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TEXTOS CELICIA DE MEIRELES

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Capitulo 1
"Todos os homens são livres"
Esta é a frase no cartaz da porta do quarto, nas paredes das, ruas, postes e muros. Embora seja uma frase linda e impactante, há dias em que ela não faz o menor sentido.Hoje é um desses dias.
 Não queria ter de acordar às seis horas e dez minutos da manhã. O banho frio tão cedo é desanimador para qualquer um, digo qualquer um mesmo! Nem tão pouco escovar os dentes, mas acima de tudo, eu não queria ter parado de sonhar, acordar é sempre trágico.
Há duas semanas , tenho vivenciado mesmo sonho. 
O céu não é azul , tem um tom entre o laranja e o rosa, sem nuvens onde as estrelas podem ser vistas durante o dia, um universo inteiro de cores ali. Flores grandes brancas com centro amarelo. Certa vez a vi num livro seu nome é Margarida, outras são rosas vermelhas, amarelas, brancas e azuis, algumas eu nunca vi, mas são lindas, singulares e unicas. Elas rodeiam um prédio enorme cheio de detalhes em vidros e com grandes pontas, me recordo quando tia Lune mencionou o edifício, conhecido antigamente como castelo, quero acreditar e imaginar ser mesmo.
Na entrada existe uma linda escadaria cercada por flores mais exuberantes já vista, não são apenas flores, são lírios, perfeitos, brancos delicados e incrivelmente sedutores. 
Desde que minha mãe falou sobre a flor doce , um presente dos céus, e por isto meu nome é o mesmo da flor . Sempre sonho com Lírios eles me seguem assim como meus pesadelos.
Me recordo com a frase repetidas vezes por minha mãe.
- A mais doce das flores.
Ao subir as escadarias percebo as portas se abrirem , meus olhos se abaixam instantaneamente para o chão, todo de mármore quase branco, esmeraldo parecendo nunca ter sido pisado, nem sei se poderia pisar neste chão sem mancha-lo. Volto o olhar para o alto onde avisto vidro e mais vidro em uma composição de cores e desenhos formando uma combiação única. Será uma claraboia? Assim o céu fica mais bonito ainda.
Algumas mesas e pedestais adornadas com arranjos de flores, quadros na parede cheios de cor, e um velho aroma conhecido. Mas qual seria este perfume?
Penso, penso e me lembro é cheiro de bolinho de chuva. 
	Quero agora, vou comer tantos. - Sinto a boca encher de saliva. 
Entrar me parece errado prefito ficar onde estou aguardando alguem aparecer, porém o tempo passa e nada nem ninguém vem ao meu encontro, então digo:
- Olá? Oi, tem alguem? Ei posso entrar?
Meu coração para, esqueço como respirar, meus pés parecem ter perdido a força e não me obedecem,em seguida desabo a chorar, são tantas lágrimas que mal consigo enchergar, então ouço sua voz; Céus, como quero escutar essa voz. 
- Lírio é a mamãe! – mamãe?
É neste ponto do sonho onde sempre acordo, e a porcaria é que todos os dias eu acordo. 
A rotina aqui é imutável. Levantar, tomar banho, colocar o uniforme, arrumar a cama e ir trabalhar. Tudo exatamente nesta mesma sequência, pelo mesmo tempo e todos os santos dias.
Meu pequeno apartamento possui uma cozinha ,esta nunca usada por mim. Todas as refeições faço dentro do prédio de trabalho, embora muitas vezes meu desejo fosse simplesmente tomar um chá sentada em uma das duas cadeiras do apartamento. Quem só tem duas cadeiras e nenhum sofá? Adoraria ter um sofá grande, macio e roxo.
Me lembro então do quão egoísta estou sendo, afinal de contas eu tenho duas cadeiras, tenho um quarto com cama e guarda roupas, um banheiro, mesmo a água fria,quase congelada no inverno, ao menos não me é racionada, tenho uma cozinha com três 
panelas, dois pratos, dois copos e dois jogos de talheres, uma pequena mesa, mais alguns móveis básicos. Acreditem atualmente tudo isso é um enorme luxo. 
Mordo minha bochecha e digo a mim mesma para parar de ser uma menina mimada e reclamona, erguer a cabeça e começar o dia.
Saio então correndo para o trabalho, poderia até pegar o transporte aéreo motorizado, mas como trabalho a poucas quadras prefiro correr. Eu sempre prefiro correr.
No caminho, visualizo, uniformes distintos, azuis, verdes, laranjas e roxos, o meu é o ultimo mencionado. Pessoas entrando no TAM( transporte Aéreo Motorizado), outras andando, saindo e entrando em prédios.
Aqui não há casas, e todos os prédios residenciais são parecidos, feitos com os mesmos materiais. Concreto, janelas pequenas e por questóes de estética todos os reisdênciais são revestidos com um tipo de papel de parede, fazendo os parecer ser de tijolinhos. Já os prédios governamentais são feitos de concreto, com vidros e revestidos de aço. Eu os acho estranhamente lindos, talvez porque ainda seja nova por aqui, fazem apenas dois meses desde o dia da minha convocação, o que me deixou surpresa, para não dizer espantada, mas muito aliviada.
Garotas como eu, dificilmente acabam aqui, ainda mais vestida de roxo.
Mas para entender melhor preciso contar de onde vim.
Antes morava em Estreita, a vila mais distante da sede. Um dos únicos lugares onde ainda existem arvores selvagens, animais silvestres e perigos.
 Nossa floresta em Estreita é tão antiga, as histórias dos mais antigos falam de sua existência antes da Guerra do Fim. Eu acredito nisto, porque suas arvores são lindas, enormes, desformes com galhos incontáveis com flores e frutos diferentes de todo o resto da nação.
Já as arvores na Sede são completamente perfeitas. Todas com o mesmo numero de galhos e flores. Perfeito até demais, ou melhor cansativo.
O bom de crescer em Estreita é fato de ainda poder sentir o frescor da natureza, todo mundo se conhece e as pessoas são mais próximas, exceto comigo é claro. Eu cresci isolada em uma casa distante vivendo só com a tia Lune que por sinal me detesta.
 Foi uma adolescência triste. Na escola não conversava com ninguém, ou melhor todos tinham medo de mim. Era mal tratada e muitas vezes ignorada até mesmo pelos professores.
Todo meu ideal de vida se resumia em sair de lá.
Quando fiz o teste de aptidão imaginei sair de Estreita, afinal de contas minhas notas sempre foram elevadas, mas devido a minha origem e o histórico nada favorável, acreditava em ir para uma das províncias, trabalhar em algum departamento de cálculos ou códigos. Jámais achei que iria ser admitida para o departamento de segurança e inteligência. 
Ainda não entendo o porque. 
Sei o quanto adoro o uniforme roxo, a calça é justa de um tecido tecnológico com bolsos na frente e atrás, embora seja bem alinhada ao corpo, é bem confortável, camiseta justa, as vezes uma camisa social, saia, jaqueta e casaco. 
Hoje eu visto a camisa e saia. Procurei o uniforme mais formal, afinal, temos agendado uma reunião com o Adam. 
 Capitulo 2 
O burguês, arrogante, e infelizmeste meu novo chefe. Filho do Sênior, nosso líder maior da Sociedade. Mas pelo que sei o filho não tem nada do pai, um homem integro, justo, abnegado e claro meu heroi.
Adam é um tipo mimado, daqueles rebeldes sem causa, cuja, única preocupacão deve ser qual será sua próxima festa para ir.
 Mal posso aceitar em passar meus dias aturando esse espécime mimado e arrogante. Temos quase a mesma idade, ele tem dezenove anos enquanto tenho dezoito, porém somos completamente diferentes. Afinal de contas sei bem meu papel na sociedade e a forma como agir dentro dela. Já ele vive para confrontar a todos.
Ao entrar no elevador percebo uma pequena mecha do meu cabelo solta. Desleixo, a não! Se tem algo que detesto em mim é meu cabelo, escuro demais, cacheado demais e selvagem demais, em suma, uma juba.
- Que raiva! - Murmuro
-Como senhorita? - pergunta um homem junto a porta.
-Não, nada. - digo. Ótimo além de desgrenhada agora sou mal educada. 
O senhor de terno azul com botões prata me ouviu? Espero que não. Tento arrumar a mecha colocando de volta ao coque. Dou ultima olhada no espelho do elevador e saio procurando esquecer o incidente. E o dia ainda pode piorar?
De frente para o elevador vejo as portas da sala de vidro, se trata de uma típica sala de reuniões do prédio, Aguardo na porta perecebendo ser a primeira a chegar, fico em pé do lado de fora, até porque não sei ondede fato eu deva sentar. 
Logo chega o comandante Martin, meu líder supremo acompanhando mais dois outros homens desconhecidos, o da esquerda tem um porte similar ao dele, o outro sujeito de grande estatura e porte, extremamente branco e com cabelos grisalhos, não sei o porque mas o olhar dele é aterrorizante, é quase como se ele pudesse ler lesse meus pensamentos e se alimentar dos meus medos.
Ao longo do tempo vi o camandante apenas duas ou três vezes. Meu treinamento foi basicamente todo com o Capitão Uno. Um cara de uns vinte e um , vinte dois anos anos, seus traços são lindos, uma mistura de oriental com pele morena de sol e olhos pretos, embora não seja alto ele é muito forte. Um verdadeiro homem.
 Aprendi a adimirar o capitão no dia que o conheci, e claro como não sou de ferro tenho uma quedinha por tudo nele. Afinal ele é superior a todas as pessoas daqui.
 Ele é o único a não me chamar de aberração, apelido desprezado por mim com todas as forças. Vê-lo entrar na sala torna tudo mais suportável.
Trinta minutos depois chega o meu novo chefe Adam. Nunca o tinha visto antes, e caramba de onde saiu tudo isto?
Olhos verdes, bem claro quase como uma folha em plena primavera, mas ao olhar melhor percebo no interior dos olhos é um tom mais aveludado, quase mel, um nariz impetuoso e perfeito, lábios carnudos, e com os dentes brancos como algodão, chega ser tão alto que devo bater no peito dele.
 Não sei bem o motivo sempre o imaginei magro, na verdade esquelético mas não, ele é forte, dá para perceber mesmo estando vestindo camisa seus ombros são largos, a calça social marca seus musculos. Noto a ausência de uma gravata, algo inacetitável , afinal de contas estamos em uma reunião de trabalho,
- Bom dia bando de chatos! - As primeiras palavras dele são essas “Bando de chatos”. Como pode ser tão insolente, grosso , rude e atrasado?
 Fico quieta e não falo nada só observo, prefiro gastar meu tempo analisando o contexto.
- Vocês vão sentar ou vão ficar me olhando como uma corja de puxa sacos? Meu tempo é muito importante para ficar perdendo com vocês, sou muito importante e tenho mais de um milhão de coisas mais interessantes a fazer. - Fala ainda mais áspero.
