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CIÊNCIAS CONTÁBEIS 1 – ESCRITURAÇÃO FISCAL E CONTABILIZAÇÃO DOS IMPOSTOS INDIRETOS: IPI, ICMS 1.1 Fundamentos Legais 1.2 Análise Tributária das Principais operações Industriais, negócios mercantis e prestação de serviço 1.3 Apuração e contabilização do ICMS 1.4 Apuração e contabilização do IPI 1.5 Tributação dos Descontos Incondicionais, Fretes, Seguros e Demais Despesas Acessórias Cobradas na Nota Fiscal 1.6 Bens e Serviços destinados a consumidor final, contribuintes ou não do ICMS, localizado em Outro Estado: Diferença de Alíquota (DIFAL) 1.7 Operações com bens do Ativo Imobilizado A carga tributária no Brasil é muito elevada, quer para a pessoa física, quer para a pessoa jurídica. Estudos demonstram a afirmativa acima. O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário estima que a carga tributária média no Brasil, nos últimos cinco anos, atinja mais de 32% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, de tudo o que é produzido internamente em nosso país, em média, 32% são destinados ao recolhimento de impostos. Ainda sobre a carga tributária, podemos mencionar que o Sistema Tributário Brasileiro é um dos mais complexos do mundo, chegando a existir, segundo alguns tributaristas, cerca de 60 impostos em vigor, com diversas leis, regulamentos, normas, frequentemente alteradas. É nesse ambiente que deve atuar o profissional da contabilidade, objetivando o registro, o controle, o planejamento dos tributos ocasionados pelas operações empresariais. Assim sendo, um confiável sistema de informações contábeis combinado com um sólido, atualizado e contínuo conhecimento sobre a legislação tributária são essenciais para que o contador possa acompanhar a evolução dos impostos sobre as atividades da empresa, evitando possíveis infrações fiscais. O objetivo desta disciplina, Contabilidade Tributária, é mostrar a estrutura básica e o funcionamento dos impostos incidentes sobre o valor agregado, ICMS e IPI; e dos impostos incidentes sobre o faturamento, PIS e COFINS, aplicados em operações de compra e venda de mercadorias. Por mais didático que seja este ou qualquer outro texto sobre contabilidade tributária, eles não serão suficientes, isoladamente, para transformar o leitor num especialista na área tributária. Entretanto, espera-se que esta disciplina estimule o leitor a buscar incessantemente mais e mais informações sobre tributos e sua integração com a contabilidade. Considerando os fatos até aqui apresentados, devemos entender a Contabilidade Tributária como uma especialização da Contabilidade Geral, que tem como objetivo adequar o registro das operações realizadas pela empresa à Legislação Tributária. O Sistema Tributário Nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional n.18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, na Constituição e em leis estaduais e municipais. (Artigo 2º do Código Tributário Nacional (CTN).) O Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei n. 5172, de 25 de outubro de 1966, alterada pela Lei Complementar n. 118, de 9 de fevereiro de 2005, dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui Normas Gerais de Direito Tributário Aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Segundo o artigo 96 do CTN, a expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. De acordo com o artigo 97 do CTN, somente a Lei pode estabelecer: a) A instituição de tributos, ou sua extinção; b) A majoração de tributos, ou sua redução, ressalvando o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65, todos do CTN; c) A definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do 3º do Artigo 52 do CTN; d) A Fixação de alíquotas do tributo e da sua base de cálculo, ressalvando o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65, todos do CTN; e) A cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para infrações nela definidas; f) As hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA: CONCEITO Obrigação tributária é o compromisso imposto ao contribuinte pela legislação tributária. Pode ser principal, ou acessória, conforme determinam os parágrafos 1º a 3º do artigo 113 do CTN, como segue: a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se junto com o crédito dela decorrente; a obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. A obrigação acessória, pelo simples fato de sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente á penalidade pecuniária. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (cont.): FATO GERADOR Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente á sua ocorrência. (Artigo 114 do CTN.) Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. (Artigo 115 do CTN.) Esse dispositivo legal estabelece que a autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (cont.): SUJEITOS ATIVO E PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA Esse assunto está disciplinado nos artigos 119 a 122 do CTN, como segue: Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir seu cumprimento. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada ás prestações que constituam o seu objeto. TRIBUTOS: CONCEITO Esse assunto está disciplinado nos artigos 119 a 122 do CTN, como segue: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, (Artigo 3º do CTN.) Segundo o artigo 4º do CTN, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação. Fato gerador, como vimos, é o acontecimento que dá origem á obrigação tributária. Exemplo: a venda de mercadorias realizada por um comerciante é um dos fatos que gera ao comerciante a obrigação de recolher o ICMS aos cofres do governo do Estado. O artigo 4º do CTN estabelece, ainda, que são irrelevantes para qualificar a obrigação, a denominação e demais características formais adotadas pela lei e a destinação legal do produto de sua arrecadação. TRIBUTOS (CONT.): MODALIDADES DE TRIBUTOS Segundo a Constituição Federal de 1988 (CF/1988), existem cinco modalidades de tributos: Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria (artigo 145); Empréstimos Compulsórios (artigo 148) e Contribuições Sociais (artigo 149). TRIBUTOS (CONT.): MODALIDADES DE TRIBUTOS (CONT.): IMPOSTOS Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (Artig0 16 do CTN.) A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem instituir os impostos cuja competência esteja devidamente prevista na Constituição. Sempre quepossível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado á administração tributária, especialmente para conferir efetividades a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. (§ 1º doa artigo 145 da CF/1988.) Os impostos da competência da União, previstos nos artigos 153 e 154 da CF/1988, são os seguintes: TRIBUTOS (CONT.): MODALIDADES DE TRIBUTOS (CONT.): IMPOSTOS (CONT.) a) Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros; b) Imposto sobre a exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; c) Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza; d) Imposto sobre produtos industrializados; e) Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; f) Imposto sobre a propriedade territorial rural; g) Imposto sobre grandes fortunas, nos termos da lei complementar; h) Imposto diferentes dos mencionados nas letras “a” a “g”, mediante lei complementar, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição; i) Impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, na iminência ou no caso de guerra, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. TRIBUTOS (CONT.): MODALIDADES DE TRIBUTOS (CONT.): TAXAS Segundo o artigo 77 do CTN, as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, tem como fato gerador o exercício regular do poder de política, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou colocado á sua disposição. O dispositivo legal supramencionado estabelece, ainda, que a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas. Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais): como por exemplo, para emissão de Carta de Identidade, CPF e RG. Taxa de Licenciamento Anual de Veículo – art. 130 da Lei 9.503/1997: esta taxa é cobrada para gerar, anualmente, o novo documento do veículo. Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais): Taxa cobrada para registro do Contrato Social de uma empresa, por exemplo. TRIBUTOS (CONT.): MODALIDADES DE TRIBUTOS (CONT.): CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIAS: A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. (Artigo 81 do CNT.) Contribuição de melhoria é um tributo vinculado à valorização de imóvel do contribuinte, em virtude de execução de obra pública. O fato gerador é a valorização do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas, como por exemplo, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos pluviais, pontes túneis, viadutos, construção e ampliação de sistemas de trânsito rápido, etc. TRIBUTOS (CONT.): MODALIDADES DE TRIBUTOS (CONT.): EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: Segundo o artigo 148 da CF/1988, a União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência e no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Determina, ainda, o dispositivo legal citado, que a aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada á despesa que fundamentou sua instituição. TRIBUTOS (CONT.): MODALIDADES DE TRIBUTOS (CONT.): CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS: Conforme o artigo 149 da CF/1988 compete exclusivamente á União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos artigos 146, III e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no artigo 195, §6º, relativamente ás contribuições a que alude o dispositivo. Contudo, é importante conhecer o disposto no § 1º do mesmo dispositivo legal supra e também no artigo 149-A. Os registros das operações realizadas pelas empresas são feitos nos chamados livros contábeis. Os principais livros contábeis obrigatórios são o diário, o razão, o registro de inventário, o Livro de Apuração do Lucro Real (ELALUR), o livro- caixa, o registro de duplicatas. Para registro do ICMS e IPI das operações fiscais, os principais livros são: Esses livros, dentre outros aspectos, devem ser escriturados de forma permanente, com atraso máximo permitido de cinco dias, com clareza, em ordem cronológica, sem rasuras ou emendas. Além de deverem ser conservados no próprio estabelecimento, para exibição ao fisco, devem conter o termo de abertura e de encerramento, bem como folhas numeradas tipograficamente na sequência. 1. O livro de registro de entradas é utilizado para a escrituração das entradas de mercadorias, matérias-primas, materiais secundários, de embalagens, bens do ativo imobilizado no estabelecimento. 2. O livro de registro de saídas é utilizado para a escrituração da saída de mercadorias e produtos, a qualquer titulo, ou da prestação de serviços sujeitos a ICMS. 3. O livro de registro de controle da produção e do estoque é utilizado pelos estabelecimentos industriais ou a eles equiparados, e pelos atacadistas, podendo, a critério do fisco, ser exigido de estabelecimentos de contribuintes de outros setores, com as adaptações necessárias. 4. O livro de registro de utilização de documentos fiscais e termos de ocorrência é utilizado para escrituração da entrada de impressos de documentos fiscais (notas fiscais) confeccionados por estabelecimentos gráficos, assim como para a lavratura, pelo fisco, de termos de ocorrências. 5. O livro de apuração do ICMS e do IPI é utilizado para o registro, de forma resumida, dos valores totais por código fiscal (entradas e saídas) dos valores contábeis, base de cálculo e valor dos impostos debitados e creditados. A escrituração do livro de registro de apuração do ICMS (modelo 9) é realizada com base no período de apuração, registrando-se as compras e vendas do período. No final de cada período, os totais dos valores contábeis e os valores fiscais referentes ao ICMS, extraídos dos livros de registro de entradas (compras) e dos livros de registro de saídas (vendas), são transcritos no livro de apuração do ICMS. Os impostos sobre o valor agregado ou valor adicionado incidem em cada fase do processo produtivo. O valor agregado de uma empresa representa o quanto de valor ela adiciona aos insumos que adquire em um determinado período; é obtido pela diferença entre as vendas e o total dos insumos adquiridos de terceiros (matérias-primas, mão de obra). Esse valor será igual à soma de toda a remuneração dos esforços consumidos nas atividades da empresa. Nesse grupo estudaremos o ICMS e o IPI. 1.3.1 FATO GERADOR Os impostos sobre o valor agregado ou valor adicionado incidem em cada fase do processo produtivo. O valor agregado de uma empresa representa o quanto de valor ela adiciona aos insumos que adquire em um determinado período; é obtido pela diferença entre as vendas e o total dos insumos adquiridos de terceiros (matérias-primas, mão de obra). O fato gerador do ICMS está contido na Lei Complementar nº 87/96, artigo 12, o que compreende a circulação de mercadorias ou a prestação dedeterminados