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0 SOCIEDADE EDUCACIONAL DE ITAPIRANGA – SEI FACULDADE DE ITAPIRANGA – FAI GLEIDE ROHDEN RESPONSABILIDADE SOCIAL E CIVIL DO CONTABILISTA: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS DE ITAPIRANGA - SC Itapiranga, SC 2010 1 GLEIDE ROHDEN RESPONSABILIDADE SOCIAL E CIVIL DO CONTABILISTA: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS DE ITAPIRANGA - SC Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Faculdade de Itapiranga (FAI). Professora Orientadora: Clésia Ana Gubiani Itapiranga, SC 2010 2 GLEIDE ROHDEN RESPONSABILIDADE SOCIAL E CIVIL DO CONTABILISTA: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS DE ITAPIRANGA - SC Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Contábeis da Sociedade Educacional de Itapiranga – Faculdade de Itapiranga. Prof. Msc. Ari Söthe Coordenador do Curso de Ciências Contábeis da FAI – Faculdades de Itapiranga Apresenta a comissão examinadora integrada pelos seguintes professores: Orientadora: Prof. Msc. Clésia Ana Gubiani Presidente – FAI - Faculdades de Itapiranga Prof. Esp.Tecla Royer Scholz Membro – FAI - Faculdades de Itapiranga Prof. Esp. Vilson Söthe Membro – FAI - Faculdades de Itapiranga 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha família, em especial ao meu namorado Charles, que teve paciência e compreensão nos momentos em que tive que me dedicar aos estudos. Aos meus pais que sempre me incentivaram nos estudos, e que compreenderam os momentos em que não pude me dedicar a família. 4 AGRADECIMENTO Agradeço a Deus, princípio de tudo, sem o qual não seríamos nada. Agradeço a minha família, em especial aos meus pais, que me ensinaram o caminho certo a seguir, e me incentivaram na escolha que fiz. Ao meu namorado Charles pelo apoio e compreensão, me incentivando nos momentos de desalento e ajudando no que fosse necessário. As minhas orientadoras Carmen e Clesia, pela disponibilidade e conhecimento oferecidos para a realização deste trabalho. Agradeço também a todos os professores que me ajudaram nesta caminhada de quatro anos. Aos colegas, pelo apoio e companheirismo. Aos contabilistas atuantes de Itapiranga, pela disponibilidade em responder o questionário e pelas informações de grande valia repassadas para a boa apresentação deste trabalho. 5 “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível” Charles Chaplin 6 RESUMO Para ser contador são exigidas muitas habilidades e conhecimentos referentes à contabilidade e suas leis. O contador não é mais um profissional que executa apenas registros contábeis, como o antigo “guardador de livros”, sua atuação é muito mais ampla. Com a ampliação da área de atuação, também aumentam suas responsabilidades. Ter conhecimento da legislação vigente bem como de suas responsabilidades sociais é indispensável para ser um bom profissional contábil. Responsabilidade de forma geral significa a obrigação de responder pelas ações próprias ou de outros. Sendo que atualmente a responsabilidade do contabilista é solidária, torna-se relevante o conhecimento aprofundado de suas responsabilidades. O estudo teve por objetivo, identificar a percepção dos profissionais contábeis de Itapiranga SC, no que se refere a sua responsabilidade social e civil. Pelo fato da legislação que rege a profissão contábil ter mudado recentemente e continuar mudando constantemente, torna-se significante um estudo a respeito. Para abranger os objetivos propostos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e levantamento de dados. A coleta de dados desenvolveu-se por meio de questionário aplicado aos contabilistas atuantes de Itapiranga SC. Por meio dos resultados constatou-se que os mesmos possuem conhecimento da legislação que rege a classe contábil, como também do Código de Ética Profissional Contábil. No entanto, quanto as penalidades civis impostas ao contabilista que transgredir algum preceito constante na Lei 10.406/02, constatou-se pouco conhecimento. Verificou-se também que a maioria dos respondentes concordam que os contabilistas devem desempenhar também outras funções além de fazer a contabilidade básica para as empresas, no entanto, nem todos o fazem. Dessa forma, conclui- se que os contabilistas possuem conhecimento da legislação aplicável e do Código de Ética Profissional Contábil, no entanto, devido as recentes alterações ocorridas para os contabilistas, os mesmos necessitam estarem se atualizando constantemente. Palavras-chave: Responsabilidade civil. Responsabilidade social. Código de Ética Profissional do Contabilista. Código Civil. 7 ABSTRACT Many skills and knowledge related to accounting and its laws are required to be a counter. This professional is no longer just a one that performs the accounting records, as the old "keeper of books", her/his role is much broader. With the expansion of the area, their responsibilities also increase. Having knowledge of current legislation as well as their social responsibilities is essential to be a good accounting professional. Responsibility generally means the obligation to answer for the actions themselves or others. And currently the responsibility of the accountant is joint and becomes relevant in-depth knowledge of their responsibilities. The study aimed to identify the perceptions of accounting professionals in Itapiranga SC, regarding their civil and social responsibility. As the law governing the accounting profession has changed recently, and keeps changing constantly, it becomes a significant study. In order to cover the proposed objectives, we used a literature search and data collection. The data collection was developed through a questionnaire applied to accountants working in Itapiranga SC. Through the results it was found out that they have knowledge of the law that governs the accounting, as well as the Code of Professional Accounting. However, related to the civil penalties imposed on the accountant who violates any provision contained in the Law 10.406/02, there was little knowledge. It was also found out that most respondents agreed that accountants must also perform other functions in addition to bookkeeping basic business, however, not all of them do it. Thus, we conclude that the accountants have knowledge of applicable law and the Code of Professional Ethics Accounting, however, due to recent changes to the accountants, they need to be constantly updating. Keywords: Liability. Social responsibility. Code of Professional Ethics of the Accountant. Civil Code. 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: Gênero do respondente..........................................................................................42 Gráfico 02: Lei norteadora do contabilista quanto as suas responsabilidadescivis.................44 Gráfico 03: Principal mudança ocorrida para os contabilistas, de acordo com a lei 10.406/02 do novo código civil..................................................................................................................45 Gráfico 04: Penalidades civis....................................................................................................47 Gráfico 05: Penalidades constantes no código de ética e na lei 12.249/10...............................48 Gráfico 06: Responsabilidade pelo ato ilícito, caso o cliente solicitar ao seu contabilista para que realize fraude em algum documento contábil....................................................................49 Gráfico 07: Elaboração do balanço social nas empresas nas quais faz a contabilidade...........50 Gráfico 08: Quanto a idéia de prestar outros serviços além da contabilidade básica, você:.....51 Gráfico 09: Outras atividades desempenhadas pelos contabilistas...........................................52 Gráfico 10: Fiscalização da profissão contábil.........................................................................53 9 LISTA DE TABELAS TABELA 01: Idade do respondente.........................................................................................43 TABELA 02: Meios utilizados para se atualizar na profissão..................................................54 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 1.1 TEMA E PROBLEMA....................................................................................................... 12 1.2 OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................... 13 1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ....................................................................................... 13 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 14 2 A CONTABILIDADE E A RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL CONTÁBIL .................................................................................................................................................. 15 2.1 A CONTABILIDADE........................................................................................................ 15 2.1.1 Origem e evolução da contabilidade ............................................................................... 