos, 1963
In a toy story, 1963
Maestro, 1984
Conductor, 1984
7170
Um breve intervalo, 1960In haste, 1960
7372
Interesse, 1960
Interest, 1960
Conversa privada, 1978
Private conversation, 1978
Ajudante, 1979
Helper, 1979
7574
Sempre com o povo, 1969
Always with people, 1969
Na Rússia, um poeta é mais do que um poeta. Evgeny 
Evtushenko, 1977
In Russia, a poet is more than just a poet. Evgeny Evtushenko, 1977
7776
Intervalo, 1964
Interval, 1964
Atmosfera da ciência, 1978
Aura of science, 1978
7978
Afeganistão. Amigos, 1989
Afghanistan. Friends, 1989
Estandarte Duplo, 1991
Double standard, 1991
8180
BIOGRAFIA VLADIMIR LAGRANGE
1939 – Nascimento em Moscou (URSS).
1959 - inicia os seus estudos de fotojornalismo na Agência de Imprensa TASS, 
onde conhece os fotógrafos Vasily Egorov e Nikolay Kuleshov, os quais considera 
como os seus primeiros professores; torna-se fotojornalista para a agência TASS.
1963 - primeira participação em uma exposição internacional em Budapeste, 
Hungria, onde recebe a Medalha de Ouro pela fotografia «Pequena bailarina». 
1964 - inicia os seus estudos de jornalismo na Universidade Estatal de Moscou 
Lomonossov.
1963-1989 - fotógrafo correspondente da revista «União Soviética».
Durante vários anos, contribuiu para diversas publicações nacionais e 
internacionais, tais como a “Jornal Literário”, “Paris Match”, “Freie Welt” e 
“Komsomolskaya Pravda”. Foi um dos cem fotógrafos escolhidos para participar 
do livro “Um dia na vida da União Soviética”. 
Vladimir Lagrange recebeu os mais altos prêmios e distinções do seu país, entre 
os quais destaca-se o “Olho Dourado”, concedido pela União dos Jornalistas da 
Rússia.
As suas obras integram importantes coleções fotográficas em diversos museus e 
centros de fotografia na Europa.
1939 - Born in Moscow (URSS).
1959 - Begins his studies in photojournalism at TASS News Agency, where he 
meets such photographers as Vasily Egorov and Nikolay Kuleshov, who he 
considers his first teachers; becomes photojournalist for the TASS agency.
1963 - First participation in an international exhibition in Budapest, Hungary, 
where he is awarded with the Golden Medal for the photography “Little Ballerina’. 
1964 - Begins his journalism studies at the State University of Moscow named 
after Lomonosov.
1963-1989 - Photo reporter for the Magazine “Soviet Union”.
For several years, Vladimir Lagrange contributed to national and international 
publications, such as “Literary Journal”, “Paris Match”, “Freie Welt” and 
“Komsomolskaya Pravda”. He was one of the hundred photographers chosen to 
participate in the book “A Day in the Life of the Soviet Union.”
Vladimir Lagrange received the highest awards and accolades from his country, 
among which stands out the “Golden Eye”, awarded by the Union of Journalists 
of Russia. His works make part of important photographic collections in several 
museums and centres of photography in Europe.
VLADIMIR LAGRANGE BIOGRAPHY
82
Presidente da República
Dilma Vana Rousseff
Ministro da Fazenda
Joaquim Levy
Presidente da Caixa Econômica Federal
Miriam Belchior
CAIXA Cultural São Paulo
Período expositivo
25 julho a 20 setembro 2015
Praça da Sé, 111 . São Paulo / SP . CEP 01001-001
Terça a domingo, das 9h às 19h
facebook.com/CaixaCulturalSaoPaulo
Prefira transporte público
Exposição
Curadoria e Direção Artística
Luiz Gustavo Carvalho
Direção Executiva 
Maria Vragova
Direção Financeira 
Marco Antônio Miranda
Projeto Expográfico e Design Gráfico
Phamela Dadamo
Assessoria de imprensa
Bárbara Chataigner
Impressão em fine art
Papel Photorag Ultrasmooth 305g (Hahnemühle)
Artmosphere / Luis Rodrigo Cerqueira
Montagem 
Kazuhiro Bedim
Leonardo Vilella
Iluminação
Santa Luz
Comunicação visual
Camera Press
Catálogo
Textos
Luiz Gustavo Carvalho
Vladimir Lagrange
Revisão e tradução
Maria Vragova
Luiz Gustavo Carvalho
Larissa Mordovina
Design Gráfico
Phamela Dadamo
© Vladimir Lagrange
patrocínioprodução
Livre
CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 . São Paulo / SP
CEP 01001-001
patrocínioprodução
D
is
tr
ib
ui
çã
o 
gr
at
ui
ta
. C
om
er
ci
al
iz
aç
ão
 p
ro
ib
id
a
IS
BN
 9
78
-8
5-
66
12
2-
02
-2

Continue navegando