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APOSTILA DE CRIMINOLOGIA 21 05 15 ATUALIZADA FINAL

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1 
 
 
ACIDES 
 ACADEMIA INTEGRADA DE DEFESA SOCIAL 
FORMANDO PACIFICADORES SOCIAS 
CRIMINOLOGIA APLICADA A 
SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO 
DE SOLDADOS PM 2015 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ORGANIZADORES 
 
Agente PC - Rosangela Silva de Souza 
Sd BM - Fábio Novais Emiliano Alves 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
1. CRIMINOLOGIA ________________________________________________ 04 
1.1. CONCEITO_______________________________________________ 04 
1.2. VERTENTES DO CRIME___________________________________04 
1.3. OBJETO DA CRIMINOLOGIA______________________________ 04 
1.4. MÉTODA CRIMINOLOGIA_________________________________05 
1.5. FUNÇÃO DA CRIMINOLOGIA_____________________________ 05 
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINOLOGIA______________________ 06 
2.1. ANTIGUIDADE___________________________________________ 06 
 2.2. SÉCULO XVI_____________________________________________ 06 
2.3. SÉCULO XVII____________________________________________ 06 
2.4. SÉCULO XIX_____________________________________________ 07 
3. ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS____________________________________ 08 
3.1. CRIMINOLOGIA CLÁSSICA_______________________________ 08 
3.1.1. ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS CLÁSSICAS _______________ 08 
3.2. ESCOLAS CRIMININOLOGICAS POSITIVISTAS____________ 08 
3.3. ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS ITALIANAS_________________ 10 
4. TEORIA MACROSSIOLÓGICA DA CRIMINALIDADE_______________ 10 
4.1. ESCOLA DE CHICAGO____________________________________ 11 
5. TEORIA DA AÇÃO DIFERENCIAL________________________________ 12 
6. TEORIA DA SUBCULTURA DO DELINQUENTE____________________ 13 
7. TEORIA DA ANOMIA____________________________________________ 13 
8. CRIMINOLOGIA CRITICA OU RADICAL___________________________14 
9. TEORIA DA ROTULAÇÃO OU LABELING APPRACHA OU 
ETIQUETAMENTO_________________________________________________14 
10. CRIMINOLOGIA 
ABOLICIONISTA___________________________________________________15 
11. CRIMINOLOGIA MINIMALISTA__________________________________15 
12. CRIMINOLOGIA NEOREALISTA ________________________________ 15 
13. VITIMOLOGIA__________________________________________________15 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS__________________________________ 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. CRIMINOLOGIA 
1.1. CONCEITO 
 É a ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o 
controle social, tendo como finalidade combater a criminalidade por meio de métodos 
preventivos (Sumariva, 2014: 06). Vê o crime como um problema social, um fenômeno 
comunitário que envolve quatro elementos: 
 O crime como fatos ilícitos reiterados na sociedade; 
 O crime como causador de dor à vítima e à sociedade; 
 O crime deve ocorrer reiteradamente por um período juridicamente relevante de 
tempo e no mesmo território; 
 A criminalização de condutas deve incidir após uma análise detalhada quanto 
aos seus elementos e sua repercussão na sociedade. (SUMARIVA, 2013) 
 
1.2. VERTENTES DO CRIME 
 
Para conhecermos a criminologia é necessário verificar como algumas ciências 
conceituam e reconhecem o crime. 
 
 Direito penal e o crime: apresenta legal e normativa do crime, ao conceituá-la 
com sendo a conduta ofensiva a preceitos primários que redundam em 
imposição de sanções. A lei é o limite do conceito de crime para o direito penal. 
 
 Segurança e o crime: define crime sob o enfoque fático, como sendo uma 
perturbação da ordem social e da paz social. Usa a segurança pública para 
garantir os direitos individuais e a assegurar a liberdade. 
 
 Sociologia e o crime: com o olhar social, entende que crime é a conduta 
desviada, sendo assim utilizados os critérios de referência para aferir o desvio às 
expectativas sociais. 
 
 
1.3. OBJETO DA CRIMINOLOGIA 
 
1.3.1. CRIME 
Elementos constitutivos do crime: 
 Incidência massiva na população: não é possível atribuir a condição de crime 
a fato isolado na sociedade. Se o fato não se reitera, desnecessário considerá-
lo como criminoso. 
 Incidência aflitiva do fato praticado: o crime produz dor à vítima e à 
sociedade. Para puni-lo no âmbito criminal, é necessário que o fato tenha 
relevância social. 
 Persistência espaço-temporal: o fato a ser considerado como criminoso. Para 
ter um fato como criminoso, além de ser massivo e aflitivo, é necessário que 
ele se distribua pelo nosso território e ao longo de um tempo juridicamente 
relevante. 
 
5 
 
 Inequívocos consensos a respeito de sua etiologia e de quais técnicas de 
intervenção seriam mais eficazes para o seu enfrentamento. (SUMARIVA, 
2013) 
 
1.3.2. CRIMINOSO 
O criminoso tende a ser examinado como unidade biopsicossocial e não mais como 
unidade biopsicopatológico. Na visão atual o criminoso trata-se de um homem real do 
nosso tempo, que se submete às leis e pode não cumpri-las por razões que nem sempre 
são compreendidas por seus pares. 
 
1.3.3. VÍTIMA 
Os estudos criminológicos da vítima ganharam destaque logo após a 2º Guerra Mundial, 
em razão do sofrimento imposto por Adolf Hitler aos judeus nos campos de 
concentração. Assim, nasce a vitimologia. 
 
1.3.4. O papel da vítima no contexto delituoso: 
 A vítima como sujeito capaz de influir significativamente no fato delituoso: 
em sua estrutura, dinâmica e prevenção. 
 As atitudes e propensão dos indivíduos param se converterem em vítimas 
dos delitos. 
 Variáveis que intervêm nos processos de vitimização: cor, raça, sexo, 
condição social. 
 Situação da vítima em face do autor do delito, bem como do sistema legal e 
de seus agentes. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
1.3.5. CONTROLE SOCIAL seria um conjunto de instituições, estratégias e sanções 
sociais que pretendem promover a submissão dos indivíduos aos modelos e normas de 
convivência social. Têm-se dois sistemas de controles sociais: 
 Controle social formal (aparelhagem política do Estado): polícia, judiciário, 
administração penitenciária, Ministério Público etc. visão político criminal; 
 Controle social informal (sociedade civil): família, igreja, escola etc. visão 
preventiva educacional. 
 