Não aguento e começo a rir, chega a ser cômico, nem me dou conta do quanto ri alto, na verdade estou a gargalhar.
- E você magrela tá rindo do que? Não lembro de ter feito nenhuma piada. A proposito da onde saiu essa magrela?
Se antes estava rindo agora estou irada, sinto me corar, estou a ponto de explodir. Uno me olha com reprovação já temendo minha reação e ele tem razão, eu sou C4 prestes a explodir e jogar tudo pelos ares. Porém perdi o controle lá átras ao ouvir magricela. 
- Primeiro - começo erguendo de indicador direito - Meu nome é Lírio, aspirante Lírio Senhor – enfatizo o senhor dom desdém, ego mais um dedo .
- Segundo, não sou magrela. – Não mesmo! Levanto mais um dedo.
 - Terceiro, estou rindo da sua total falta de maturidade e por último você é completamente incapaz de fazer uma piada a ponto de me fazer rir de verdade. Babaca - Explodi! Por que Lírio você sempre explode? Era só entrar na sala, sentar e calar a boca, mas não né?
Agora vou ser obrigada a arcar com as consequências. Vejo os olhares e mal ouço a respiração dos demais na sala, continuo encarando o mimado, ele faz o mesmo. Ficamos ali um tempo nos fitando como se não houvesse mais ninguém na sala. Fico pensando se alguém já o repreendeu na vida? Ou será sua primeira bronca?
O silêncio aumenta mais ainda. Todos estão olhando não para nós e sim para a figura atrás de mim, engulo seco, me viro e também o vejo. Começo a tremer, sinto um frio, devo estar completamente apavorada.
 Por anos imaginei como seria esse encontro, como seria conhecer esse homem, estar em sua presença deveria ser o ponto alto da minha vida, mas agora sei que não foi nada disso que imaginei ou sonhei, estou trantornada e atônita.
- Bom dia senhores e senhorita, tomem seus lugares e vamos nos sentar. Eu tenho muito a tratar com vocês e pouco tempo.
Queria poder abrir a boca e dizer: - Me desculpe grande Sênior, o senhor é meu herói, conheço toda sua história e admiro seus feitos, exceto pelo seu filho, quero ajudar a melhorar ainda mais nossa sociedade, obrigada. - Quero falar tando tanto mais contínuo muda. 
Ele então prosegue:
- Imagino ter perdido as apresentações antes da minha chegada. Serei portanto estremamente objetivo. Estamos vivendo uma ameça de guerra, não uma guerra qualquer mas uma contra mim e minha família. Querem distruir a sociedade. Por hora não vou falar a respeito do inimigo, ou de quantos se tratam. Só posso dizer que eles estão entre nós.- Guerra? Eu ouvi isto mesmo?
 - Não preciso falar das qualificações dos comandantes presentes e nem do nosso melhor capitão na Sede. - Eles eu entendo agora eu..,
Mas não há sentido na minha presença aqui. Sou uma aspirante com dois meses na Sede e vim do interior, meu treinamento mal acabou e estou nessa sala, deve ter havido algum engano. Me chamaram errado e agora estou em apuros.
O Sênior continua:
- Para esta sala convoquei também meu filho Adam, primeiro na linha de sucessão e futuro Sênior, e a Aspirante Lírio.
Novamente todos me encaram, gelo outra vez, mas não dura muito Adam começa a falar:
- Não entendo pai, qual seria o propósito da presença desta magrela entre nós, alêm do mas é aspirante. Qual é a pegadinha? Não faz sentido, é algum teste?
Sênior levanta uma das sombrancelhas antes de prosseguir.
- Todos nesta sala foram convocados por mim e a Aspirante Lírio esta aqui pelo motivo certo. A partir de agora é responsável pela sua segurança Adam.
Sinto que há mais olhos em mim, percebo o quanto estou sendo analisada, despida e questionada.Mas ainda não abro minha boca e assustadoramente me mantenho fria.
Já o filho do Sênior cada vez se irrita mais, e os gritos começam:
- Como pai, o Senhor procura a minha morte? Porque só pode ser isso, colocar uma menina para ser chefe da minha segurança. Fiz algo tão grave a ponto de merecer tamanho desrespeito?- A Ira é nítida, nem sei se o culpo, acho que teria uma atitude parecida se estivesse no lugar dele. Quem me daria credito para ser chefe de segurança de segundo homem mais importante de toda a Confederação das Índias?
Sênior é ainda mais fascinante de perto, mal se incomoda com a postura do filho. É como se ele tivesse um filtro, para os gritos . E continua:
- Adam essa reunião não se trata de um conselho, já esta decidido! A aspirante Lírio sabe os motivos a me levar a esta escolha . Não sabe aspirante?
Quero dizer não, falar sobre minhha incapacidade, estou com medo, ou dizer alguma outra coisa que me tirasse daquela sala. Mas não digo, já cai na armadilha, basta apenas confirmar.
- Sim grande Sênior compreendo exatamente os motivos , entendo estar a altura deste cargo. - falo com uma certa tristeza. Por toda minha vida imaginava ser boa em guardar esse segredo mas não. É impossível ter segredos para a Sede. Uma hora alguem ia descobrir, só não queria que fosse assim e certamente jamais desejei estar nesta sala agora. 
Os olhares mais uma vez se voltam a mim. Nem o capitão Uno entende . A confusão aumenta, quase levando ao caus, Adam não para de berrar com o pai.
 Sênior então saca a arma, foca o olhar em mim e diz apontando a arma para o filho:
-Ele é sua responsabilidade! Meu futuro depende de você.- E dispara mirando o peito de Adam.- Como um pai atira em seu próprio filho ?
Todos ficam em choque, eu não.
 Eu ajo, corro e pego a bala no ar. É isso que sou, um monstro, cheia de habilidades.
Ninguém abre a boca, Adam fica passando incessantemente a mão no peito,respirando ofegante, sem entender nada capitão. Uno mal consegue fechar a boca me encarando, assim como os demais.O único calmo, tranquilo e parecendo feliz é o Sênior, noto um sorriso no rosto e diz encarando o filho.
-A aspirante Lírio tem certas habilidades Adam. Isso foi uma pequena demonstração de sua capacidade. Ela é quase a perfeição encarnada.-ele olha para mim e continua:
- Aspirante Lírio fale-nos de suas outras habilidades, não tenha vergonha , conte-nos.- Ele sorri um pouco mais, e eu respondo:
- Além de correr bem rápido, posso destruir coisas, possuo força superior a muitos homens. Leio rápido e memorizo muitas coisas, conheço todos os códigos vivos. Posso contar algumas delas, como as letras RMY nas abotoaduras prata com um filete em ouro do Comandante, ou os meus registros na pasta na segunda gaveta, a propósito Sênior, falta mais uma bala em seu pente. Além disto calculo números, faço varreduras em poucos segundos e mais algumas coisas mas nada de muito importante. - Devia ter menionado o fato de sentir o medo nos olhos daqueles homens, todos me encaram, como se fosse me vangloriar das "habilidades" mas não é como me sinto, eu sou mais um monstro do que qualquer outra coisa. E o Adam esta aqui pra me lembrar exatamente do que sou quando ele fala.
- Tá certo a aberração pode cuidar da minha segurança! É só ela não querer me almoçar.- E solta uma gargalhada. -Mais uma vez vou explodir. Não sei quanto tempo se passa até eu estar o levantando pelo colarinho, mas eu gosto disso , adoro o medo dele.
- Nunca mais, não ouse me chamar de qualquer coisa a não ser meu nome, estou aqui pois amo minha patría e seu pai é um heroi, agora já você precisa parender muito sobre a vida, mas fique calmo vou ser sua babá, você é um bebê mimado!
O Sênior se levanta e nos encara:
- Vocês dois fora daqui!
- Senhorita Lírio vá arrumar suas coisas , pois você se muda hoje para a mansão do Primogênito, lá será sua nova moradia. O Capitão Uno lhe dara todas as suas novas diretrizes. E Adam você não é essa pessoa que acabou de falar. Espero ver meu filhoAdam de volta o quanto antes.
Ambos assentimos com a cabeça e saímos da sala. Pegamos o elevador sem nenhuma palavra, nem nos olhamos. Posso sentir sua raiva e indignação enquanto me acalmo e tento não pensar em nada. 
Capitulo 3
Ao sair na rua desparo a correr. Entro em casa, fecho a porta e desabo ali mesmo, me arrependo tanto de ter reclamado de só ter duas cadeiras.Choro até começar a soluçar. Tenho tanta dor, tanta tristeza e pela primeira vez ouvi na Sede aquilo por muitas vezes escutado em Estreita “Aberração”, o fluxo de lágrimas aumenta até o ponto de não me restar mais forças.
 Fico ali no chão frio algum tempo só querendo voltar a dormir e sonhar com minha mãe, mas não é acontece, uma dor se instala em minha cabeça e preciso enfrentar meu destino. 
Me levanto arrumo uma pequena mala e coloco meu punhado de uniformes nela. Não tenho roupas de lazer então a mala é bem pequena mesmo. 
Bagagem arrumada , saio da casa para não voltar, não ao menos por enquanto.
Entro no primeiro o transporte aéreo avistado. O trem é rápido, mas não tão rápido quanto eu, porém nesso momento não tenho vontade nenhuma de correr.
 Chego então na Mansão de Adam, um casa euberante, tão linda como nunca tinnha visto nada parecido. Os seguranças sabem de minha chegada e me comprimentam diante do portão enorme de aço.
 Agora todos me chamam de tenente, é claro fui avançada, fico feliz com o título, quando comecei o treinamento imaginava que se fizesse tudo certo em dois ou três anos podia virar tenente, jamais imaginava tamanha rapidez , agora o choro se foi , me sinto mais forte e confiante.
 Se o Sênior me colocou aqui é porque eu mereço e sou capaz .
Ergo a cabeça e entro. A beleza da propriedade chega a ser quase absurda. Tudo perfeitamente planejado, há flores em todos os cantos, móveis sofisticados, ricos em cores e música. Mas como pode isto se musica foi proíbida? Não temos aparelhos que reproduzam musicas ,dentro da nação somente os hinos são liberados unicamente nos anuncíos de todas as comunicações, por meio do intersom.
Alías só a uma empresa de comunicação, tudo que vemos e ouvimos chega por meio da mídia Sede.
Mas na mansão ouço música, uma das camareiras vêm ao meu encontro, avisa ser minha acompanhate até meu quarto. Caminhamos em silêcnio porém percebo seus olhar torto. 
Ela me aponta o quarto no ínicio do corredor, faz a volta e sequer me dirige alguma palavra. Melhor assim, fazer amigos não esta na minha lista de prioridades.
