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Presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo Ministro da Educação e Cultura Eduardo Mattos Portella Secretário-Geral João Guilherme de Aragão Secretária de Ensino de 1º e 2º Graus Zilma Gomes Parente de Barros MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA SECRETARIA DE ENSINO DE 1º E 2º GRAUS CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL — Edição do Aluno - AS TENTATIVAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO NO SÉCULO XIX Elaboração de: Maria Amélia Azevêdo Goldberg Adalberto Marson Flávio Venâncio Luizetto Izabel Andrade Marson Maria Cristina Zanetti Luizetto Maria Ligia Coelho Prado Regina Helena Zerbini Denigres Sandra Maria Zákia Lian Sousa FASCÍCULO BRASILIA - 1980 CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL (série Ensino regular, 6 - ed. do professor) Fase. 1 - A escravidão negra na Colônia (série Ensino regular, 3) Fase. 2 — A extinção do tráfico de escravos no século XIX (série Ensino regular, 4) Fase. 3 - As tentativas de industrialização no século XIX (série Ensino regular, 5) Ê proibida a reprodução total ou parcial deste livro, salvo com autorização da Secretaria de Ensino de 1º e 2º Graus do Ministério da Educação e Cultura, detentora dos direitos autorais. Foram depositados cinco exemplares deste volume no Conselho Nacional de Direitos Auto- rais e cinco exemplares na Biblioteca Nacional. Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Ensino de 1? e 2? Graus. Controvérsias na história do Brasil: as tentativas de indus- trialização no século XIX; edição do aluno por Maria Amé- lia Azevedo Goldberg, Adalberto Marson, Flávio Venâncio Luizetto, Izabel Andrade Marson, Maria Cristina Zanetti Luizetto, Maria Ligia Coelho Prado, Regina Helena Zerbini Denigres e Sandra Maria Zákia Lian Sousa. Brasília, 1980. V. 3. (série Ensino regular, 5). APRESENTAÇÃO De uma forma ou de outra, alunos e professores estão preocupados com a escola de 2º Grau dos anos 80. Há vários níveis de preocupação. Há os que se limitam a denunciar as defi- ciências desse nível de ensino, seja numa perspectiva estritamente psicopedagó- gica, seja numa perspectiva rnais ampla de natureza sócio-política. Há os que sonham um tanto idílicamente, seja com a volta a um passado não muito remoto, seja com a escola do futuro, radicalmente distinta da que hoje existe. Finalmente existem aqueles que se preocupam com a transformação do que existe e fazem propostas concretas de aperfeiçoamento da escola de 2º Grau. O presente programa instrucional se insere nesta última linha de preocupa- ções. Sua importância decorre das decisões básicas que orientaram sua elaboração: - um Programa que procura tratar temas controversos de História do Brasil; - um Programa que não tem a pretensão de ser um "pacote autoritário" no qual o papel dos alunos e professores esteja completamente definido; - um Programa que pretende ser flexível. Suas unidades não têm uma ordem pré fixada e nem tão pouco esgotam to- das as possíveis controvérsias da História do Brasil. Cada professor, em sua escola poderá fazer a sua unidade, sobre um tema controverso que domine bem. Todas essas decisões refletem um compromisso básico com dois princípios: 1º) o de que é fundamental fazer com que o aluno de 2º Grau aprenda a pensar: 2º) o de que essa aprendizagem é uma tarefa cooperativa da qual alunos e professores deverão participar. Os materiais instrucionais poderão mostrar um caminho: não poderão jamais ter a pretensão de serem o caminho, descoberto por uma equipe de iluminados especialistas e, conseqüentemente, válidos para todos os alunos e todos os profes- sores. Esse é o grande mérito do presente Programa, elaborado pelo Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas (São Paulo) com o patro- cínio da Secretaria de Ensino de 1º e 2º Graus do Ministério da Educação e Cul- tura, que hoje se divulga. Inova sem deixar de ser modesto. Desafia sem deixar de oferecer uma res- posta. Esperemos que ele traga em si a boa semente... ZILMA GOMES PARENTE DE BARROS Secretária de Ensino de lºe 2º Graus MEC/SEPS - "CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL" FASCÍCULO GABARITO - QUADRO-SÍNTESE "X" DA CONTROVÉRSIA - houve industrialização ou apenas surto industrial - razões do fracasso nas tentativas de industrialização: — falta de protecionismo ou mercado consumidor restrito — oposição entre interesses agrários e industriais ou vinculação entre os dois setores (sendo o capital oriundo do café um fator essencial para a indústria) — efeitos das crises financeiras ou as limitações de uma economia agrária voltada para o mercado externo (situação tipicamente colonial e depen- dente) MEC/SEPS - "CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL" FASCÍCULO GABARITO - QUESTIONÁRIO N? 2 1 - A inexistência da industrialização antes de 1850 é justificada por duas razões: a) as proibições que pesavam sobre a produção manufatureira desde o século XVIII; b) o peso dos tratados comerciais que prendiam tanto o Brasil quanto Por- tugal à Inglaterra e que tornavam a produção industrial desinteressante. 