1.4. MÉTODO DA CRIMINOLOGIA 
 
A criminologia é uma ciência do ser, empírica (observação da realidade) que vale do 
método indutivo, utilizando-se de métodos biológicos e sociológicos. 
 
 
1.5. FUNÇÃO DA CRIMINOLOGIA 
 
A função de informar a sociedade e os poderes públicos sobre os crimes, o criminoso, a 
vítima e o controle social, reunindo núcleo de conhecimentos seguros que permita 
compreender cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e 
de modo positivo no homem criminoso. Trata-se de uma ciência prática preocupada 
com problemas e conflitos concretos, históricos. 
 
 
6 
 
1.5.1. Alcance da criminologia: 
 Explicação científica do fenômeno criminal; 
 Prevenção do delito; 
 Intervenção no homem deliquente. 
 
1.5.2. Prevenção do delito: 
 Ineficácia da prevenção penal: que estigmatiza o infrator acelera a sua carreira 
criminal e consolida o seu status de desviado. 
 Maior complexidade dos mecanismos dissuasórios: certeza e rapidez da 
aplicação da pena mais importante que a sua gravidade. 
 Necessidade de intervenção de maior alcance: intervenções ambientais, melhoria 
das condições de vida e reinserção dos ex-presidiários na sociedade. 
(SUMARIVA, 2013) 
 
 
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICADA CRIMINOLOGIA 
 
2.1. ANTIGUIDADE 
Tem início com o Código de Hamurabi: considerava que pobres e ricos deveriam ser 
julgados de modo distintos, os ricos deveriam ser julgados com maior severidade, já que 
dispunham de maiores oportunidades, bens materiais e culturais. 
2.1.1. Destaques: 
 Ausência de estudo sistematizada sobe o crime e o criminoso; 
 Explicações sobrenaturais ou religiosas sobre o mal e o crime; 
 Crime como tabu ou pecado, avaliado em termos éticos e morais; 
 Demonismo: os criminosos como uma personalidade diabólica. (SUMARIVA, 
2013) 
 
2.2. SÉCULO XVI 
Thomas Morus, em sua obra UTOPIA, considerava o crime como reflexo da 
própria sociedade, isto é, a desorganização social e a pobreza com a delinquência. 
Relacionava pobreza com delinqüência; 
 
2.3. SÉCULO XVIII 
 A fisionomia deu origem à cranioscópia, difundida por Franz Joseph Gall 
(1758-1828.) e Joseph Gaspar Spuzhem (1776-1832), os quais sustentavam que 
mediante as medições externas da cabeça era possível determinar o caráter, 
características da personalidade, desenvolvimento das faculdades mentais e 
morais, bem como grau da criminalidade com base na forma externa do crânio. 
 
 A Frenologia corresponde aos estudos de uma análise interna da mente. Por esse 
método era possível localizar cada um dos instintos e inclinações humanas em 
uma parte determinada do cérebro, cujo desenvolvimento poderia ser apreciado 
segundo a forma do crânio. Cada instinto perverso deveria ter sua própria 
origem que provocava e o identificava. 
 
 
7 
 
2.4. SÉCULO XIX 
No fim do séc. XIX surge a “criminologia socialista em sentido amplo”, compreendida 
como explicação do crime a partir da natureza da sociedade capitalista e como crença no 
desaparecimento ou redução sistemática do crime após a instauração do socialismo. 
 
 Para o francês James Pritchard (1835), criminosos com princípios morais 
deficientes, apresentando privação ou alteração das faculdades afetivas, 
emotivas e do senso moral. 
 
 Os franceses Phillipe Pinel (1862) e Felix Voisin (1837) defendiam que a 
criminalidade se manifesta devido a uma deficiência no sistema nervoso 
central. 
 Em 1850, os alemães Karl Marx e Friedrich Engels defendem que o delito é 
produto das condições econômicas. Seria uma resposta a sociedade burguesa e 
uma proposta a internveção da classe operária. 
 
Apresentada por Antonio Garcia-Pablos Milina e Luiz Flávio Gomes, tem como 
principais características: 
 Parte da caracterização do crime como “problema”, destacando a base conflitual 
e sua face humana e dolorosa; 
 Ampliação do objeto de estudo da criminologia tradicional, isto é, inserindo 
assim a vítima e o controle social; 
 Destaca a orientação “prevencionista” do saber criminológico, em face da 
obsessão repressiva explicita nas demais definições convencionais; 
 O conceito tratamento é substituído por intervenção, visto que este apresenta 
uma noção mais dinâmica, complexa e pluridimencional, em observância ao fato 
real, individual e comunitário do fenômeno; 
 Ressaltam a análise e avaliação como modelos de reação ao delito; 
(SUMARIVA, 2013) 
 
 
3. ESCOLAS CRIMINOLOGICAS 
 
3.1. CRIMINOLOGIA CLÁSSICA 
A criminologia tradicional voltava-se para o criminoso e a punição que deveria ser 
aplicada aquele que transgrediu a lei, o objetivo era prevenir a ocorrência de outros 
delitos. 
 
3.1.1. ESCOLA CRIMINOLÓGICA CLÁSSICA 
Fundada Cesare Bonesana e Marquês de Bacaria, cujas idéias foram influenciadas 
pelo lluminismo. Baseado exclusivamente no julgamento da lei, com finalidade 
prevencionista das penas. 
 