serviços. A Lei Complementar nº 87/96 dispõe que: Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; II - do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; III - da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente; IV - da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente; V - do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza; VI - do ato final do transporte iniciado no exterior; VII - das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; VIII - do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços: a) não compreendidos na competência tributária dos municípios; b) compreendidos na competência tributária dos municípios e com indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei complementar aplicável; IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior; X - do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior; XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior apreendidas ou abandonadas; XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização; XIII - da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada à operação ou prestação subsequente. § 1º Na hipótese do inciso VII, quando o serviço for prestado mediante pagamento em ficha, cartão ou assemelhados, considera-se ocorrido o fato gerador do imposto quando do fornecimento desses instrumentos ao usuário. § 2º Na hipótese do inciso IX, após o desembaraço aduaneiro, a entrega, pelo depositário, de mercadoria ou bem importado do exterior deverá ser autorizada pelo órgão responsável pelo seu desembaraço, que somente se fará mediante a exibição do comprovante de pagamento do imposto incidente no ato do despacho aduaneiro, salvo disposição em contrário. Fundamento legal: art. 155, § 2º, da CF/88, Emenda Constitucional nº 3/93 e art. 2º da Lei Complementar nº 87/96. 1.3.2 CONTRIBUINTES Todas as pessoas físicas ou jurídicas que, de modo habitual, pratiquem operações relativas à circulação de mercadorias, ou que prestem serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicações ou telecomunicações. A legislação instituiu a figura do substituto tributário, que é aquele obrigado a calcular, cobrar e recolher o imposto que será devido nas operações seguintes. 1.3.3 COMPETÊNCIA O ICMS é de competência dos estados e do Distrito Federal. 1.3.4 PRINCIPIOS CONSTITUICIONAIS O ICMS é de competência dos estados e do Distrito Federal. 1) Não cumulatividade, conforme o artigo 155, parágrafo 2º, inciso I da Constituição Federal, ou seja, do imposto devido em cada operação será abatido o valor pago na operação anterior. 2) Seletividade, conforme artigo 155, parágrafo 2º, inciso III da Constituição Federal, ou seja, quanto mais supérfluo for o produto, maior será a incidência do imposto. 1.3.5 BASE DE CÁLCULOS E ALÍQUOTAS Alíquota é o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo, determina o valor total do imposto a ser pago. A alíquota interna do ICMS é estabelecida em cada estado, pela legislação estadual, ficando sob a responsabilidade do Senado Federal a fixação das alíquotas interestaduais e de exportação do ICMS. Essas alíquotas são diferenciadas entre os estados, como segue: • 7% em operações ou prestações interestaduais com estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e o estado do Espírito Santo, e 12% para as demais regiões; • 18% nas operações internas e importações em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e 17% nos demais estados; • 7% nas operações com produtos da cesta básica; • 25% em operações internas, interestaduais e importações de perfumes, cosméticos, cigarros, armas e munições, bebidas alcoólicas etc. Em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro estado, adotar-se-á: a) a alíquota interestadual quando o destinatário for contribuinte do imposto; b) a alíquota interna quando o destinatário não for contribuinte dele. Para fins de ICMS, as regiões são compostas pelas seguintes unidades da Federação: • região Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins; • região Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe; • região Centro-Oeste: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal; • região Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo; • região Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Contabilização do ICMS Recuperável Para as empresas contribuintes do ICMS, o custo dos