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Filósofos da Ciência do Século XX

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Epistemologia 
Resumo: Paul K. Feyerabend, Thomas Kuhn, Círculo de Viena e
Karl Popper
Profª Rosana
Dicente: Nathan de Souza Fonseca
		 
			
Londrina
2015
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Paul K. Feyerabend
O filósofo de origem vienense, Paul K. Feyerabend, foi a criança-problema da filosofia do século XX. Ele desafiou todas as regras do jogo intelectual. Feyerabend nasceu na Áustria em 1924 e morreu na Suíça em 1994. É amplamente conhecido na República das Letras por ter realizado três teses heterodoxas. Em outras palavras, seriam incomparáveis ao ponto de tratarem de diferentes problemas.
Nenhuma das três teses resiste ao escrutínio crítico. Feyerabend tinha muitos talentos, mas nenhum deles completamente desenvolvido: ele era um amador em tudo o que fazia. Logo, o mentor de Feyerabend mudou: desta vez juntou-se ao grande físico dinamarquêsNiels Bohr. Alguns anos mais tarde, Feyerabend ajoelhou-se diante de Karl Popper. Nos Estados Unidos, Feyerabend fez amizade com o historiador da ciência Thomas S. Kuhn. Os dois improvisaram o programa da nova filosofia e sociologia da ciência, que nega a razão e descarta o conceito de verdade objetiva, argumentando que as mudanças científicas são tão irracionais quanto a moda muda.
Feyerabend andava feito cigano tanto pelo mapa da cultura como pelo mapa do mundo. Uma vez telefonou-me da Califórnia apenas para me informar que a Universidade da Flórida tinha oferecido-lhe a reitoria da Escola de Música. Feyerabend não acatava disciplinas ou compromissos de qualquer espécie. Eu soube do aparecimento deste livro por um estudante mexicano que me informou que acabava de abandonar o estudo da ciência porque Feyerabend acabava de demonstrar que a ciência não é mais credível e muito menos, mais digna de respeito que a superstição.
Este livro teve uma grande circulação porque denegria a ciência e no geral, ao pensamento rigoroso, na hora certa. Feyerabend não chegou a esta conclusão niilista após uma análise detalhada de um punhado de teorias científicas. Na minha última discussão com ele, publicada em 1991 na New Ideas in Psychology, mostrei que Feyerabend interpretava equivocadamente as únicas fórmulas que aparecem em Contra o Método. A via que levou Feyerabend a abandonar a ciência foi um caminho à Damasco. Convencido de que ele não tinha nada a perder, desceu as escadas e entrou no consultório da curandeira. Segundo Feyerabend, a curandeira curou-lhe da doença crônica. Feyerabend e seu amigo Thomas Kuhn conversam juntos e se convencem mutuamente de que a verdade objetiva é inalcançável. Na ciência tudo seria convencional e arbitrário.
À primeira vista, Feyerabend parece-se com outros heterodoxos que se deleitavam com oépaterlebourgeois. Os de Feyerabend, apenas dois. Voltaire atacou o obscurantismo, enquanto Feyerabend o defendeu. E Voltaire vislumbrou algumas características da sociedade democrática moderna, que deram origem à Revolução Francesa. Em vez disso, Feyerabend, ao exigir que escolas públicas ensinassem ciência com mitos, confundiu a democracia com o caos.
Por fim, o paralelo de Nietzsche com Feyerabend limita-se à rejeição da crença na possibilidade de encontrar verdades objetivas. Na minha opinião, ambos exerceram uma influência negativa na cultura moderna. Não surpreendentemente, em Feyerabend se refugiaram os fanáticos que exigiam que as escolas secundárias americanas dedicassem tempo igual tanto à lenda bíblica da criação da espécie quanto a biologia evolutiva.
Este obituário está acabando e eu acho que violei a regra romana: “Dos mortos dizer somente o bem.” Eu também acredito que a influência popular de Feyerabend foi tão prejudicial quanto forte. 