3.1.2. Principais teorias: 
 Jusnaturalismo (Direito natural, de Grócio): que decorria da natureza eterna e 
imutável do ser humano; 
 
8 
 
 Contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de Rousseau): em que o Estado 
surge a partir de um grande pacto entre os homens, no qual estes cedem parcela 
de sua liberdade e direitos em prol da segurança coletiva. (SUMARIVA, 2013) 
 
3.1.3. Princípios fundamentais 
 O crime é um ente jurídico. Não é uma ação, mas sim uma infração; 
 A punibilidade dever ser baseada no livre-arbítrio; 
 A pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do criminoso 
(maldade), de modo a prevenir o crime com certeza, celeridade e severidade, 
bem como restaurar a ordem social. Essa escola é conhecida como 
retribucionista; 
 Método e raciocínio lógico-dedutivo. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
3.2. CRIMINOLOGIA TRADICIONAL 
 
3.2.1. ESCOLA POSITIVISTA 
Cesare Lombroso, em 1876, publicou a obra L´uomo deliquente, “O Homem 
Delinquente”, que inaugurou a escola positiva italiana. Representou o nascimento da 
criminologia científica. Método investigação experimental indutiva. Seus defensores: 
Cesare Lombroso, Rafaele Garófalo e Enrico Ferri. 
 
3.2.2. Princípios fundamentais: 
 O direito penal é a obra humana; 
 A responsabilidade social decorre do determinismo social; 
 O delito é um fenômeno natural e social (fatores biológicos, físicos e sociais); 
 A pena é um instrumento de defesa social (prevenção geral). (SUMARIVA, 
2013) 
 
O pesquisador belga Adolphe Quetelet, em 1835, em sua obra “Física Social” 
elaborou os seguintes preceitos: 
 O crime é um fenômeno social; 
 Os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão; 
 Há vários condicionamentos da prática delitiva, como miséria, analfabetismo, 
clima e etc. (SUMARIVA, 2013) 
Elaborou as “leis térmicas” e o “homem médio”, este estaria no meio dos opostos 
máximo e mínimo. Compara duas pessoas e serve como exemplo. 
 
3.2.3.. CESARE LOMBROSO (1835 – 1909) 
Fundador da Antropologia Criminal instaurou o período científico de estudos 
criminológicos, isto é, bioantropologia criminal. Defendia as seguintes teses: 
 A existência de criminosos natos, que seriam seres mal determinados; 
 Os criminosos são antropologicamente diferentes dos outros indivíduos, 
apresentam características de mongolóides e africanóides; 
 A epilepsia é fator determinante na origem da criminalidade; 
 O criminoso nato é resultado do atavismo, isto é, o criminoso atávico seria um 
homem menos civilizado que seus contemporâneos, representando um enorme 
anacronismo; 
 
9 
 
 A prostituição feminina equivale à criminalidade masculina; 
 Crime é um fenômeno biológico e não um ente jurídico. (SUMARIVA, 2013) 
 
Obs. Mais adiante Lombroso reconhece as causas sociais e que o criminoso nato 
não estava necessariamente predeterminado ao crime. 
 
3.2.4. RAFAELE GARÓFALO (1851-1934) 
O crime está no indivíduo e representa uma natureza degenerada. Defendia o seguinte: 
 O crime é o sintoma de uma anomalia moral ou psíquica do indivíduo, 
colocando assim em relevo o elemento psicológico; 
 Os criminosos possuem características fisionômicas especiais, que os distingue 
dos demais indivíduos; 
 O delito é a lesão daqueles sentimentos mais profundamente radicados do 
espírito humano, isto é, senso moral; 
 Criou o conceito de temibilidade ou periculosidade, que seria propulsor do 
deliquente e a porção da maldade, isto é, a imposição do tratamento; 
 Demonstrou a necessidade de conceber outra de intervenção penal e apresentou 
a medida de segurança. (SUMARIVA, 2013) 
 
3.2.5. ENRICO FERRI (1856 – 1929) 
Criado da sociologia criminal, afirmava “menos justiça penal, mais justiça social”. 
Aderiu à tese de Lombroso e agregou fatores sociais, econômicos e políticos. Defendia 
o seguinte: 
 O delito é resultado de fatores antropológicos ou individuais (constituição 
orgânica, constituição psíquica, características pessoais como raça, idade, sexo, 
estado civil etc.), fatores físicos outélúricos ( clima, estações, temperatura, etc) 
e fatores sociais (densidade da população, opinião pública, moral, família, 
religião, educação, alcoolismo etc.); 
 Os fatores sociais são os que têm maior relevância na determinação do delito. A 
miséria e as condições sociais são propiciadores do crime; 
 O criminoso não é moralmente responsável pela sua conduta; 
 O determinismo ao crime devia chamar-se periculosidade e defesa social exigiria 
a neutralização do poder punitivo; 
 Para se proteger da criminalidade, a sociedade deve deixar de reagir tardia e 
violentamente contras os seus efeitos, e passar a prevenir as causas naturais do 
delito. (SUMARIVA, 2013) 
 
Ferri classificou os criminosos em: 
 Natos: criminoso por tendência congênita ou instintiva, criminosa violenta e 
perigosa, sangue perverso, imputáveis, seriam irrecuperáveis. 
 Loucos: doentes mentais e psicóticos, periculosidade congênita, inimputáveis, 
atrofia no senso moral. 
 Passionais: praticam crimes por motivos emocionais ou causa psíquica 
neurótica, incapazes de controlar suas emoções. 
 Ocasionais: cometem delitos em momentos ocasionais, sua ação é movida pela 
oportunidade. 
 Habituais: criminosos reincidentes são aqueles profissionais. 
 
 
10 
 
3.3. TERCEIRA ESCOLA ITALIANA 
 
Teve origem no século XX, tentou conciliar o conceito clássico e positivista. Seu 
expoente foi Bernardino Alimena, Giuseppe Impalomeni e Manuel Carvenale. Defendia 
o seguinte: 
 Respeito à personalidade do direito penal, que não pode ser absolvido pela 
criminologia social; 
 Inadmissibilidade do tipo criminal antropológico se fundamenta na causalidade e 
não na fatalidade do delito; 
 Reforma social como imperativo na luta contra a criminalidade; 
 A pena com caráter aflitivo e tempo por fim a defesa social; 
 Distinção entre imputáveis e inimputáveis; 
 Responsabilidade moral baseada no determinismo; 
 Crime como fenômeno social e individual. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
 
4. TEORIAS MACROSSOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE 
 
As teorias criminológicas dentro da perspectiva macrocriminológica examinam as 
diversas justificativas do crime, explicativas ou críticas. Fazem uma abordagem da 
sociedade como um todo, de seu funcionamento, de seus conflitos e crises de modo a 
obter, mediante o estudo do fenômeno, as diferentes respostas. 
 
