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Bruce A. Berger Habilidades de Comunicação para Farmacêuticos Construindo Relacionamentos, Otimizando o Cuidado aos Pacientes HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS CONSTRUINDO RELACIONAMENTOS, OTIMIZANDO O CUIDADO AOS PACIENTES Os autores e a editora tem feito todos os esforços para assegurar a exatidão e integridade das informações apresentadas neste livro. No entanto, os autores e a editora não podem ser responsabilizados pelo curso da informação, quaisquer erros ou omissões involuntários, ou a aplicação destas informações. Portanto, estes sujeitos não terão responsabilidade perante qualquer pessoa ou entidade no que diz respeito a reclamações, perdas ou danos causados, direta ou indiretamente, pelo uso das informações aqui contidas. Este livro foi editado utilizando grafia conforme estabelecido no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990. HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS CONSTRUINDO RELACIONAMENTOS, OTIMIZANDO O CUIDADO AOS PACIENTES Tradução da 3ª Edição Bruce A. Berger, BPharm, PhD Professor and Head, Department of Pharmacy Care Systems Harrison School of Pharmacy Auburn University Auburn University, Alabama American Pharmacists Association Improving medication use. Advancing patient care. APhA Washington. D.C. Tradução, Revisão e Leitura final Prof. Dr. Divaldo Pereira de Lyra Junior Farmacêutico, Professor Adjunto 3 do Curso de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Professor das disciplinas Introdução à Farmácia e Atenção Farmacêutica Vice-Coordenador do Mestrado em Ciências Farmacêuticas da UFS e Orientador da linha de pesquisa Comunicação farmacêutico-paciente Coordenador do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social da UFS Profa. MSc. Alessandra Rezende Mesquita Farmacêutica, Professora do Curso de Farmácia da UFS (Campus Lagarto) Professora da disciplina Assistência Farmacêutica Doutoranda em Ciências da Saúde pela UFS, na linha de pesquisa Comunicação farmacêutico-paciente Membro do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social da UFS Anne Caroline Oliveira dos Santos Farmacêutica, Mestranda em Ciências Farmacêuticas pela UFS, na linha de pesquisa Comunicação farmacêutico-paciente Membro do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social da UFS Izadora Menezes da Cunha Barros Farmacêutica, Mestranda em Ciências Farmacêuticas pela UFS, na linha de pesquisa Comunicação farmacêutico-paciente Membro do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social da UFS Traduzido do original: Communication Skills for Pharmacists: Building Rela- tionships, Improving Patient Care, 3th ed., by Bruce A. Berger. 2009. The original English language work has been published by: American Pharmacists Association, Washington, DC, USA Copyright © 2009. All rights reserved. Copyright© 2011 by Pharmabooks Editora. Todos os direitos reservados. É vedada a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, ou outros), sem permissão expressa dos Autores e da Editora. Projeto Gráfico: CaMaSa Capa: Spezzia’s Design Editoração: Carmine Mario Santangelo Foto da capa: ©iStockphoto.com Rua General Jardim, 645 cj52 – Vila Buarque São Paulo, SP 01223-011 – Brasil tel (11) 3257 6200, fax 3257 6165 www.pharmabooks.com.br atendimento@pharmabooks.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Berger, Bruce A. Habilidades de comunicação para farmacêuticos: construindo relacionamentos, otimizando o cuidado aos pacientes. / Bruce A. Berger; tradução Divaldo Pereira de Lyra Junior et al. – São Paulo: Pharmabooks, 2011. 288 p. Tradução de: Communication Skills for Pharmacists: Building Relationships, Improving Patient Care, 3th.ed. Inclui bibliografia e índice. ISBN-10 85-89731-54-5 ISBN-13 978-85-89731-54-6 1. Prática farmacêutica 2. Relacionamento profissional-paciente. 3. Comunicação. CDD 615.4 Impresso no Brasil Printed in Brazil V Agradecimentos Os capítulos deste livro, exceto o Capítulo 17 (Comunicação com os Pacientes que têm Limitações de Alfabetização ou Letramento), são artigos que foram originalmente publicados no U.S. Pharmacist. Estes foram adaptados com a permissão de Jobson Medical Information LLC, de Bruce A. Berger. A American Pharmacists Association agradece a colaboração de Jobson Medical Information LLC e U.S. Pharmacist. Colaboradores Amanda K. Diggs, PhD Assistant Professor of Speech Communication, Director of Fundamentals of Speech, and Director of Debate and Forensics Department of Speech and Theatre Troy State University Troy, Alabama Jan Kavookjian, MBA, PhD Assistant Professor, Department of Pharmacy Care Systems Harrison School of Pharmacy Auburn University Auburn University, Alabama Kimberly Braxton Lloyd, PharmD Associate Professor, Department of Pharmacy Practice Director, Auburn University Pharmaceutical Care Center Harrison School of Pharmacy Auburn University Auburn University, Alabama Robert E. Smith, PharmD Professor and Head, Department of Pharmacy Practice Harrison School of Pharmacy Auburn University Auburn University, Alabama VII Prefácio Os cuidados farmacêuticos são a essência da missão da prática farmacêutica. Esta prática exige o desenvolvimento de relações entre farmacêutico e paciente, nas quais são trocadas informações, é estabelecida confiança e a relação é usada para otimizar o atendimento ao paciente por meio da farmacoterapia adequada. O desenvolvimento de uma relação requer habilidades, trabalho duro e continuidade de cuidados. Este livro pretende ajudar os farmacêuticos a prestar cuidados melhores aos pacientes. Seu foco são as habilidades de comunicação necessárias para construir relações que possibilitam melhores resultados terapêuticos. O Capítulo 1 descreve o cenário utilizado para o restante do livro. Este capítulo foca nas responsabilidades morais e éticas dos farmacêuticos na prestação de cuidados. Além disso, discute o que significa cuidado, o que é ser um profissional e os papéis que os farmacêuticos, Cursos e Conselhos de Farmácia, bem como outras instituições profissionais podem desempenhar no avanço da profissão. O Capítulo 2 discute a necessidade da relação terapêutica e porque desenvolver um relacionamento efetivo com os pacientes (e outros profissionais de saúde) é essencial para a provisão dos cuidados farmacêuticos. Os relacionamentos satisfatórios pavimentam o caminho para resultados positivos do tratamento. O Capítulo 3 considera a escolha que temos quando nos deparamos com nossos pacientes. Vamos vê-los como pessoas ou como objetos? Quais são as implicações para o atendimento ao paciente, quando os vemos como objetos e por que isso acontece? O Capítulo 4 apresenta as habilidades de escuta e resposta empática. Estas competências nos permitem responder aos outros de uma maneira cuidadosa e respeitosa. Além disso, demonstrar a compreensão é uma maneira eficaz de ajudar os pacientes a realizarem um plano de cuidados. O Capítulo 5 discute os princípios da orientação ao paciente e como orientar difere de simplesmente fornecer informações. O capítulo inclui uma lista, com explicações deta- lhadas, de como os farmacêuticos podem orientar seus pacientes sobre a farmacoterapia. Mesmo quando os farmacêuticos usam suas melhores habilidades interpessoais, os pacientes ou outros profissionais de saúde podem ficar irritados e direcionar a raiva ao farmacêutico. Neste sentido, o Capítulo 6 discute como lidar com a raiva de forma efetiva. Logo, para manter relações terapêuticas, precisamos entender e responder de forma adequada a esta emoção. O Capítulo 7 apresenta os princípios básicos da assertividade e as habilidades envolvidas em tornar-se assertivo.Além disso, distingue os comportamentos assertivos, não assertivos e agressivo; e explora os direitos e responsabilidades na comunicação assertiva. Os conflitos nos relacionamentos são inevitáveis, principalmente devido às pessoas terem valores diferentes. A forma como gerimos estes conflitos pode promover VIII a compreensão ou destruir o relacionamento. Diante disso, o Capítulo 8 discute formas efetivas e inefetivas de como gerir conflitos. Os cuidados farmacêuticos requerem uma transformação dramática na prática dos farmacêuticos. Por outro lado, fazer uso de medicamentos e ajustar estilo de vida para controlar uma doença crônica também exige mudança. O Capítulo 9 explora a mudança e como ajudar os pacientes a administrá-las para controlar eficazmente uma doença. Para tanto, as aplicações do modelo transteórico da mudança