2 - São apresentados os seguintes fatores para explicar o desenvolvimento indus- trial na segunda metade do século XIX; a) tranqüilidade na política interna representada pela maioridade e a pre- sença forte de Caxias; b) aparecimento de homens progressistas e empreendedores, capazes de per- ceber as novas possibilidades econômicas (exemplo: Mauá); c) as rupturas, embora lentas, dos acordos comerciais que nos prendiam à Grã-Bretanha. 3 - Na perspectiva do autor, os fatores externos isoladamente não representam uma condição essencial para o nosso desenvolvimento industrial; estes (no caso, os tratados com a Inglaterra) aparecem associados aos fatores internos, sem os quais não haveria condições para o desenvolvimento da industriali- zação no Brasil. 4 - Mauá representou um momento decisivo da nossa história econômica pois foi capaz de entender as possibilidades de sua época e de promover inicia- tivas que deram início ao desenvolvimento industrial. MEC/SEPS - "CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL" FASCÍCULO GABARITO - QUESTIONÁRIO N? 4 1 - Os fatores responsáveis pelas transformações na economia brasileira da segun- da metade do século XIX forarn: a) os capitais disponíveis com a extinção do tráfico negreiro; b) as medidas de incentivo do governo imperial, como a Tarifa Alves Branco (1844), aumentando as taxas alfandegárias da maior parte dos produtos importados; c) a expansão da lavoura cafeeira que incentivava a construção de rodovias e ferrovias e a criação de bancos, caixas econômicas, etc. 2 - As tarifas protecionistas provocaram uma alta nos produtos industriais impor- tados, tornando o preço dos produtos industriais nacionais rnais competitivos. Tal situação incentivou o mercado consumidor interno a comprar produtos brasileiros. 3 - A falência das indústria (inclusive as de Mauá) é justificada da seguinte forma: a) a maioria da população brasileira não tinha condições de adquirir os artigos que eram aqui produzidos; b) a revisão e redução das Tarifas Alves Branco provocaram uma baixa nos preços dos produtos importados; c) as crises financeiras na Europa e Estados Unidos provocaram uma baixa do preço do café e, conseqüentemente, a ruína de várias empresas urbanas. Em relação ao texto anterior a explicação é rnais completa, porque introduz a noção de que a maior parte da população brasileira não tinha condições de adquirir os artigos produzidos pelas indústrias nacionais. 4 — Não, para o autor não há oposição entre interesses agrários e atividades urba- nas; a expansão das lavouras cafeeiras incentivou a criação de bancos, estra- das, etc. MEC/SEPS - "CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DOBRASIL" FASCÍCULO GABARITO - QUESTIONÁRIO N? 1 1 A cidade do Rio de Janeiro se dedica especialmente a atividades comerciais e a cidade européia, além destas, apresenta, também, atividades industriais. Utilizaram-se os seguintes elementos visuais: - na cidade do Rio de Janeiro a atividade comercial pode ser notada pela presença de navios ancorados e numerosos armazéns. - na cidade européia além da atividade comercial, identificada pela presença de armazéns e navios (a vela e a vapor) ancorados, pode ser notada a ativi- dade industrial pela presença de numerosas fábricas com suas chaminés fumegantes. 2 - Há diferenças. A cidade do Rio de Janeiro é um centro comercial, importante porto exportador de café; a cidade européia, além de centro comercial, consti- tui-se também em centro industrial. Note-se que, na época, na região do Rio de Janeiro predominam as atividades agrárias e na Europa há um intenso desenvolvimento industrial. 3 - A FIGURA n° 3 nos indica que: - o local é amplo, comportando várias máquinas movidas mecanicamente e grande número de trabalhadores (repare que são todos crianças); - os trabalhadores estão concentrados num local e todos realizam ao mesmo tempo uma etapa da tarefa de produção; - a mão-de-obra utilizada é numerosa e provavelmente livre e assalariada. A FIGURA nº 4 nos indica que: - o local é pequeno, não há máquinas, a força de trabalho utilizada é manual e não mecânica, o produto é provavelmente vendido na própria oficina; — o número de trabalhadores é muito reduzido e provavelmente não há di- visão da tarefas; — a mão-de-obra utilizada é escrava. 