Leva em consideração a influência de dois movimentos: 
 
 Teorias do consenso, de cunho funcionalista: os objetivos da sociedade são 
atingindo quando há o funcionamento perfeito de suas instituições, com as 
pessoas convivendo e compartilhando as metas sociais comuns, concordando 
com as regras da sociedade de convívio. São exemplo do consenso a Escola de 
Chicago, a teoria da associação diferencial, a teoria da anomia e a teoria da 
subcultura delinquente. 
 Teoria do conflito, de cunho argumentativo, defende a idéia de que a 
harmonia social decorre da força de coerção, onde há uma relação entre 
dominantes e dominados, não existindo voluntariedade entre os personagens 
para a participação social, a qual decorrerá de imposição e coerção. São 
exemplo da teoria do conflito a teoria crítica ou radical e a teoria do 
etiquetamento ou labelling approach. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
4.1. ESCOLA DE CHICAGO (1920-1940) 
 
A escola de Chicago é o berço da moderna sociologia americana, que teve seu início nas 
décadas de 20 e 30, à luz do Departamento de Sociologia de Chicago. 
 
Inicia um processo que abrange estudos em antropologia urbana, constata a influência 
do meio ambiente na conduta delituosa e faz uma relação entre crescimento 
populacional das cidades e o conseqüente aumento da criminalidade. 
 
 
11 
 
 
4.1.1. Características 
 As pessoas são contaminadas pelos ambientes sociais; 
 A cidade produz a delinqüência; 
 Passou-se usar os inquéritos sociais (social surveys) na investigação da 
criminalidade. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
4.1.2. PRINCIPAIS TEORIAS DA ESCOLA DE CHICAGO 
 
4.1.3. Teoria Ecológica ou da Desorganização social 
Oriunda da Escola de Chicago foi criada em 1915, a desordem e a má integração 
conduzem ao crime e à delinquencia. Faz paralelo as grandes urbes e a ausência 
do controle social informal. 
 
4.1.4. Considera que a criminalidade está relacionada aos seguintes problemas: 
 Deteriorização do grupo primário (da família); 
 Alta mobilidade e a conseqüente perda das raízes no lugar de residência; 
 Crise de valores tradicionais e familiares; 
 Superpopulação; 
 Indústria que acumula riqueza 
 Enfraquecimento do controle social. (SUMARIVA, 2013) 
 
4.2. Teoria Espacial 
 Surge na década de 1940 e trata da reestruturação arquitônica e urbanística, 
influenciada pela idéia do arquiteto Oscar Newman que publicou a obra 
Defensible Space, defendeu a idéia de modelos adequados de construção como 
prevenção ao crime. 
 
4.3. Teoria da Janela Quebrada 
 Tem origem nos Estados na Universidade de Haward, teoria desenvolvida pelos 
criminalistas James Wilson e George Kelling. Estabelece que a desordem cause 
a criminalidade. Foi deixado um veículo fechado em um bairro da Califórnia, na 
primeira semana ninguém mexeu, mas ao quebrar a janela em pouco tempo o 
carro foi destroçado e roubado por grupos de vândalos, em poucas horas. É 
necessário evitar os pequenos delitos para se evitar os mais graves. 
 
4.4. Teoria da tolerância zero 
 A teoria da tolerância zero baseada nas decisões providas das 
discricionariedades das autoridades policiais. O crime deve ser punido, 
independente da culpa do infrator ou do contexto. O Estado deve cumprir seus 
deveres legais para a com a população, oferecendo-lhe condições de 
desenvolvimento. É baseada na teoria da janela quebrada. Objetivo principal 
incutir o hábito da legalidade, o que produziria em médio prazo uma redução dos 
índices da microcriminalidade, bem como diminuição dos delitos graves. 
 
 
 
 
12 
 
 
5. TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL 
 
A teoria da Associação diferencial, ou também conhecida como teoria da aprendizagem 
social ou social learning, surgiu em 1924, foi difundida pelo sociólogo Edwin 
Sutherland (1883-1950). Sutherland também foi responsável pela expressão “White-
color crime”, “O Crime do Colarinho Branco”. Analisa a ação criminal dentro de uma 
perspectiva social, não apenas biológica, nessa perspectiva haveria uma disfunção ou 
inadaptação do sujeito no contexto no qual ele está inserido. O sujeito se tornaria 
criminoso dado o seu processo de socialização, seria a socialização responsável por 
conduzir o indivíduo a prática do crime. Logo, seria um processo de aprender alguns 
tipos de comportamentos desviantes, que requer conhecimento especializado e 
habilidade. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
5.1. Proposições da teoria da associação diferencial 
 
 Aprendizagem da conduta criminosa, isto é, aprende-se a delinqüir, como se 
aprender o comportamento virtuoso; 
 A conduta criminosa se aprende em interação com outras pessoas, através do 
processo de comunicação entre os indivíduos; 
 O processo de aprendizagem de condutas criminosas inclui também os métodos 
delitivos; 
 A direção especifica dos motivos e dos impulsos sofre influência ou não dos 
códigos legais, isto é, existem indivíduos que estão cercados por outros 
indivíduos que definem o código como descumprimento da norma, e outros que 
acatam os códigos das normas; 
 A pessoa se torna delinqüente quando as definições favoráveis à violação 
superam as desfavoráveis; 
 As associações diferenciais sofrem variações no que tange à freqüência, duração, 
periodicidade e intensidade; (SUMARIVA, 2013) 
 
 
6. TEORIADA SUBCULTURA DO DELINQUENTE 
 
Desenvolvida por Albert K. Cohen, teve como marco o lançamento do livro Deliquent 
Boys, em 1955, onde explicou que o todo agrupamento humano possui, subculturas, 
oriundas de seu gueto, filosofia de vida, onde cada um se comporta de acordo com as 
regras do grupo. Esse autor analisa a formação de grupos subculturais, que estão alheios 
aos padrões sociais vigentes. Defende que existe uma subcultura da violência, onde 
passa a aceitar a violência como algo natural, logo, existiria uma adaptação a violência. 
 