e entrevistas motivacionais são discutidas. Não obstante, os cuidados farmacêuticos não podem ser fornecidos de forma efetivas sem relações produtivas com os médicos. Neste sentido, o Capítulo 10 discute como contatar um médico e como ter uma conversa cara a cara quando surgem problemas na farmacoterapia. O Capítulo 11 explora a comunicação de suporte ou apoio. Diferentes emoções, como raiva, tristeza e ansiedade, têm origens diferentes. Assim, uma resposta utilizada para acalmar um paciente com raiva pode não ser apropriada para um paciente que está deprimido após saber sobre uma condição crônica. Se o objetivo da comunicação é ser cuidadoso e eficiente, diferentes tipos de respostas são necessários. O Capítulo 12 resume os tipos de respostas e quando cada uma é apropriada e efetiva. Por exemplo, os farmacêuticos precisam discernir quando é adequado fornecer orientação e quando não é. O Capítulo 13 analisa a comunicação persuasiva. Neste capítulo estão descritas as condições em que a comunicação persuasiva pode ser efetiva e momentos em que não só é inefetiva, como pode também causar mais resistência. O Capítulo 14 fornece exemplos de comunicação verbal e não verbal imediata e não imediata. O que dizemos e a maneira como dizemos pode afetar se somos vistos como cuidadosos, distantes, envolvidos ou indiferentes. A crescente diversidade da população faz com que os farmacêuticos se deparem com novos desafios no tratamento e na comunicação com pessoas de várias origens culturais. O Capítulo 15 examina a necessidade de competência cultural na prestação de cuidados para diversos grupos de pacientes. O Capítulo 16 analisa a forma de como se comunicar efetivamente com pacientes, que têm doenças que podem dificultar o diálogo. Estes problemas podem decorrer do gênero (disfunção erétil, menopausa), da etnia (crenças culturais), do estigma social (HIV, herpes) ou das consequências emocionais (depressão) ou físicas (psoríase), os quais podem causar vergonha ou constrangimento. Estas questões delicadas exigem privacidade, cuidado, e uma abordagem sem julgamentos na interação com o paciente. O Capítulo 17 foca no impacto das limitações de alfabetização de um paciente sobre como informações de saúde são entendidas e colocadas em prática e os resultados disto. O capítulo define e contrasta letramento e letramento em saúde, explora a prevalência do problema, assim como discute e demonstra estratégias de comunicação para identificar problemas de letramento e enfrentá-los diretamente, de forma efetiva, sensível e cuidadosa. IX Sumário Agradecimentos ............................................................................................................................................... V Colaboradores .................................................................................................................................................... V Prefácio ................................................................................................................................................................... VII 1. Cuidado, alianças, códigos e compromissos ........................................................................ 3 2. Desenvolvendo a relação ................................................................................................................. 29 3. Decidindo olhar pacientes como pessoas ............................................................................. 39 4. Escuta e resposta empática ........................................................................................................... 55 5. Orientação ao paciente ..................................................................................................................... 67 6. Manejando o paciente irritado ..................................................................................................... 85 7. Assertividade ............................................................................................................................................ 97 8. Manejo de conflitos ............................................................................................................................. 109 9. Ajudar os pacientes a mudar.......................................................................................................... 121 10. Interagindo com os médicos ......................................................................................................... 153 11. Comunicação de suporte ou de apoio .................................................................................... 165 12. Escolhendo a resposta adequada ............................................................................................... 175 13. Comunicação persuasiva .................................................................................................................. 189 14. Resposta imediata: como a escolha das palavras e os sinais não-verbais afetam as relações .................................................................................................................................................. 203 15. Competência cultural ........................................................................................................................ 221 16. Comunicação sobre temas delicados ....................................................................................... 235 17. Comunicação com os pacientes que tem limitações de alfabetização ou letramento ................................................................................................................................................. 253 Índice Remissivo ............................................................................................................................................... 273 CAPÍTULO Cuidado, alianças, códigos e compromissos 3 CAPÍTULO 1 Cuidado, alianças, códigos e compromissos Nos últimos anos está havendo uma mudança substancial no cuidado à saúde em geral, e especificamente na Farmácia. Atualmente, a profissão farmacêutica tem mudado de forma mais rápida que há cinco anos. No entanto, muitos farmacêuticos ainda estão lutando contra estas mudanças. Na verdade, muitos na profissão estão procurando alguém a quem culpar, ao invés de decidir como avançar. Em outros países, a Farmácia tem respondido às mudanças no sistema de saúde, em parte, fazendo da sua missão os cuidados farmacêuticos (Pharmaceutical Care). Os cuidados farmacêuticos exigem repensar completamente o modo como os farmacêuticos têm exercido tradicionalmente sua profissão. Alguns farmacêuticos confundem isto com orientação ao paciente ou manejo de algumas doenças, mas os cuidados farmacêuticos são uma prática mais complexa e que proporciona muitos desafios. Os cuidados farmacêuticos requerem que os farmacêuticos assumam a responsa- bilidade de prevenir e solucionarproblemas relacionados aos medicamentos e otimizar a farmacoterapia. Isto significa que os problemas reais e potenciais devem ser identificados e resolvidos por meio da conversa e do trabalho junto aos pacientes e a outros provedores de cuidados à saúde. Além disso, o serviço não termina quando o paciente sai da farmácia. A avaliação, o monitoramento, a documentação e o seguimento são partes integrantes da provisão dos cuidados farmacêuticos. Em outras palavras, significa analisar não apenas a avaliação física do paciente, mas a avaliação do entendimento do paciente sobre sua doença e o plano de cuidado. Logo, é preciso destacar que os cuidados farmacêuticos também significam envolvimento do paciente durante todo o processo. Adicionalmente, os cuidados farmacêuticos requerem apoio de gestão e marketing. Sem dúvida, há necessidade de mercado para os cuidados farmacêuticos, mas ainda não há uma demanda clara. Os pacientes não sabem que precisam desta prática, os médicos não têm certeza do que é ou se vão gostar dos serviços e os gestores do sistema de saúde não entendem ou não estão convencidos de que irá realmente reduzir os custos de serviços sanitários. Como tenho viajado para os Estados Unidos, Canadá e Austrália discutindo sobre HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 4 cuidados com os farmacêuticos, tenho ouvido um tema comum. Muitos farmacêuticos estão convencidos de que devemos fazer a transição para os cuidados farmacêuticos, para o bem de nossos pacientes e de nossa profissão. A maioria também concorda que há necessidade de mercado, mas ainda não há uma demanda. Entretanto, poucos enxergam como o seu