4 — A atividade artesanal é a da FIGURA 4 e a atividade industrial é a da FI- GURA 3. MEC/SEPS - "CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL" FASCÍCULO GABARITO - QUESTIONÁRIO N? 3 1 — A política econômica levada a efeito por D. João VI é apontada como o prin- cipal fator que contribuiu para a industrialização do Brasil na primeira me- tade do século XIX. Podemos destacar as seguintes determinações desta polí- tica: a) abolição das medidas que restringiam a atividade fabril; b) estímulo ao consumo de tecidos brasileiros pelas tropas; c) isenção alfandegária para a exportação de produtos aqui fabricados e para a importação de máquinas e matérias-primas; d) contratação de técnicos, auxílios financeiros e privilégios tributários às fábricas. 2 - O autor atribui grande importância aos acordos comerciais realizados com a Inglaterra. Considera que os produtos ingleses impediam a industrialização brasileira, pois eram favorecidos pelos tratados comerciais (1810 e 1826/ 1827) e assim faziam concorrência ao produto nacional. 3 - São introduzidos os seguintes elementos novos: a) a questão das tarifas protecionistas (especialmente a Tarifa Alves Branco); b) a extinção do tráfico negreiro que liberou capitais para serem investidos na indústria; c) os grandes lucros (públicos e privados) provenientes das exportações de café, que também poderiam ser investidos na indústria. 4 - É salientado, como principal fator responsável pela ruína de Mauá, a redução das tarifas de importação, além de uma crise financeira geral. 5 — Os grupos envolvidos na questão do protecionismo alfandegário são: a) os grupos agrários e comerciais contrários ao protecionismo alfandegário; b) os grupos industriais favoráveis ao protecionismo. O autor apresenta uma oposição de interesses entre os dois grupos: o primei- ro, interessado na importação; e o segundo, preocupado com a concorrência estrangeira. MEC/SEPS - "CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL" FASCÍCULO GABARITO - QUESTIONÁRIO N° 5 1 — Não houve condições para a industrialização no Brasil, até o final do século XDC, pelas seguintes razões: a) escassez de capitais, aplicados, na época, na compra de escravos e na pro- dução agrícola; b) mercado consumidor reduzido (baixo poder aquisitivo da maioria da po- pulação); c) tendência para a auto-suficiência por parte dos pequenos proprietários imigrantes do sul do país. 2 — O autor faz uma distinção entre mercado de consumo popular e mercado de consumo da classe alta; este era abastecido por produtos importados; en- quanto que o primeiro, somente no final do século XIX, se constituiu num mercado para certas indústrias nacionais (têxtil e alimentícia). 3 — O fator fundamental são os capitais acumulados através do comércio expor- tador de café. 4 - As tarifas alfandegárias, durante todo o século XIX e parte do século XX, são fruto das necessidades do Tesouro Nacional, e não, resultado de uma política deliberadamente industrializante. 5 - O texto apresenta os seguintes elementos que contrariam explicações ante- riores: a) não houve condições para a industrialização no Brasil até meados do século XIX e "o primeiro surto industrial só ocorreu, efetivamente, no começo da República"; b) nem sempre houve oposição entre os interesses agrários e os interesses industriais: "os capitais fornecidos pelo comércio do café permitiram o início da indústria brasileira"... "e até 1940 a indústria não se opunha à importação de certos artigos consumidos pelas classes altas"; c) as tarifas alfandegárias não foram responsáveis diretamente pelo desen- volvimento industrial, são apenas um elemento, que às vezes, contribuiu para um surto industrial: "Durante muito tempo, as tarifas protecio- nistas que irão permitir a sobrevivência da indústria nacional, decorreram rnais da necessidade do Tesouro que de uma política de industrialização"; d) o acúmulo de capitais provenientes da exportação do café na segunda metade do século XIX é um dos fatores fundamentais para o início da industrialização: "Serão os capitais fornecidos pelo comércio externo do café que irão permitir o início da indústria brasileira, de produtos para o consumo popular"; e) a falta de mercado consumidor interno não foi o maior obstáculo à indus- trialização: "O mercado era muito restrito" (mas também) "... havia falta de meios de pagamento, e a permanência do traballio escravo ainda não permitia uma passagem do artesanato e da manufatura para um processo real de industrialização"; f) a falência de Mauá deve ser entendida no contexto maior de sua época, isto é, as condições econômicas, sociais e políticas do Brasil Império: (Ver todo o parágrafo que começa: "A segunda metade... até ... industria- lização"). MEC/SEPS - "CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL" FASCÍCULO GABARITO - QUESTIONÁRIO N? 6 1 — O texto atribui pequena importância às iniciativas de Mauá, apresentadas ape- nas como surto industrial pois não alteraram o quadro de dependência da nossa economia. 