6.1. A subcultura está caracterizada em: 
 Não utilitarismo da ação: revela-se no fato de que muitos crimes não possuem 
motivação racional; 
 Malícia da conduta: é o simples prazer de prejudicar o outro; 
 Negativismo da conduta: mostra-se como um pólo oposto aos padrões da 
sociedade. (SUMARIVA, 2013) 
 
13 
 
 
Defende que a conduta delinquente não seria o reflexo de desorganizações sociais ou 
ausência de valores, mas resultado de subculturas existentes. 
 
6.2. Principais preceitos da conduta delinquente: 
O caráter pluralista e atomizado da ordem social; 
A cobertura normativa da conduta desviada; 
A semelhança estrutural, em sua gênese, do comportamento regular e irregular. 
(SUMARIVA, 2013) 
 
 
7. TEORIA DA ANOMIA 
 
Difundida por Robert King Merton (1938), com apoio de Emile Durkhein. Defendida 
que o comportamento desviado pode ser considerado como um sintoma de dissociação 
entre as aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos para alcançar tais 
aspirações. A motivação para a atitude delinquente estaria na impossibilidade de um 
indivíduo atingir metas desejadas por ele, como sucesso econômico ou status social. 
Nesse sentido as normas sociais são ignoradas ou contornadas. 
 
 7.1. Modos de adaptação dos indivíduos: 
 Conformidade: o indivíduo aceita os meios sociais institucionais para alcançar 
as metas culturais. Seria a coesão social responsável por tal adaptação; 
 Inovação: o indivíduo aceita as metas culturais, mas não os meios 
institucionalizados. Quando ele percebe que nem todos os meios estão a sua 
disposição, ele rompe os padrões culturais vigentes, para tentar alcanças as 
metas; 
 Ritualismo: o indivíduo foge das metas culturais, que, por algum motivo, 
acredita jamais serão alcançadas. Ele atua renunciando aos objetivos valorados 
por se achar incapaz de realizá-los; 
 Evasão ou retraimento: o indivíduo renuncia as normas sociais, as metas 
culturais e os meios institucionalizados. Estão inseridos os bêbados, mendigos e 
drogados; 
 Rebelião: o indivíduo rejeita as metas culturais e os meios institucionalizados, 
lutando pelo estabelecimento de novos paradigmas de uma nova ordem social. 
 
 
8. CRIMINOLOGIA CRÍTICA OU RADICAL 
 
Teve início com a obra de I. Taylor – Nova Criminologia, publicada em 1973. Inspirada 
no Marxismo entende ser o capitalismo a base da criminalidade, pois promove o 
egoísmo, o que leva os homens a delinqüir. 
 
8.1. Características: 
 A situação do conflito da sociedade e do direito; 
 Reclama compreensão pelo criminoso; 
 Crítica duramente a criminologia tradicional; 
 O capitalismo é à base da criminalidade. 
 
14 
 
 Propõe reformas estruturais na sociedade com o fim de reduzir desigualdades e, 
assim, diminuir a criminalidade. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
9. TEORIA DA ROTULAÇÃO OU LABELING APPRACH OU 
ETIQUETAMENTO 
 
Surgiu em 1960, nos Estados Unidos, se baseou na teoria de Emile Durkhein. Teve 
como precursores Erving Golffman, Edwin Lemert e Howard Becker. Adota como 
metodologia a observação direta e o trabalho de campo. Um fato é considerado 
criminoso a partir do momento em que adquire esse status por meio de uma norma 
criada de forma a selecionar certos comportamentos como desviantes no interesse de um 
sistema social. Está voltado para o sistema de controle adotado, nos campos preventivos 
e normativos, na seleção dos meios de reação à criminalidade. Cria-se um processo de 
estigma aos condenados, funcionando a pena como gerador de desigualdades. O sujeito 
acaba sofrendo reação da família, amigos, conhecidos, colegas, o que acarreta a 
marginalização no trabalho e na escola. 
 
 
10. CRIMINOLOGIA ABOLICIONISTA 
 
Teve origem Escandinávia, nos anos 90. Criação da sigla KRUM – Associação Sueca 
Nacional para a reforma penal. Defende o fim das prisões e abolição do direito penal. 
Os abolicionistas afirmam que o sistema penal só tem servido para legitimar e 
reproduzir as desigualdades e injustiças sociais. 
 
10.1. Propostas: 
 Anarquista: a preocupação está voltada na perda da liberdade e autonomia do 
indivíduo por obra do Estado. Uma visão de que a sociedade pode ser mais 
fraterna e solidária e que a esta seria o alicerce das posturas que autorizariam 
prescindir do sistema punitivo. 
 Marxista: entende-se o sistema penal como instrumento repressor e como modo 
de ocultar os conflitos sociais; 
 Liberal e cristã: trata-se de um sistema econômico, onde os homens se 
ocupariam de seus próprios conflitos. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
11. CRIMINOLOGIA MINIMALISTA 
 
Sustenta que é preciso limitar o direito penal, que está a serviço de grupos minoritários. 
A criminologia como resultado de um processo de definição, tendo como finalidade a 
ocultação de situações negativas e sofrimentos reais da classe menos favorecida. 
 
11.1. Propostas: 
 Transformação radical da sociedade como a melhor estratégia de combate ao 
crime; 
 Contratação do sistema penal em certas áreas para expansão de outras; 
 
15 
 
 A defesa de um novo modelo de direito penal em curto prazo de tempo, 
mediante a consagração de certos princípios com os quais seriam assegurados os 
direitos humanos fundamentais. (SUMARIVA, 2013) 
 
 
12. CRIMINOLOGIA NEORREALISTA 
 
Defende que só a política social ampla pode promover o justo e eficaz controle 
das zonas de delinquência, desde que os governos, com determinação e vontade, 
compreendam que carência e inconformidade, somadas à falta de solução 
política, geram o cometimento do crime. 
Apresenta o delito como um problema real e é, de fato, um fenômeno 
intraclassista. Tem como idéia central o socialismo, porém uma perspectiva 
vitalista. 
 