15 2.1.2 Conceito de contabilidade ............................................................................................... 17 2.1.3 Objeto e objetivos da contabilidade................................................................................. 17 2.1.4 Usuários das informações contábeis ................................................................................ 19 2.2 RESPONSABILIDADES DO PROFISSIONAL CONTÁBIL ......................................... 20 2.2.1 Responsabilidade social ................................................................................................... 21 2.2.1.1 Conceito de responsabilidade social ............................................................................. 21 2.2.1.2 Abrangência da responsabilidade social ....................................................................... 22 2.2.1.3 Julgamento e penalidades ............................................................................................. 28 2.2.2 Responsabilidade civil ..................................................................................................... 30 2.2.2.1 Conceito de responsabilidade civil ............................................................................... 30 2.2.2.2 Abrangência da responsabilidade civil ......................................................................... 30 2.2.2.3 Elementos da responsabilidade civil............................................................................. 35 2.2.2.4 Penalidades ................................................................................................................... 38 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 39 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 39 3.2 SELEÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................. 40 3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................................. 40 3.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .............................................................. 40 3.5 ASPECTOS ÉTICOS E/OU LIMITADORES DA PESQUISA ........................................ 41 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................. 42 4.1 PERFIL DO RESPONDENTE........................................................................................... 42 4.2 CONHECIMENTO QUANTO A LEGISLAÇÃO ............................................................ 43 4.2.1 Conhecimento das mudanças ocorridas na legislação ..................................................... 43 4.2.2 Lei norteadora do contabilista ......................................................................................... 44 4.2.3 Principal mudança ocorrida para os contabilistas, de acordo com a Lei 10.406/02 ........ 45 4.2.4 Penalidades ...................................................................................................................... 46 4.2.4.1 Penalidades civis .......................................................................................................... 46 4.2.4.2 Penalidades constantes no Código de Ética do Contabilista e na Lei 12.249/10 ......... 47 4.2.5 Responsabilidade ............................................................................................................. 49 4.2.6 Balanço social .................................................................................................................. 49 4.2.7 Outras atividades relacionadas que desenvolve, além de ser contabilista ....................... 51 4.2.8 Fiscalização do exercício da profissão contábil .............................................................. 53 4.2.9 Exame de suficiência ....................................................................................................... 54 4.2.10 Meios utilizados para se atualizar na profissão ............................................................. 54 4.2.11 Cumprimento do artigo 8º do Código de Ética .............................................................. 56 5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 57 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 59 APÊNDICE ............................................................................................................................. 63 11 APÊNDICE 01 ........................................................................................................................ 64 12 1 INTRODUÇÃO 1.1 TEMA E PROBLEMA Sabe-se que para ser contabilista são exigidas muitas habilidades e conhecimentos referentes à contabilidade e suas leis. O contabilista não é mais um profissional que executa apenas registros contábeis, como o antigo “guardador de livros”, sua atuação é muito mais ampla. Com a ampliação da área de atuação, também aumentam suas responsabilidades. A responsabilidade do contabilista é grande, sendo que responde pela integridade das informações contábeis e financeiras da empresa, pelas obrigações legais. Também responde por obrigações assumidas no momento de sua contratação. O contador teve suasresponsabilidades ampliadas com o advento da Lei 10.406 de 10/01/2002 (Novo Código Civil), que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003 e dispõe sobre as obrigatoriedades do contador. Esta Lei trouxe mudanças significativas quanto às responsabilidades do profissional contábil e a aplicabilidade de punições em caso de infrações por ele cometidas. Com a publicação do Novo Código Civil, houve certas alterações nos procedimentos contábeis das empresas, como também em relação à responsabilidade do contador, tanto no que diz respeito à responsabilidade do contador por serviços prestados a empresa bem como quanto a solidariedade por atos praticados que causem danos a terceiros. Fazer um bom trabalho contábil, respeitando a legislação e fornecendo informações úteis a seus usuários, resulta na criação de uma boa imagem do contabilista perante a sociedade. Portanto, além de civil, a responsabilidade do contabilista também atingiu o cunho social. Foi com a finalidade de orientar seus usuários quanto as suas responsabilidades sociais, que em 10 de outubro de 1996 foi criado o código de Ética Profissional do Contabilista, aprovado pela Resolução CFC nº 803, e mais recentemente a Lei 12.249/2010 que alterou os Decretos-Leis 9.295/46 e 1.040/69. Conhecer responsabilidades, obrigações, direitos e deveres da profissão é primordial para exercer a profissão com sucesso. Dado o exposto, o estudo pretende responder a seguinte questão: Qual a percepção dos profissionais contábeis de Itapiranga – SC, no que se refere a sua responsabilidade social e civil? 13 1.2 OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS O presente trabalho tem como objetivo geral, identificar a percepção dos profissionais contábeis de Itapiranga-SC, no que se refere a sua responsabilidade social e civil. E como objetivos específicos: - Descrever quais são as responsabilidades do contador perante o Novo Código Civil; - Descrever a responsabilidade social do contador; - Avaliar a responsabilidade conjunta do contador e administrador da entidade, por meio de pesquisa bibliográfica; - Pesquisar o conhecimento dos contadores atuantes de Itapiranga quanto as suas responsabilidades; - Identificar quais os meios que os contabilistas utilizam para se atualizar na profissão. 1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO O trabalho justifica-se pelo fato de que atualmente, a função do profissional contábil não se restringe a elaborar balanços patrimoniais, calcular custos, registrar as movimentações financeiras ou cumprir com as obrigações tributarias da entidade, entende-se como relevante um estudo para identificar e esclarecer quais são as responsabilidades do contador. Conforme Geni Francisca dos Santos Vanzo: A responsabilidade do profissional contábil vai além da orientação e da execução das suas obrigações com ética e lisura, de acordo com o Código de Ética da profissão e obedecendo aos princípios que norteiam a Ciência Contábil. Ele responde civil e criminalmente por omissões e atos dolosos decorrentes das prerrogativas profissionais e que causem danos a terceiros. Tais responsabilidades estão consubstanciadas nos Códigos Civil (artigos 1.177 a 1.195) e Penal (artigo 342). Na atualidade, exigem-se profissionais preocupados com a imagem da entidade perante a sociedade, que tenham preocupação não apenas com os resultados financeiros da entidade, mas sim como os mesmos foram alcançados. Sendo que hoje, o contador responde solidariamente com o administrador por crimes cometidos pela empresa, como sonegação 14 fiscal, falsificação de documentos, entre tantas outras infrações. Sendo assim, são varias as responsabilidades do contador que precisam ser analisadas. Agir com ética, sem infringir a lei, são princípios de fundamental importância em qualquer profissão, inclusive na contábil. Sendo um tema recente, é possível que existam profissionais da área contábil que ainda não tenham estudado tal assunto, não tendo o conhecimento necessário que a profissão e a sociedade exigem. Assim, a presente pesquisa poderá contribuir para a atualização e esclarecimento dos contadores, como também pode contribuir com futuras pesquisas na área da responsabilidade do profissional contábil. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: o primeiro capítulo apresenta a introdução ao trabalho, o qual aborda o tema e o problema, o objetivo geral e os objetivos específicos bem como também a justificativa para a realização de tal trabalho. O segundo capítulo é composto pela fundamentação teórica, a qual apresenta os seguintes temas abordados por diferentes autores: a contabilidade, sua origem e evolução, conceito de contabilidade, objeto e objetivo da contabilidade, usuários das informações contábeis, conceito e abrangência da responsabilidade social, julgamento e penalidades da responsabilidade social, responsabilidade civil, seu conceito e sua abrangência, elementos e penalidades da responsabilidade civil. No terceiro capítulo apresenta-se os procedimentos metodológicos utilizados na elaboração do trabalho, os quais são: caracterização da pesquisa quanto a natureza, ao tratamento de dados, quanto aos fins e a conduta. Também no 3º capítulo apresenta-se a seleção da população e amostra, e os aspectos éticos e/ou limitadores da pesquisa. Já o quarto capítulo apresenta a análise e interpretação dos dados coletados em forma de questionário. Os dados coletados serão expostos em gráficos e tabelas, e na seqüência serão explicados os resultados obtidos. Por fim se apresenta as conclusões e considerações finais do trabalho, onde também será retomado o objetivo geral do trabalho bem como os objetivos específicos. 15 2 A CONTABILIDADE E A RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL CONTÁBIL 2.1 A CONTABILIDADE Conforme Ribeiro (2007), o surgimento da contabilidade está relacionado com a necessidade que as pessoas, gestores e donos de patrimônios tinham em possuir um instrumento para auxiliá-los no controle de resultados. Com o passar do tempo e a evolução da humanidade, surgiu a necessidade de acompanhar a evolução dos negócios, controlar custos, e conseqüentemente saber quais os produtos mais rentáveis. Nos itens a seguir, apresentar-se-á informações quanto a: origem e evolução da contabilidade, conceito de contabilidade, objeto e objetivos da contabilidade, usuários das informações contábeis. 2.1.1 Origem e evolução da contabilidade Estudar a história da contabilidade, exige uma investigação a tempos remotos. Com base em informações coletadas, é que Fernandes et al (2009, p.2) afirmam que: “A história da Contabilidade se confunde com a do homem. Desde os primórdios da civilização, onde a necessidade era contar o patrimônio, até o mundo globalizado, onde a informação é instantânea, a Contabilidade detém sua importância”. Conforme Sá (2008, p. 23), “o nascimento da Contabilidade é o da inscrição de elementos da riqueza patrimonial, passando, aos poucos, a registros de melhor qualidade”. A história da contabilidade pode ser dividida em sete períodos, que segundo Sá (2008), são os seguintes: Intuitivo Primitivo, vividos na pré-história da humanidade, dedicava-se a memória rudimentar da riqueza; Racional-Mnemônico iniciou-se cerca de 4.000 anos a.C; Lógico Racional, desenvolvido na Idade Média, deu origem ao método das Partidas Dobradas. 16 Quanto a este método, Fernandes et al ( 2009, p.2), dizem que: A primeira edição de uma literatura impressa de Contabilidade com o método das Partidas Dobradas foi a do Frei Franciscano Luca Pacioli, de 1494, em Veneza, que era:[...] um livro de aritmética e geometria, no qual estava contido um tratado que expunha o processo das partidasdobradas,ensinando a escriturar e fazendo recomendações sobre práticas de comércio e burocracias de registros. (LOPES DE SÁ,1998, p. 24 apud FERNANDES et al 2009, p. 2) Conforme Sá (2008), o período denominado Literatura iniciou no século XI, onde se começou a ensinar por meio de livros nos quais a principal preocupação era como realizar os registros e demonstrações. Já o período Pré-Científico, conforme o mesmo autor,iniciou no final do século XVI, no qual ocorreu a formação das primeiras teorias empíricas. No Científico, vivido a partir do século XIX, surgiram as primeiras obras científicas e passou-se a estudar a essência dos fenômenos patrimoniais. Conforme cita o autor, o período Filosófico- Normativo, que começou na década de 50 do século XX e se estende até hoje, onde se preocupa em normalizar e interpretar as informações contábeis. “Devido aos conhecimentos e a utilização que a Contabilidade detinha, por muitos anos ela foi vista apenas como uma forma de escrita, manutenção dos livros de escrituração e apresentação dos saldos das contas patrimoniais. Essa cultura estendeu-se até o século XIX” (FERNANDES et al, 2009, p.2). Ainda de acordo com Fernandes et al (2009, p.2): Atualmente, a postura da sociedade perante a Ciência Contábil modificou-se e todos os conceitos referentes a ela convergem para a opinião de que a Contabilidade não é apenas um meio de registrar fatos, mas, sim, de gerar informações relevantes sobre diversos assuntos existentes na sociedade atual, além de contribuir e interagir com diversas outras ciências. 17 2.1.2 Conceito de contabilidade Quanto a concepção de o que vem a ser a contabilidade, Marion (2008, p.26) assim se expressa: A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas. Segundo Sá (2008, p.46), a contabilidade pode ser definida como “a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”. No entanto, existem também definições científicas para a contabilidade, onde Sá (2008, p.46) assim se expressa: Cientificamente o estudo visa conhecer as relações que existem entre os fenômenos patrimoniais e busca conhecer como tais relações se estabelecem; busca ainda, analisar para produzir explicações sobre os acontecimentos havidos com a riqueza; visa conhecer verdades que sejam válidas para todos os lugares, em qualquer que seja a época, em quaisquer empresas ou instituições. Quanto a classificação, a contabilidade classifica-se como uma ciência social. Sá (2008, p.124) a classifica dessa forma, [...] porque o seu objetivo de estudos está contido no grande todo da sociedade, onde o homem se observa como um agente ativo e passivo de fenômenos, porque, também, não existiria sequer o conceito de riqueza se o homem não existisse organizadamente para buscá-la, utilizá-la e beneficiar-se dela para si e para terceiros. 2.1.3 Objeto e objetivos da contabilidade Os fenômenos que ocorrem com o patrimônio, como riqueza das células sociais, são o objeto de estudo da ciência contábil (SÁ 2008, p.59). 18 Conforme Koliver (2006, p.14), a Resolução CFC nº 774-94 destaca que: Na Contabilidade, o objeto é sempre o PATRIMÔNIO de uma entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, que pode ou não incluir o lucro. O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que nos limites estabelecidos pela ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade econômica e administrativa. Koliver (2006) complementa explicando que o patrimônio é objeto de outras ciências, como o direito, a administração e a economia. No entanto, essas ciências têm objetivos distintos aos da contabilidade, a qual está concentrada em aspectos qualitativos e quantitativos. Comenta ainda, que o objeto da contabilidade está expresso no Princípio da Entidade. Koliver (2006, p.16) ainda destaca que, “o campo qualitativo diz respeito à natureza dos seus componentes, como valores disponíveis, valores a receber, estoques de materiais ou mercadorias, equipamentos, prédios, valores a pagar já líquidos e certos ou estimados, etc”. O mesmo autor explica que o objeto em termos qualitativos diz respeito aos elementos patrimoniais em valor. No que se refere aos objetivos, Barreto (2003, p.19) descreve que, “a contabilidade é a ciência que tem como objetivo, orientar, prestar informações, controlar e contabilizar os fatos ocorridos em um Patrimônio, Empresa, Entidade”. Quanto a função de prestar informações, Barreto (2003) destaca que este objetivo tem grande importância, por serem necessárias informações de qualidade e repassadas corretamente para auxiliar na tomada de decisões. Hendriksen e Van Breda (2007, p.92 e 93) ressaltam que: O primeiro enfoque à definição dos objetivos da contabilidade concentrou-se no cálculo e na apresentação do lucro líquido resultante de regras específicas de realização e vinculação num balanço que relacionasse o período corrente a períodos futuros. Desse modo, dava-se ênfase ao processo de coleta de dados e ao formato das demonstrações financeiras. 19 Mais tarde, enfatizou-se o enfoque semântico onde Hendriksen e Van Breda (2007, p.93) comentam “que se concentrou na mensuração e na divulgação de riqueza em termos familiares a um economista”. Seguindo a mesma linha de pensamento, Hendriksen e Van Breda (2007, p.93) descrevem que o Estudo de Pesquisa em Contabilidade nº 1 descreve os seguintes objetivos: 1. Medir os recursos possuídos por entidades específicas. 2. Refletir os direitos contra essas entidades e os interesses nela existentes. 3. Medir as variações desses recursos, direitos e interesses. 