2 — Não houve crescimento de uma indústria nacional no século XIX por dois mo- tivos: a) o Brasil possuia ainda na segunda metade do século XIX uma estrutura sócio-econômica herdada da época colonial cujas bases eram o trabalho escravo e a produção de matérias-primas e produtos primários para expor- tação; b) o mercado interno não era suficientemente desenvolvido para comportar o surgimento de uma indústria nacional. 3 — Os dois textos se complementam na medida em que ambos partem da mesma idéia, isto é, da impossibilidade do desenvolvimento industrial brasileiro até o final do século XIX, em razão da situação sócio-econômica da época. S U M A R I O • Nosso Recado 7 • Roteiro A: "EIS A QUESTÃO" 9 • Roteiro B: "E ELES RESPONDERAM!" 25 • Roteiro C: "MAS OUTROS CRITICARAM" 43 • Roteiro D: "E AGORA É SUA VEZ!" 53 NOSSO RECADO é breve! Estamos preocupados com o que você, aluno de 2º grau, tem aprendido sobre a História do Brasil. Por isso, elaboramos um Programa de estudos, denomi- nado Controvérsias na História do Brasil. O que é uma controvérsia? É um tema parao qual os especialistas dão interpretações diversas e — até certo ponto - antagônicas e conflitantes. A finalidade principal do Programa é mostrar a você que: 1º — a História do Brasil tem uma série de pontos que estão longe de serem pací- ficos; 2º — esses pontos vêm sendo objeto de discussão-crítica, por parte dos estudiosos; 3º — você pode e deve participar dessa discussão porque a História do Brasil lhe pertence: é sua História, também. Para atingir essa finalidade, o Programa foi organizado de forma a compre- ender os três FASCÍCULOS seguintes: n° 1 — A Escravidão Negra na Colônia nº 2 - A Extinção do Tráfico de escravos no Século XIX nº 3 - As tentativas de industrialização no Século XIX. Como se vê, cada um deles trata de um tema essencial mas controverso, da História do Brasil. Embora sejam independentes entre si, os FASCÍCULOS foram numerados em seqüência, por se referirem respectivamente aos três períodos principais de nossa História: COLÔNIA - IMPÉRIO - REPÚBLICA. Isto quer dizer que, para estudar o FASCÍCULO nº 2, é preciso conhecer o tema do nº 1, e, para o caso do nº 3, conhecer os temas do n 1 e nº 2. É bom saber que em História damos muito valor à localização dos acontecimentos e das mudanças no tempo. Por isso, precisamos sempre relacionar o tema estudado a um conjunto de situações anteriores que ajudam a compreendê-lo melhor. Em cada FASCÍCULO, você encontrará quatro ROTEIROS DE ESTUDO: ROTEIRO A - "Eis a questão!" Nele você familiarizar-se-á com a pergunta que está na origem da controvér- sia. ROTEIRO B - "E eles responderam!" Nesse roteiro, você vai ver como ''eles" (isto é, os estudiosos da História do Brasil) responderam de maneira diversa à questão levantada produzindo as dife- rentes alternativas de resposta que estão no próprio núcleo da controvérsia. ROTEIRO C - "Mas outros criticaram!" Aqui você vai ver como o núcleo da controvérsia se amplia, através da intro- dução de um elemento novo: a crítica dos historiadores que fizeram o "balanço" das respostas dadas e que avaliaram o peso das mesmas. ROTEIRO D - "E agora é sua vez!" Nesse roteiro você terá, finalmente, a oportunidade de externar seu ponto- de-vista, de se colocar pessoalmente face à controvérsia e de defender suas posi- ções. Como porém toda controvérsia pede DISCUSSÃO, os quatro Roteiros de Estudo são preparatórios a um "FORUM DE DEBATES", isto é, a uma aula de discussão com a classe toda, na qual, sob a orientação do professor, todos terão a oportunidade de expor seus pontos-de-vista e de argumentar na defesa dos mes- mos. Como o próprio nome indica um ROTEIRO DE ESTUDO é um "guia", capaz de orientar o caminho da aprendizagem a ser percorrido por você, traba- lhando sozinho, de preferência. Se, porém, não se dispuser a cumprir todas as tarefas previstas em cada Roteiro não haverá caminho da aprendizagem para você. Nosso recado termina, lembrando-lhe os versos que dizem: "Caminhante, Não há caminho, Se faz o caminho Ao andar!..." ROTEIRO A "EIS A QUESTÃO!" PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA ! O QUE É PARA FAZER 1 - OBSERVAR atentamente: • as FIGURAS nº 1 e 2 que retratam a vida urbana no Século XDC na Europa e no Brasil; • as FIGURAS nº 3 e 4 que apresentam o interior de dois ambientes de trabalho, respectivamente uma indústria loca- lizada na Inglaterra e uma oficina de sapateiro na cidade do Rio de Janeiro. 2 - LER com cuidado a BREVE NOTICIA que está no verso de cada figura: elas dizem alguma coisa sobre o Autor das mesmas, sobre a OBRA de que forarn retiradas e sobre a época a que se referem. 