 
13. VITIMOLOGIA 
 
“A VITIMOLOGIA É A CIÊNCIA QUE SE OCUPA DA VÍTIMA E DA 
VITIMIZAÇÃO, CUJO OBJETO É A EXISTENCIA DE MENOS VÍTIMAS NA 
SOCIEDADE, QUANDO ESTA TIVER REAL INTERSSE NISSO”. (BENJAMIM 
MENDELSOHN) 
 
13.1. VÍTIMA 
 
13.1.1. A pessoa que sofre um resultado infeliz seja: 
 Dos próprios atos (suicida), 
 Das ações de outrem (homicídio) 
 Do acaso (acidente) 
 
Esteve ligada ao segundo plano inferior desde a Escola Clássica que se preocupa com o 
crime, passando pela Escola Positiva que se preocupava com o criminoso. 
 
A sociedade por conta de razões culturais e políticas sempre devotaram muito mais ódio 
pelo transgressor do que piedade pelo ofendido. 
 
16 
 
 
A Vitimologia não deve ser definida em termos de direito penal, mas de direitos 
humanos. Assim, a vitimologia deveria ser o estudo das consequências dos abusos 
contra os direitos humanos, cometidos por cidadãos ou agentes do governo. As 
violações a direitos humanos são hoje consideradas questão central na vitimologia. 
 
A criminologia tem como característica a progressiva ampliação e problematização de 
seu objeto. Fala-se em ampliação porque a Criminologia tradicional não contemplava a 
vitimologia em seus estudos, concentravam suas observações e pesquisa na pessoa do 
delinquente e do delito. Em razão da postura das Escolas Clássica e Positiva, naquela 
época ao direito penal só importava odelito, o delinquente e a pena. 
 
 
13.2. VITIMOLOGIA 
 
 Conceito: É a ciência que estuda a vítima sob os pontos de vista psicológicos e 
sociais, na busca do diagnóstico e da terapêutica do crime, bem como a proteção 
individual e geral da vítima. 
 
 Objetivo: estabelecer o nexo existente na dupla penal, o que determinou a 
aproximação entre vítima e o vitimizador, a permanência e a evolução desse 
estado. 
 
13.3. INTERESSES DA VITIMOLOGIA 
 
Prevenção do delito, por meio da identificação de medidas de natureza preventiva 
(policiamento, iluminação, identificação e neutralização de pontos de 
vulnerabilidade etc.): 
 
 Do comportamento do vitimizador em relação à vítima; 
 Do comportamento da vítima em relação ao vitimizador; 
 Da influência do comportamento da vítima para a ocorrência do evento 
criminoso; 
 Dos fatores que levam a vítima a reagir ou não contra aquele ou aqueles 
que a vitimizam ou, até mesmo, a acentuar essa relação de desequilíbrio. 
 
13.3.1. Desenvolvimento metodológico-instrumental, que inclui a obtenção e o 
desenvolvimento de informações destinadas a análise técnico-científicas dos fatores que 
envolvem os delitos (ex. local de residência, sexo, idade, nível econômico e cultural da 
vítima e do autor do ato infracional, propiciando estudos de correlação e projetos de 
atuação sobre elementos causais). 
 
13.3.2. Formulação de propostas de criação e reformulação de políticas sociais, 
condizentes com a atenção e reparação devida a vítima pelos múltiplos danos que sofre 
(econômicos, sociais, psicológicos). Podem incluir ações destinadas a restabelecer a 
tranquilidade e eliminar o medo, restaurando condições de vida ajustadas ao 
comportamento solidário e a confiança no sistema de justiça. 
 
 
17 
 
13.4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 Existem apontamentos de sobre Hans Gross (1901) 
 Benjamim Mendelsohn e Von Hentig a partir de 1940 começou fazer estudos 
sistemáticos das vítimas. 
 Em 1973 1ª Simpósio Internacional de Vitimologia em Israel, sob a supervisão 
do criminólogo chileno Israel Drapkin. Logo, impulsionam-se os estudos e a 
atenção comportamental, com a expectativa traçar perfis de vítimas potenciais, 
com a interação do direito penal, psicologia e psiquiatria. 
 
 
 
13.4.1. VÍTIMA 
 
Possui origem no latim victima ou victimae, cujo significado: “pessoa ou animal 
sacrificado ou que se destina a um sacrifício” Com o passar dos séculos, o sentido de 
vítima mudou desde uma expressão religiosa até uma designação de “estado” em que se 
encontra uma pessoa. 
 
13.4.2. MENDELSOHN define vítima como “a personalidade do indivíduo ou da 
coletividade na medida em que está afetada pelas consequências sociais de seu 
sofrimento determinado por fatores de origem muito diversificada”. Tais fatores seriam 
físico, psíquico, econômico, político ou social, assim como do ambiente natural ou 
técnico. 
As vítimas de atos ilícitos, especialmente de delitos, passaram por três fases que, no 
dizer de Garcia-Pablos de Molina: (Antonio García-Pablos de Molina é doutor e professor catedrático de 
Direito Penal na Universidade Complutense de Madrid). 
 
 Protagonismo, 
 Neutralização, 
 Redescobrimento. 
 
13.4.3. PROTAGONISMO: correspondeu ao período da vingança privada, em que os 
danos produzidos sobre uma pessoa ou seus bens eram reparados ou punidos pela 
própria pessoa. Fase conhecida como idade de ouro – a vítima era muito valorizada. 
 
13.4.4. NEUTRALIZAÇÃO DA VÍTIMA 
 
A ideia de que a resposta ao crime deve ser imparcial, desapaixonada, 
despersonalizando a rivalidade. É a época de responsabilização do Estado pelo conflito 
social. 
 
13.5. O REDESCOBRIMENTO DA VÍTIMA 
 
 É um fenômeno Pós 2ª. Guerra Mundial – conflito entre 1939 a 1945. 
 É uma resposta ética e social ao fenômeno multitudinário; da multidão; da 
macrovitimização, que atingiu especialmente judeus, ciganos, homossexuais, e 
outros grupos vulneráveis. 
 