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Thomas Kuhn
Sem correr o risco de estar exagerando, Kuhn se tornou a figura, senão mais influente, ao menos mais debatida na filosofia da ciência anglófona da segunda metade do século XX. Todos esses tópicos teriam levado Kuhn a produzir uma nova imagem de ciência. Alguns autores dirão que a chamada nova filosofia da ciência ou filosofia histórica da ciência é apenas uma das faces da mesma moeda, sendo a outra a tradição positivista, visto que Kuhn ainda continua concebendo a ciência de forma unificada, com a única diferença de uma mera inversão de ênfase da observação e do experimento para a teoria 
Aqui, o meu objetivo consiste em analisar criticamente a reconstrução da ciência levada a cabo por Kuhn, de modo a apreender a forma como ele articula o distanciamento - embora dando margem a uma reaproximação - entre os domínios social e científico. Para tanto, abordo, de início, os dois momentos considerados por Kuhn como cruciais da atividade científica: a ciência normal e a revolução científica. Em seguida, deter-me-ei na questão do papel desempenhado pela história da ciência na obra de Kuhn com o fito de desnudar sua verdadeira concepção acerca do lugar ocupado pela ciência na sociedade. 
Nitidamente, ocorreu uma assimetria na recepção e na avaliação da reconstrução da ciência empreendida por Kuhn. Entretanto, para elaborar o argumento de que o intento de Kuhn era defender a autonomia e a independência da ciência, faz-se estrategicamente pertinente abordar também a modalidade científica que ele denominou de ciência normal.
Na explanação kuhniana, a ciência normal forma um binômio indissociável com o paradigma. Nas palavras de Kuhn "ciência normal" significa a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas. Os paradigmas, ou exemplares, propiciam o advento do consenso - visível nas revistas especializadas, bem como nos manuais de ensino - acerca dos fundamentos da prática científica. Já se configura, aqui, uma das características marcantes da ciência, para a qual Kuhn chama a atenção sem, porém, emitir sua avaliação a respeito, a saber, a especialização.
A ciência descrita por Kuhn como sendo normal é sinônimo de pesquisa especializada. Segundo Kuhn, a especialização é a condição para o progresso científico. O pressuposto fundamental da ideia de especialização concebida por Kuhn é o de haver consenso, que, por sua vez, remonta ao conceito de paradigma. Esse consenso é o grande responsável pelo avanço na solução dos problemas. Um desiderato do conhecimento científico do qual Kuhn não abriu mão foi a noção de progresso. Como a maioria dos filósofos e historiadores de seu tempo, Kuhn partia do princípio de que o progresso - apesar de não ser, no seu caso, necessariamente cumulativo - é uma diferença específica da ciência face a outras formas de conhecimento. O progresso científico, no sentido de aprofundamento no conhecimento dos fatos, de aperfeiçoamento dos métodos de investigação e avanço nos resultados esperados é uma decorrência do consenso engendrado pelo paradigma. A ideia de uma ciência normal aos moldes de Kuhn sofreu críticas bastante contundentes. Kuhn se esquivava, alegando que estaria apenas sendo descritivo. É claro que a noção de consenso considerada por Kuhn como a base do progresso científico não significa a ausência de divergências pontuais, ou seja, para que haja ciência normal, não é preciso que os cientistas pensem sempre da mesma forma. Kuhn (1978 [1962]) equiparou a discussão crítica e reflexiva acerca dos fundamentos à filosofia. Fazendo justiça a Kuhn, devemos lembrar que a separação entre a filosofia e a ciência é apregoada ou, quiçá, constatada, desde o advento da ciência moderna. Ao enfraquecer, aparentemente, o papel dos argumentos na decisão entre paradigmas rivais, a maioria dos intérpretes julgou que Kuhn estaria defendendo que a irracionalidade impera na ciência. Se não há espaço para a "força do argumento", abre-se o flanco para o predomínio do "argumento da força", costuma-se pensar. Afinal, como os filósofos analíticos da ciência poderiam admitir que o seu objeto de estudo fosse igualado à política e à religião, esferas tidas como do domínio da decisão e da crença respectivamente, e não da evidênciae/ou da demonstração (peculiaridades do conhecimento científico)?