3 - RESPONDER com muita atenção o QUESTIONÁRIO nº 1 que vem após as figuras: ele permitirá a você refletir sobre a situação da indús- tria na Europa e no Brasil no Século XIX. 4 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS recorrendo ao GABARITO que seu professor possui. 5 - MEDITAR um pouco sobre a QUESTÃO-GERADORA da controvérsia que você vai estudar neste FASCÍCULO. O B S E R V A R FIGURA 1 : "O PORTO E AS FÁBRICAS" Fonte: Eric J. Hobsbawm, "A Era das Revoluções" (1779-1848), Ed. Paz e Terra, 1977, Rio de Janeiro, pág. 90/91). L E R BREVE NOTICIA O Autor: T. A. Prior. A Obra: Não forarn encontradas informações. A Época: Primeira metade do Século XIX. A Figura: Vista do princípio da era industrial na Europa: a fumaça do progresso paira sobre as fábricas e armazéns, invadindo os campos vizinhos en- quanto que os navios a vela são ancorados lado a lado com os primeiros vapores. (Retirado de Eric J. Hobsbawnn, A Era das Revoluções (1789-1848), Ed. Paz e Terra, 1977, Rio de Janeiro, p. 90-91). O B S E R V A R FIGURA 2: VISTA DO PORTO E DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO (1890) Fonte: "Conhecer", fascículo 37, São Paulo, Abril Cultural, 1977, pág. 299. L E R BREVE NOTÍCIA O Autor: Não foram encontradas informações. A Época: Final do Século XIX. A Figura: Vista do porto e da cidade do Rio de Janeiro, centro político e admi- nistrativo, importante porto exportador de café. O número de habitantes nesta época (1890) era de 450.000 habitantes. (Retirada de: Conhecer, fascículo 37, São Paulo, Abril Cultural, 1977, p. 299). O B S E R V A R FIGURA 3: INTERIOR DE UMA OFICINA INGLESA EM 1858 Fonte: Delgado de Carvalho, "História Geral - Civilização Contemporânea" - Vol. IV, Distrib. Record, s.d., págs. 288-289. L E R BREVE NOTÍCIA O Autor: Não foram encontradas informações. A Época: 1858. A Figura: Apresenta o interior de uma oficina funcionando na Inglaterra em 1858. Note-se: o emprego da força mecánica e sua transmissão por meio de faixas de couro em rotação; e o número de trabalhadores concentra- dos no local. (Arquivo Bettmann). (Retirado de Delgado de Carvalho, História Geral - Civilização Contem- porânea - vol. IX, Distrib. Record, s.d., p. 288-289). O B S E R V A R FIGURA 4: "LOJA DE SAPATEIRO" Fonte: J.B. Debret (Biblioteca Municipal de São Paulo) L E R BREVE NOTICIA O Autor: João Batista Debret (1768-1848). Nasceu em Paris e estudou arte com o célebre pintor francês, David. Após a queda de Napoleão, na Europa, desiludido com a situação polí- tica francesa e abatido com a morte do filho único, aceitou o convite de Lebraton para vir ao Brasil. Chegando aqui, em 1816, aos 48 anos, dedicou-se ao ensino de pintura. Seus trabalhos dessa época retrataram cenas do cotidiano, especialmente da cidade do Rio de Janeiro, que se transformaram em documentos valiosíssimos para o conhecimento da realidade brasileira da primeira metade do Século XIX. Voltou a Paris em 1831, onde faleceu em 1848. A Obra: Sua obra rnais importante, Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (que inclui a Gravura n? 3), mostra através de 156 estampas, cenas do Rio de Janeiro e dos quatro Estados do sul que visitou. Compõe-se de 3 volumes: 1 — o primeiro descreve a vida e costumes dos índios; 2 - o segundo apresenta cenas minuciosas da vida diária da sociedade brasileira; 3 - 0 terceiro refere-se, especificamente ao Rio de Janeiro: além de retratos da família imperial e de personalidades, retrata a fauna e a flora. A Época: Primeira metade do Século XIX. A Figura: Apresenta o interior de uma loja de sapateiros da cidade do Rio de Ja- neiro. Note-se: os instrumentos utilizados e o emprego da mão-de-obra escra- va. R E S P O N D E R QUESTIONÁRIO Nº 1 Observando atentamente as FIGURAS nº 1 e 2 e lendo a BREVE NOTÍCIA que as acompanha, responda: 1 — A que atividades econômicas podemos dizer que essas cidades se dedicam? Que elementos visuais você utilizou para chegar a essa conclusão? 2 — A partir dessa observação e das informações que acompanham as figuras, você considera que há diferenças entre essas duascidades? E qual seria a origem dessas diferenças? Observe atentamente as FIGURAS nº 3 e 4 e leia a BREVE NOTÍCIA que as acompanha: 3 - Para cada uma das figuras descreva: - as principais características do local; - como é realizado o trabalho; - qual a mão-de-obra utilizada. Esforce-se por não ser um "mero copista": escreva seus próprios comentários. 4 - A partir dessas características apontadas qual seria a atividade artesanal e qual a atividade industrial? Complete A ATIVIDADE ARTESANAL É A DA FIGURA A ATIVIDADE INDUSTRIAL É A DA FIGURA C O N F E R I R ACERTOS E ERROS Solicite a seu professor o GABARITO do QUESTIONÁRIO n° 1. Confira suas respostas. Se tiver errado alguma pergunta, procure entender bem porque errou. Se tiver alguma dúvida, procure seu professor. Guarde depois seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍCULO. M E D I T A R "QUESTÃO-GERADORA" POR QUE FRACASSARAM AS TENTATIVAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL NO SÉCULO XIX? ROTEIRO B "E ELES RESPONDERAM!" PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA ! O QUE É PARA FAZER 1 - LER cuidadosamente o TEXTO nº 1. 