bens adquiridos deverá ser contabilizado excluído do valor do ICMS destacado na nota fiscal de compras. Dessa forma, o bem estará registrado em conta do Ativo pelo seu valor de compra líquido de ICMS. Na venda desses bens, o ICMS destacado na nota fiscal de saída deverá ser contabilizado como ajuste de Renda Bruta, pois, de acordo com a Instrução Normativa nº 51/78, a receita líquida será obtida considerando-se a receita bruta de vendas diminuídas das vendas canceladas, dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente a ser diminuído. Utilizando-se do exemplo a seguir, e supondo que as compras e as vendas foram realizadas a prazo, os lançamentos contábeis serão efetuados da seguinte forma: Contabilização do ICMS Recuperável (CONT.) Pela compra de Mercadoria: Pela revenda posterior: Contabilização do ICMS Recuperável (CONT.) O ICMS devido sobre a venda, registrado no Passivo Circulante, e o ICMS recuperável, em conta do ativo circulante, devem proceder aos lançamentos de absorção dos saldos de uma conta contra a outra ao término do período de apuração. Se o valor a recolher for maior que o valor a recuperar, deverá prevalecer um saldo a recolher contabilizado no Passivo Circulante (“ICMS a Recolher”); caso contrário, prevalecerá um saldo a recuperar no Ativo Circulante (“ICMS a Recuperar”). No exemplo, o valor a recolher é maior que o valor a recuperar, assim, esse último deverá ser absorvido integralmente pela conta “ICMS a Recolher, como segue: Contabilização do ICMS NÃO Recuperável Para as empresas não contribuintes do ICMS, como a maioria das prestadoras de serviços, e para as indústrias que adquirem insumos ou matérias-primas que serão empregados exclusivamente em produtos cuja saída não será tributada – seja por isenção ou não incidência (Art. 155, §2º, II, “b”, CF) - , o crédito referente ao imposto deverá ser anulado, contabilizando-se o valor do ICMS pago na compra como parte integrante do bem adquirido. Como exemplo, considere que a empresa MABRO Consultoria Ltda. adquiriu materiais para escritório á vista, por meio da seguinte nota fiscal: Contabilização do ICMS NÃO Recuperável (CONT.) Contabilização pelo valor total da nota fiscal: Por ser uma empresa exclusivamente prestadora de serviços, ela não é contribuinte do ICMS. Dessa forma, todo e qualquer bem adquirido por ela, caso esteja destacado o ICMS na nota fiscal de compras, não poderá ter seu crédito aproveitado, e a empresa deverá inserir esse impostono valor do bem. Exemplo de cálculo do ICMS: A base de cálculo utilizada na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal corresponderá ao respectivo preço, conforme disposto no art. 37, VIII, do RICMS-SP e Decisão Normativa CAT nº 6/00. Um aspecto a ser observado é que o valor do imposto integra a sua própria base de cálculo, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle, nos termos do art. 49 do RICMS-SP e do item 6 da Decisão Normativa CAT nº 6/00. Assim, a transportadora deverá incluir o valor correspondente ao ICMS no valor do frete constante no Conhecimento de Transporte. O cálculo do ICMS por dentro será feito na forma exemplificada a seguir: Exemplo de cálculo do ICMS (cont.): Caso a empresa venda mercadoria adquirida por R$ 820,00, com margem de lucro de 100% sobre o custo, o cálculo do valor de venda seria efetuado da seguinte forma 1.4.1 FATO GERADOR São fatos geradores do IPI: • as saídas de produtos industrializados dos estabelecimentos industriais ou equiparados a indústrias; • o desembaraço aduaneiro de produtos importados. 1.4.2 CONTRIBUINTES O Código Tributário Nacional (CTN), em seu art. 51, define quem são os contribuintes do IPI: I – o importador ou quem a Lei a ele equiparar; II – o industrial ou quem a Lei a ele equiparar; III – o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos nos itens anteriores; IV – o arrematante em leilão de produtos apreendidos ou abandonados levados a leilão. 