trabalho criará esta demanda para “vender” os cuidados farmacêuticos e a missão da farmácia. Nesse sentido, ainda estamos à espera de alguém para vender a nossa missão. Contudo, somente os farmacêuticos realmente preocupam-se com a farmácia, por isso cabe a cada profissional vender os seus cuidados. E precisamos começar já! Este capítulo apresenta observações sobre a profissão farmacêutica, os problemas que enfrenta e algumas soluções para um futuro produtivo e estimulante. Eu não quero parecer pessimista, mas não acredito que muitos na profissão irão sobreviver sem adotar estas mudanças. A dispensação de medicamentos por si só não vai resolver esses problemas. O sistema de atenção à saúde americano enviou uma mensagem clara à farmácia que a simples entrega de medicamentos tem muito pouco valor. Na verdade, medicamentos entregues sem a devida orientação e envolvimento aumentam substan- cialmente os custos da atenção à saúde. Nós não precisamos de mais estudos para provar isto, o único argumento real é que a morbimortalidade relacionada aos medicamentos gera custos sanitários de 75, 100 ou 150 bilhões de dólares ao ano. O sistema de saúde também nos informa claramente que não vai pagar por algo que não reduz custos ou melhora os resultados. Todavia, muitos farmacêuticos continuam a se apegar à dispensação, assim como à honorários e reembolsos pela redução de custos com o uso de medicamentos. Alguns argumentam que não tem tempo para fazer nada além de dispensar medicamentos e que, além disso, não são pagos para fazer qualquer outra coisa. Contudo, os farmacêuticos não podem se dar ao luxo de não orientar seus pacientes. Ademais, por que os pacientes deveriam pagar por serviços que ainda não estão recebendo? Certamente, não estou dizendo que os farmacêuticos deveriam abrir mão do controle da dispensação, mas simplesmente afirmando que devemos estar mais envolvidos no cuidado ao paciente. REPENSANDO O NOSSO PADRÃO DE CUIDADO Há algum tempo, fui a uma farmácia com uma nova prescrição. O farmacêutico estava sozinho e a farmácia não estava cheia. O farmacêutico fracionou e embalou os medicamentosI, anexou um folheto informativo no pacote e recebeu meu pagamento. Então, estendeu uma prancheta em que havia um bloco de papel com duas colunas e apontou para a coluna do lado direito, indicando para a linha abaixo de várias assinaturas anteriores e dizendo: “assine aqui”. Pedi para ver a prancheta e enquanto olhava as páginas I Nos Estados Unidos, a dispensação farmacêutica é realizada por meio do “preenchimento” da receita do paciente. Para tanto, o farmacêutico deve verificar a completude da receita, analisar o perfil do paciente (data de nascimento, alergia, dentre outros) e registrar a receita em um sistema informatizado. Em seguida, é realizado o fracionamento dos medicamentos em recipiente adequado e por fim a orientação farmacêutica. CUIDADO, ALIANÇAS, CÓDIGOS E COMPROMISSOS 5 reparei que todas as assinaturas anteriores estavam na coluna do lado direito. Em letras pequenas na parte superior da coluna estava a declaração: “eu não quero orientação”II. No topo da coluna à esquerda estava escrito: “eu quero orientação”. Eu nunca fui perguntado se queria orientação ou se tinha qualquer dúvida antes de ser instruído a assinar. Nunca recebi qualquer orientação verbal (falada). Olhei para o farmacêutico e disse: “– O que você está fazendo é ilegal. Mas pior que isso, é imoral e antiético. Você me pediu para assinar, renunciando ao meu direito de ser orientado, sem explicar do que estou abdicando. Tudo para que você não tenha que me orientar sobre o meu medicamento. Vou denunciá-lo ao Conselho Regional de Farmácia”. O farmacêutico ficou assustado e olhou para mim dizendo: – Por quê? O que você está falando? Não é minha culpa!”. “– De quem é a culpa?”, perguntei. Ele disse: “– Meu gerente regional quer que façamos isso!” Olhei para ele e disse: “- Isto é realmente triste. Sua obrigação é comigo e não com seu gerente regional. Você está aqui para servir à sociedade - para me proteger. Você é formado por privilégio, não por direito. Sempre que permitimos aos outros ditar as normas, verdadeiramente, perdemos a nossa profissão.” Quando eu fui embora, o farmacêutico disse: “- Eu não posso acreditar!”. Eu não posso dizer, com certeza, que faria diferente se eu estivesse na farmácia. Na verdade, eu gostaria de poder dizer que este foi um incidente isolado, mas não foi. Senti-me obrigado a denunciar o colega devido ao meu dever profissional, pois é minha obrigação ser fiscal da minha própria profissão. Os farmacêuticos têm a obrigação de comunicar este tipo de comportamento, porque isto não apenas coloca a sociedade em risco, como fere a todos nós profissionais. Nos momentos de pico que ocorrem na farmácia, as pessoas podem tomar decisões que são incoerentes, diferente de como se comportariam em condições menos estressantes. Isto ocorre às vezes, às custas dos pacientes os quais deveriam servir e proteger. Quando confrontadas com estes problemas, as pessoas podem reagir de três formas: ficam “paralizadas”, culpam outra pessoa ou resolvem o problema. O farmacêutico que eu encontrei estava pronto para culpar alguém. Ele claramente não compreendeu o que significava ser um profissional que deveria cuidar de mim como paciente. Preferiu ser o profissional que atende as normas ditadas pelo gerente e coloca a vida dos pacientes em risco. É fácil culpar o gerente, mas o verdadeiro problema encontra-se no farmacêutico. Com certeza, é preciso ter coragem para se erguer como um profissional e afirmar: “em sã consciência, não posso pedir que os pacientes assinem! eu não vou fazer isso!”. Isto é exatamente o que precisamos fazer: controlar nossas normas profissionais, sem mais II Nos Estados Unidos há uma legislação – Omnibus Budget Reconciliation Act of 1990 (OBRA ‘90) – que preconiza a obrigatoriedade da orientação farmacêutica aos pacientes. HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 6 ninguém interferir. Como o número de farmacêuticos ainda é pequeno, temos o poder para dizer: “continue depositando nossos bônus e financiando nossos automóveis”, mas quero de oito a dezesseishoras de tempo ininterrupto a cada semana para agendar cuidados aos meus pacientes”. O QUE SABEMOS SOBRE NOSSOS PACIENTES? Diante do exposto, surgem algumas perguntas. O que aconteceu com a profissão farmacêutica? Como chegamos neste ponto? Ao longo dos anos, perdemos de vista o que é verdadeiramente importante: o PACIENTE. Somos formados tendo o privilégio de fazer, de modo seguro, que os medicamentos recebidos pelos pacientes sejam apropriados para cada um deles. Isto significa que precisamos conhecer nossos pacientes. O que o paciente sabe e entende sobre a sua doença e seu tratamento? O paciente acredita no diagnóstico? O que é um dia normal para o paciente? Até que ponto os pacientes tem a intenção de assumir a responsabilidade por suas doenças? Eles entendem o que está sendo dito e suas possíveis escolhas? Quando trabalhamos na farmácia, somos capazes de responder a estas perguntas? Se a resposta for não, então é porque não fomos formados para isso? Dizemos que a prática dos cuidados farmacêuticos é a nossa missão, mas é o nosso padrão de qualidade? Os pacientes podem esperar receber cuidados farmacêuticos em todas as farmácias em que apresentam uma prescrição médica ou quando precisam de informações sobre o tratamento de uma doença? O que a profissão pode prometer e disponibilizar em todas as farmácias? Estamos, coletivamente, entregando mais do que apenas o medicamento que o médico prescreveu? A resposta é não. Por que, então, esperar por algum pagamento, quando o nosso padrão nacional de qualidade é apenas de dispensar o medicamento? Certamente, alguns farmacêuticos fazem mais, no entanto, eles não são a maioria. Em adição, será que estamos nos comportando moralmente e eticamente como profissionais? Quando o paciente não recebe informações importantes sobre seus medicamentos e nem compreende sua doença e seu tratamento, estamos colocando-o em risco. Quando pedimos aos pacientes para assinar uma renúncia do seu direito de orientação, contrariamos o que a OBRA ‘90III preconiza. Na realidade, estamos privando os pacientes do seu direito de saber e de tomar decisões sobre os medicamentos que estão prestes a utilizar (ou não utilizar). Mais uma vez, estamos colocando-lhes em risco. Alegamos falta de tempo, que não somos pagos para isso e que muitas farmácias fazem o mesmo, mas nenhuma dessas razões justifica o erro. III