2 - VERIFICAR o significado dos TERMOS DIFÍCEIS e que estão no rodapé. 3 - RESPONDER ao QUESTIONÁRIO nº 2 que vem após o texto. 4 - CONFERIR os ACERTOS e ERROS através do GABARITO do professor. 5 - IMPORTANTE: repetir essas operações para cada um dos textos. LER TEXTO N? 1 "A indústria propriamente dita, só começou a desenvolver-se na segunda me- tade do Século XDC. No princípio daquela centúria1 houve iniciativas governamentais de organi- zar-se empresas metalúrgicas em São Paulo e Minas, tendo D. João contratado téc- nicos alemães (Varnhagen, pai do historiador, e Eschwege) para organizarem essa importante iniciativa. Mas o fato é que o Brasil, como Portugal, preso à Inglaterra por tratados de comércio, somente rnais tarde teria condições de desenvolver-se industrialmente. O Tratado de 1810 era uma herança pesada e desinteressante. Dos tempos coloniais vinham-nos proibições como a de fabricar sabão (Al- vará de 5 de fevereiro de 1767), a de haver manufaturas no Brasil (Aviso Régio de 5 de janeiro de 1785) e a que impedia que os governadores recebessem em audiência pessoas cujas roupas não fossem feitas de pano importado de Portugal (Ordem Régia de 5 de junho de 1802) etc. De 1850 em diante as coisas vão tomando outro sentido. A tranqüilidade que ia se implantando à medida que o Imperador crescia em idade e em poder, a pre- sença de um homem forte como Caxias, e, logo rnais, o aparecimento de um vulto empreendedor e progressista como Mauá, capaz de entender o sentido social da riqueza e de promover iniciativas beneficiadoras do bem público e do povo, as rup- turas, embora lentas, dos liames que nos prendiam à Grã-Bretanha, tudo isso ense- jaria ao Brasil um passo firme na rota do progresso". (...) "Mauá encarna um momento decisivo da nossa história econômica." V E R I F I C A R 1 Centúria = século RESPONDER QUESTIONÁRIO Nº 2 1 - Como o texto justifica a inexistência da industrialização antes de 1850? 2 — Que fatores são apresentados para explicar o desenvolvimento da indústria na segunda metade do Século XIX? 3 — Na perspectiva do autor qual o peso dos fatores externos? 4 - Qual o papel assumido por Mauá nesse contexto? C O N F E R I R Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIO n? 2, a seu professor. Verifique seus ACERTOS e ERROS. No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res- posta certa. Se tiver dúvidas recorra a seu professor. Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ- CULO. L E R TEXTO N? 2 "Como a política econômica inaugurada pelo príncipe D. João, logo após sua chegada em 1808, teve início o processo brasileiro de industrialização. Foi, real- mente, através de certos aspectos dessa política e do movimento de criação de fá- bricas que eles provocaram, que o país abandonou o quase anti-industrialismo colonial e iniciou a série de "arrancadas" com que chegou à situação industrial de hoje. A 1? de abril de 1808, D. João abolia as posturas1 restritivas de atividade fabril, principalmente o alvará de 1785, que proibira as manufaturas2 de tecidos. Posteriormente, seriam tomadas, no interesse da indústria, diversas providências governamentais, como o estímulo ao consumo de tecidos nacionais pelas tropas; a isenção alfandegária para a exportação de produtos fabricados no país e a impor- tação de máquinas e matérias-primas; a contratação de técnicos, e a concessão de privilégios tributários3 e auxílios financeiros às fábricas. Dentre os empreendimentos industriais patrocinados, então, pelo governo, devem-se destacar, por sua especial importância, três experiências pioneiras no campo da siderurgia: V E R I F I C A R 1 posturas: são as medidas tomadas pelos governos ou autoridades municipais, estabelecendo regras c normas de procedimento que devem ser rigorosamente cumpridas. 2 manufaturas: formas de produção em que há uma especialização do trabalho, de acordo com as várias etapas de realização de uma atividade, com a utilização de máquinas rudimentares. mas ainda movidas pela força humana. 