 Ao adentrar no quarto vejo uma cama grande com colcha e travesseiros rosa, guarda roupas branco, um par de criados mudo em cada lado da cama com abajour, paredes rosa, tapete rosa e até no banheiro banheiro com banheira maravilhosa as tolhas são rosas. De todas as cores a única que não suporto é rosa, este quarto é quase um aviso do quanto ficarei desconfortável aqui.
Assim que abro o guarda roupas para colocar minhas roupas vejo muitos vestidos, e outras roupas nele. Faço um lembrete mental para não esquecer de avisar a camareira. Alguém deve ter fugido deste hospício e esqueceu suas roupas.
O intersom toca, é antipática da camareira avisando sobre a necessidade da minha presença em trinta minutos na sala de jantar onde desfrutarei de uma magnífica refeição e ilustre presença do dono da casa.
Piada né? Ilustre presença do cara mais chato da nação e provavelmente o mais bonito também, seria tão mais fácil se ele não fosse dolorosamente atraente.
Tomo um banho longo afinal a água aqui é quente e sinto uma necessidade prolongar ao máximo, mesmo sem nenhuma vontade de abandonar o calor saio para me secar na pavorosa toalha rosa.
 Visto o meu uniforme menos formal, calça justa, camiseta e botas. Faço um rabo de cavalo com os cabelos molhados, passo um pouco de brilho na boca e desco para a sala de jantar rumo a “ magnífica refeição e ilustre presença do dono da casa”.
Capitulo 4
A sala de jantar é linda, paredes marfim, grandes vidraças, vasos espalhados e um belissimo lustre, no centro há uma mesa oval, doze cadeiras estofadas em veludo vermelho, um tapete abaixo da mesa com bordados de flores e no centro da mesa um lindo arranjo de lírios.Todos os lugares da mesa etão preparados com vários pratos sobrepostos e diversos talheres. 
 Imediatamente o pânico me atinge, isto não tem nada de um jantar informal. Mais alguém vai comer aqui, melhor dizendo, várias pessoas irão comer. E como no mundo é possível comer com tantos talheres?
Ouço vozes e pessoas chegando,todos são rostos estranhos, nunca os vi, mas é impossível não sentir o ar de elite. Garotas perfeitas com seus cabelos devidamente trabalhados em penteados adornados com brilhantes e cristais, todas vestidas com roupas de festa. Rapazes em ternos pretos, camisa branca e gravatas.
 Fico entre o estado de espantada e maravilhada. Todos circulam pelo ambiente até a entrada de Adam. Já falei como ele é lindo?
 Vestindo um terno completo azul marinho , uma bela camisa cinza chumbo,sapatos pretos brilhantes e gravata azul, ele emana poder, sedução e muito perigo. Preciso lembrar da última palavra PERIGO.
Ele vêm direto ao meu encontro. O mundo para, minhas pernas viram gelatina desejo sua voz, sua boca e seu corpo é tanto desejo que mal me reconheço.Quase me esqueço dele gritando comigo, um véu nublou minha visão, agora só sua beleza e encantos importam.
- Boa noite Tenente Lírio. - ele passa mão suavemente pelas minhas costas se aproximma ainda mais e sussura em meu ouvido :
- Você poderia tirar esta roupa horrorosa e colocar um dos vestidos comprados para você? - Fico passada e digo:
- São meus ? Eu... Vou me trocar, volto em no máximo cinco minutos. - Corro e segundos depois estou pronta, penso em soltar o cabelo, mas me daria muto trabalho domar e deixar apresentável, o rabo de cavalo vai servir, desço novamente. Ele me olha de novo, noto um brillho diferente desta vez e um vinco na testa, ele parece querer espantar algumma chateação.
- Queridos convidados, quero apresentar a tenente Lírio, ela irá ter o prazer da minha companhia nos próximos meses, preparei este jantar para apresentá-la a vocês.- Sinto todos voltarem seus olhares para mim.
Retomo minha atenção a ele vejo estampado em seus olhos seus pensamentos . Ele pretende me fazer passar vergonha, tudo isso é umafarsa mais uma piada as minhas custas. É um tolo! - Pensou em poder me usar de chacota.
 Ele não sabe quem eu sou e tão pouco conheçe minhas habilidades. Por hora vou entrar no jogo da garota do interior deslumbrada com a riqueza e a beleza e o cara mais lindo do mundo ao meu lado e fingir acreditar em todo este circo.
Sinto sua mão tomar a minha - me enojo. Mas sorrio. Desta vez seus sussuros no meu ouvido não surtem o mesmo efeito: 
- É para você! - e Sorri, estampo a mais absoluta risada falsa de volta e lanço as palavras:
- Você é incrível Primeiro, um verdadeiro cavaleiro ! Nunca acreditei que você pudesse ser cruel comigo, você está fazendo uma coisa linda por mim esta tudo tão perfeito! - a se ele soubesse.
Todos são convocados a se sentarem. Ele fala alto a fim de todos o ouvir :
- Tenente dê me a honra de sentar se ao meu lado? - é agora o momento imaginado no qual vai me fazer passar vergonha, será servido algo complexo, estranho, talvez um prato nojento, não sei ainda. Não tenho nenhuma habilidade relacionada a ofato. Mas não importa, sua intenção pe me pedir para provar primeiro, me dar a maldita honra , tera bebidas diferentes e tenho que acertar qual combina com o prato. Mal acredito em sua crueldade , chamou seus amigos mais esnobes para rirem da aberração. Esta noite não!
Começa a refeição, o primeiro prato é uma salada, confeso nunca ter comido uma salada tão boa, não sei exatamente todos seus ingredientes mas posso sentir o gosto de maçãs e tomates frescos, tem também folhas lindas e coloridas, eu poderia comer mais, porém procuro moderar minha vontade e seguir os demais. Percebo-os cochichando sobre mim, aguardando o grande momento, estão esperando ver um vexame . O prato principal é servido. Uma carne escura, com um molho estranho aparentando ser sangue, de fato parece um pouco nojento. Ele fala então:
- A Tenente Lírio como convidada de honra nos dara a graça de provar primeiro esse apetitoso cervo silvestre. – Seu sorriso é tão falso como seu olhar de .
Cervo, cervo, preciso lembrar, já li em algum livro, penso mais um pouco e sei exatamente o que fazer. Pego o garfo e a faca correta e o corto, levo a boca e para a tristeza de todos a mesa me delicio. Já não sei se é mais saboroso o cervo ou o gosto da vingança. 
 - Gostou de cervo Lírio? – sua decepção esta estampada em seu ohar.
 - Sim delicioso, nunca tinha provado. – Abro um falso sorriso e imediatamente ele entende.
O resto da noite passo no jardim, caminhando entre as flores, passando as mãos nas perfeitas rosas, todas vermelhas. Imaginei ficar feliz ápos minha pequena vingança, mas não. Estou triste porque não queria estar naquela mes, ou talvez eu queria, no fundo desejava uma noite para mim...Eu nunca tive uma...
Os convidados vão embora, ninguém mais se importa com a minha ausência, fico grata por isso. As rosas são melhor companhia.
Ele se aproxima, já não tem mais o sorriso no rosto, só a decepção de quem não agradou os amigos. Falo então:
-Chateado? - mantenho meus olhos fixos nas flores.
- Por que estaria? O jantar foi ótimo. - diz ele sem expressão,mesmo tentando disfarçar sua frustação é explícita. Então respondo:
- Você não teve seu espetáculo.Seria maravilhoso apresentar sua aberração para seus amigos, mas não deu certo. - falo com um nó enorme na garganta, mas não demonstro nada além de frieza.
- Não sei do que você esta falando. Todo mundo gostou de você, comeram, baberam e foi divertido, exceto para você. Percebi sua saída para o jardim, passou o resto da noiteficou ai olhando as rosas. Fico triste por não ter aproveitado a noite. - se não gostei? Como iria gostar? Preciso parar de explodir, porém hoje não vai ser este dia.
Levanto e o encaro , olho bem eu seus olhos e lanço toda a raiva:
- Realmente acreditou ser possível mentir ou tentar me enganar, ainda não entendeu o quanto sou diferente ? Eu sinto as mentiras, não de todas pessoas mas as suas eu sinto. Percebi sua intenção no exato momento em que abriu a boca e destilou seu veneno afirmando ter planejado uma noite para mim. Seu desejo era me expor, me humilhar, perdida com o jantar, expondo desta forma para seus amigos o qual desafortunado é você por ser obrigado a conviver comigo. Mas quer saber? Você não sabe nada sobre mim e acredite nunca sabera, afinal você é ser insensivel . Eu não pedi para estar aqui, eu já disse. - Quem fica agora corado é ele, não é raiva e sim vergonha, tal como um menino mimado .
Ele segura meu braço e fala:
- Eu não quero você aqui, não preciso ser protegido de nada, você é uma aberração sim e quero você longe de mim.- termina dando as costas. 
- Jamais te daria qualquer jantar! – ele sai sem jamais olhar para trás.
Melhor assim, agora posso trabalhar com a realidade. Eu sou uma intrusa aqui e ele vai ter que aceitar.
Subo as escadas e me olho no espelho, nem o vestido me faria bonita agora. Meu corpo ainda parece menor quando ouço "aberração", fisicamente sou normal, com um metro se sessenta centimetros de altura, magra porém tenho os músculos nos lugares certos. Cabelo preto crespo e olhos azuis, nenhuma anormalidade, mas também nada que me torne especial. 
Fico pensando enquanto tiro o vestido e coloco a camiseta para dormir: - Será que existe mais monstros como eu? Por que será que sou essa coisa? Me deito e as perguntas não me sai da mente, por que? Por que?
Capitulo 5
Hoje não sonhei com a mamãe, simplesmente não sonhei. Melhor assim sem sonhos sou desperta a ficar mais focada. Levantei cedo, me arrumei a fim de começar minha rotina, desci e perguntei aos guardas onde poderia treinar, desde de minha mudaança para a Sede treino luta e tiro todos os dias, bem exceto ontem. Eles me indicaram um salão na parte debaixo da casa. E aqui estou a umas duas horas.
Nada muito puxado estou apenas dando uns golpes no saco. É bom praticar sem ninguém observando, algo raro no centro de treinamentos da Sede.
Toca o intersom. 
- Bom dia Tenente. - é a camareira. Repito o comprimento. - Bom dia.
- Tenente o café da manhã será servido em uma hora e quinze minutos na sala de café da manhã. - digo ok e volto ao treino. Como não tem ninguém me sinto a vontade e passo falar comigo mesma:
- Sala de jantar, sala de café da manhã, tem sala pra todas as refeições? Absurdo! - e dou mais um soco no saco. Escuto então a voz que era a ultima coisa que queria ouvir. Dizendo calmamente:
- Exatamente. São seis salas para as diversas refeições, até poderia fornecer um mapa mas você já deve ter memorizado onde elas estão, senhora Lê pensamentos.