18 
 
 Esse redescobrimento não persegue o retorno à vingança privada; nem quebra 
das garantias para os delinquentes: 
o “a vítima quer justiça.” 
 
13.6. CLASSIFICAÇÃO DAS VITIMAS 
 
Uma primeira classificação das vítimas é atribuída a Benjamim Mendelsohn, que leva 
em conta a participação ou provocação da vítima. 
 
 Vítima completamente inocente (ideais): ocorrência de uma fatalidade a qual 
não teria como se furtar. Ex. vítima de “bala perdida”. 
 
 Vítimas menos culpadas que os criminosos: atrai o criminoso ao se comportar 
de maneira diferenciada, chamando a atenção para si. Ex. pessoas que andam 
exibindo joias em locais onde há grande fluxo de dependentes químicos em ativa 
ou na fissura. Vítima autentica o indivíduo se expõe, inconscientemente, para 
fazer o papel de vítima e com isso atinge o objetivo. 
 
 Vítima tão culpada quanto o delinquente: O cidadão que se submete ao 
estelionato; indivíduo que adquire mercadorias contrabandeadas, aborto 
consentido, eutanásia. 
 
 Vítima mais culpada que o delinquente: por provocação. 
 
 Vítima unicamente culpada: falsa vítima, que “esconde” o carro para receber o 
dinheiro do seguro; que se machuca para dizer que foi agredida pelo cônjuge. 
São agressoras, simuladas e imaginárias. 
 
13.6.1. BENJAMIM MENDELSOHN CLASSFICA EM TRÊS GRUPOS 
 
 VÍTIMA INOCENTE: Que não concorre, não colabora de forma alguma. 
 VITIMA PROVOCADORA: voluntária ou imprudente colabora com o ânimo 
criminoso do agente 
 VÍTIMA AGRESSORA, SIMULADA OU IMAGINÁRIA suposta ou 
pseudovítima, que acaba justificando a legítima defesa de seu agressor. 
 
13.6.2. HANS VON HENTIG ELABOROU A SEGUINTE CLASSIFICAÇÃO 
 
 GRUPO 1. CRIMINOSO – VÍTIMA – CRIMINOSO (sucessivamente), 
reincidente que é hostilizado no cárcere, vindo a delinquir de novo pela repulsa 
social que encontra fora presídio. 
 GRUPO 2. CRIMINOSO – VÍTIMA – CRIMINOSO (simultaneamente), 
caso das vítimas de drogas que de usuários passam a ser traficantes. 
 GRUPO 3. CRIMINOSO – VÍTIMA – (imprevisível), por exemplo, 
linchamentos, saques, alcoolismo etc. 
 
 
19 
 
 
13.7. COMPLEXO CRIMINÓGENO DELINGUENTE E VÍTIMA 
 
 Importante analisar a relação entre criminoso e vítima (par penal) para aferir o 
dolo ( Intenção ou vontade consciente de cometer ato ilícito ou de violar a lei. ) 
e a culpa, igualmente, a responsabilidade da vítima ou sua contribuição 
involuntária para o crime. 
 Isso possui repercussão na adequação típica e na aplicação da pena. 
 É inegável, por exemplo, o papel da vítima no homicídio privilegiado. E nos 
crimes sexuais que muitas vezes o autor é “seduzido” pela vítima, que não é tão 
vítima no caso. 
 
13.8. POTENCIAL DE RECEPTIVIDADE VITIMAL 
 
Assim como existem criminosos reincidentes, é certa a existência de vítimas latentes ou 
potenciais. 
Existem pessoas padecem impulso irresistível para serem vítimas dos mesmos crimes. 
Assim como há criminosos reincidentes, há vítimas voluntárias tais como os 
encrenqueiros, truculentos, piadistas etc. 
Entretanto, vítimas autênticas – nem contribuem para o evento criminal por ação ou 
omissão, nem interagem com o comportamento do autor do crime. São inocentes na 
compreensão da cena do crime. 
 
 VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA: é normalmente entendida como aquela 
provocada pelo cometimento do crime, pela Conduta violadora dos direitos da 
vítima. Pode causar danos variados, materiais, físicos, psicológicos, de acordo 
com a natureza da infração, personalidade da vítima, relação com o agente 
violadora, extensão do dano, dentre outros. Aquela que corresponde aos danos à 
vítima decorrentes do crime 
 
 VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA OU SOBREVITIMIZAÇÃO:entende-se 
como o sofrimento adicional que a Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público, 
polícia e sistema penitenciário),com suas mazelas, provoca normalmente nas 
vítimas. A vitimização secundária está ligada diretamente ao fenômeno que 
conhecemos na Criminologia como “cifras negras” cifras ocultas - o conjunto 
de crimes que não chegam ao conhecimento do Estado pelos mais variados 
motivos. 
 
20 
 
 VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA: vem da falta de amparo dos órgãos públicos 
(além das instâncias de controle) e da ausência de receptividade social em 
relação à vítima. Muitas vezes incentiva não denunciar o delito às autoridades. 
 
“Cifra negra” CIFRA OCULTA é uma das responsáveis pela questionável falta de 
legitimidade do sistema penal vigente, pois uma quantidade ínfima de crimes chega ao 
conhecimento do Poder Público, e desta, uma grande parte não recebe resposta 
adequada do Estado”. Ex: Vítimas da violência doméstica (alto índice de 
impunidade). 
 
 
 
13.9.CONTRIBUIÇÕES DA VITIMOLOGIA 
 
Compreensão da dinâmica criminal e da Interação delinquente-vítima. 
Entender em que medida a vítima interfere para o desencadear da ação do delito. E 
como suas ações ou reações condicionam ou direcionam as ações dos agressores. 
 
Importante análise sobre a vítima para prevenção do delito. Pois a vítima é fonte de 
informações. 
 
A introdução da chamada “prevenção vitimaria”, que se contrapõe à prevenção 
criminal, realça a importância de se evitar que delitos aconteçam a partir da reorientação 
às vítimas, e aos próprios órgãos do estado, para que adotem condutas e perspectivas 
distintas, que reduzam ou eliminem as situações de risco. 
 