Estranhamente, Kuhn não se pronuncia a esse respeito. Por essa razão, esse tipo de abordagem também é conhecido pela expressão "filosofia da ciência dominada pela teoria". Ademais, a racionalidade testabilista comum aos positivistas lógicos e a Popper foi posta em xeque por Kuhn e pelos demais representantes da nova filosofia da ciência. Lacey defende, dentre outras teses interessantes, a ideia de que devemos recuperar o ideário da ciência moderna, com seus respectivos valores: além da manutenção da ainda intacta imparcialidade, devemos resgatar a genuína neutralidade (a aplicação da ciência não deve estar comprometida com interesses de grupos específicos, e sim com o bem-estar humano e ecológico em geral) e autonomia (as linhas de pesquisa devem ser livremente escolhidas pelos cientistas, sem perder de vista, obviamente, a função social da ciência).
Apesar de ter advogado a tese segundo a qual a história da ciência e a filosofia da ciência são disciplinas autônomas e, ao mesmo tempo, complementares, Kuhn não conseguiu propor uma relação frutífera entre elas.
Embora pense que a atual filosofia da ciência não tem muita importância para o historiador da ciência, creio profundamente que a maior parte do que se escreve sobre a filosofia da ciência poderia ser melhorado se a história desempenhasse um papel mais importante na sua preparação (Kuhn, 1989, p. 39).
No caso específico de Kuhn, essa postura jamais foi explicitamente endossada. Coloque-se desse modo: antes de Kuhn, os defensores das verdades esotéricas escondiam-se da visão pública por medo de perseguição; depois de Kuhn, eles fazem piadas entre si diante de uma demonstração pública da autoridade científica. Fuller percebe que Kuhn é uma figura central da filosofia da ciência dita pós-positivista e um precursor dos estudos sobre ciência que começaram a despontar ao final dos anos de 1970.
Eu penso que, por essa razão, uma parte considerável de sua vasta produção acadêmica dedica-se à compreensão e avaliação do pensamento kuhniano. Precisando melhor, o grande alvo dos ataques de Fuller é Kuhn, não apenas o da letra, mas sobretudo o do espírito, porquanto seu espectro ainda rondaria pelos departamentos de filosofia, como também pelas unidades dos science studies, semeando a "amnésia histórica" e a "anemia normativa".
No que tange especificamente ao papel da história da ciência, Fuller chega à conclusão de que, apesar de Kuhn ter dado um passo adiante em relação à historiografia whig, a sua abordagem prig não é suficiente para produzir uma história da ciência apropriada (normativa), o que só ocorreria por meio de uma historiografiatory, que defende a ideia de que a história da ciência deve se prestar especialmente a redescobrir linhas de pesquisa que ficaram no limbo da história. 
As ideias defendidas por Kuhn foram contundentemente rechaçadas pela tradição analítica, sob a alegação de que elas teriam implicações relativistas. Em contrapartida, os adeptos do programa forte saudaram-no como um dos inspiradores da nova sociologia do conhecimento científico, ao ter mostrado a primazia do caráter comunitário da ciência. Basta lembrar um dos trabalhos mais importantes, ou, pelo menos mais citados, de Barry Barnes (1982), um dos fundadores do programa forte. Na realidade, eles acusam Kuhn de ainda estar preso à concepção mais tradicional, uma vez que ele relegaria, às vezes, os fatores sociais ao âmbito externo à ciência.
É inegável que Kuhn leu alguns dos trabalhos mais empíricos realizados pelos sociólogos da ciência mais afinados com o programa forte, tendo até mesmo elogiado, com algumas ressalvas, o artigo agora clássico do seu ex-orientando Paul Forman (1971), no qual o autor procura mostrar que as ideias do mundo social mais amplo - na Alemanha derrotada do pós-guerra, a noção de que os fatos possuem encadeamento causal perdera a razão de ser, o que teria possibilitado o triunfo da teoria quântica - exerceram um papel preponderante nas controvérsias científicas, especificamente na vitória da teoria quântica. Conquanto Kuhn possa estar correto, em certo sentido, em atribuir essas teses ao programa forte, não se deve conjecturar que seus membros queiram minar a autoridade cultural da ciência como tal. Por essa razão, Kuhn procurou evitar ser identificado como alguém que teria lançado as bases para o programa forte desenvolver seu projeto de "desmistificação da ciência".