- Ah, obrigada por informar. Não acreditava na existência de pessoas vivendo com as tradições dos arcaicos.- Arcaicos são o povo que vivia aqui antes da guerra final, dizem na escola que eles gostavam , de festas, comer juntos, e possuiam salas diferentes para determinadas refeições.
- Eu gosto disto, na verdade adimiro as antigas tradições.- Ele diz com um olhar indecifrável.
- Mas é proibido, não podemos ter apego aos antigos, seu pai nos ensinou o quão destrutivo pode ser, podemos nos tornar assassinos como eles, já pensou se eles tivessem acabado com a água?
Como pode dizer que gosta deles? Como Adam me irrita.
- Não gosto deles, só gosto de algumas coisas deles. Mas você é incapaz de entender, você é ... Deixa para lá ?
- Uma aberração é isso que ia dizer? Eu me olho no espelho todos os dias, você não precisa me lembrar o tempo todo. - soco mais uma vez o saco e dessa vez não me dou conta da força . Só ouço o barulho do couro rasgando e começo a tossir da fumaça de cimento inalado. Adam só observa e sorri.
- Eu ia dizer uma manipulada pela Sede e suas lendas. Só isso!. - resmunga mais umas coisas indo pro outro lado do salão. 
Pego as minhas coisas. Vou embora sem olhar em sua direção. Estou corada de vergonha.
Como vivo na mansão decido aproveitar todo luxo e tomo um longo banho, como ainda não me acostumei com o chuveiro quente, aproveito então.
No banho fico pensando nas palavras de Adam : - Você é manipulada pela Sede.- de onde seráque ele tirou isso? Qual seu proposito falando essas coisas. Eu preciso entender ele, como posso proteger alguem sem o entender, nem tão pouco conhecer.
Durante o café da manhã não nos falamos, estranho sentar assim só nós dois em uma mesa simples. Nossos intersom avisam que Capitão Uno esta cchegando, ainda bem, pois estava ficando insuportável permanecer a mesa.
Minutos depois Uno chega e Adam dá um abraço nele. Não sabia desta amizade .
- Uno , cara que papo louco é esse de me por com uma menina. Cara você sabe , ela não dá conta. Cara ela não tem noção de quem sou. Isso vai dar merda!- assusto com o linguajar mas me mantenho ausente. 
- Adam seu pai sabe o que faz, ela não é uma otária, vai aprender rápido, eu treinei ela. Não fica encanado. Ela não vai te atrapalhar. - Dessa vez não explodo:
-Sério?
- Eu estou na mesa também será que vocês podem me incluir quando falarem de mim? - OS dois me olham e retomam a conversa . 
-Uno todo mundo vai se ligar, ela não é do meu grupo, olha é uma caipira do mato, como vai andar comigo? Isso vai ser um desastre!
- Não vai , eu planejei tudo vamos mudar ela, deixar ela a sua altura, também vamos treinar o linguajar dela e VC vai ter que ajudar. Você viu, ela é capaz Adam , ela pegou a bala na mão. Você precisa dela! - Eu novamente resmungo:
- Eu ainda estou aqui.
- Tá certo cara confio em você Uno, mas quero só ver você convencer essa tonta a aceitar a mudar, porque pra mim ela não tem muita solução.- Adam olha pra mim depois desses elogios e dá os ombros. Então é a vez do capitão Uno falar agora olhando para mim:
- Lírio, nós queremos você no time.
-Nós não cara, você quer.Mais um elogio de Adam, já estou me acostumando. Uno então continua:
- Mas para você se passar por companhia de Adam você precisa fazer algumas mudanças. Você é bem diferente dos amigos del e isso vai despertar suspeitas, seria terrível se te descobrirem, o inimigo pode te sacar logo e haveria muitos rumores causando medo entre as pessoas que não tem seus próprios seguranças. Você entende isso?
Minha vêz de falar finalmente.
-Entendo , o que você quer fazer comigo? Eu nunca vou ser como as pessoas de ontem, um bando de mimados, falsos e ignorantes. Eu não aceito ser isso ! - agora me sinto até mais leve.
- Ontem? O que houve aqui ontem Adam, Lírio ?
- Cara dei um jantar, mas não te chamei porque sei como você é. Tava a fim de apresentar a magrela pro pessoal. Mas a caipira passou a noite toda olhando as rosas. - mentiroso:
- Não foi assim, esse moleque procurou me humilhar só que não deu certo. A e descobri mais uma habilidade , eu sei quando ele mente, eu sinto.
Uno decide acabar com o papo:
- Ontem foi ontem o negocio aqui é o agora. Seguinte Lírio você precisa fazer umas mudanças físicas estéticas, você também vai mudar a fonética e mudar o visual. Adam debocha:
- Visual? Ela só tem uniforme. - e solta uma gargalhada.
- Vocês vão me transformar em outra pessoa? - Pergunto preocupada porque nunca me achei feia. Só normal. Uno então explica:
- Não vamos te mudar, vamos tirar o que esta errado e ajustar algumas coisas, prencher alguns espaços, você ainda vai ser a mesma só numa versão melhorada, todo mundo por aqui faz isso você sabe. O Adam vai dar um jeito nisso, ele sabe como você deve ser para andar com ele, vai cuidar do seu visual e eu vou te treinar mais pesado, agora você vai ser a responsável pela vida do segundo homem de toda sociedade , seu treinamento precisa ser mais forte, mais pesado. Mas vamos começar com o Adam OK? 
Adam se vira pra mim e fala:
-Você esta entendendo? Não quero ouvir você reclamar, opinar , nem resmungar, você entende?
Eu me viro pra ele faço que sim com a cabeça e falo:
- Eu só quero pedir uma coisa. - ouço Adam falar:
-Lá vem...- não ligo e continuo:
- Não quero ser mais chamada de aberração!
Uno se aproxima enquanto Adam solta um risinho de deboche. Uno o encara e diz.
- Eu te prometo, nunca mais ninguém vai te chamar de aberração!
Adam então fala. Daqui uma hora falo com você tenente. Agora me deixe a sós com o Uno.- Faço que sim com a cabeça e subo.
Sei que eles continuam falando de mim mas desligo, não quero escutar. Vou para o quarto. Fico me olhando no espelho para saber o que Adam quer mudar , será meus olhos, a cor do cabelo, meus lábios são finos e nada carnudos como os dele, também sei que meu nariz é feio, uma vez o quebrei e ele não sei o porque ficou um pouco desnivelado. Estou começando a achar toda errada. Nunca vou ser como as garotas lindas de ontem . Isso não vai dar certo Adam tem razão e agora o entendo.
O intersom toca é ele.
-Desça aqui agora. - desliga e nem me dá tempo de confirmar que estou descendo.
- Quando chego perto dele ouço:
-Já marquei cirurgia para você amanhã, eu vou falar para o médico exatamente como eu quero que você fique. Você hoje não deve jantar para se preparar. Pois o laser pode te causar enjôo amanhã, logo após voltamos e damos continuidade, em você , agora pode fazer o que quiser, eu não vou sair de casa hoje.
- Faço que sim com a cabeça.
- Eu queria...- ele diz
- Sim tenente o que você ainda quer? -abaixo a cabeça e digo - Nada - deixo para lá .
Passo o resto do dia entre a salão de treino e o jardim, gosto de correr no jardim. Não vejo Adam nesses lugares o que é bom também. 
Como não posso jantar passo a noite no quarto. Lendo as informações dele no intersom.
Capitulo 4 
frase
 Passo horas me debatendo por fim não aguento mais eu preciso ir até Adam, preciso pedir, eu não penso saio da cama de camiseta e calcinha e vou. Bato na porta do quarto. Deve ser tarde, ele deve estar dormindo, vou voltar. Então ele fala:
-Entra. Ele se espanta ao me ver, nem quero imaginar o que ele esta pensando.
Ele é lindo até usando pijama cinza, então toma a frente mais uma vez e começa a conversa:
- Já esta tarde, você deve dormir, amanhã vamos sair cedo.
- Eu sei,- eu digo. Ainda não sei como falar, como explicar. Estou perdida, pela primeira vez na vida me sinto perdida.
- Então o que você quer? Não falou mais cedo? - ele esta bem sério agora, acho que não esta gostando de eu ter vindo em seu quarto. Então decido falar logo, sem pensar.
- O cirurgião pode tirar qualquer marca não é? Qualquer uma né?
Ele faz que sim com a cabeça. Continuo:
- Eu quero tirar uma!
-Ah, como assim você não tem marcas no rosto - interrompo:
-Não é no rosto.- me sinto envergonhada por que sei qual a próxima pergunta. 
- Onde é? 
-Nas costas.
- Por quer tirar então? Ninguém vê as costas. 
- Porque eu preciso! - Falo quase sem forças. Ele então fica bravo e se levanta da cama, a vergonha me faz corar.
- Me mostra então, quero ver.
-Precisa mesmo ver?
-Se sou eu que vou pagar quero ver sim . Mostra agora.- não posso fazer nada além de me virar e levantar a camiseta .Ele não fala nada, então percebo que não estou usando calças, apenas calcinha, que vergonha. Mas ele não comenta, sinto sua mão na marca. Ele vêm bem próximo ao minha orelha e sussurra:
-Quem te fez isso? - não queria responder mas antes que perceba já estou contando tudo.
- Os lideres antigos da vila. Eles me marcaram. 
Ele continua sussurrar
-Por que ? Quando? Como?
E eu respondo a tudo:
-Quando eu tinha onze anos, eles descobriram que eu era uma aberração, queriam me matar , mas ficaram com medo acharam que eu pudesse renascer, então eles disseram que iam fazer como os arcaicos faziam com os animais, iam me marcar. Eles tinham esses artefatos dos arcaicos. Pegaram colocaram no fogo, e quando estava muito quente me marcaram. Ainda hoje sinto o cheiro da pele queimando. Não doi mais , mas eu preciso tirar, me deixa tirar!
Digo tudo e viro para ele abaixando a camiseta.Quando me viro vejo a cena que muda minha vida.
Adam tem lágrimas nos olhos, ele chorou por mim. Eu choro também. E continuo:
- Me deixa tirar, me deixa tirar.- Agora volto a der a garotinha de onze anos que acabou se ser marcada.
Ele me abraça forte, e diz bem calmamente:
- Ninguém vai mais ver essa marca.- e me abraça mais forte.
Levoalguns minutos pra me recompor, me solto dele , agradeço, dou as costas e vou embora.
Não sei bem como cheguei no quarto, mas agora estou bem. Vou ficar bem.
Acordo com o intersom: Bom dia- dessa vez é Adam que me chama.- Dormiu bem?