A pesquisas de vitimização fornecem imensos subsídios a respeito de como os delitos 
ocorrem, em que circunstâncias de tempo e lugar, e por quais fatores desencadeantes. 
 
 A partir da vítima, que é conhecida, e acessível de pronto, é possível identificar 
relações existentes ou não com a pessoa do agressor e outros fatores relevantes. 
 O modo como a política criminal trata a vítima é tema de relevo. O modo 
tradicional tenta, quando o faz, uma ressocialização do delinquente. 
 Raramente se percebe que também a vítima precisa se encontrar, e ser 
reintroduzida ao convívio social. Não sendo percebida, torna-se esquecida em 
todas as fases das políticas criminais. 
 
21 
 
 A chave para sua inclusão está no respeito a seus direitos para evitar vitimização 
secundária. 
 
13.0. PREVENÇÃO 
 
No Estado Democrático de Direito em que vivemos, a prevenção criminal é integrante 
da “agenda federativa”, passando por todos os setores do Poder Público, e não apenas 
pela Segurança Pública e pelo Judiciário. Ademais, no modelo federativo brasileiro a 
União, os Estados, o Distrito Federal e, sobretudo os Municípios devem agir 
conjuntamente, visando à redução criminal (art. 144, caput, da Constituição Federal). 
 
A prevenção delituosa alcança, portanto, as ações dissuasórias do delinquente, inclusive 
com parcela intimidativa da pena cabível ao crime em vias de ser cometido; as 
alterações dos espaços físicos e urbanos com novos desenhos arquitetônicos aumentam 
de iluminação pública etc. (neoecologismo + neorretribucionismo), bem como atitudes 
visando impedir a reincidência (reinserção social, fomento de oportunidades laborais 
etc.). 
 
13.11. PREVENÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA. 
 
 PRIMÁRIA: Ataca a raiz do conflito (educação, emprego, moradia, segurança 
etc.); aqui desponta a inelutável necessidade de o Estado, de forma célere, 
implantar os direitos sociais progressiva e universalmente, atribuindo a fatores 
exógenos a etiologia delitiva; a prevenção primária liga-se à garantia de 
educação, saúde, trabalho, segurança e qualidade de vida do povo, instrumentos 
preventivos de médio e longo prazo. 
 
 SECUNDÁRIA: Destina-se a setores da sociedade que podem vir a padecer do 
problema criminal e não ao indivíduo, manifestando-se a curto e médio prazo de 
maneira seletiva, ligando-se à ação policial, programas de apoio, controle das 
comunicações etc. 
 
 TERCIÁRIA: Voltada ao recluso, visando sua recuperação e evitando a 
reincidência (sistema prisional); realiza-se por meio de medidas socioeducativas, 
como a laborterapia, a liberdade assistida, a prestação de serviços comunitários 
etc. 
 
13.12. TEORIAS RELACIONADAS À PREVENÇÃO 
 
 13.12.1. Teoria da reação social: A ocorrência de ação criminosa gera uma reação 
social (estatal) em sentido contrário, no mínimo proporcional àquela. Da evolução das 
reações sociais ao crime prevalecem hodiernamente três modelos: dissuasório, 
ressocializador e restaurador (integrador). 
 
 Modelo dissuasório (direito penal clássico): repressão por meio da punição ao 
agente criminoso, mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo. 
Aplica-se a pena somente aos imputáveis e semi-imputáveis, pois aos 
inimputáveis se dispensa tratamento psiquiátrico. 
 
22 
 
 
 Modelo ressocializador: intervém na vida e na pessoa do infrator, não apenas 
lhe aplicando uma punição, mas também lhe possibilitando a reinserção social. 
Aqui a participação da sociedade é relevante para a ressocialização do infrator, 
prevenindo a ocorrência de estigmas. 
 
 Modelo restaurador (integrador): recebe também a denominação de “justiça 
restaurativa” e procura restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo 
ante, visando à reeducação do infrator, a assistência à vítima e o controle social 
afetado pelo crime. Gera sua restauração, mediante a reparação do dano causado. 
 
13.12.2. Teoria da pena, A penologia: O Estado existe para propiciar o bem comum da 
coletividade administrada, o que não pode ser alcançado sem a manutenção dos direitos 
mínimos dos integrantes da sociedade. Por conseguinte, quando se entrechocam direitos 
fundamentais para o indivíduo e para o próprio Poder Público e as outras sanções (civis, 
administrativas etc.) são ineficazes ou imperfeitas, advém para este o jus puniendi, com 
a reprimenda penal, que é a sanção mais grave que existe, na medida em que pode 
cercear a liberdade daquele e, em casos extremos, privá-lo até da vida. 
 
A pena é uma espécie de retribuição, de privação de bens jurídicos, imposta ao 
delinquente em razão do ilícito cometido. O estudo da pena constata a existência de três 
grandes correntes sobre o tema: teorias absolutas, relativas e mistas. 
 
13.12.3. As teorias absolutas (Kant, Hegel) entendem que a pena é um imperativo de 
justiça, negando fins utilitários; pune-se porque se cometeu o delito (punitur quia 
peccatum est). 
 
13.12.4. As teorias relativas ensejam um fim utilitário para a punição, sustentando que 
o crime não é causa da pena, mas ocasião para que seja aplicada; baseia-se na 
necessidade social (punitur ne peccetur). Seus fins são duplos: prevenção geral 
(intimidação de todos) e prevenção particular (impedir o réu de praticar novos crimes; 
intimidá-lo e corrigi-lo). 
 
13.12.5. As teorias mistas conjugam as duas primeiras, sustentando o caráter 
retributivo da pena, mas acrescentam a este os fins de reeducação do criminoso e 
intimidação. A penologia é a disciplina integrante da criminologia que cuida do 
conhecimento geral das penas (sanções) e castigos impostos pelo Estado aos violadores 
da lei. 
 
 
 
“O direito penal não pode se desconectar da realidade criminal a ponto de não 
proteger a vítima tal qual ela merece”. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
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Gomes Navas. Editora Makbon Books. São Paulo. 
 
SUMARIVA, Paulo. Criminologia: teoria e prática. Editora Impetus. 2013.

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