A Omnibus Budget Reconciliation Act of 1990 (OBRA ‘90) contém a Medicaid Prescription Drug Reform Act, que obriga que o farmacêutico revise o uso de medicamentos e a orientação ao paciente, oferecendo informações para todas as prescrições ambulatoriais cobertas pelo Medicaid. Medicaid é um programa de saúde dos Estados Unidos, financiado pelos governos federal e estadual, que atende pessoas de baixa renda e/ou deficientes. CUIDADO, ALIANÇAS, CÓDIGOS E COMPROMISSOS 7 CUIDADO O cuidado requer que nos importemos e que se desenvolva uma relação de confiança com nossos pacientes. O primeiro princípio do Código de Ética da American Pharmacists Association ( APhA) afirma: “um farmacêutico deve respeitar a relação de confiança com seu paciente”. O que isto significa? Por que é importante? O que é cuidado? O que são as relações de confiança? O que esses conceitos têm a ver com o nosso código de ética e a necessidade da nossa profissão de comprometer-se com estes conceitos? O cuidado farmacêutico (Pharmaceutical Care) é definido como “a provisão respon- sável da farmacoterapia com o objetivo de alcançar resultados definitivos que melhorem a qualidade de vida do paciente”1. Segundo Hepler e Strand1, “há quatro critérios a serem considerados antes dos farmacêuticos terem a autoridade ou aceitar a responsabilidade pela prestação de cuidados farmacêuticos: (i) o provedor deve possuir conhecimentos e habilidades em Ciências Farmacêuticas (Farmacocinética, Farmacodinâmica, Farma- coepidemiologia, Farmacogenômica, Farmacovigilância, Farmacotécnica e Tecnologia Farmacêutica) e Farmacologia Clínica, (ii) o provedor deve ser capaz de mobilizar tanto o sistema de distribuição de medicamentos, como as decisões relacionadas ao uso da farmacoterapia, (iii) o provedor deve ser capaz de desenvolver relações com os pacientes e com outros profissionais de saúde e (iv) deve haver número suficiente de provedores disponíveis na sociedade”. Em termos práticos, os cuidados farmacêuticos requerem uma relação mais próxima e intensa entre farmacêutico e paciente. As informações devem ser fornecidas e entendidas por ambos os atores, sendo que os problemas relacionados à farmacoterapia que os pacientes apresentaram no passado ou no momento devem ser explorados sem ameaça e julgamento. Os regimes farmacoterapêuticos também devem ser adaptados às necessidades individuais dos pacientes, não às necessidades do cuidador. Além disto, as preocupações que os pacientes tem sobre sua doença ou tratamento deverão ser abordadas de forma legítima, não subestimando-as. Isto é, os cuidados farmacêuticos requerem cuidado. Mas o que significa cuidar? De maneira mais simples, cuidar significa atender às necessidades dos outros - tornando a preocupação com os outros primordial2. Quando acolhemos verdadeiramente o outro, muitas vezes sentimos a nossa energia motriz fluindo para as necessidades e projetos do outro. Queremos ajudar a aliviar a dor, a alcançar um objetivo que não é nosso, a realizar um sonho. Este é o sentimento que todos os cuidadores experimentam quando estão cuidando de maneira genuína. O ego ainda existe, com todos os seus ideais próprios, amores e projetos, mas sua energia é temporariamente colocada a serviço das necessidades do outro. Carl Rogers3 chamaria isso de consideração positiva incondicional, ou seja, esta é a vontade de ser amável e aceitar o paciente. Quando os farmacêuticos se tornam disponíveis, aliviam alguns sentimentos de medo e solidão de seus pacientes. Este é um trabalho de compreensão empática. As perguntas que o farmacêutico deve fazer são: “posso me permitir entrar no mundo particular de meus pacientes, explorar seus HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 8 sentimentos, sem julgá-los e, de alguma maneira significativa e honesta, responder de uma forma que lhes permita saber que eu os escuto e quero prestar-lhes alguma assistência ou conforto? Posso ver este indivíduo como tendo uma relação singular com sua doença? Posso saber o suficiente sobre este indivíduo para que o conhecimento ou a assistência que eu der seja útil?” Reich4 afirmou que “o cuidado significa preocupação ou interesse. O significado disto é que não é possível ter ética, se nada importa e se não vale a pena se preocupar. Qualquer tentativa de desenvolver uma investigação sistemática sobre a vida moral afundaria, mergulhada na apatia”. O que Reich está dizendo é que somente quando eu me preocupo com algo ou alguém, eu transcendo meus próprios desejos e desenvolvo a moralidade. Na verdade, esta é uma das primeiras lições que tentamos ensinar às crianças: se preocupar com os outros, ver e estar interessado com o impacto que os fatos causam a elas e como as escolhas feitas afetam outras pessoas. A ética e a moral dependem do cuidado com o bem-estar dos outros. Efetivamente, a tomada de decisão ética envolve a identificação de muitas questões que são mais notáveis ou importantes para a minha atenção e preocupação. O que merece meus cuidados morais ou minha preocupação? Por exemplo, os farmacêuticos podem dizer que não tem tempo (ou não são pagos) para prestar cuidados farmacêuticos. Se um paciente vai até sua farmácia e você sabe que o medicamento prescrito poderá matá-lo, considerando sua história médica prévia. Você iria intervir, apesar de estar ocupado e não ser pago? Espero que sim. E se o medicamento pudesse “apenas” cegar o paciente? Será que você ainda interferiria apesar dotempo e dinheiro? Mais uma vez, espero que sim. E se o medicamento pudesse causar diarréia que levasse à hospitalização do paciente dentro de três dias? Você seria menos determinado na sua intervenção? Espero que não. O ponto é que devemos decidir o que é uma conduta de cuidado. Quais são as questões mais importantes aqui? Tempo? Dinheiro? Que grau de risco o paciente irá assumir? Por que nós achamos que temos o direito de decidir a extensão no qual o paciente estará em risco ou quanto dano é suficiente para intervir? Estas são questões de cuidado e preocupação com o valor da vida humana. Ao se tornar um profissional, por definição, significa que o que fazemos não é apenas motivado pelo ganho financeiro. Na verdade, a principal motivação é servir à sociedade e isto se chama altruísmo. Logo, eu diria que a base para a conduta profissional é o altruísmo. PROFISSIONALISMO Quais são as características de um profissional? Como reconhecer se nos tornamos um? Considere as seguintes características: Especialidade - é resultado de um prolongado e intenso treinamento especializado, permitindo ao profissional o poder de tomar decisões sobre o paciente. Desta forma, a competência exclusiva do farmacêutico concede autoridade ao profissional. O paciente também assume que o profissional irá usar deste poder para serví-lo e não unicamente às suas necessidades profissionais. CUIDADO, ALIANÇAS, CÓDIGOS E COMPROMISSOS 9 Autonomia - envolve o auto-controle sobre as decisões e atividades desenvolvidas na prática do cuidado, motivado por fazer o que é adequado para o paciente. A autonomia envolve também o compromisso de fornecer aos pacientes informações suficientes para que os mesmos possam tomar as melhores decisões sobre seu bem-estar. Vale ressaltar que a função de “apoio”, de empoderamento dos pacientes, significa mais do que dar a informação, a fim de satisfazer o seu direito ao consentimento informado ou autonomia. Logo, o apoio é mais que dar aos pacientes somente o que eles querem. No cotidiano, a informação é provida ao paciente sem avaliar sua compreensão, sendo uma forma paternalista na qual apenas o prestador de cuidados de saúde decide o que é suficiente. Por outro lado, os cuidadores não devem deixar os pacientes sozinhos na tomada de decisão sobre o manejo de sua saúde, acreditando que dar a informação é tudo o que o trabalho requer. Assim, não se pode deixar o paciente selecionar entre um labirinto de informações e decidir o que é melhor, pois simplesmente não vai funcionar, não é o verdadeiro apoio e nem promoverá o empoderamento. Então, o que é o apoio de verdade? Apoio Existencial, de acordo com Gadow5, envolve a “participação com o paciente na determinação do sentido único que a experiência de saúde, doença, sofrimento ou morte é ou tem para o indivíduo”. Gadow elabora: O apoio existencial expressa o ideal: que os indivíduos sejam cuidados para autenticamente exercer sua liberdade de autodeterminação. Legitimamente significa uma forma de tomar decisões que são verdadeiramente próprias - decisões que expressam tudo o que se considera