Digo que sim e ele pede pra eu descer em vinte minutos, hoje pela primeira vez não reclamo de ter sido acordada do sonho com a mamãe. Hoje é o dia da mudança.
Quando desco ele já esta no transporte aéreo particular , é nele que vamos a clínica médica. 
- Você está pronta? - Ele diz. Faço asinto com a cabeça. 
No caminho ele conta história sobre os amigos que passaram por cirurgias, o quão feios eram antes e hoje são lindos. Eu fico imaginado quantas ele fez. Pois é perfeito! Me viro e digo a mim mesma que não posso pensar nele, nem em sua voz ,nem tão pouco em sua perfeição.
- Até o Uno já fez uma.
Digo : Ah, o Uno? Por que? - Adam sorri:
Uma vez fomos andar de bote e ele bateu a cara numa rocha, levou uns 15,pontos na testa. Ai quando chegou aos dezoito removeu a cicatriz.
-Nossa! Vocês se conhecem a muito tempo né? Pergunto
-Crescemos juntos, ele é meu único amigo .
- E os outros? Os que estavam na sua casa?
- Eles são a galera, Uno não gosta deles.
-Posso imaginar porque.- remungo mas ele não diz nada.
Andamos mais um pouco até o veiculo descer e parar.
-Chegamos.- diz ele.
- Sim, - digo eu numa mistura de Anino e medo.
-Vêm você vai gostar?- espero mesmo.
Quem nos recebe é próprio médico a recepcionista foi dispensada para aumentar a privacidade do segundo homem. O medico me pede pra esperar numa sala sentada enquanto vejo ele e o Adam falando pelo vidro sobre como eu devo ficar. 
Observo tudo na sala, vejo, espelhos no teto, uma mesa, alguns matérias médicos e alguns potes de comprimido. Essa é a sala de cirurgia,sei porque vejo os aparelhos de laser. 
Depois de alguns minutos os dois entram e vêm ao meu encontro. Adam fala primeiro. 
- Já combinei tudo o que o médico vai fazer com você, todas as alterações no corpo e rosto, assim que terminar eu venho te buscar , o médico disse demorar uns trinta minutos e você vai precisar descansar algumas horas depois.Até logo.
Então o médico explica, vai me dar um comprimido, me fará dormir, e depois disso o laser vai ser programado fazendo todo o trabalho. Ele disse para relaxar. Como se isto fosse possível. 
Me viro para Adam para perguntar da marca mas é tarde demais ele se foi.
Tomei o comprimido. Ele me levou de volta para ver mamãe no seu castelo, agora Adam está com ela, os dois estão dançando e me chamando para dançar com eles, eu danço, brinco e acordo.
O medico esta me chamando. Adam vai me levar para casa. Eu pisco com os olhos em sinal de OK. E volto a dormir. 
Quando acordo novamente é noite, estou em uma cadeira e tem uma pessoa passando alguma coisa no meu cabelo , não sei o que é. 
- Onde estou? O que é isso?
A camareira responde:
 - Senhorita você esta em casa. Tem pessoas terminado seu cabelo.
- Posso ver? - Digo ainda um pouco zonza.
- Não, o Senhor Adam irá ver o trabalho final antes. Eu já vou chamar.
Ela o chama pelo intersom e ele rapidamente aparece na sala.
Ele não diz nada. Só me olha com uma cara de espanto. Liga o intersom e fala:
- Uno, cara você precisa vir agora. Corre e vêm!- e desliga.
Deu errado, não funcionou em mim e fiquei ainda pior.
- O que foi? Estou muito feia? Não deu certo? Me fala, quero ver.
Ele continua sem falar só me olhando. Droga, isso não deve ser bom.
Não demora cinco minutos Uno chega e faz a mesma cara agora são dois assustados com o que vêem .
- Você já mostrou pra ela?
- Não cara estava te esperando.
- Melhor mostrar então. - Adam me dá a mão me ajuda a levantar e me vira enfim me olho no espelho.
 Não sei descrever meu reflexo. Sou eu ainda, a mesma , só que linda. 
- Meu nariz você não concertou? - pergunto olhando para Adam.
- Ele já era perfeito . O médico, tirou suas marcas de sol, marcas de espinha, e ajustou seus olhos, seu rosto era muito bonito para mudar, aumentamos umas coisinhas por ai e o resto é o cabelo , que preferi não mudar e só cortar e dar o volume correto nos cachos.- fala e sorri para mim.
- Você esta muito linda! - diz Uno, e depois se desculpa.
Eu aprecio o espelho como nunca, me sinto linda, viva e poderosa. Até seios eu tenho! Podia me olhar para sempre, mas Caio na realidade e lembro o que faço aqui. Olho para Uno e pergunto:
Vamos começar o treinamento hoje? Me sinto bem para começar, não temos muito tempo e preciso aprender. 
Ele responde:
-Vai com calma você nem devia estar em pé hoje, vamos pensar nisso amanhã. Por hora estou com muita fome e imagino vocês também. Que horas vai sair a janta Adam?
Nossa é verdade não como desde ontem e minha barriga esta roncando de fome. Preciso comer mesmo. 
- Antes quero tomar um banho. - eu digo. Uno acente com a cabeça e Adam fala. 
- Vou te ajudar a subir até o quarto. Ele me toma pelo braço e me apóia pelo caminho. Queria falar tanta coisa mas fico em silêncio, ele faz o mesmo, algumas vezes nos olhamos. Quando estamos na porta do quarto ele diz:
- Todas as marcas se foram. Você agora é uma garota com habilidades. É o que você é agora.
Olho para ele não digo nada e uma lágrima desce , ele enxuga meu rosto e diz:
-Hora de tomar banho, a fome tá te deixando sentimental.- faço que sim com a cabeça e entro no quarto. Tomo um banho rápido e deço para jantarmos , a comida hoje é gostosa e sem nada de estranho. Eu prefiro assim. Durante o jantar ouço os dois conversarem e brincarem entre si. É incrível existir amigos de verdade. Nunca acreditei em amizade como algo real, achava que era uma coisa dos arcaicos, mas estava enganada esses dois são amigos de verdade.
Depois do jantar estou tão cansada decido subir mais cedo, exauta após esse dia longo deito e em pouco tempo estou dormindo. 
No meio da noite acordo com gritos. Gritos? É Adam!
Não sei se levei segundos mas derrubei a porta do quarto dele. O encontro deitado na cama com os olhos arregalados, procuro a ameaça e não encontro.
- Era um pesadelo! Diz ele.
- Agora eu sei.- recupero meu folego
- Você arrancou a porta do quarto!
- A é mesmo, foi mal. 
Ele inconformado repete.
-Você arrancou a porta do quarto!
- Desculpa achei que você estava em perigo, desculpa!
-Tudo bem , tudo bem, é só que ainda não entendo bem suas habilidades.
Digo a ele:
- Nem eu. Agora volte a dormir, vou para meu quarto e saio o deixando espantado e sem porta. 
Volto pelo corredor rumo ao quarto. Mas agora perdi o sono, decido então dar uma volta pela casa, ela é tão grande que posso passar semanas só conhecendo a mansão de dez a doze quartos, seis salas de refeições, um lindo salão em formato de polígono, imagino ser usado para festas. Continuo caminhando e vejo uma sala diferente das demais , ela esta no canto bem no fundo do corredor das salas de jogos e de reuniões, quando me aproximo a luz automática ascende. 
Realmente esta sala é diferente,existe uma enorme estante que cobre três lados da sala, cheia de livros, é dessa sala que vêm a música que ouço pela casa, há um pequeno sofá e uma poltrona, linda com estampa azul, vejo também um quadro, uma aparador e um abajour próximo ao sofá. Que lugar lindo, cheio de letras, música, vida, cheio de arcaicos e com certeza proibido. 
Neste momento nem me importo com esse ultimo fato. Quero olhar esses livros, quero ouvir a música, quero saber, aprender. 
Começo pegando um livro , o titulo me chamou atenção Sonhos de uma noite de verão. Dou uma risada, quem usaria uma frase como essa para um livro, me sento e leio, leio. 
Não sei bem como foi que perdi o controle, já nem sei quantos livros li, mas preciso de mais, assim continuo até não enxergar mais. Durmo ali mesmo
Capitulo 5
frase
Estou dormindo a pouco tempo acredito e como o intersom não tocou continuo em meio ao meu sono e o despertar, daqui a pouco me levanto, digo, viro para o lado e volto a dormir. 
- Ei magrela já passou da hora de acordar, Uno esta atrás de você faz mais de uma hora,não sei mas você deve estar encrencada. Adam fala rindo da minha cara de desespero.
- Como isso, eu dormi pouco e o intersom não tocou, só se quebrou. Nossa estou atrasada mesmo- digo olhando o marcador no intersom.
- Essa sala é isolada do intersom , ele não há capotou.- E continua rindo de mim.
- Ah e como me achou?- falo enquanto vou me levantando e tentando me recompor, deixei os livros jogados ontem antes de dormir e preciso organizar, mas estou com tanta pressa, pego um e tento me lembrar, onde estava.
- Já vou, só um minuto, vou arrumar esses livros-olho e procuro me concentrar onde estava. Minha habilidade de memorizar falhou, não sei o porque mas não me lembro onde estava. Adam se aproxima, pega o livro da minha mão calmamente.
- Melhor você ir, eu arrimo aqui, já estou acostumado a arrumar essa sala, alias vai ser interessante. Nunca vi essa sala tão bagunçada.
- Me desculpa, perdi o controle.- Ainda bem que não posso me ver, pois a vergonha seria melhor ainda. Saio e espero não ouvir mais nada, quando chego ao corredor, ele lança:
- Tenente vou providenciar pijamas para você, afinal você não pode sair por ai só de camiseta né?
A gargalhada ainda está nos meus ouvidos, mais uma vez não me dei conta do que estou vestindo, preciso prestar atenção, não vivo mais sozinha. Vou mudar isso hoje. 
Corro então e me visto rapidamente com Meu uniforme de treino, calças flexíveis e camiseta justa roxa.Corro de novo e me encontro com capitão Uno. 
- Bom dia. -digo com vergonha querendo me esconder dentro de uma das cadeiras da sala. 
- Bom dia não, tenente, já é praticamente a tarde.Ele fala com a voz mais áspera do que o usual. E continua:
- Não quero saber o que houve, você já me conhece e sabe que não tolero desculpas. Melhor passarmos para o treinamento. Hoje você fica sem o café da manhã. 
Ver sua cara de decepção é pior do que ficar sem café da manhã , faço que sim com a cabeça e o acompanho até a sala de treino. 
- Coloquei mais algumas coisas interessenates na sala, como um ringue, e blocos com diferentes elementos para te testarmos. Convoquei alguns dos nossos melhores soldados de guerra para seus treinos. Vou te passar uma rotina de quatro horas pela manhã e a a tarde fazemos treinos estratégicos e mentais. 