3 privilégios tributários: significam a isenção ou diminuição do pagamento ao governo de cer- tos tributos, impostos ou taxas, o que possibilitará uma diminuição de gastos para os indiví- duos ligados a essas atividades privilegiadas. a Fábrica Patriótica, estabelecimento particular, instalado pelo alemão Von Esch- wege, nas proximidades de Congonhas do Campo (MG), e onde, em 1812, pela primeira vez, no Brasil, se obteve o ferro fundido; a Real Fábrica do Morro de Gaspar Soares, situada na localidade hoje conhecida como Morro do Pilar (MG), e que, sob a direção do brasileiro Manuel Ferreira da Cámara Bittencourt e Sá (o Intendente Cámara), produziu, em 1814, o primeiro ferro gusa4 conseguido no país; a Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, próxima a Sorocaba (SP). cuja produção efetiva se iniciou, em 1815, orientada pelo coronel alemão Frede- rico Varnhagen. Tais fábricas tiveram, no entanto, duração efêmera, o mesmo acontecendo com a maioria das outras que surgiram nessa ocasião. É que, ao lado do estímulo governamental, atuavam empecilhos de natureza vária, sobressaindo-se, entre eles a concorrência dos produtos ingleses, cuja importação, a baixo preço, era favo- recida pelos tratados de 1810. Renovados, em 1826/1827, por exigência británica, em face do reconheci- mento da Independência, esses tratados seguiram, ao longo da primeira metade do Século XIX, exercendo sua influência impeditiva da industrialização do país. Este, em 1849, possuía, ao todo, 35 fábricas. A segunda "arrancada" industrialista brasileira ocorreu a partir de 1850 e se deveu, basicamente, a dois fatores: o surgimento da Tarifa Alves Branco, elevando o preço das mercadorias importadas, e a extinção do tráfico negreiro, liberando os amplos capitais que se empregavam na importação de escravos. Não se pode, por outro lado, desligar o fenômeno das grandes rendas públicas e particulares oriundas das já intensas exportações de café. A fase então iniciada era de euforia empresarial. Intensificava-se o surgimento de firmas dos vários ramos: comércio, atividade bancária, transportes urbanos, fer- rovias, navegação, seguros e serviços públicos, entre outros. Crescia paralelamente o número dos estabelecimentos industriais. Ocorria o que os especialistas têm cha- mado de "era Mauá". Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), Barão e Visconde de Mauá, iniciou a vida como caixeiro de casa comercial, no Rio de Janeiro, e, nessa condição, veio a ser empregado de uma firma inglesa, da qual acabou por se tornarsócio, adqui- V E R I F I C A R 4 ferro gusa: ferro já fundido mas ainda puro. rindo considerável fortuna e assimilando a mentalidade capitalista britânica. Via- jando pela Inglaterra, empolgou-se pela Revolução Industrial, cujo espírito tomou a peito difundir no Brasil. Em 1845, adquiriu os velhos estaleiros da Ponta da Areia, próximo a Niterói, reformando-os e fazendo-os funcionarem a partir do ano seguinte, como um grande centro de fundição e construção naval. Ali se fabricavam tubos para água e gás, cal- deiras, guindastes, engenhos e canhões, e se construíram, em 11 anos, mais de 70 navios, quase todos a vapor. Em pouco tempo, seus empreendimentos iam muito além, incluindo bancos, companhias de navegação, empresas de serviços públicos (bondes, iluminação, gás, etc.) e fazendas, bem como a Estrada de Ferro Mauá, e operavam negócios no Brasil, Inglaterra, França, Estados Unidos e países platinos. Apesar de poderoso, esse império financeiro veio a ruir, vitimado por reduções das tarifas de importa- ção e por uma crise financeira de caráter geral. Negando-se o governo a ajudá-lo, ainda que com um empréstimo, Mauá faliu, em 1878. Reabilitado, após pagar a quase totalidade de suas dívidas, ele reiniciava suas atividades, quando de sua morte, em 1889. Sua obra, no entanto, não se limitara a seus próprios empreendimentos e atitudes pioneiras. Havia estimulado e financiado realizações alheias, públicas e particulares, como a Estrada União e Indústria, várias estradas de ferro e a ligação telegráfica com a Europa. Havia, sobretudo, contribuído com seu exemplo, para ampliar os quadros do empresariado nacional e para infundir-lhe autoconfiança e combatividade. A expansão em número e o crescimento em autoconfiança e combatividade permitiram, no caso dos industriais, um melhor aproveitamento das oportunidades de progresso e condições de relativo sucesso na luta pelo protecionismo alfande- gário5, contra o qual se levantavam, já no Império e mais ainda, na República Velha, os meios agrários e comerciais, interessados nas importações. Com isso, o crescimento industrial brasileiro, apesar de não apresentar índices espetaculares tornou-se constante e progressivo". ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS SURGIDOS ENTRE 1850 E 1910 Período 1850/1859 1860/1869 1870/1879 N? 24 54 125 Período 1880/1889 1890/1899 1900/1909 N? 398 924 2.438 V E R I F I C A R 5 protecionismo alfandegário: medida tomada pelo governo que aumenta as taxas sobre os produtos importados, as quais se tornam rnais caras para o consumidor. Há um estímulo para a produção nacional que fíca rnais protegida da conferência externa. (Ver, no texto, a Tarifa Alves Branco). R E S P O N D E R QUESTIONÁRIO Nº 3 1 - Que fatores contribuiram para o processo de industrialização na primeira me- tade do Século XIX? 2 - Qual a importância atribuída aos acordos comerciais realizados com a Ingla- terra? 