4. Atribuir as variações a períodos determináveis. 5. Exprimir os dados anteriores em termos monetários como denominador comum. Koliver (2006, p.17), comenta que: o objeto da Contabilidade sendo o Patrimônio da Entidade, é natural que as variações por ele sofridas configurem o objetivo da própria ciência contábil.[...] Os objetivos da Contabilidade alcançam as variações patrimoniais no sentido mais amplo, desde a sua natureza, quantificação, apreensão, registro, demonstração, análise, interpretação, etc. Mais ainda, tanto no que diz respeito aquelas ocorridas quanto às projetadas ou até desejadas. 2.1.4 Usuários das informações contábeis Para que a informação gerada pela contabilidade seja corretamente interpretada, é necessário que seus usuários a entendam. Marion (2008) esclarece que os usuários das informações contábeis podem ser pessoas físicas ou jurídicas, onde considera-se pessoa todo ser capaz de direitos e obrigações. Marion (2008, p.27) ressalta ainda que, “os usuários são as pessoas que se utilizam da contabilidade, que se interessam pela situação da empresa e buscam na contabilidade suas respostas”. 20 Pode-se perceber que existem vários interessados nas informações geradas pela contabilidade, e de acordo com Barreto (2003, p.21), estes interessados podem ser divididosem dois grupos, que são Usuário preferencial externo: são os acionistas, cotista; emprestadores de recursos (bancos e outros investidores) e credores em geral; integrantes do mercado de capitais como um todo; [...] todos aqueles que por uma razão qualquer pretendem investir, ou simplesmente colher dados para pesquisas (governamentais, IBGE ou não). Usuários secundários: são os administradores (diversos) da empresa; o fisco boa qualidade dos resultados. Entre os usuários da informação contábil, Rocha (2005) considera que o mais exigente seja o Estado, que pela imposição de legislação tributária invade o campo técnico da Ciência Contábil, gerando práticas que podem vir a ferir os Princípios e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Porém, ao definir qual seria o principal usuário da informação contábil, existem contradições, referente a isso, Hendriksen e Van Breda (2007, p.94) assim discorrem: o primeiro problema é a definição do grupo principal de usuários. Alguns dizem que deve ser a própria administração. Outros acham que devem ser os empregados, ou os clientes, ou o público em geral. O Fasb sustenta que os acionistas, outros investidores e os credores são os principais usuários da contabilidade. 2.2 RESPONSABILIDADES DO PROFISSIONAL CONTÁBIL A responsabilidade do contador é bastante ampla e importante. Para entendermos melhor cada uma de suas responsabilidades, se faz necessário saber o que quer dizer a palavra responsabilidade. Assim, Quezado (s.d ano), explica que a mesma pode ter várias significações, uma das quais define responsabilidade como sendo a obrigação de responder pelas ações próprias ou de outros. Ainda conforme Quezado (s.d, p.1) a responsabilidade pode ser conceituada como “dever jurídico resultante da violação de determinado direito, através da prática de um ato contrário ao ordenamento jurídico”. O contabilista, no exercício da sua profissão, assume duas formas básicas de responsabilidade. Uma na esfera administrativa, onde o contabilista deverá seguir e Código de Ética, as Resoluções e as Normas Brasileiras de Contabilidade, as quais são editadas pelo 21 Conselho Federal de Contabilidade. Já na esfera legal, o profissional contábil assume responsabilidade civil e criminal (VIEIRA, 2006). Nos tópicos a seguir, as responsabilidades estão classificadas em: responsabilidade social e responsabilidade civil. Em cada um desses grupos são abordados conceitos, a abrangência dessa responsabilidade e quais as penalidades as quais os contabilistas estão sujeitos caso transgridam alguma norma, lei ou princípio. 2.2.1 Responsabilidade social 2.2.1.1 Conceito de responsabilidade social A responsabilidade social do contador é composta por aspectos comportamentais e também a postura que os profissionais de contabilidade devem assumir e a imagem que devem representar perante a sociedade (MORAIS, 2007). Segundo o Instituto Ethos 2007 (apud Comissão de Estudos de Responsabilidade Social, 2009, p.12), a Responsabilidade Social é uma forma de conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torna parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidade, governos e meio ambiente) e conseguir incorporá-los nos planejamentos de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários. Para conseguir entender melhor qual a imagem que a sociedade tem do contador e da classe contábil, faz-se necessário um estudo e entendimento da psicologia social. Na atualidade, a psicologia social tem discutido sobre as representações sociais (MORAIS, 2007). O mesmo autor destaca a importância de conhecer essas representações para uma melhor compreensão do comportamento das pessoas, quanto a criação da imagem de um produto ou profissional perante a sociedade. Já para Goffman apud Morais (2007, p.2), “nas relações sociais, a informação a respeito de um indivíduo de alguma categoria profissional ou classe social, serve para definir a situação, tornando capazes de conhecer antecipadamente o que dele podem esperar”. 22 2.2.1.2 Abrangência da responsabilidade social O tema ganhou grande representatividade após fatos ocorridos nos Estados Unidos, envolvendo diversas empresas e que resultaram no encerramento das atividades de uma das cinco maiores empresas de auditoria do mundo (MORAIS, 2007). Com esses fatos, a imagem do contador perante a sociedade ficou abalada. Houve também inúmeras críticas, uma das quais foi feita na Revista Exame, em outubro de 2003, onde o americano Benett Stewart declarou: “A contabilidade não funciona”. Essa afirmação atingiu a imagem e a representação social da contabilidade e do contador, uma vez que o entrevistado foi o criador do método de avaliação de resultado, chamado EVA (Economic Value Added) e também é um dos fundadores da consultoria Stern Steward (MORAIS, 2007). Morais (2007, p.42) comenta ainda que: [...] a imagem e o marketing do contador há algum tempo são pressionados por escândalos e declarações públicas que colaboram para o surgimento de mitos e a formação de uma representação social, onde pairam dúvida e desconfiança no tocante a honestidade e a responsabilidade de uma categoria profissional tão importante para o desenvolvimento da sociedade. Quanto a imagem que a sociedade tem dos contadores, Moura apud Morais (2007, p.41e 42) salienta que “existe uma mudança na visão contábil, dando a contabilidade uma responsabilidade social e ambiental, exigindo profissionais, cada vez mais qualificados, polivalentes, com o maior número de habilidades possíveis”. Carvalho Neto apud Morais (2007, p.40) se expressa em relação a importância da profissão contábil da seguinte forma: [...] mesmo em face de todas as críticas e tentativas de manchar a imagem da profissão ou da ciência, a contabilidade nunca perderá o seu valor, pois o mundo dos negócios, enquanto tiver a necessidade de controlar o patrimônio das entidades, terá que reconhecer a utilidade histórica de uma profissão que acompanhou em todos os momentos a evolução da humanidade. 23 A responsabilidade social do contador inclui também o marketing pessoal, pois com suas atividades bem divulgadas, ele estará exercendo a função social para com a classe contábil. Referente a isso, Marion apud Morais (2007, p. 40) manifesta-se da seguinte forma: Orienta que além de executar suas tarefas, o contador deve dar aulas, ministrar palestras, escrever em jornais da região, participar de debates, ter uma home page na Internet, ter um logotipo moderno em seu cartão, alimentar redes de amigos influentes e usar seu poder de influência, tudo isso pode ser fundamental para se construir o marketing pessoal. Dessa forma, o contador estará fazendo o marketing pessoal, e de certa forma também estará contribuindo socialmente, pelo fato de estar difundindo seus conhecimentos com outras pessoas que se interessem pela contabilidade, e estará divulgando e auxiliando para a criação de uma boa imagem do contador perante a sociedade (MORAIS, 2007). A Comissão de Estudos de Responsabilidade Social (2009) esclarece que as entidades estão cada vez mais adotando uma cultura de responsabilidade social, nos quais se inclui ações relacionadas a estratégias de redução de impactos ambientais, desenvolvimento das comunidades em que atuam, como também um melhor relacionamento com os funcionários. Com essa nova gestão social, surgiram também os relatórios para divulgar tais ações, que, conforme a Comissão de Estudos de ResponsabilidadeSocial (2009, p.7) foram elaboradas com base nas “diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI); os indicadores propostos pelo Instituto Ethos; e o modelo de Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE)”. Com o intuito de padronizar esses relatórios, é que o Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução nº 1.003-04, que aprova a NBC T 15, a qual recomenda a inclusão de informações sociais e ambientais ao sistema de registros e de demonstração contábil (COMISSÃO DE ESTUDOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2009). No entanto, a divulgação desses relatórios não é obrigatória. Para Rocha (2005, p.203) “no contexto social, o profissional de contabilidade está vinculado de forma decisiva quando do exercício de suas atividades”. Complementa dizendo ainda que os atos dos contabilistas produzem informações que afetam diretamente a vida das pessoas, empresas, fisco, investidores entre outros usuários das informações produzidas pela contabilidade. Logo, Rocha (2005, p.203) afirma que “o contabilista deve praticar seus atos sempre sob a égide da lei e seguir com rigor o Código de Ética da profissão”. 