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Círculo de Viena
Pretende ainda, embora de modo superficial, fazer referência, depois dos fracassos dos diversos positivismos contemporâneos, à questão da ausência de fundamentação do conhecimento científico. Pois, se, de um lado, encontramos aqueles que guardam a razão, poderíamos dizer, atrelada aos limites da lógica, no outro extremo, estão aqueles que buscam outros tipos de "racionalidades" que transcendam os limites da própria lógica. Nesse pequeno texto, ao expor em linhas gerais as idéias do Empirismo Lógico, procurarei mostrar os ideais de um movimento que acreditou na fundamentação suficiente, bem como na razão. Como disse, os Empiristas Lógicos apostaram na razão. Para eles, contudo, essa deveria ter seus contornos plenamente esclarecidos, situando-se nos limites da lógica e da experimentação. Com esse procedimento, o Empirismo Lógico caracteriza-se como um logicismo, isto é, ele pretende que os enunciados concretos, através da lógica indutiva, conduzam aos enunciados universais. Com isso, os Empiristas Lógicos pretendiam afirmar a estrutura lógica do conhecimento. O Empirismo Lógico sustentava a inteligibilidade do mundo. 
O Empirismo Lógico revelou detalhadamente as faltas e incoerências dos discursos metafísicos que pretendiam o status de ciência. Todavia, deixou enormes falhas na tentativa de fundamentar a ciência, bem como no seu projeto de unificação da ciência. Retornemos à questão sobre o sentido de se repensar a proposta epistemológica do Empirismo Lógico. Quero crer que a lição maior que podemos tirar do Empirismo Lógico não é somente aprender com suas falhas e acertos, mas, sobretudo, apostar na razão. O Empirismo Lógico surgiu para combater os excessos do idealismo, todavia, passado pouco tempo, o próprio Empirismo Lógico em seu radicalismo trouxe à cena novamente uma tendência idealista. Schilick tinha especial interesse pela linguagem, procurando, através da análise desta, estabelecer o estatuto das proposições científicas. Esse grupo inicialmente denomina-se "Ernst Mach" (Mach defendia a doutrina do empirismo puro, corrente disseminada na atmosfera da época em Viena em oposição ao idealismo predominante na Alemanha). A partir desse princípio, o Empirismo Lógico questionou as teses da filosofia tradicional, criticandoas severamente à medida que constatava nelas diversos enunciados sem ocorrência na realidade, ou seja, sem correspondência na dimensão empírica do real. O conhecimento acerca da realidade efetiva, portanto, caberia somente às ciências. Esta orientação marcadamente antimetafísica, tônica do manifesto do Círculo de Viena intitulado A Concepção Científica do Mundo, surgiu como oposição à voga idealista. Para Wittgenstein, o objeto da filosofia é a clarificação lógica dos pensamentos. um vínculo demasiadamente estreito com a forma das linguagens tradicionais e a ausência de clareza quanto à realização lógica do pensamento conduzem à metafísica. O segundo erro fundamental da metafísica para o Empirismo Lógico, ainda na esteira do Tractatus de Wittgenstein ou pelo menos na leitura que fizeram de Wittgenstein, 
Uma vez implantada a nova concepção científica do mundo, a metafísica não teria mais razão de existir. Na história do pensamento, a metafísica já teve muitos adversários como por exemplo, os céticos e os próprios empiristas antigos, no entanto, a originalidade do Empirismo Lógico, segundo Alfred Ayer, reside no fato de o Empirismo Lógico "... fazer a impossibilidade da metafísica depender, não da natureza do que pode ser conhecido, mas, da naturezado que pode ser dito. 10 Para Wittgenstein, o limite do pensamento está traçado no interior da linguagem e "o que estiver além do limite será simplesmente um contra-senso (Unsinn)."