- OK,com quem devo começar?Falo e olho tudo com desdém, afinal não há nada de difícil para mim na sala.
- Primeiro vamos te colocar numa posição de igual em relação aos outros.- me olha e desfere o primeiro golpe, um soco no estomago, então ele me atinge novamente agora um chute na panturrilha, fazendo me ajoelhar, Por fim recebo uma joelhada no rosto. 
Sinto o gosto de sangue na boca, mas não me atrevi questionar. Quando me ponho de pé com dificuldade, recebo a ordem.
- Duzentas flexões, vinte minutos de barra, e uma hora no saco.- seu olhar é imóvel, não há uma ponta de remorso, nada.
- Vá logo! Você não tem o dia todo. 
Saio tentando correr porém não tenho forças para uma corrida, então caminho.
Sinto que vou ficar cheia de hematomas, tento não pensar no porque o capitão Uno faria isso comigo, ele sempre foi justo comigo, deve ter algum motivo. Por que fui dormir tanto?
Faço toda bateria de exercício, não sei a quanto tempo estou aqui mas espero que tenha terminado as quatro horas. 
Retorno a presença dele exausta e ele começa a falar.
- Cansada tenente? - Faço o movimento de sim com a cabeça. 
- Vá para o ringue- ele ordena e não penso , vou. Ele me acompanha e explica, você já teve aulas de luta, agora você terá prática de luta, hoje você ira lutar com o soldado Gold. 
Surge então um homem enorme, seus músculos parece rocha e ele veste apenas calça. Sei que nunca vi um homem tão forte em toda minha vida. 
Olho para o capitão e espero ele dar mais instruções, o soldado vêm por traz se desfia um soco nas minhas costelas, gemo, ele nem se incomoda e continua a me bater, são chutes, cotoveladas, socos, de repente sinto que há mais de uma pessoa me batendo e há pelo menos mais dois. Sigo apanhando deles.Penso que vou desfalecer mas não . Sei que posso apanhar o dia todo, eles vão se cansar, vão parar. Vou esperar, esperar? Por que? Por que não posso lutar?
Ouço então minha mãe sussurrar:
-Lirio não tenha medo de quem você é . Não tenha medo.
-Eu tenho mãe, mas eu preciso parar de ter medo.- olho para ela e ela continua:
-Seja você Lírio, seja você.
Abro os olhos, decido não apanhar mais, forço minhas costas contra os soldados e me levando em meio aos tres , os pego lanço para longe uma a um. 
Todos param e me olham. Mas ninguém volta a lutar. Saio do ringue e vejo Uno e Adam olhando para mim, me viro e continuo andando, dou mais uns passos até ver o banco e desabou nele. Será que é assim que vou morrer? Sofrendo de tanto apanhar?
Lembro de como tenho que respirar, puxo o ar , e o solto vagarosamente pois assim doi menos. Estou focada em continuar a respirar, e a afastar a dor, como se isso fosse possível. Sinto duas cabeças sobre mim, abro os olhos e os vejo.
- Por que você demorou tanto para reagir? Você esta tentando se matar? Qual seu problema?- Uno me questiona com um tom de raiva, eu não respondo, então é a vez de Adam falar.
- Magrela você esta bem?
Queria poder gritar, falar que eles são loucos, estou com dor, toda quebrada, com fome, brigar e deslanchar toda minha fome. Mas eu preciso continuar a respirará.
Adam continua: 
- Aquilo foi loucura, nunca vi ninguém com tanta força e tanta resistência, você esta bem? Quer algum remédio, água? 
- Adam, cala a boca! Aquilo foi ridículo, ela quase se matou, e ela não vai beber água, ela vai se levantar, tomar banho e voltar pro ringue. Anda tenente vá tomar o banho e volte em cinco minutos.- eu não quero explodir com Uno, não com ele, afinal de contas ele sempre sabe o que faz. Mas não consigo me levantar, como vou tomar banho? Faço um sinal de não com a cabeça e ele volta a falar:
- Tenente Lírio você tem cinco minutos para cumprir minhas ordens senão seu oponente vira até você neste banco.
Não sei bem como mas me levanto e vou até o banheiro que fica ao lado do salão, lá vejo que tem um outro uniforme pronto para mim. Tiro as roupas com o pouco de força que ainda me resta , abro o chuveiro e entro, nem a água fria me tira o alívio.
Quando era pequena minha mãe sempre me falava que a água era poderosa, que ela podia curar, eu quero acreditar, a água tem que me curar. Saio do chuveiro e percebo que a dor não passou, ao menos me sinto viva. Me troco e volto ao salão,vejo que Adam não esta mais lá, deve ter ido comer, ou fazer alguma das bobagens que o mimado deve fazer. Chego próximo do ringue e Uno vêm ao meu encontro. 
- Seguinte tenente, você vai aprender a usar as pernas, Esse é soldado Moy, ele vai te ensinar como lutar com as pernas. Preste atenção e aprenda. Daqui duas horas volto e conversamos. - e sai.
O Soldado Moy não fala comigo, ele só me mostra os golpes e prático. Até que a tarde não foi ruim. Estou praticando e como o sangue esta quente não sinto tanto a dor da surra da manhã.
Após as duas horas de treino, capitão Uno retorna.
- Tenente muito bom o treino da tarde, agora vamos nos sentar e conversar. 
- aponta a sala ao lado . Entramos e elee aponta a cadeira, eu sento e ele senta do outro lado da mesa.
- Meu objetivo é maior do que te tornar forte Tenente, eu preciso que você esteja preparada para o que esta por vir. Eu te confiei a vida do meu melhor amigo, e não vou deixar você fazer nenhuma bobagem. Fique ciente que não vou poupar esforços para que você aprenda custe o que custar. Agora saia , você esta dispensada hoje e não se atrase amanhã.
Digo ok , e saio. 
Chegar no meu quarto foi bem complicado, abri a porta vi a cama e desmaiei. Acho que vou ficar sem janta também, o intersom ainda não tocou e são quase nove horas da noite. Tudo bem não me importo, a dor é mais forte que a fome e não quero mais ter que levantar. Se tomar outro banho já foi uma tarefa difícil imagino ter que andar e descer as escadas para ir a sala de jantar. Prefiro ficar aqui deitada,largada na cama, assim posso morrer sozinha e dormindo, lembro que de fome não vou morrer, sei bem o que é passar dias sem comer.
Alguem bate na porta e oro para que não seja Uno me levando para uma nova sessão de treino. Não é Uno, é Adam.Não sei ao certo mas já o vi vestindo muitas roupas mas nada o deixa mais lindo do que jeans e camiseta preta. O cabelo loiro dele esta bagunçado e não dividido geometricamente como de costume, seus olhos verdes, hoje estão mais amendoados, lindo é tudo que penso. Olho então seu corpo e vejo que ele tem uma bandeja na mão. Ele vai me salvar.
- Trouxe uma sopa para você, e um copo de chá. - colocando a bandeja no meu colo.
Vejo que tem pão também e algumas cápsulas.
- Obrigada, mas não entendo. 
- Não entende o que ? Por que você complica tudo?
- Pra que me ajudar? Você não gosta de mim!
-Por que você diz isso?
- Me viu quase morrer de apanhar e não fez nada, uma palavra sua e tudo acabaria.- falo indignada
- E uma palavra sua também acabaria Lírio. Você estava apanhando e não gritava, não chorava, não implorava, simplesmente não esboçava nada. Eu não pedi nada daquilo, mas eu confio em Uno, ele sabe o que faz. 
Dou de ombros. E tomo a sopa, tão rápido que nem sei qua é o gosto dela. Ele continua:
- Trouxe remédios para você, tome você vai estar bem melhor amanhã, não conte pro Uno que eu te dei.- ele então sai do quarto e na porta, lança uma piadinha:
- De nada viu!
Cap6
Os dias se passaram sem grandes novidades, treinos pela manhã, almoço com Uno, treino a tarde. Prefiro os treinos da tarde, normalmente é uma sessão de perguntas e respostas sobre Adam, e algumas horas de tortura psicológica para ver se sedo a pressão. Estou ficando boa, na verdade ótima. Quase não vejo Adam ele passa a maior parte do tempo em sua sala de livros, ou falando com os amigos no intersom. Já vi uma ou duas vezes ele com uma garota aqui. Claro uma menina linda, seu nome é Mel e de fato ela é um doce. Delicada, loira e com cabelo bem liso, nenhum fio é bagunçado, e fala como se fosse uma música tocando. Queria ser ela.
Não faço mais as refeições com ele, alias quanto mais sei dele, mais quero o ter por perto, porém mais distante estamos.
E isso é o certo porque pessoas como eu não podem sonhar. Isso vai passar, falo pra mim sempre que sonho dançando com ele e a mamãe. Vai passar!
Hoje Uno me disse que vou ter uma pratica com Adam, nós vamos sair juntos, nada demais , só um passeio pelo monumento da Sede. Estou ansiosa. Vou ver a rua, vou andar e principalmente vou estar com Adam, estranho essa dor no estômago, nunca tive antes, a deve ser alguma coisa que comi, ou não sei, acontece tida vez que tenho que ficar junto de Adam. Só sei que não gosto.
Me encontro na sala às quatro e meia e ali recebo as ultimas instruções do capitão e de Adam.
- Magrela hoje iremos dar uma volta, vamos encontrar a galera e ir a um clube de atividades. Bom você sabe como é? É igual aos do subúrbio.- diz Adam.
- Tenente preste atenção em tudo e não perca o foco do seu trabalho .- diz e me encara o capitão Uno.
- Só uma pergunta. O que é um clube de atividades? - pergunto e ouço risos.
- Lírio você nunca esteve em um?- PErgunta espantado Adam.
- Não nunca. Mas explica que aprendo rápido.
- É um lugar onde os jovens normais se encontram para jogar e papear, eu gosto de jogos de missão, é só distração boba que fazemos duas horas por semana. É mais pra ficar de bobeira e beijar umas bocas.- diz com o maior dos deboches Adam.
- É só copiar o Adam. - Explica Uno e acento com a cabeça. Saímos e pegamos o transporte Aéreo particular em menos de cinco minutos. O lugar é um prédio baixo de concreto e todo espelhado.
- Fica calma, é só relaxar e procurar ser normal. Eu conheço todo mundo e vou te apresentar como uma prima, filha da irmã da minha mãe, o resto deixa comigo. - Ele se aproxima e fala sussurra, - Você está linda!
A dor no estômago volta na mesma hora, e penso estou linda? Lembro do que pensei quando me vi no espelho ao colocar a calça vermelha bem justa e de um tecido brilhante, nunca tinha usado nada igual, uma blusa justa igualmente , preta e que destacam os meus seios, no espelho achei que era exagerado por o cordão prata mas agora acho que realmente estou linda. As botas pretas de cano curto e sem salto completam meu visual. Olho para Adam e ele esta lindo como sempre, veste calça preta e uma camisa de mangas longas que ele dobrou branca, também usa botas. Nós estamos lindos.