importante sobre si mesmo e o mundo, toda a complexidade de seus valores. Para tomar suas decisões, o paciente não deve apenas ser informado sobre sua doença e as opções de tratamento, mas também deve ser dada a ampla oportunidade de expressar seu entendimento, crenças e valores sobre estas. Deve ser fornecido ainda tempo e encorajamento para que faça perguntas, levante questões e expresse os sentimentos sobre o que está acontecendo. Por conseguinte, o cuidador não pode deixar o paciente isolado para decidir, mas ajudá-lo a avaliar se seu pensamento é coerente e tomar suas decisões. A decisão final deverá ser sempre do paciente, pois este tipo de apoio é seu direito à autonomia, que acima de todos os outros direitos humanos é essencial para o empoderamento. Identificação com a profissão - os profissionais que tem orgulho de serem farma- cêuticos, querem que a profissão prospere e não apenas sobreviva. Para tanto, sustentam que a profissão tenha alto padrão e tentam elevar os padrões da qualidade profissional. Compromisso com a vocação - os profissionais são comprometidos com suas carreiras e com atualização permanente dos seus conhecimentos, porque sabem o que é necessário para atender bem seus pacientes e para que os mesmos confiem primeiramente na sua capacidade. Ética - as profissões têm códigos de ética internos. Por quê? Porque a sociedade não está em condições de determinar se os padrões profissionais estão sendo satisfatórios. Os códigos de ética são um compromisso escrito e público de servir e proteger a sociedade, HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 10 sendo adapatado para a especialidade de cada profissão. Contudo, nenhuma profissão deve desenvolver um código de ética, sem a contribuição da sociedade a quem a serve. A falha ao não buscar essa contribuição indica que a profissão pressupõe saber o que é melhor para a sociedade, sobretudo mais do que a própria sociedade. Isto é simplesmente outra forma de paternalismo. Por que um profissional com especialização em farmacoterapia pretende saber o que é melhor para a vida do paciente (por exemplo, para a vida da família do paciente e seu cotidiano)? A especialidade não qualifica o profissional para saber isso. Manutenção dos padrões de bom exercício profissional - os profissionais devem se comprometer a se auto-fiscalizar. A sociedade muitas vezes não sabe se os farmacêuticos estão cumprindo com seu compromisso de servir e proteger. Por isto, os profissionais tem a obrigação de se auto-fiscalizar. Por exemplo, muitos pacientes não sabem ou não entendem o que a OBRA ‘90 requer da farmácia ou do farmacêutico. Alguns farmacêuticos pedem a seus pacientes para abdicarem do seu direito à orientação, mas não os informam sobre o que implica esta renúncia. Isto pode potencialmente prejudicar os pacientes, deixando-os sem um importante serviço de saúde. Logo, os farmacêuticos que sabem que isso está acontecendo devem ter a obrigação de reportar aos Conselhos Regionais e Federal de Farmácia, bem como a vigilância sanitária, para proteger os seus pacientes. Em outras palavras, o profissionalismo implica na utilização da especialidade profissional para atender à necessidade social:6 Profissionais desenvolvem responsabilidade social e moral para com os outros, internalizando o claro senso de propósito, forte compromisso de servir à socie- dade e a profunda compreensão da ética da profissão. Esta responsabilidade é refletida no modo como os profissionais se comportam em relação a seus pacientes e a cada indivíduo. É por isso que as decisões profissionais não devem ser determinadas pelo tempo ou dinheiro. Desta forma, os farmacêuticos não podem usar “eu não tenho tempo” ou “eu não sou pago para isto” como desculpa para negligenciar deveres básicos para com o paciente. Eu sou totalmente a favor dos farmacêuticos serem pagos pelo seu conhecimento especializado nestes assuntos, pois o conhecimento específico dos profissionais é o principal serviço a ser vendido. Na prática, estou dizendo que para se firmar enquanto profissão não é exigido o pagamento pela prestação de um serviço necessário, pois isto é altruísmo e faz parte da definição de um profissional. Todavia, é um risco que devemos estar dispostos a assumir para nos tornarmos mais profissionais. ALIANÇAS É importante lembrar que os cuidados farmacêuticos requerem o desenvolvimento de alianças com nossos pacientes. O que isso significa? A aliança é uma promessa, um presente, e às vezes um dever. O que devemos aos pacientes? Devemos conhecimento, tempo e energia suficientes que lhes permitam compreender a sua doença e seu tratamento, fazer perguntas sobre as coisas e escolhas que não entendem ou que não são claras. Ainda devemosoferecer informações atualizadas e os mais altos padrões de CUIDADO, ALIANÇAS, CÓDIGOS E COMPROMISSOS 11 qualidade dos serviços. Quando entendemos o que devemos aos pacientes, perguntarmos: “Como Deus (ou quem quer seja o seu emissário) poderia atuar na farmácia?” e “Deus pode (ou o seu emissário) trabalhar farmácia do jeito que eu estou atuando?” Se a resposta para estas questões indica que estamos longe de onde precisamos estar, não vamos nos punir. Então, vamos começar o trabalho descobrindo como chegar ao ponto ideal, não importando quão difícil seja a tarefa ou quantos obstáculos estão a nossa frente, porque é simplesmente a coisa certa a fazer. Mais adiante voltaremos a aprofundar este tema. Em sua corajosa palestra na American Society of Health-System Pharmacists, em 1999, Kathleen Marie Dixon7 chamou os farmacêuticos para levantar a tocha da virtude e da ética. Ela lembrou que a filósofa e estudiosa em ética Philippa Foot disse: “por vezes, um homem bem-sucedido falha, não porque há algum desacordo em sua conduta prévia, mas porque seu coração está em um lugar diferente; e a disposição do coração faz parte da virtude”. Dixon chegou a dizer que a teoria da virtude nos ajuda a envolver nossos corações, tanto no nosso trabalho como em nós mesmos. Ela se referia a uma faísca da paixão, talvez não para a profissão como é praticada hoje, mas por aquilo que esta poderá ser. Esta percepção de excelência, que está na virtude, fundamenta este paradigma. Especialmente, porque essa faísca pode passar rapidamente entre os seres humanos, criando interesse e desejo de desenvolvimento pessoal, revelando novos padrões de pensamento e expe- riência. Por sua vez, torna-se o motor que impulsiona a mudança profissional. Enfim, Dixon está falando sobre fazer o que você já sabe que é certo. CÓDIGOS Em 1994, a profissão de Farmácia, liderada pela APhA e encorajada pela Joint Com- mission of Pharmacy Practitioners, propôs um novo e diferente Código de Ética. Este código é baseado no conceito de cuidados farmacêuticos desenvolvida por Hepler e Strand1 e exige um nível de prática profissional que carrega consigo muito mais responsabilidades e autonomia. Votterro8 comentou que “os farmacêuticos que respondem a esse nível adicional de prática profissional e de autonomia atendem às expectativas de cuidado do novo método de prática. Assim, os mesmos são desafiados a demonstrar a prática de forma individual e coletiva, o que pode ir muito além das expectativas atuais da sociedade”. O preâmbulo e oito princípios do Código de Ética para Farmacêuticos aparecem acima e o texto integral do Código está disponível em www.pharmacist.com. É importante retomar ao primeiro princípio: “o farmacêutico respeita a relação de aliança com o paciente”. Novamente esta aliança é abordada, mas estamos falando sério sobre isso? Esta é uma afirmação profundamente importante, que exige que o farmacêutico desempenhe uma atividade séria, compromissada com as virtudes e apoio existencial. Todavia, é relevante questionar se temos um código só no nome - algo que é bom, mas que realmente não pretendemos cumprir - ou é hora de desafiar a nós mesmos e perguntar: Como vamos chegar lá? Como podemos fazer o nosso Código efetivo? Se não estamos prontos, que medidas são necessárias para estarmos? HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 12 Código de Ética dos Farmacêuticos dos Estados Unidos da América Preâmbulo Os farmacêuticos são profissionais de saúde que ajudam os indivíduos a fazer melhor uso dos medicamentos. Este Código, elaborado e apoiado pelos farmacêuticos, destina-se a declarar publicamente os princípios que formam as bases fundamentais das funções e responsabilidades dos profissionais. Estes princípios estão alicerçados em obrigações morais e virtudes estabelecidas