1.4.3 DEFINIÇÃO LEGAL DE INDUSTRIALIZAÇÃO Conforme o Regulamento do IPI (RIPI – Decreto nº 2.637/98), a definição legal de industrialização é a seguinte: Caracteriza-se como industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação, a finalidade ou o aperfeiçoamento do produto para consumo, tal como: a) Transformação: a que, exercida sobre a matéria-prima ou produto industrializado, importe na obtenção de espécie de novo produto. b) Beneficiamento: a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto. c) Montagem: a que consiste na reunião de produtos, peças ou partes que resulte em novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal. d) Acondicionamento ou recondicionamento: a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação de embalagem que se destine a dar nova configuração e não para transportar os produtos. e) Renovação ou restauração: a que é exercida sobreproduto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure para nova utilização, exceto se o serviço for executado por conta e ordem de terceiro. 1.4.4 COMPETÊNCIA O IPI é um tributo indireto, cobrado pela União. A Constituição de 1988 define o IPI em seu artigo 153: Art. 153 – Compete à União instituir impostos sobre: (...) IV – Produtos industrializados (...). 1.4.5 SELETIVIDADE O artigo 153, IV, parágrafo 3º, inciso I da Constituição Federal, estabelece que o IPI será um imposto seletivo, isto é, será cobrado em função da essencialidade do produto, ou seja, quanto mais supérfluo for o produto, maior será a incidência do imposto. 1.4.6 Não cumulatividade O artigo 153, IV, parágrafo 3º, inciso II da Constituição Federal, estabelece que o IPI será não cumulativo, ou seja, do imposto devido em cada operação será abatido o valor pago na operação anterior. 1.4.7 Base de cálculo e alíquotas A base de cálculo do IPI é: • produto nacional: o preço da operação, na saída da mercadoria; • produto importado: será a base de cálculo dos impostos aduaneiros acrescidos desses tributos e dos encargos cambiais pagos pelo importador. Quanto às alíquotas do IPI, elas são variáveis e seguem a classificação dos produtos da Tabela de Incidência do IPI (TIPI), aprovada pelo Decreto Federal nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001. As alíquotas variam de 0 a 365%; em nossos exemplos, resolveu-se adotar, tanto para compra como para venda, alíquotas variáveis. Contabilização do IPI Recuperável De acordo com o art. 289, inciso 3º do RIR/2004, para determinar o custo das mercadorias revendidas e das matérias- primas utilizadas, não se incluem os impostos recuperáveis por meio de créditos na escrita fiscal, como o ICMS e o IPI. Dessa forma, o IPI pago na aquisição de mercadorias ou matérias-primas deverá ser contabilizado no Ativo Circulante em uma conta intitulada “IPI a Recuperar”. Como exemplo, suponha a compra a prazo de matérias-primas por meio da seguinte nota fiscal: Contabilização do IPI Recuperável (cont.) Contabilização da Nota Fiscal de compras: D – Estoque de Matérias–Primas (AC) R$ 820,00 D – IPI a Recuperar (AC) R$ 100,00 D – ICMS a Recuperar (AC) R$ 180,00 C – A fornecedores (Passivo Circulante) R$ 1.100,00 Na saída do produto pronto do estabelecimento, o IPI debitado pelo contribuinte deveria receber o mesmo tratamento contábil que o ICMS, ou seja, deveria ser deduzido das vendas. Na prática, o contribuinte do IPI funciona como mero agente arrecadados de tal imposto, já que, em suas vendas, ele cobra do cliente o IPI correspondente; desse valor, deduz a parcela já paga a seus fornecedores em suas compras, e a diferença entre o imposto cobrado nas vendas e o pago nas compras é recolhidas aos cofres públicos. Assim, tal imposto não representa efetivamente nem receita nem despesa à empresa. Contabilização do IPI Não Recuperável Para as pessoas jurídicas que adquirem mercadorias ou produtos para uso e consumo próprio ou que adquirem insumos ou matérias-primas que serão empregados exclusivamente em produtos cuja saída não será tributada, o crédito referente ao imposto deverá ser anulado, contabilizando-se o valor do IPI pago na compra como parte integrante do bem adquirido. Como exemplo, considere que a Comercial Mabro Ltda, adquiriu mercadorias para revenda de uma indústria por meio da seguinte nota fiscal: Contabilização do IPI Não Recuperável (cont.) Contabilização da Nota Fiscal de compras: D – Estoque de Produtos (AC) R$ 4.600,00 D – ICMS a Recuperar (AC) R$ 900,00 C – A fornecedores (Passivo Circulante) R$ 5.500,00 Por ser uma empresa comercial, ela não é contribuinte do IPI. Dessa forma, todo e qualquer bem adquirido por ela, caso esteja destacado o IPI, não poderá ter seu crédito aproveitado, e a empresa deverá inserir esse imposto no valor do bem.
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