- Pronta?
- Sim . Vamos .- eu digo.
Ele me pega pela mão e adentramos no prédio, todos nos encaram e vejo mais e mais pessoas se aproximando, eu ativo minhas habilidades e fito todos, memorizo, os rostos e o ambiente. Há mesas de jogos, um bar que tem água e sucos, há pessoas em pé e sentadas. Cerca de umas sessenta pessoas. Domino a luz, saídas de emergência, e os banheiros. Percebo que ali tem uma duzia de guardas.Adam começa a comprimentar as pessoas e me apresenta como sua prima Lírio que veio de Seattle. Eu vou dizendo oi para todos, dando mão e abraçando esses estranhos lindos. Em pouco tempo tem um monte de pessoas falando comigo, um rapaz ruivo chamado Lion, uma outra com cabelo castanho, chamada Vick, vou lendo um a um.
- Vamos para a mesa Lírio, quero ganhar de uns esnobes hoje.
Adam esta tão tranquilo é como se realmente eu sempre o conhecera, e o mais estranho é que eu também ajo com naturalidade, tenho total controle da situação mesmo nunca estando aqui. Nos sentamos ao redor de uma mesa circular de 6 lugares, mas há mais quinze pessoas em pé ao nosso redor. Me sento entre Adam e um rapaz lindo de olhos castanhos e cabelos preto, o cabelo ondulado vai até a nuca, ele é ainda mais alto que Adam, um pouco magro, e de uma voz bem grave. Percebo que ele não tira os olhos de mim, não entendo, mas é prazeroso saber que alguem se atrai por mim. O jogo começa mas prefiro observar. Afinal não estou aqui para Mr divertir. Adam as vezes olha para mim e sorri, sorrio de volta. Então ele se levanta para comprimentar com um beijo na bochecha a garota que já vi algumas vezes na Mansão, é a Mel.
Ele então nos apresenta:
-Mel essa é a minha prima Lírio.
- Lírio essa é Mel.
Ela toma a frente e me abraça. Não gosto nada de ser abraçada por ela.
- Lírio seu nome é lindo, Adam fala muito de você.
- É mesmo e o que ele fala? - Digo encarando a Adam e ele a mim.
- Ele me falou como você é inteligente e uma das maiores calculadoras da Sede. Só não entendo porque você foi trabalhar na segurança e não na inteligência superior?.- Pergunta curiosa
- Eu também não entendi no começo mas agora acho que foi melhor trabalhar na segurança, assim eu posso usar roxo , já que verde não me cai tão bem quanto em você.
Ela sorri e faz que sim com a cabeça.
- Adam disse que você só trabalha oito horas por semana por conta de um pronlema de saúde. - que tipo de interrogatório é esse?
- Sim, tenho um problema sanguíneo e preciso não me passar por momentos de tensão, é por isso que vim para morar na Mansão de Adam, com ele é sempre festa. - e dou uma risada para ela.
- Isso é meninas, comigo é sempre melhor! - ele a pega pelo braço e vai dar uma volta , acho que percebeu a tensão entre nós. Eles riem e se abraçam, passam a maior parte do tempo juntos. Eu faço o exatamente o que Uno me disse e nem ligo para as conversas ao meu redor. As duas horas de diversão acabam. E vamos embora, saímos todos juntos. Adam então convida Mel para deixa-la em casa. Entramos no aéreo e ele senta entre nós duas. As conversas são entre os dois apenas.
- Linda, você vai me dar um beijo hoje?
- E você quer meu beijo?
- Desde a hora que te vi.
E ela ri, nossa como isso me enoja, os minutos parecem horas. Tento pensar em flores, na floresta., na mamãe mas nesse momento só tenho raiva.
Enfim chegamos na frente do prédio da garota, os dois saem e se despedem com uma longo beijo na boca. Ele volta para perto de nim e me dá um tchau.
Adam volta para o carro e seguimos o caminho da mansão.
-Parabéns magrela, você foi muito bem hoje , a galerate aceitou bem.
- Menos sua namoradinha.Não gostei do interrogatório. -falo bufando.
- Eu percebi,mas não liga ela é curiosa mesmo.
- Sei. - e penso que ainda estou desconfiada, será ciumes ou tem alguma coisa estranha com ela.
Chegamos em casa , subimos junto, até nos corredores se dividir.
- Nos vemos no jantar.- diz ele
- Até lá.
Vou direto para o chuveiro, em dez minutos estou pronta e esperando na sala de jantar, comemos sem nos falar.
Ao fim da refeição falo:
- Posso ir na sala dos livros? Gostaria de olhar os nomes das capas, prometo que não tiro do lugar.
- Por que você quer ver os nomes e não ler?
- É que quando leio me descontrolo e não sei como parar, acho melhor só ver os nomes.
- Pode ir, mais tarde passo por lá. Vou abrir para você.
Vamos juntos a sala ele abre, dá as costas e some, eu entro e mais uma vez me sinto uma criança vendo uma flor pela primeira vez. Vou bem devagar olhando as cores, as capas, sem mexer em nada é claro. Depois de algum tempo Adam volta. Ele coloca uma música bem baixo. E pega um livro se sentando na poltrona. Nem reparo no nome do livro.
Viro e digo:
- Lê para mim!
-Como? Você quer que eu leia meu livro em voz alta?
- Sim, eu quero. Minha mãe sempre me dizia que os arcaicos faziam isso com as crianças para dormir, eles pegavam as colocavam na cama e lhes liam um livro. Minha mãe sempre inventou estórias e fingia ter um.livro para me fazer dormir. Lê para mim.
- Esta bem , mas esse não é um livro de crianças, é um livro sobre o estudo da mente. Só tem explicações.
- Não me importa só lê por favor .
- Ok, então senta e fica quieta.
Obedeço e vou ouvindo, parece música sua voz, não presto atenção em nada que ele fala, só na sua voz e na música de fundo, é tão bom que durmo no sofá.
Acordo na cama, vejo a hora no intersom. É cedo, posso me arrumar com calma, desso rapidamente e aguardo na sala de café da manhã. O aroma do chá hoje esta mais intenso, e as flores no arranjo são lindas rosas azuis, com folhas verdes e cascalho na base, bem no centro da mesa. O céu esta mais laranja do que rosa hoje e o sol não se mostra. Um lindo dia.
- Bom dia tentente. - me comprimenta Uno com seu olhar de indecifrável de sempre.
- Bom dia capitão , lindo dia né? falo olhando para o céu
-Ah? A o dia , sim , sim, esta um clima bem agradável.
Penso que não conheço nada a respeito do capitão Uno, a única informação pessoal sobre ele que tenho é de que é o melhor amigo de Adam . Imagino que deva ser de uma família influente também, pois ele é bem jovem para o posto que tem. Será que ele já foi pareado?Será que Adam foi pareado?
Pareamento é o nome que se dá quando as famílias, fazem um compromisso formal de casamento, aqui nossos casamentos acontecem sempre aos vinte e dois anos, até lá podemos nos relacionar com outras pessoas, mas nada serio. Os pareamentos são feitos entre os dezenove e vinte anos. Há uma cerimônia formal na presença de um engenheiro genético, e um cidadão da lei, o engenheiro se certifica que há compatibilidade gentetica entre o casal e o cidadão da lei registra todos os eventos.
Não sei ao certo, mas nunca pensei sobre ou meu pareamento, aliás nem sei se posso ser pareada devido a minha condição. Aberrações não devem ser muito desejáveis para pareamento.
Volto a realidade e Adam se aproxima de nós, e pede para nos sentarmos.
- E ai Uno fala das novidades? Vou voltar a vida? Estou na ativa?
- Tenente Lírio, Adam, vocês receberam a agenda de tarefas. Sênior me enviou hoje a lista, se preparem pois ela é extensa.
- Até que enfim uma noticia boa,cara. Não aguentava mais ficar vendo vocês brincarem de lutinha. -posso ver a feliciadade estampada na cara de Adam, ele esta leve. Mas eu não entendo.
- Seu pai não lhe chamou para falar sobre suas tarefas? Por que é o capitão que lhe dá a lista? Tem alguma coisa errada com o Sênior? Ele esta passando bem? - realmente estou preocupada o que pode ter acontecido com o Sênior para não falar com o único filho que tem.
- Tenente o Sênior passa muito bem. - Afirma Uno.
- Meu pai é assim mesmo, nós nunca nos falamos e acho ótimo isso. Menos chatice pra mim.
Não digo mais nada. Espero que mudem de assunto pois estou constrangida. É isto que o capitão faz.
-Vocês vão viajar , e visitar as capitais, lá você vai fazer o de sempre Adam, reuniões, visitas a populares e alguns jantares. Vão ficar três semanas fora. Se der eu encontro vocês em Savoy.
A agenda completa esta nos intersom de vocês, assim como os temas de reuniões, no seu Tentene há ainda informações sobre supostos suspeitos, pessoas com informações conflitantes, e mais dados a respeito de mapas, rotas de fuga.
- Ok .- digo.
- Vou ter armas? Quantas e quais?
- Tenente você é a arma! Não podemos nos arriscar que descubram que a "prima de Adam" ande armada. Você não levara qualquer arma. Se houver qualquer problema uma equipe chega em no maximo dez minutos, até lá você dá conta.
Acento com a cabeça. A conversa continua, presto atenção a todos os detalhes, gravo nomes, lugares, expressões. Já Adam parece aliviado por sair de casa. A manhã segue e subimos para arrumar as malas, ainda não sei ao certo o que por na mala, agora tenho tanta roupa que fico em dúvida, justo eu em duvida. Ligo o aparelho em meu pulso e falo no intersom:
- Adam você pode me ajudar com a mala? Não sei o que colocar e não te quero fazer passar vergonha.
- Claro magrela, já chego ai.- Alguns minutos depois ele entra no quarto.
- Lirio o que você colocou na mala até agora? - abro e mostro. Só tem roupas intimas e minha camiseta de dormir. Olhando ele começa rir.
- Acho que você colocou o mais importante na mala, sua camiseta lixo. - e ri novamente.
- Bom vamos lá você vai precisar de calças para os eventos do dia a dia e claro muitos vestidos, você vai usar vestido basicamente o tempo todo.- enquanto ele fala vai tirando os vestidos do guarda roupas e me dando para por na mala.Ele me passa alguns pares de sapato e em menos de dez minutos a mala esta pronta. Ele tira mais um vestido e me diz:
-Esse você vai usar no banquete hoje a noite em Aspen. Escolhi este vestindo pensando em um lugar frio, vai ficar perfeito.