para orientar os farmacêuticos nas relações com os pacientes, profissionais de saúde e com a sociedade. Os oito princípios de prática profissional são: I. O farmacêutico respeita a relação de aliança com o paciente. II. O farmacêutico com cuidado, compaixão e confidencialidade promove o bem a todos os pacientes. III. O farmacêutico respeita a autonomia e a dignidade de cada paciente. IV. O farmacêutico age com honestidade e integridade nas relações profissionais. V. O farmacêutico mantém a competência profissional. VI. O farmacêutico respeita os valores e as habilidades de seus colegas e de outros profissionais de saúde. VII. O farmacêutico serve aos indivíduos, à comunidade e às necessidades sociais. VIII. O farmacêutico busca justiça na distribuição dos recursos da saúde. Adotado pelos membros da American Pharmaceutical Association ( APhA) desde 27 de Outubro de 1994. PADRÕES DE QUALIDADE Para avançar, é preciso estar atentos para as normas da profissão. Quais são os padrões profissionais que nos comprometem com os pacientes quando estes entram em uma farmácia para buscar seus medicamentos? Os farmacêuticos fornecem orientação verbal para cada paciente com uma nova precrição? Os farmacêuticos oferecem a todos os pacientes informações escritas sobre seus medicamentos? Em ambos os casos, a resposta é não. O que geralmente fornecem a cada paciente é o medicamento prescrito CUIDADO, ALIANÇAS, CÓDIGOS E COMPROMISSOS 13 pelo médico, ou seja, os farmacêuticos são muito bons em dispensar exatamente o que está escrito na receita médica. No entanto, infelizmente as prescrições do médico nem sempre são apropriadas para os pacientes. Atualmente, há muitos farmacêuticos que orientam todos os seus pacientes, não apenas questionando sobre a adequação da farmacoterapia prescrita, mas também mudando o tratamento, quando necessárioIV. Todavia, para que este processo de cuidado seja padrão, deve ser sempre feito pelos farmacêuticos. Em consequência, podemos denominar isto de modelo de prática. Mas se houvesse padrões de cuidado, seria surpre- endente sermos pagos (e muitas vezes mal pagos) apenas para dispensar medicamentos? Na prática clínica, os farmacêuticos que otimizam seu padrão de cuidado estão recebendo mais dinheiro do que quando apenas dispensavam. Então, como desenvolver padrões de qualidade? Para entender melhor é preciso pensar sobre o que sabemos. O que as pesquisas demonstram sobre o que deve acontecer para se obter resultados farmacoterapêuticos positivos? Sabe-se que para alcançar resultados farmacoterapêuticos ideais, os pacientes devem: • Entender o diagnóstico: Será que os pacientes compreendem o diagnóstico e o tratamento? Será que sabem o que é necessário fazer? Será que acreditam que podem fazê-lo? • Estar interessado com a própria saúde: Os pacientes que recebem cuidados ficam mais saudáveis e querem prevenir suas doenças? • Avaliar corretamente o impacto potencial do diagnóstico: O paciente entende o que irá acontecer se tratar ou não a doença adequadamente? • Acreditar na efetividade do tratamento prescrito: Os pacientes acreditam que o medicamento terá o efeito esperado? Entendem o que o medicamento realmente faz e sabem se o mesmo está funcionando? • Encontrar maneiras de usar o medicamento que é mais problemático do que a própria doença. Algumas doenças fazem o paciente se “sentir” melhor do que o tratamento. Por exemplo, pacientes com hipertensão arterial, muitas vezes sentem-se inicialmente piores quando fazem uso de medicamentos. Eles entendem que isto pode acontecer? Sabem que isto geralmente é transitório? Sabem o que fazer se essa condição crônica não mudar após um determinado período de tempo? Se necessário, os pacientes sabem quanto tempo devem esperar para que o medicamento faça o efeito esperado, qual é este efeito e como medí-lo (por exemplo, como aferir a pressão arterial ou avaliar a medida do pico de fluxo expiratório peak flowV)? IV Nos Estados Unidos, os farmacêuticossão autorizados a modificarem a prescrição médica, caso o tratamento indicado não esteja de acordo com o que é preconizado. Para isso, os farmacêuticos precisam protocolar, assinar e datar um termo informando e responsabilizando-se pela modificação da farmacoterapia. V Peak Flow é um dispositivo usado pelos especialistas em doenças pulmonares para medir o fluxo expiratório de pacientes com asma. É um aparelho pequeno, portátil e econômico que mede o fluxo de ar ou a taxa de fluxo expiratório máximo, podendo ser de grande utilidade para os asmáticos. HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 14 • Ser avaliados quanto à sua disponibilidade. A literatura demonstra variações entre a disponibilidade dos pacientes para gerir as suas doenças, bem como os comportamentos de auto-gestão necessários para manejá-las. É importante salientar que diferentes estratégias de intervenção são necessárias para distintos estágios de disponibilidade. Para isto, os pacientes estão sendo devidamente avaliados para que as intervenções apropriadas sejam utilizadas? Frente a este cenário, os pacientes que atendem aos critérios mencionados acima estão mais aptos a aderir (cumprir) a seu regime terapêutico. Em consequência, se os farmacêuticos podem proporcionar grande impacto na saúde dos pacientes, nossos padrões de prática deverão incluir formas de abordar melhor estas questões. Desta maneira, a forma como nos comunicamos com os pacientes deve fazer parte de nossos padrões de qualidade. Por exemplo, como podemos dizer aos pacientes o que significa “bid”? Devemos dizer que isso significa de 12 em 12 horas e depois ajustarmos a dosagem a sua rotina diária ou devemos explicar para tomar o medicamento duas vezes ao dia e esperar que descubram o que queremos dizer? O que significa “pc 1 e hs” ?VI O que pode significar para um paciente com diabetes que faz seis pequenas refeições por dia? Queremos realmente que ele tome o medicamento sete vezes por dia? Logo, o modo como orientamos os pacientes deve ser parte de nossos padrões de qualidade, porque isso afeta os resultados do tratamento. FAZENDO A TRANSIÇÃO: ASSUMINDO RESPONSABILIDADES Antes de prosseguir é importante checar algumas hipóteses: • Os cuidados farmacêuticos são uma missão da prática da profissão Farmacêutica, envolvendo a otimização dos resultados da saúde por meio do uso adequado da farmacoterapia. • Existe uma necessidade de mercado pelos cuidados farmacêuticos e os farmacêuticos devem criar a demanda pelos serviços. • A maioria dos farmacêuticos quer prover cuidados farmacêuticos, mas muitos tem dificuldade em imaginar como fazer isto em um ambiente cujo foco é a dispensação de medicamentos. • A provisão dos cuidados farmacêuticos irá diminuir o custo total com atenção à saúde (ou pelo menos, aumentar a qualidade sem elevar o custo total do atendimento). VI Nas prescrições tradicionalmente se usa uma série de abreviaturas consagradas de termos latinos para especificar a frequência com que os medicamentos devem ser tomados, por exemplo: b.i.d.: é uma abreviação do latim “bis in die” que significa duas vezes por dia. Essa abreviatura às vezes é escrita sem vírgulas e em letras minúsculas (“bid”) ou em letras maiúsculas (“BID”). pc: é também uma abreviação do latim “post cibum”, ou seja, depois das refeições. hs: significa ao deitar. Vem do latim “hora somni” que significa na hora de dormir. CUIDADO, ALIANÇAS, CÓDIGOS E COMPROMISSOS 15 • É necessário que todos os farmacêuticos tenham muita coragem em todos os ambientes de trabalho para exigir que nossos padrões de qualidade não sejam comprometidos. O que é coragem? É a vontade de buscar as respostas certas. De acordo com Dixon7, “o que traz a resposta certa é um exercício de observação da justiça e do realismo. A dificuldade é focar a atenção sobre a situação real e evitar desviar para nossas próprias necessidades ou defesas.” • Os farmacêuticos não devem ter medo de perder seus empregos por fazer cumprir a lei ou elevar os padrões de qualidade. • É preciso parar de culpar os outros pelos nossos problemas. Quando as pessoas são colocadas em situações extraordinárias ou difíceis, em que devem escolher o que é bom, certo ou moral, contra o que é útil, é essencial ter muita coragem. Caso contrário, tornam-se insensíveis ou culpam alguém ou algo, a fim de escapar da dor de abandonar aquilo que sabem ser certo. Os farmacêuticos, por muito tempo, tem sido colocados em situações difíceis em que devem escolher, e muitas vezes optam pelo que é mais conveniente. Na vida real ser corajoso é muito