24 Agir com ética é uma das formas de o contador exercer sua responsabilidade social. Foi com esse pensamento que foi elaborado o Código de Ética da profissão contábil, referente a isso, o Presidente do Conselho Federal de Contabilidade, Alcedino Gomes Barbosa declarou que: [...] o cultivo dos valores de cidadania, passando pela responsabilidade social e profissional, ética, moral, dentre outros, tornou-se imprescindível para o bom convívio entre as pessoas.[...] O Sistema Contábil Brasileiro, cada vez mais consciente de sua responsabilidade social, não poderia deixar de desenvolver regras de conduta, com o fim precípuo de estimular o respeito aos valores éticos, ao bom convívio entre os profissionais de contabilidade e às suas relações com a sociedade. Tais regras foram compiladas no Código de Ética Profissional do Contabilista, aprovado pela Resolução CFC nº 803, de 10 de outubro de 1996, com alterações introduzidas pela Resolução CFC nº 819, de 20 de novembro de 1997, e, recentemente, pela Resolução CFC nº 942, de 30 de agosto de 2002. O Código de Ética Profissional do Contabilista, que inclui a Resolução CFC nº 803/96 estabelece em seu capítulo II, dos deveres e das proibições, artigo 2º. São deveres do contabilista: I – Exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais. II – guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade; III – zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica dos serviços a seu cargo; IV – comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em documento reservado, eventual circunstância adversa que possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e executores; V – inteirar-se de todas as circunstâncias, antes de emitir opinião sobre qualquer caso; VI – renunciar às funções que exerce, logo que se positive falta de confiança por parte do cliente ou empregador, a quem deverá notificar com trinta dias de antecedência, zelando, contudo, para que os interesses dos mesmos não sejam prejudicados, evitando declarações públicas sobre os motivos da renúncia; VII – se substituído em suas funções, informar ao substituto sobre fatos que devam chegar ao conhecimento desse, a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das funções a serem exercidas; VIII – manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o exercício da profissão; IX – ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja propugnando por remuneração condigna, seja zelando por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Contabilidade e seu aprimoramento técnico. 25 O Código de Ética Profissional do Contabilista também explana quanto ao desempenho de suas funções, na qual a Resolução CFC 803, em seu artigo 3º determina que: Art. 3º No desempenho de suas funções, é vedado ao Contabilista: I – anunciar, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação, conteúdo que resulte na diminuição do colega, da Organização Contábil ou da classe, sendo sempre admitida a indicação de títulos, especializações, serviços oferecidos, trabalhos realizados e relação de clientes; II – assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou desprestígio para a classe; III – auferir qualquer provento em função do exercício profissional que não decorra exclusivamente de sua prática lícita; IV – assinar documentos ou peças contábeis elaborados por outrem, alheio à sua orientação, supervisão e fiscalização; V – exercer a profissão, quando impedido, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não habilitados ou impedidos; VI – manter Organização Contábil sob forma não autorizada pela legislação pertinente; VII – valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse nos honorários a receber; VIII – concorrer para a realização de ato contrário à legislação ou destinado a fraudá-la ou praticar, no exercício da profissão, ato definido como crime ou contravenção; IX – solicitar ou receber do cliente ou empregador qualquer vantagem que saiba para aplicação ilícita; X – prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse confiado a sua responsabilidade profissional; XI – recusar-se a prestar contas de quantias que lhe forem, comprovadamente, confiadas; XII – reter abusivamente livros, papéis ou documentos, comprovadamente confiados à sua guarda; XIII – aconselhar o cliente ou o empregador contra disposições expressas em lei ou contra os Princípios Fundamentais e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; XIV – exercer atividade ou ligar o seu nome a empreendimentos com finalidades ilícitas; XV – revelar negociação confidenciada pelo cliente ou empregador para acordo ou transação que, comprovadamente, tenha tido conhecimento; XVI – emitir referência que identifique o cliente ou empregador, com quebra de sigilo profissional, em publicação em que haja menção a trabalho que tenha realizado ou orientado, salvo quando autorizado por eles; XVII – iludir ou tentar iludir a boa fé de cliente, empregador ou de terceiros, alterando ou deturpando o exato teor de documentos, bem como fornecendo falsas informações ou elaborando peças contábeis inidôneas; XVIII – não cumprir, no prazo estabelecido, determinação dos Conselhos Regionais de Contabilidade, depois de regularmente notificado; XIX – intitular-se com categoria profissional que não possua, na profissão contábil; XX – elaborar demonstrações contábeis sem observância dos Princípios Fundamentais e das Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; XXI – renunciar à liberdade profissional, devendo evitar quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficácia e correção de seu trabalho; XXII – publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho científico ou técnico do qual não tenha participado. 26 Em seu artigo 4º do capítulo II, o Código de Ética Profissional do Contabilista, relata que “o contabilista poderá publicar relatório, parecer ou trabalho técnico-profissional, assinado e sob sua responsabilidade”. Já em seu capítulo III, artigo 6º, na qual a redação foi alterada pela Resolução nº 942, de 30 de agosto de 2002, que fala do valor dos serviçosprofissionais, dispõe que o valor pelos serviços contábeis deve ser previamente fixado, o mesmo deve ser feito por contrato escrito e precisam ser considerados os seguintes elementos: [...] I – a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a executar; II – o tempo que será consumido para a realização do trabalho; III – a possibilidade de ficar impedido da realização de outros serviços; IV – o resultado lícito favorável que para o contratante advirá com o serviço prestado; V – a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou permanente; VI – o local em que o serviço será prestado. No que tange a transferência de contrato de serviços para outro contabilista, o Código de Ética Profissional do Contabilista, em sua nova redação dada pela Resolução 942, de 30 de agosto de 2002, em seu artigo 7º, explica que o mesmo poderá ser feito somente com a anuência do cliente, o que deverá ser feito sempre por escrito. O parágrafo único do mesmo artigo dispõe que “O contabilista poderá transferir parcialmente a execução dos serviços a seu cargo a outro Contabilista, mantendo sempre como sua a responsabilidade técnica”. Outro fator muito importante na execução dos trabalhos pelo contabilista é a concorrência existente entre profissionais da área contábil, onde o Código de Ética Profissional do Contabilista define em seu que artigo 8º que “É vedado ao Contabilista oferecer ou disputar serviços profissionais mediante aviltamento de honorários ou em concorrência desleal”. Também no que se refere aos deveres que os contabilistas tem quanto a seus colegas de classe, o capítulo IV do Código de Ética Profissional do Contabilista, nos artigos 9º, 10º e 11º, esclarecem quais vem a ser tais deveres. Onde o artigo 9º explica que “A conduta do Contabilista com relação aos colegas deve ser pautada nos princípios de consideração, respeito, apreço e solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia da classe”. Sendo que o parágrafo único do mesmo artigo complementa ressaltando que “O espírito de solidariedade, mesmo na condição de empregado, não induz nem justifica a participação ou conivência com o erro ou com os atos infringentes de normas éticas ou legais que regem o exercício da profissão”. 