Torna-se necessário, portanto, um desmembramento das teorias para que, através de uma análise lógica da linguagem, se chegue à certeza da veracidade de suas palavras, proposições e, enfim, da própria teoria. O Empirismo Lógico guarda uma estreita relação com a lógica moderna. Como é sustentado no nome, o Empirismo Lógico, além de fundamentar-se na experiência, buscou no desenvolvimento da lógica outro forte aliado para manter o rigor necessário na aquisição do conhecimento. Para Carnap, a análise lógica das diversas proposições e conceitos da ciência é uma nova metodologia filosófica que "(...) A lógica constitui-se, dessa forma, na "Clarificação das proposições da ciência empírica, mais especificamente na decomposição de proposições para proposições mais fundamentais." Aqui, lógica enquanto metodologia é entendida por Carnap no sentido mais amplo possível, isto é, lógica pura, formal e aplicada, ou ainda teoria do conhecimento. A verdade das relações lógicas é independente da verdade das sentença individuais. a tese fundamental do empirismo moderno consiste exatamente na recusa da possibilidade do conhecimento sintético a priori."Ora, se nem a lógica ou a matemática possuem juízos sintéticos a priori, o "uso da matemática (ou da lógica) jamais poderá falsificar um resultado científico porque a matemática não pode introduzir nenhum conteúdo oculto na ciência."entulho metafísico e teologizante dos séculos."18 Estabelecer este fundamento do conhecimento é a tarefa que o Neopositivismo se propõe, notadamente Schlick em "O Fundamento do Conhecimento". Dessa forma, o Empirismo Lógico junta-se à tradição filosófica, pois, como sabemos, a histórica da epistemologia é marcada pela tentativa de inúmeros filósofos de fundamentar o conhecimento. Para o Empirismo Lógico, a única certeza inabalável está nos fatos, no dado da experiência sensível. 
O conhecimento começa com a constatação dos fatos."Outro ponto em destaque é que o problema da fundamentação suficiente passa, necessariamente, pelo crivo do critério de verdade. A verdade do discurso teórico repousa na coerência lógica interna desse discurso. No entanto, esse é apenas um dos fatores, pois é absolutamente necessário que, além da coerência lógica, haja também correspondência com os fatos. A coerência lógica é a doutrina onde a verdade reside na concordância da proposição com os demais enunciados do sistema. Todavia, a verdade de urna proposição, para os Empiristas Lógicos, consiste na sua conformidade com os fatos (teoria da correspondência). Dentro os vários problemas que o Empirismo Lógico teve que enfrentar, dois mostraram-se teoricamente insolúveis, a saber: 1 - a crítica à "verdade dos fatos"; 2- crítica à lógica indutiva. Como vimos, o princípio de verificabilidade e as sentenças protocolares ligadas diretamente ao dado empírico supunham a inquestionável "verdade dos fatos". 
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Karl Popper
Karl Popper é a principal referência da epistemologia contemporânea e suas ideias, como escreveu Imre Lakatos, “constituem o mais importante desenvolvimento da filosofia do século XX”. A grandeza de seu pensamento decorre da fecundidade e alcance de sua obra, traduzida em mais de 20 idiomas, cujos principais títulos, em forma de livro, são: A lógica da pesquisa científica (1934), A miséria do historicismo (1944- 1945), A sociedade aberta e seus inimigos (1945), Conjecturas e Refutações (1963), Conhecimento Objetivo (1972), Autobiografia intelectual (1974), O eu e seu cérebro, escrito em parceria com John C. Eccles (1977), Os dois grandes problemas da teoria do conhecimento (preparado na década de 1930, mas publicado apenas em 1979), a trilogia Pós-Escrito à Lógica da Pesquisa Científica (1982-1983), Um mundo de propensões (1990) e O mito do contexto (1994). No Brasil, a introdução do pensamento de Popper, em língua portuguesa, se deu em 1959, pela publicação de A sociedade aberta e seus inimigos, seguida por A lógica da pesquisa científica (1974) e Conhecimento Objetivo (1975). Karl Raimund Popper nasceu em Viena, em 1902. Estudou matemática, física, filosofia e psicologia, obtendo seu doutorado em 1928, na Universidade de Viena. Membro da Royal Society, tornou-se Sir em 1965. Aposentado em 1969, foi eleito “Professor Emérito” da Universidade de Londres. De outro lado, Popper afirma inspirar-se em Einstein e também em Darwin, cujo pensamento científico denota a estrutura conjectural que ele tanto valoriza. A base ética do pensamento popperiano assenta-se na compreensão dos limites do conhecimento humano, de sua fragilidade, e da absoluta falta de condições de se estabelecer um critério de verdade. O principal alvo das críticas de Popper, neste sentido, são os pensadores da Escola de Frankfurt, sobretudo Adorno e Habermas. No campo da epistemologia, principalmente, o pensamento de Popper não deixou de produzir reações críticas.

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