assustador e muitas vezes doloroso. No entanto, fazer o que não é direito, no fundo, fere nossa própria alma. Este é um preço muito alto que pagamos, mas já é tempo de parar. • Devemos parar de acreditar que alguém além dos farmacêuticos está interessado em nossa sobrevivência como profissão. • A transição exigirá um esforço concentrado de muitos grupos diferentes, incluindo farmacêuticos, cursos de Farmácia, seus professores e estudantes, conselhos Regionais e Federal de Farmácia, associações e outras entidades profissionais estaduais e nacionais. O QUE OS FARMACÊUTICOS PODEM FAZER? Começaremos com o que os farmacêuticos precisam fazer. Inicialmente, devemos compreender que os membros de uma profissão nunca permitem que os outros ditem seus padrões de prática, caso contrário realmente deixarão de ser uma profissão. O farmacêutico deve estar disposto a fazer um trabalho corajoso e dizer que algo está terrivelmente errado quando sua ética profissional e moral são comprometidas. O que isso significaria? Significaria orientar ativamente os pacientes, independente do quanto você está ocupado. Significaria que os pacientes, no mínimo, deveriam ser avaliados para garantir que o medicamento prescrito é adequado para os mesmos, além de fazer com que entendam sua doença, seu tratamento e que tenham suas dúvidas ou questionamentos abordados. Impossível, você diz. Pacientes poderiam ficar aborrecidos e procurar outra farmácia, porque não iriam querer esperar. Muitos chamariam a gerência reclamando da longa espera e você poderia ser demitido. Por outro lado, os pacientes poderiam perceber pela primeira vez o quão valioso é o farmacêutico e estariam dispostos a esperar e pagar por este valor (nós sabemos que os pacientes sempre dizem que querem e valorizam o farmacêutico). 273 A Abordagem “3 P” 266 Abordagem narrativa 228, 230 Ação 44, 50, 73, 75, 89, 114, 116, 127, 128, 129, 133, 168, 170, 189 Acomodação 113, 114 Aconselhamento 176 Afirmação de confronto 101 Afirmação de sentimento negativo 101 Afirmação de sentimento positivo 102 Afirmação empática 101 Afirmação simples 101 Afro-americanos estudos de caso 224 qualidade do cuidado à saúde 221–226 Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) 266 Agressividade 157, 183 Alegria 42, 58, 85, 109, 122, 124, 166 Aliança do trabalho 29 Aliança terapêutica 29, 35, 55, 57, 258 Alívio 86, 122, 124, 156, 192 Ambivalência explorar com o paciente 122, 123, 132, 170 para a mudança 122, 123, 132, 170 Americanos Asiáticos 221 American Pharmacists Association (APhA) 7 Analfabetismo funcional 253 Analfabetos 254, 255, 267 Ansiedade como resposta à mudança 122 comunicação de apoio à 166, 170 APhA 7, 11, 12, 17 Apoio 9, 11 Apoio Existencial 9 Assertividade 97–105 benefícios e desvantagens de 177 com pacientes com limitações de letramento 256–268 direitos 97 e padrões de “eu” 99 e respeito 97 exemplos de 100–101 habilidades 102 tipos de 101 Atenção dada 56 Atitudes 189, 227 Attanucci 200 Auburn University 69, 149 Auto-efetividade 128, 141, 145 Auto-engano43, 45, 89 Auto-motivacional 198 Autonomia 136–139 do paciente, evitar ameaça a 136–139 e limitações do letramento 262 B baixo letramento 253, 254, 255, 261, 265, 267 Balança decisória 135, 244 Basch 35, 63, 172 Berlin 232 Bonds That Make Us Free 42, 51 Bracketing 56 Buber 42, 43, 46, 51 C Co-culturas 227, 230 Código de Ética dos Farmacêuticos 12 Código de Ética para Farmacêuticos 11 Competência cultural 219, 221, 222, 231, 263, 265 desigualdades existentes no cuidado à saúde 222 etapas para o desenvolvimento 231 preconceitos culturais e, 227 Competição 113 Comportamento e atitudes e crenças 189 mudança. Veja: Mudança psicologia de 29 Compreensão, da mensagem 193 Compromisso 97 Comunicação como padrões de cuidado 13 Índice Remissivo HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 274 de apoio 163, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172 escuta 35, 55, 56, 57, 62 e timidez do farmacêutico 20 farmacêutico-paciente 194 inúteis ou desprovidas de apoio 171 modelo L-E-A-R-N 229 não verbais 214, 216, 259 objetivo de 34 sobre morte dos pacientes 204 sobre questões de saúde delicadas 235 Comunicação afetiva 57, 58 Comunicação não-verbal 76, 210, 211, 216, 217 Comunicação persuasiva 189–200 auto-persuasão/dissonância cognitiva 198 estratégias diretas 194 fatores que afetam 190 Influências 190 Comunicaço escrita benefcios da 70 Condições médicas potencialmente delicada, exemplos de 248 respostas emocionais à 123, 166 Confiança desenvolvimento da 55 Conflito 88–89 a linguagem do 112 causas 110 evitando 112–116 Conluio 48 Conscientização 110, 129, 194 Conselhos de farmácia 22 Constrangimento. Veja: Vergonha Contato com os olhos (oculésia) 210 Contemplacão estágio de mudança 128, 129, 130, 133 Credibilidade 154, 190, 192, 193, 200 Crenças 9, 50, 51, 88, 97, 109, 111, 114, 126, 142, 189, 190, 192, 194, 195, 198, 199, 221, 222, 223, 226, 227, 228, 229, 231 Criando os padrões do “EU” 99 ignorando seletivamente 104 relação EU-TU 43 uso do “EU” Padrão 99 Cronêmica 210 Cuidado no acompanhamento 77 Cuidador 7, 9, 29, 49, 55, 71, 72, 110, 127, 130, 132, 133, 135, 136, 138, 139, 143, 145, 153, 166, 179, 211, 214, 215, 228, 229, 236, 240, 242, 244, 249, 256, 258 Cuidados farmacêuticos 3–26 AphA Código de Ética 11–12 assumindo 14 cuidado 7, 25 definindo 3 educação continuada 23 relação farmacêutico-paciente 25 Culpa 5, 44, 91, 98, 104, 109, 122, 123, 124, 125, 128, 139, 167, 168, 170, 192, 205 Cultura e questões de saúde delicadas 235 Cultura dominante 227 Cursos de Graduação em Farmácia 19 D Defensiva 48, 102, 109, 123, 132, 136, 141, 264 Demanda por serviços 18 Depreciar 97 Depressão 125, 171, 238, 239, 247, 248 Depressão clínica 125 Depressão existencial 125 Desamparo aprendido 258 Desarmar a raiva 103 Desconfiança das minorias no sistema de cuidado à saúde 226 Desenvolvendo e mudando a relação 121 Desenvolver locais para supervisão da prática 19 Desenvolvimento de alianças 10, 55 Desenvolvimento de discrepâncias 128, 132 Desigualdades existentes no cuidado à saúde 222 causas de 223 conversas entre os cuidadores e os doentes terminais 223 estudo de caso 224, 226, 228 Dificuldade do paciente, resposta a,. Veja também: paciente irritado, resposta a franqueza. Veja assertividade. Direitos assertividade 104 humanos 98 Disfunção Erétil (DE) 237 comunicação apropriada para 237 exemplo de perguntas para entrevista 237 Dispensação de medicamentos 4, 14 Dissonância 144, 148, 198, 199, 259 Dissonância cognitiva 198 Distância física (Proxmica) 210 Diversidade cultural 221 Dixon 11, 25 Documentação 3, 16 Doença 121–150, 165–172 Dominação 113 E Educação ao paciente 236, 253 ÍNDICE REMISSIVO 275 Educação continuada 22, 23, 24 Emoções 32 induzidas pela doença 124 induzidas pela mudança 122, 124 induzidas pelas questões de saúde delicadas 239, 248 ofensas 88 Empatia 7, 57–59 Empatia e adesão ao tratamento 55, 165 Entrevista ao paciente método motivacional 135, 137, 138, 143, 144, 146, 147, 148 sobre questões delicadas de saúde 235 Entrevista motivacional 135, 148 estratégias 141, 143 exemplos de diálogos 140, 146 explorando a ambivalência/resistência 139, 142 método manter o respeito 136, 139 princípios 141, 145 Entusiasmo, resposta ao diagnóstico 124 Escuta 55, 57 Especialidade, profissional 8 Esquecer de tomar o medicamento 69 Estereótipos 221, 222, 223, 225, 227 estudo de caso 224, 226, 228 teste 230, 231 Estratégias perder-perder 113 Ética código da (AphA) 11 e cuidado 7 profissional 8 Etnocentrismo 227, 231 teste do, 230 Evitando argumentação 147 Expectativa ao paciente 17 Expectativas irreais 34 F Falta de assertividade 177, 184 Farmácia prática de, educação em 15 problemas atuais da 3 Feedback, regras para 112 Felkey 69 Fibromialgia 239, 248 Fogging 102 Foot 11 Fowkes 232 Frustração como resposta à mudança 125 do paciente, em resposta a 140 Fumar, ajudar a parar de 132, 133, 134, 135, 136, 137, 142, 144, 145, 146, 147, 166, 167, 194, 195, 198 G Gadow 9, 25, 63 Ganhar-ganhar, estratégia 113, 115, 116 Ganhar-perder, estratégia 113 Gênero e a comunicação de questões delicadas de saúde 235 e estratégias persuasivas 192 Gestos cinésica 210, 214 Gilligan 192, 200 Goffman 149 H Haase 214, 217 Habilidades, melhore suas 19 Háptica 210 Harvard Forums on Health 232 Hepler 7, 11, 25, 29, 35 Hipertensão, discutindo com o paciente 245 Hispano-americanos 221 I Ignorando seletivamente 104 Imediatismo verbal. Veja: Linguagem imediatista Imitação 57, 58 Indo-americanos 221, 223 Infecção pelo HIV 223, 255 Inquérito