27 Enquanto que no artigo 9º explica-se quais são os princípios que devem ser seguidos pelo contabilista, no artigo 10º explana-se quanto as normas de conduta que os mesmos devem seguir perante os colegas de profissão. Assim, o artigo 10º do Código de Ética profissional do Contabilista discorre da seguinte forma: Art. 10. O Contabilista deve, em relação aos colegas, observar as seguintes normas de conduta: I – abster-se de fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras; II – abster-se da aceitação de encargo profissional em substituição a colega que dele tenha desistido para preservar a dignidade ou os interesses da profissão ou da classe, desde que permaneçam as mesmas condições que ditaram o referido procedimento; III – jamais apropriar-se de trabalhos, iniciativas ou de soluções encontradas por colegas, que deles não tenha participado, apresentando-os como próprios; IV – evitar desentendimentos com o colega a que vier a substituir no exercício profissional. Quanto a conduta que o contabilista deve ter perante a classe, o artigo 11º do Código de Ética Profissional do Contabilista ressalta que o contabilista deve seguir as seguintes normas Art. 11. O Contabilista deve, com relação à classe, observar as seguintes normas de conduta: I – prestar seu concurso moral, intelectual e material, salvo circunstâncias especiais que justifiquem a sua recusa; II – zelar pelo prestígio da classe, pela dignidade profissional e pelo aperfeiçoamento de suas instituições; III – aceitar o desempenho de cargo de dirigente nas entidades de classe, admitindo- se a justa recusa; IV – acatar as resoluções votadas pela classe contábil, inclusive quanto a honorários profissionais; V – zelar pelo cumprimento deste Código; VI – não formular juízos depreciativos sobre a classe contábil; VII – representar perante os órgãos competentes sobre irregularidades comprovadamente ocorridas na administração de entidade da classe contábil; VIII – jamais utilizar-se de posição ocupada na direção de entidades de classe em benefício próprio ou para proveito pessoal. 28 2.2.1.3 Julgamento e penalidades Tendo normas, resoluções, o Código de Ética para seguir e agora também a Lei 12.249/10, é provável que, caso não sejam cumpridas tais regulamentações, haja penalidades a serem respondidas, sobre as quais, Vieira (2006, p.3) assim discorre: A não observância dos preceitos no campo administrativo pode ensejar penalidades éticas ou disciplinares, ou as duas simultaneamente, dependendo da infração cometida. As penalidades éticas são advertência reservada, censura reservada ou censura pública. As penalidades disciplinares são as multas, a suspensão do exercício profissional e até o cancelamento do registro. O Código de Ética Profissional do Contabilista esclarece que caso o contabilista transgrida algum preceito constante no citado Código, o mesmo estará cometendo infração ética, a qual será sancionada de acordo com a gravidade, e será aplicada uma das seguintes penalidades: I - advertência reservada;II - censura reservada ou III - censura pública. O parágrafo único do artigo 12º do Código de Ética Profissional do Contabilista dispõe que: Parágrafo único. Na aplicação das sanções éticas são consideradas como atenuantes: I – falta cometida em defesa de prerrogativa profissional; II – ausência de punição ética anterior; III – prestação de relevantes serviços à Contabilidade. Já a Lei 12.249 de 11 de junho de 2010, que veio a alterar certos itens do Decreto – lei nº 9.295/1946, esclarece em seu art. 27 que: “Art. 27. As penalidades ético-disciplinares aplicáveis por infração ao exercício legal da profissão são as seguintes: a) multa de 1 (uma) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade do exercício em curso aos infratores dos arts. 12 e 26 deste Decreto-Lei; b) multa de 1 (uma) a 10 (dez) vezes aos profissionais e de 2 (duas) a 20 (vinte) vezes o valor da anuidade do exercício em curso às empresas ou a quaisquer organizações contábeis, quando se tratar de infração dos arts. 15 e 20 e seus respectivos parágrafos; c) multa de 1 (uma) a 5 (cinco) vezes o valor da anuidade do exercício em curso aos infratores de dispositivos não mencionados nas alíneas a e b ou para os quais não haja indicação de penalidade especial; d) suspensão do exercício da profissão, pelo período de até 2 (dois) anos, aos profissionais que, dentro do âmbito de sua atuação e no que se referir à parte técnica, forem responsáveis por qualquer falsidade de documentos que assinarem e pelas irregularidades de escrituração praticadas no sentido de fraudar as rendas públicas; 29 e) suspensão do exercício da profissão, pelo prazo de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, ao profissional com comprovada incapacidade técnica no desempenho de suas funções, a critério do Conselho Regional de Contabilidade a que estiver sujeito, facultada, porém, ao interessado a mais ampla defesa; f) cassação do exercício profissional quando comprovada incapacidade técnica de natureza grave, crime contra a ordem econômica e tributária, produção de falsa prova de qualquer dos requisitos para registro profissional e apropriação indevida de valores de clientes confiados a sua guarda, desde que homologada por 2/3 (dois terços) do Plenário do Tribunal Superior de Ética e Disciplina; g) advertência reservada, censura reservada e censura pública nos casos previstos no Código de Ética Profissional dos Contabilistaselaborado e aprovado pelos Conselhos Federal e Regionais de Contabilidade, conforme previsão do art. 10 do Decreto-Lei no 1.040, de 21 de outubro de 1969.” (NR) Ainda conforme a Lei 12.249/10, em seu art. 2º, informa que a fiscalização do exercício da profissão contábil é de encargo do Conselho Federal de Contabilidade, bem como dos Conselhos Regionais de Contabilidade. Já o julgamento de tais transgressões é incumbência dos Conselhos Regionais de Contabilidade, que, de acordo com o artigo 13º do Código de Ética Profissional do Contabilista, redação dada pela Resolução CFC nº 950, de 29-11-02, “funcionarão como Tribunais Regionais de Ética e Disciplina, facultando recurso dotado de efeito suspensivo interposto no prazo de quinze dias, para o Conselho Federal de Contabilidade e sua condição de Tribunal Superior de Ética e Disciplina”. No entanto, o contabilista também pode ser vítima de alguma acusação injusta, quanto a isso, o artigo 18º do Código de Ética Profissional do Contabilista ressalta que quando atingido pública e injustamente, no exercício de sua profissão, o contabilista poderá requerer desagravo público ao Conselho Regional de Contabilidade. Sendo que por desagravo público se entende como sendo a reparação de agravo, afronta, reparação de uma ofensa, ou ainda, dar satisfação de um agravo (ROCHA, 2005). Após apresentação do Código de Ética da Profissão Contábil, percebe-se que para exercer a profissão é necessário seguir inúmeras normas e princípios, o que por vezes pode não ser respeitado pelo contabilista. Quando essas normas e princípios não são seguidos, além das penalidades impostas aos transgressores, acaba-se abalando e atingindo a imagem de toda a classe contábil, como é o caso de escândalos que são revelados pela mídia, casos isolados, mas que atingem e abalam toda a classe. 30 2.2.2 Responsabilidade civil 2.2.2.1 Conceito de responsabilidade civil Conforme Dorneles e Barichello (2004, p. 6), “a responsabilidade civil consiste na obrigação do agente causador do dano em reparar o prejuízo causado a outrem, por ato próprio ou de alguém que dele dependa”. Logo, de acordo com Dorneles e Barichello (2004), a responsabilidade civil consiste na obrigação de fazer ou não fazer algo ou pelo pagamento de condenação em dinheiro. “É possível caracterizar a responsabilidade como a repercussão obrigacional da atividade humana, sendo que todo ente capaz de adquirir direitos e exercê-los por si mesmo diretamente, responderá pelos danos causados por meio de sua atuação no mundo jurídico” (DORNELES E BARICHELLO, 2004, P. 7). Já Rocha (2005, p. 207 e 208) se expressa quanto a responsabilidade civil da seguinte forma: “o ato é considerado ilícito quando contraria o direito. Há ilegalidade no ato quando causa dano a alguém por dolo ou culpa”. Portanto, a responsabilidade civil consiste em seguir a legislação vigente da profissão, caso contrário, será responsabilizado civilmente por seus atos. 2.2.2.2 Abrangência da responsabilidade civil O Novo Código Civil que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, veio a aumentar a responsabilidade do contador. Desde então, ele responde civilmente por seus atos, devendo, caso confirmada a fraude contábil e a companhia obtenha vantagens em função disso, pagar indenização (DORNELES; BARICHELLO, 2004). Além de revogar o Código Civil de 1916, o Novo Código Civil também revogou a primeira parte do Código Comercial. Dessa forma, foram alterados alguns procedimentos contábeis das empresas, bem como em relação a responsabilidade do contador (DORNELES; BARICHELLO, 2004). 