- Obrigada! Eu não saberia o que fazer com tanta roupa, nunca tive mais que um vestido, me sinto mal por agora ter tantos.
Ele me olha com uma cara de pena mas não diz nada. Sei que ele deve estar imaginando o quão pobre eu era. Mas não diz nada, nem uma piada, ou um pedido de desculpas. Decide mudar de assunto.
- Você vai gostar de viajar. Eu me sinto livre quando viajo. Agora Vou terminar minha mala e saímos em pouco tempo.
cap7
Aspen é uma capital muito fria, o céu aqui é rosa, com tons de lilás. Os prédios aqui são parecidos com o da Sede porém em menor quantidade. A casa de Sênior aqui é ainda mais bonita que a mansão de Adam. Os moveis são predominantemente em tons de cinza e marrom. Tapetes felpudos no chão. Meu quarto é bem maior, tenho uma cama grande, uma mesa no quarto, poltrona, e os demais móveis. O quarto de Adam fica ao lado esquerdo do meu. Neste corredor há apenas dois quartos e uma sala trancada na frente dos quartos, há outros corredores, e salões. Já fui avisada pela camareira que tenho que estar no saguão em dez minutos. Termino de arrumar o coque e vou ao saguão.
Adam já esta me esperando. Vestindo um terno de guerra azul marinho, cheio de botoes e insígnias. Seu cabelo meticulosamente alinhado e a bota brilha.
- Lírio você está absolutamente deslumbrante. Nunca vi você tão linda, parece uma poesia, um flor, um lírio.- ele não para de me encarar. Estou completamente corada. Mas eu o encargo mesmo assim.
O vestido é lindo mesmo, ele é cinza claro, tem um trabalho no tecido que parece serem pétalas de Lírio. Na cintura tem um cinto dourado, ele é bem fluido e quase sem decote e com mangas curtas, por cima tem uma pequena capa bem felpuda, saltos completam o visual.
- Obrigada, você também não esta nada mal. - e dou risadas.
- Vamos lá então magrela! - olho com cara feia e ele ri .
- Vamos.- falo revirando os olhos.Sinto um tapinha no ombro e ele me dá a mão.
-Desculpa hoje você não é a magrela, agora você é meu Lírio.- estremeço e fico desorientada com as palavras- Meu Lírio.
Em poucos minutos o transporte aéreo nos deixa no local do banquete, antes de entrar somos anunciados .
- Nosso querido e amado Sênior, nos enviou seu filho, o segundo homem para estar conosco alguns dias. Adam acompanha a sua prima Lírio.
Sejam bem vindos entre nós!
Vamos transitando pelo salão cumprimentando as pessoas, uma a uma, as pessoas o abraçam e posso sentir o carinho delas por ele. Estranho como nunca tinha visto Adam como um líder querido pelas pessoas. Ele não solta meu braço nem tão pouco eu o solto. Depois de algum tempo, chega a hora do jantar. Há tanta comida que podia sustentar toda a minha vila, me sinto mal mas como. De sobremesa tem bolo de chocolate, nunca havia comido algo tão doce e saboroso, se pudesse queria mais.
Ao fim do jantar, Adam se retira para uma outra sala com mais quatro homens, e eu fico disfarçando próximo a porta. É uma reunião rápida. Ele sai me dá o braço novamente e após alguns minutos , saímos.
Não quero tirar o vestido, assim que chego em casa vou para sala com varanda. Abro a porta e vou para a varanda, esta bem frio fora de casa mas não me incomodo, o vento solta parte do coque, tiro os sapatos e fico descalça. Nem percebo a chegada de Adam atrás de mim.
- Você tem habilidades para não sentir frio?
- Não, mas gosto do vento batendo no rosto, me sinto livre.Entra não precisa ficar no frio.
- Eu gosto também do vento, ele te deixa mais bonita.Seu rosto parece parte da natureza. Você esta mais bonita, mais viva.
- Eu sei, esse vestido é a coisa mais bonita que já vi, obrigada.
- Não é o vestido, é você! Esta mais segura, mais forte, convicta. Eu sem duvida entendo agora o porque você esta aqui.
- É pra sua segurança! Agora você se sente mais confiança em mim.
- Nada disso, meu pai me mandou você como forma de me punir, você é minha adversidade. - Percebo sua preocupação na voz.
- O que você esta falando seu pai me mandou por causa das habilidades, como sou sua provação? Nunca te fiz nada de mal e nunca vou fazer.
- Você não entende. Ele, o grande Sênior me odeia, ele me quer ver sofrer!- sinto que ele vai chorar, continuo:
- Ele te ama, eu nunca vou te fazer nada dr ruim, Vou te proteger, mesmo que com minha vida. Você não é o mimado que eu imaginava, tem tanta bondade em.seus olhos, as pessoas realmente gostam de você. Um dia você será um grande Sênior.
Falo e coloco minha mão em seu rosto o fitando, ele desvia o olhar mas eu não deixo, quero que ele me encare. E ele olha e fala:
- Você vai me enlouquecer, mas que isso importa.- ele me agarra, me aperta, e me beija, no começo não sei o que fazer, sinto seus lábios tocar o meu, sinto sua língua entrar na minha boca, sinto tudo e decido me entregar, então o beijo também, o abraço mais forte ainda.
Continuamos a nos beijar loucamente por um tempo. Até ele me empurrar para longe.
- Vai dormir! Ele diz.
- Entra logo, vai magrela. - percebo que ele esta bravo, então corro e vou.para meu quarto.
Tiro o vestido enquanto as lágrimas caem, me envio na cama embaixo do tecido térmico, fico repetindo a mim mesma:
- Não chora, não chora, não chora,
Não chora,não chora, não chora.
Mas eu só choro, meu beijo deve ser ruim, nunca tinha beijado antes e acho que nunca mais beijarei. Como pude ser tola ao achar que podia beijar um garoto, ainda mais um garoto como Adam.
Alguém bateu na porta durante a madrugada, mas não abri, fiquei com medo que fosse Adam, e mais medo que não fosse. Hoje ele tem um reunião pela manhã com o cidadão responsável pela província e a tarde Vamos visitar uma vila.
N desso para o café da manhã, passo e pego apenas uma maçã, caso tenha alguma fome mais tarde. Saímos sem nos falar, assim segue a manhã , enquanto ele esta na reunião, fico examinando os dados no intersom.
Durante o almoço nos sentamos lado a lado mas não trocamos mais que meia duzia de palavras, sobre a comida e o horário de saída para a vila.
cap8
PpA vila me faz lembrar a que eu morava, é claro que a vila de Chess é muito maior do que Estreita, mais pessoas e as casas são melhores. Esse passeio devia ser feito por apenas duas ruas, mas Adam me comunicou que vai andar conforme sua vontade. Desfaço e refaço varias possibilidades de rotas antes de chegarmos ao local marcado, para início, seremos acompanhados pelos dois filhos do Cidadão, Toy e Any, jovens com a mesma faixa etária de Adam e eu. Os dois nos falam sobre a vila, as pessoas, as atividades locais.
Toy é orgulhoso pela sua província.
Aqui temos a melhor vista do céu, temos um ar mais puro, somos, mais amigáveis. Já Any esta mais interessada em Adam do que no que acontece a sua volta. Eu me fingo de tola também, enquanto examino o ambiente.
- Vamos por essa rua, quero bater algumas portas. - diz Adam.
Todos concordamos e viramos na rua apontada. O próprio Adam é quem bate nas portas. 
- Bom dia senhora, meu nome é Adam, sou o segundo homem e gostaria de conversar com a senhora,posso?
É claro que todos concordam, ele entra nas casas, fala com as pessoas, e elas sempre responde a todas as perguntas positivamente. Ao sair da quinta casa, resmungo:
-Isso é ridículo!- acho que ninguém me escutou. Ainda bem.
- Com licença amigos, posso dar uma palavra com minha prima? Ele fala com uma voz muito tranquila. Nos afastamos um pouco.
- Que isso de ridículo? Como você ousa, a achar ridículo eu falar com, as pessoas, saber seus problemas e suas tristezas.
- Acontece que você não esta fazendo isso. Você está sendo um esnobe com essas pessoas.
- Você é louca, e esta falando isso porque esta irritada.
- A é? Eu vou te provar que você esta errado, com esse seu discurso de garoto mimado. Cala a boca e observa.
Nem olho para a cara dele mas posso sentir a ira, dele. Voltamos para os outros e digo, a próxima porta quem bate sou eu.
- Bom dia ! Senhora , pode nos dar um dar um pouco de água? Estamos caminhando a bastante tempo, para um projeto da escola e estamos com sede.
- Claro entrem meninos. - Diz a senhora de uns quarenta e poucos anos. 
- Meu nome é Lírio, esse é Adam, Julie e Nico, estávamos muito cansados mesmo. Obrigada. 
Tive que mudar o nome dos filhos do cidadão para que ela não os reconheça, eles permanecem quietos entanto Adam, ainda esta irado pelo que lhe falei.
A senhora começa a falar.
- MEu nome é Anna, fui professora um tempo, agora fico em casa. Ainda bem que vocês chegaram em uma hora que temos água, porque quase nunca temos o suficiente para quatro pessoas.
- Nossa, esta faltando bastante água né? - falo fingindo que sei o que acontece.
- Sim filha, tem semanas que passamos,quatro as vezes cinco dias sem receber água. E ainda ontem recebemos um comunicado de que a taxa de dizimo aumentou, agora vamos dar trinta por cento.
- Imagino que não deva ser fácil? Como a senhora esta conseguindo se manter? Falo e vejo que a afeição de Adam muda, da ira para a tristeza.
- Tivemos que vender o anel de pareamento de nossa filha.Sei que ela vai ficar magoada, mas era isso ou ficar sem comida pelos próximos meses. Espero que ela entenda.
Vou mais perto dela, tiro meu colar novo que ganhei de Adam.
- Toma venda esse também!- e entrego a joia.
Ela a pega.
- Menina linda não posso aceitar. E tenta me devolver. Mas eu insisto e ela fica com ele. Agora Adam tem lágrimas nos olhos, ele esta em choque com certeza.
- Obrigada pela água mas precisamos ir agora. Foi muito bom conhecer a senhora. - falo e nos levantamos. Todos se despedem dela, e saímos da casa. Andamos mais uns metros e vejo Adam se abaixando para vomitar. Ele fica ali uns minutos, me aproximo e ele me olha.
- Vamos embora. Ele diz e eu ordeno pelo intersom que o aéreo nos pegue imediatamente, deixamos os irmãos na casa deles e seguimos rumo a casa. 
- Como pode? Por que nunca soube? Tenho nojo de mim. Sou um alienado.você esta certa eu sou um mimado, um sem noção. 
- Chega! Cala a boca, entra, vai tomar

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