negativo 102 Instituições farmacêuticas, e atenção farmacêutica 23 Instituto Arbinger 42, 46 J Julgamento 7, 56, 57, 102, 113, 128, 131, 134, 136, 138, 142, 143, 167, 177, 178, 184, 227, 237, 258, 262, 264, 267 Jung 109 L Leadership and Self-Deception, do Instituto Arbinger 42 Letramento. Veja também: Letramento em saúde definindo o grau do 254 instrumentos 257 Letramento em saúde avaliando e enfrentando 262 definição 254 fontes 266 HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 276 implicações 261 limitações 256 medidas 254 Letramento geral. Veja: Letramento generalizando/comparando a resposta 176, 182 Levantamento e discussão das ideias - brainstorming 116 Limitações de letramento, pacientes com 253. Veja também: Letramento em saúde e limitações comunicação com 258 envolvimento do cuidador 258 identificando 256 recursos 267 resistência 255 resultados de saúde em 258, 267 sensibilidade para, na prática da farmácia 267 Linguagem. Veja também: linguagem imediata; não imediata na orientação ao paciente escolha das palavras na 204 na comunicação persuasiva 190 na orientação ao paciente 77 Linguagem não imediata 206, 208, 209 cuidadores da saúde uso da 204, 205 exemplos de diálogos 209 identificando 205 Locais de aprendizagem 19 Local de orientação ao paciente para entrevistas sobre questões delicadas de saúde235 M Manejo de conflito 109. Veja também: paciente irritado, resposta a apropriado (diálogo simples) 93 comunicação de apoio para 168, 172 em entrevista motivacional 139 estratégias 113 forma responsiva ou resistente de ser e 39, 42, 45 inapropriado (diálogos simples) 91 linguagem de 112 passos para 116 regras para o feedback 112 Marketing 3 Medicamentos avaliando o conhecimento do paciente sobre 71 orientação ao paciente sobre 70 Medo como resposta à mudança 122 comunicação de apoio para 167, 170 persuasão através do 123, 195 Mehrabian 204, 205, 217 Menopausa, perguntas da entrevista 238 Mensagem coerência verbal e não-verbal 211 compreensão e retenção 193 confiabilidade da fonte (confiável) 190, 196 credibilidade 192 despertando medo 195 Método “envelope” 132 Miller 135, 144, 149, 172, 197, 200 Minimizando as condições que não ameaçam à vida 243 Minorias, a qualidade dos cuidados de saúde para 222 estudo de caso 224 modelo biomédico de cuidador 130 Modelo de cuidado, biomédico vs. sócio-comportamental 130 Modelo de empoderamento de cuidado 130 Modelo L-E-A-R-N na comunicação com o paciente 229 Modelo sócio-comportamental de cuidado 130 Movimento do corpo (cinésica) 210 Mudança 121, 148 avaliação 129, 135, 138, 236 balanço de barreiras versus benefícios 121, 135, 136, 244, 246 contrastes envolvidos na 131, 132 disponibilidade para 122, 126, 134, 141 entrevista motivacional para 135, 148 habilidades e intervenções para 128 manutenção (estágio de mudança) 134 movendo o paciente em direção à 111, 127, 135, 244 processos de 127, 129 reações positivas à 125 resistência a 121, 131 respostas emocionais a 122, 126 N National Adult Literacy Survey 254, 269 National Assessment of Adult Literacy 254, 261, 269 National Institute for Literacy (NIFL) 254 National Literacy Act 254 Nível de compreensão 194, 255, 263 O Objectics 211, 214, 215 OBRA 6 Oculésica 210, 212, 216 ÍNDICE REMISSIVO 277 Orientação ao paciente 67, 82 direito de, renúncias de 5, 23 discussão ponto à ponto 70, 77 exemplos de cenário 77 guia de orientação 67 método de entrevista motivacional 135, 146 sobre questões delicadas de saúde 236, 248 P Pacientes de baixa renda, limitações de letramento em 256 Pacientes diabéticos ajudando com a mudança 121, 125, 127, 132, 133, 134, 142, 143 limitações de letramento e 255 Pacientes irritados, resposta a 39, 51, 85, 93, 103, 104, 168, 172. Veja também: Manejo de conflito Pacientes Medicaid, os níveis de alfabetização de 255 Pacientes terminais, comunicação com 204, 205 Padrões de cuidado 4 de qualidade 12 etapas de resolução 15 manutenção dos padrões de bom exercício profissional 10 Paralisado, como resposta à mudança 124 Paternalismo, e mudança 132 compreendendo as questões de saúde. Veja: letramento em saúde conhecimento sobre os medicamentos, avaliação 70 modelo paternalista de cuidado. Veja também: manejo do paciente irritado e pacientes com limitações de letramento; Veja: modelo biomédico de cuidado ao paciente preocupações do, verificações de 71 respeito, ameaça ao 136 visão do farmacêutico 39, 51 Peck 63, 109, 110, 117 “Perda” de respeito 136 e limitações de letramento 259 Perguntar-orientar-confirmar 142 PILL (Pharmacy Intervention for Limited Literacy) 266 Pima 223 Plantas medicinais problemas de saúde delicados 248 viés, estudo de caso 228 Política do “o cliente sempre tem razão” 89 Populações minoritárias 224 Prática da Farmácia (local) 18, 216 Preconceitos culturais 227, 228, 231 Pré-contemplação (processo de mudança) 128, 132 Preparação (processo de mudança) 128, 133 Privacidade, na orientação ao paciente sobre questões delicadas de saúde 246 Prochaska 126, 127, 148, 149, 197, 200 Profissionalismo na comunicação sobre questões delicadas de saúde 246 elementos do 8 ensinando nos cursos de graduação de Farmácia 20 Proxêmica 210, 211, 212, 216 Psoríase 242 R Racismo na saúde 222, 224, 225, 226 Raiva 30, 31, 32, 33, 34, 42, 48, 50, 51, 85, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 109, 112, 157, 169, 177, 178 como resposta à mudança 122, 123, 124, 125, 139, 145 desarmar 103 processo de 87 suprimida 86 vergonha 168, 170, 171 Regime de dose, orientação ao paciente 72 Reich 8, 25, 90, 94 Relação 29, 35 Relação de confiança 7 Relação farmacêutico-paciente 29–35 alianças 10, 10–12 aliança terapêutica 29 empatia/empática responder na 7, 55, 57, 59–62, 165–169 expectativas irreais 34 linguagem imediata 205 modo de ser 39–52 objetivos da comunicação 33 questões de saúde delicadas 235–236 racismo 224–227 visão do farmacêutico do paciente 39–52 Resistência. Veja: mudança, resistência à a ajudar, em pacientes com limitações de alfabetização 258 Resistente à mudança 39 Resolução de problemas 109–112 linguagem da 112 passos para 116 saúde mental 31 Respeito 29, 34, 90, 93, 98, 136, 137, 138, 139, 153, 177, 183, 192, 212, 227, 248, 260, 263, 265 e auto-justificando a imagem 45 HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO PARA FARMACÊUTICOS 278 Resposta empática 55, 57, 58, 97, 123, 128, 178, 258 a pacientes com limitações de letramento 260, 265 apropriada (diálogo simples) 59 à questões de saúde delicadas 235, 239 benefícios e desvantagens de 175 e adesão ao tratamento/cumprimento 56, 166 e mensagens não-verbais 214 inapropriado (diálogo simples) 59 na entrevista motivacional 143 Respostas 175–186 aconselhamento 176, 180–182 agressividade 177, 183 a pacientes com raiva. Veja: Pacientes irritados, resposta a assertiva. Veja: assertividade genralizando/comparando 176, 182 julgando 57, 178, 184 não assertividade 98, 177, 184 sondagem ou questionamento 144, 176, 179 tipos de, vantagens e desvantagens 175 tranquilidade 176, 178–179 Resultados da farmacoterapia, otimização 12 Rogers 25, 59, 63, 149 Rollnick 135, 141, 144, 149, 200 Roupas 215 S Saúde mental 31–32 Seleção de questões 103 Sentimentos 32–33 Sentir-se solitário como resposta à mudança 126 Simbolos usados, linguagem não imediata 206–209 Sinais, na prática farmacêutica 266 Socio-comportamental, modelo 130 Sofrimento 31, 85, 89, 109 Sondagem/questionamento da resposta 179 Squier 63, 165, 172 Strand 25, 35 Suporte, comunicação de 165–172 mensagens desprovidas de 171–172 necessidade de 165 problemas associados com 171 T “Teach-back”, confirmação para verificar o entendimento 262 Temas delicados de saúde, comunicação sobre 235–250 avaliando a disponibiliadde do paciente 244–246 exemplos de perguntas 237–239 inicio da entrevista 236–237 mostrando empatia 239–244 oportunidades para 246–248 tempo e local, escolha o 235–236 Tentar evitar a mudança 122, 124 o conflito 112, 113, 116 Tepper 217 Terapias alternativas e problemas de saúde delicados 246 Tomada de decisão, para mudança 121, 122, 132–134, 136, 137, 143 Toque, uso do 211, 213, 214–218 Traços linguísticos 196 Tranquilidade 176, 178–179 Transteórico, modelo de mudança 74, 126–131 Tristeza, comunicação de suporte para 165–170, 170 Tuskegee, estudo sobre sífilis 226 Tylor, Edward B. 227 V Valores111 Vergonha 122, 125, 139, 167, 169, 170 Villaume 149 Virtude, teoria da 11 Von Friederichs-Fitzwater 204, 217 Voz (vocálica) 211, 215 W Warner 42, 43, 46, 51, 88, 94 Weiss 256, 269 Wiener 203, 204, 205, 217
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