31 Holland (2003, p. 2) complementa dizendo que Novo Código Civil “enfatizou, sabiamente, a importância da prestação de contas das atividades de negócios das empresas através da contabilidade, criando responsabilidades ilimitadas para todos aqueles que descumprirem as leis e o Novo Código Civil (NCC)”. Conforme Silva apud Alves (2003 p.1), “antes das mudanças, os contadores trabalhavam orientados pelos códigos de ética dos conselhos regionais de contabilidade. No campo jurídico, as decisões se baseavam na jurisprudência de casos julgados”. Alves (2003) complementa dizendo que, agora o contabilista vai responder à justiça e a entidades fiscalizadoras sobre irregularidades nos balanços. Também houve mudanças quanto a denominação dos profissionais de contabilidade, sendo que Rocha (2005 p. 23) explica que “a profissão contábil, atualmente regulamentada pelo Decreto-Lei nº 9.295/46, prevê duas categorias profissionais: contador e técnico em contabilidade, com algumas prerrogativas comuns e outras privativas somente dos contadores”. As definições de contador e técnico em contabilidade são dadas por Rocha (2005 p.23) da seguinte forma: O contador é um profissional de nível superior, portador do diploma de bacharel em Ciências Contábeis, devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade. [...] O técnico em contabilidade é um profissional de nível médio, portador do certificado de conclusão do segundo grau, com a habilitação de técnico em contabilidade, que, também, para exercer a profissão, terá de estar devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade. Relativo aos trabalhos que o técnico em contabilidade pode desempenhar, Rocha (2005, p. 24) assim se manifesta: Decreto – Lei nº 9.295/46 CAPÍTULO IV – Das Atribuições Profissionais Art. 25 São considerados trabalhos técnicos de contabilidade: a) organização e execução de serviços de contabilidade em geral; b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações; c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de haveres, revisão permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns, assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas ou quaisquer outras atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de contabilidade. Já o contador está habilitado para exercer outras atividades que não cabem ao técnico, as quais são: auditoria, que consiste na verificação e exame dos procedimentos contábeis; perícia contábil consiste na investigação contábil de empresas solicitada pela justiça; e o 32 contador também poderá ser professor de contabilidade, atividade que não pode ser desempenhada pelo técnico em contabilidade (MARION, 2008). Com a entrada em vigor do Novo Código Civil, essas duas categorias continuam existindo, no entanto utiliza-se uma só denominação para ambos, conforme Dorneles e Barichello (2004), o novo Código usa o vocábulo Contabilista em substituição aos antigos contadores e técnicos em contabilidade, esta nova designação para o profissional contábil está legalmente registrada no Conselho Federal de Contabilidade. Holland (2003, p. 3) enfatiza que “o NCC aumentou as responsabilidades do contabilista. A responsabilidade civil do contabilista ficou melhor delineado, pois está claro que será responsabilizado por seus atos perante o seu cliente, de forma solidária, por atos dolosos perante terceiros”. Rocha (2005, p. 208) descreve quais as infrações cometidas pelo contabilista, que atingem a responsabilidade civil do mesmo, da seguinte forma: De acordo com o Código Civil, aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.Há duas maneiras de caracterizar a ação dos contabilistas na nova legislação. Uma se refere a erro involuntário no balanço, que pode ocorrer por imperícia ou desconhecimento, onde o contabilista responderá apenas ao dono da empresa para a qual prestou o serviço, pelo erro cometido. A outra maneira se caracteriza por divulgar dados errôneos em relatórios, tendo conhecimento prévio dos mesmos, neste caso o contabilista responderá solidariamente com o empregador, caso houver processo judicial, inclusive disponibilizando seu patrimônio caso seja necessário quitar dívidas (SILVA apud ALVES, 2003). Tanto a responsabilidade civil quanto a criminal advém de ato ilícito, logo, o comportamento humano é o fato gerador de ambas. No entanto, o direito civil da prioridade a vítima, com o intuito de restaurar-lhe o prejuízo causado pela violação de seu direito (DORNELES e BARICHELLO, 2004). Dorneles e Barichello (2004, p.38) complementam dizendo ainda que “a responsabilidade civil busca impor a determinada pessoa a obrigação de indenizar o dano causado a outrem, tendo como finalidade precípua o restabelecimento da situação anterior”. 33 Rocha (2005, p.208) complementa o que dizem Dorneles e Barichello, no entanto, enfatiza que: A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando essas questões se acharem no juízo criminal. Por outro lado, o ato ilícito pode não ser considerado como um crime, sem deixar, porém, de ser considerado delito no campo civil. “Assim, embora a responsabilidade civil seja independente da criminal, uma vez decidida no campo criminal, não se poderá questionar mais sobre a existência do fato, ou quem seja o seu autor, quando da apuração da responsabilidade civil” (ROCHA, 2005, P.208). A responsabilidade pelo registro de valores econômicos e financeiros da empresa é do contabilista, o qual também elabora e analisa os demonstrativos contábeis. Portanto, a contabilidade deve seguir fielmente a legislação vigente, os princípios e normas contábeis e a conduta ética. Caso o contabilista pratique alguma ação que venha a causar prejuízos a terceiros, o mesmo poderá responder pelos danos, prejuízos morais e materiais decorrentes de seus atos (ROCHA, 2005). Barbosa e Barbosa (2003, p.63) complementam o que disse Rocha, acrescentando que quanto a escrituração, o contabilista tem por obrigação cumprir o que determina o novo Código Civil, nos artigos 1.179 a 1.195, bem como também seguir os Princípios Fundamentais e as Normas Brasileiras de Contabilidade, as quais são emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, em conformidade com a Lei nº 6.404-76. No artigo 1.179 do novo Código Civil, destaca-se que o empresário tem por obrigação seguir um sistema de contabilidade, levantar o balanço. O artigo 1.180 do referido Código, complementa ressaltando que além dos demais livros obrigatórios pela lei, o livro Diário autenticado na Junta Comercial é indispensável para o bom andamento dos trabalhos contábeis em concordância com a legislação. A escrituração dos livros é de responsabilidade de um profissional de contabilidade legalmente habilitado, conforme o artigo 1.182 do novo Código Civil. Quanto aos lançamentos que deverão constar no livro Diário, Barbosa e Barbosa (2003, p.63) explicam que no artigo 1.184 consta que “serão lançados no Diário os balanços, assinados por contabilista e o empresário”. O balanço patrimonial deverá retratar com fidelidade e clareza a situação real da empresa, artigo 1.188 do novo Código Civil (apud BARBOSA; BARBOSA, 2003). 34 Percebe-se que o contabilista tem várias obrigações a seguir, caso deixar de seguir alguma dessas normas ou leis, e por decorrência disso venha a causar dano a outrem, o contabilista deverá responder pelos danos causados, em relação a isto, Rocha (2005, p. 208) enfatiza que: Sobre a obrigação de reparar o dano, ordenamento jurídico civil determina que aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Por outro lado, haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Logo, se o profissional de contabilidade praticar qualquer ato ilícito, seja por livre e espontânea vontade ou por solicitação do cliente, e se devido a esse ato houver prejuízo a terceiros, o contabilista poderá responder pelos prejuízos causados (ROCHA, 2005). Vieira (2006, p. 3), complementa dizendo que “no campo legal, temos duas vertentes. Uma regida no âmbito do direito privado, no qual o contabilista assume responsabilidade perante o particular, e outra no âmbito do direito público, onde o contabilista assume responsabilidade criminal”. Como norteador da responsabilidade civil, a classe contábil encontra-se amparada na Lei 10.406/02, do Novo Código Civil, o qual determina que, conforme Vieira (2006, p.3) “o contabilista, como preposto, assume responsabilidade perante o preponente pelos atos culposos e, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos a terceiros”. Vieira complementa dizendo que, conforme o artigo 186 do Novo Código Civil, o contabilista responde por ação dolosa, negligência e imprudência no exercício da profissão, caso causar dano a outrem, mesmo que seja exclusivamente moral. Conforme o Código Civil (2008, p. 223), que trata do contabilista e outros auxiliares, em seu artigo 1.177, explicita que: Os assentos lançados nos livros ou fichas dos preponentes, por quaisquer dos prepostos encarregados de sua escrituração produzem ,salvo se houver procedimento de má fé, os mesmos efeitos como se fossem por aquele. Parágrafo Único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. “O novo Código Civil veio disciplinar essa responsabilidade, classificando-a em atos culposos ou dolosos, dependendo da forma como esse ato for praticado” (DORNELES; BARICHELLO, 2004, p.42). Dorneles e Barichello (2004) definem atos culposos como sendo os atos praticados por imprudência, negligência ou imperícia. Assim, entende-se que o 35 profissional não executou a função de má-fé, mas sim por descuido ou desconhecimento, ou aplicação indevida da legislação vigente, trazendo resultados diferentes dos que deveriam ser apurados. Já os atos dolosos são conceituados de acordo com Dorneles e Barichello (2004) como sendo aqueles realizados com a intenção de se alcançar o resultado, são propositais, onde o agente tem conhecimento da legislação e do resultado que pretende alcançar. Destarte, os contabilistas serão pessoalmente responsáveis perante os preponentes pelos atos culposos e serão responsáveis solidariamente com o preponente, perante terceiros, pelos atos dolosos (DORNELES; BARICHELLO, 2004). Conforme Witt (apud JACINTHO, 2003, p. 4) A principal mudança ocorre quando os contadores divulgam, com conhecimento prévio, dados errados. Anteriormente, os erros só erram justificados para a empresa que contratava os contadores, hoje também o são para terceiros. Vejam a grande diferença: antes os contadores contabilizavam os documentos que lhes eram entregues, agora os credores e o fisco podem questioná-los se os números não forem suportados. Este fato transfere para os contadores uma responsabilidade imensa. Segundo Silva e Brito (apud DORNELES E BARICHELLO, 2004, p.43) O contabilista poderá ser severamente responsabilizado em qualquer hipótese, haja ele com culpa ou dolo, pois em função dessa nova norma não poderá alegar praticamente nada aseu favor. Eis que se alegar desconhecimento profissional, por exemplo, terá agido com culpa (negligência, imperícia ou imprudência), se errar tendo conhecimento necessário, terá agido com dolo, portanto esperava o resultado. 2.2.2.3 Elementos da responsabilidade civil Os elementos ou prepostos da responsabilidade civil do contabilista, podem ser definidos, segundo Dorneles e Barichello (2004) como sendo os seguintes: • Ação ou omissão do agente, resultantes de comportamento humano; • Culpa ou dolo do agente; • Relação ou nexo de causalidade entre a ação e o dano; • Dano causado à vítima. Quanto à ação ou omissão do agente, Dorneles e Barichello explicam que, neste caso a conduta humana deve ser responsável pelo prejuízo causado. Assim, a responsabilidade do agente pode resultar de ato próprio, de terceiro que esteja sob responsabilidade do agente ou 36 que estejam sob a guarda do agente. Dorneles e Barichello (2004) explanam ainda sobre o comportamento humano, que pode ser positivo ou negativo, onde se entende por comportamento negativo a omissão do agente. Assim, a violação pode ser contratual, legal ou social, no caso da violação social não se infringe a lei, mas deixa-se de seguir a finalidade social a qual se destina. No que tange a culpa ou dolo do agente, Dorneles e Barichello(2004) assim discorrem: a responsabilidade sendo vista sob o ponto de vista objetivo, a culpa deixa de ser fundamental para a sua caracterização, pois admite a responsabilização do agente infrator pelo simples prejuízo que trouxe à vítima, sem perquirir seu elemento volitivo de culpa lato sensu.. Dorneles e Barichello (2004) complementam o elemento culpa ou dolo, dizendo que a teoria do risco elimina a idéia de culpa na responsabilidade civil. “Assim, a regra é que a responsabilidade seja subjetiva, dependendo do elemento culpa, proveniente da vontade do agente causador do dano. Quando a lei determinar ou quando a atividade praticada pelo autor do dano apresentar riscos, a responsabilidade torna-se objetiva” (DORNELES E BARICHELLO, 2004, p. 40). No elemento nexo de causalidade torna-se obrigatória a reparação civil quando há uma relação de causalidade entre a ação ou omissão do agente e o dano sofrido pela vítima (DORNELES; BARICHELLO, 2004). No entanto, este elemento é mais difícil de ser mensurado, devido ao fato de haver certa dificuldade em se identificar o elo de causalidade entre o ato de uma pessoa e o conseqüente dano causado. Dorneles e Barichello (2004, p.40) salientam ainda as excludentes de responsabilidade, que são: A culpa exclusiva da vítima, o fato de terceiro, o caso fortuito ou a força maior e cláusula de não indenizar (corresponde à responsabilidade civil contratual). São situações em que não há obrigação de indenizar por parte do autor do ilícito, pois sua conduta, apesar de danosa não foi causadora direta do prejuízo sofrido pela vítima. O elemento dano é primordial para impor a obrigação de indenizar, pois caso não ocorra prejuízo em um comportamento ilícito, o mesmo pode passar despercebido perante a justiça. O dano serve igualmente para o conceito de responsabilidade objetiva e subjetiva, podendo ser moral ou patrimonial (DORNELES;BARICHELLO, 2004). O dano patrimonial, de acordo com Diniz (2003) é o dano causado ao patrimônio da pessoa. O dano patrimonial consiste na deterioração parcial ou total dos bens materiais que pertencem a determinada pessoa. O dano material se mede pela diferença entre o valor atual 37 do patrimônio da vítima e aquele que teria, no mesmo momento, se não houvesse ocorrido a lesão. Corresponde, pois, à perda do valor patrimonial da vítima. O dano material abrange os lucros cessantes e o dano emergente, este levando em conta o que o lesado efetivamente perdeu e, aquele caracterizado pelo aumento que seu patrimonial teria, mas deixou de ter em decorrência do evento danoso. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006). Deste modo, o dano patrimonial causado a uma pessoa configura-se em uma deterioração aos bens materiais desta, podendo abranger ainda, a perda do aumento patrimonial que teria, caso não houvesse o evento danoso. Contrariamente ao dano material, o dano moral não é caracterizado pela lesão ao dano patrimonial da vítima. Desta feita, considera-se dano moral quando uma pessoa se acha afetada em seu ânimo psíquico, moral e intelectual, seja por ofensa em sua honra, na sua privacidade, intimidade, imagem, nome ou em seu próprio corpo físico, ou seja, é o abalo aos direitos de personalidade. De acordo com Venosa (2003, p. 33): Não é também qualquer dissabor comezinho da vida que pode acarretar a indenização. Aqui, também é impotante o critério objetivo do homem médio, o bonus pater familias: não se levará em conta o psiquismo do homem excessivamente sensível, que se aborrece com fatos diuturnos da vida, nem o homem de pouca ou nenhuma sensibilidade, capaz de resistir sempre às reduzas do destino. Neste campo, não há fórmulas seguras para auxiliar o juiz. Cabe ao magistrrado sentir em cada caso o pulsar da sociedade que o cerca. O sofrimento como composição reflexa da alegria é uma constante do comportamento humano universal. Portanto, complementa Venosa (2003, p. 34) dizendo que será “moral o dano que ocasionar um distúrbio anormal na vida do indíviduo, uma incoveniência de comportamento ou um desconforto comportamental a ser exeminado em cada caso concreto”. Por fim, a indenização por danos morais, geralmente é arbitrado pelo juiz de acordo com o impacto que um certo ato causou na vida da vítima, porém, sempre levando em conta o perfil do ‘homem médio’, que, conforme supra disposto, é aquele que tem o comportamento esperado do “bonus pater familias”, cujas diligência, sensibilidade e os sentimentos éticos e morais seriam representativos da população em geral. Sendo assim, o dano moral caracteriza-se, principalmente pelo distúrbio no ânimo psíquico, moral e intelectual da pessoa, decorrentes da violação dos direitos a personalidade e à dignidade da pessoa humana. 38 Logo, percebe-se que na contabilidade, o dano patrimonial ou material é mais corriqueiro, pelo fato de os contabilistas abordarem exclusivamente questões materiais, sendo esta a essência da ciência contábil, o patrimônio das entidades. 2.2.2.4 Penalidades Civilmente o contabilista sofre apenas penalidades indenizatórias, ao contrário da responsabilidade criminal, na qual o contabilista flagrado cometendo ilícito poderá sofrer detenção, que varia de acordo com a gravidade do ato cometido. Conforme o Código Civil, no art. 927 “aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. O parágrafo único do citado artigo complementa dizendo que: “haverá obrigação de reparar dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de outrem”. Quanto a indenização, o art. 944 do Código Civil determina que “a indenização mede- se pela extensão do dano”. Já o parágrafo único do respectivo artigo explicita o seguinte “se houver expressiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”. 39 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA O trabalho caracteriza-se quanto a natureza como teórico-empírico. Quanto a natureza teórica, Rampazzo e Corrêa (2008, p.65) assim discorrem: “ Caracteriza-se pelo exame ou consulta de livros ou documentação escrita que se faz sobre determinado assunto, na perspectiva de fornecer subsidios ao estudante para
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