3 — Baseando-se no que foi apresentado anteriormente, que novos elementos são introduzidos para a compreensão da industrialização no Brasil a partir de 1850? 4 - Por que ocorreu a falência do poderoso imperio de Mauá? 5 — Quais os grupos econômicos envolvidos na questão do protecionismo alfande- gário? Havia uma oposição entre eles? C O N F E R I R Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIO n? 3, a seu professor. Verifique seus ACERTOS e ERROS. No caso de ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res- posta certa. Se tiver dúvidas, recorra a seu professor. Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ- CULO. L E R TEXTO N? 3 "A cidade do Rio de Janeiro transformava-se, assim como outras regiões do Imperio também. Criavam-se bancos, caixas econômicas, empresas industriais. Surgiam companhias de navegação a vapor, companhias de seguro e companhias de gás. Crescia o número de transportes urbanos, enquanto a rede ferroviária se ampliava." (...) "Mas como foram possíveis tantas transformações em tão pouco tempo? Um dos nomes rnais importantes ligados ao crescimento das atividades ur- banas, em meados do Século passado, é o de Irineu Evangelista de Sousa, barão e visconde de Mauá. Em sua Autobiografia (relato da própria vida), ele nos explica uma das ra- zões deste desenvolvimento: Acompanhei com vivo interesse a solução desse grave problema [a ex- tinção do tráfico negreiro]. Compreendi que o contrabando não podia reer- guer-se, desde que a "vontade nacional" estava ao lado do ministério que decretava a supressão do tráfico. Reunir os capitais que se viam repentina- mente deslocados do ilícito comércio e fazê-los convergir a um centro onde pudessem ir alimentar as forças produtivas do país, foi o pensamento que me surgiu na mente, ao ter a certeza de que aquele fato era irrevogável. Mas a proteção dada pelo governo do Império, a muitos dos empreendimen- tos, também foi muito importante. Aumentando as taxas alfandegárias da maior parte dos artigos importados, a Tarifa Alves Branco (1844) incentivava a população brasileira a consumir os artigos produzidos aqui, que se tornavam rnais baratos. A expansão do café também incentivava o surgimento dessas atividades. Para exportar o café era preciso que as estradas fossem melhoradas, que fossem construí- das rodovias e ferrovias. Os bancos e as caixas econômicas serviam para emprestar aos fazendeiros o dinheiro de que necessitavam para a plantação de novos cafezais. Os capitais disponíveis desde a extinção do tráfico negreiro, as medidas de incentivo do governo imperial (como a Tarifa Alves Branco) e a expansão da lavoura cafeeira criaram as condições para o surgimento de atividades econômicas novas nas cidades brasileiras, em meados do Século passado. O barão de Mauá, o conde de Figueiredo e o conde de Leopoldina forarn al- guns dos que se dedicaram à criação de indústrias, bancos, ferrovias e outros empre- endimentos. Muitos destes empreendimentos, todavia, tiveram pequena duração. A maior parte das fábricas faliu, porque a maioria da população não tinha condições de adquirir os artigos que produziam. Quando a Tarifa Alves Branco foi revista, os produtos estrangeiros, sobretudo os ingleses, baixaram de preço, e voltaram a ter a preferência dos consumidores brasileiros. A economia brasileira dependia da alta ou baixa do preço do café nos Estados Unidos e na Europa. Em 1857 e 1864 houve crise (dificuldades) econômicas nessas regiões. Isto provocou a baixa do preço do café e a ruína de várias empresas urba- nas no Brasil." R E S P O N D E R QUESTIONÁRIO Nº 4 1 - Quais os fatores responsáveis pelas transformações na economia brasileira da segunda metade do Século XIX? 2 - Por que razão o protecionismo alfandegário era tão importante para a sobre- vivência das indústrias nacionais? Qual o efeito sobre o mercado consumidor? 3 - Como é explicada a falência das indústrias (as de Mauá, inclusive)? A explica- ção dada é rnais completa do que a estudada anteriormente? 4 - Segundo o texto, havia oposição entre interesses agrários e atividades urba- nas? C O N F E R I R Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIO nº 4 a seu professor. Verifique seus ACERTOS e ERROS. No caso de ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res- posta certa. Se tiver dúvidas recorra a seu professor. Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ- CULO. ROTEIRO C "MAS OUTROS CRITICARAM" PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA ! O QUE É PARA FAZER 1 - LER o TEXTO nº 4 com toda atenção. 2 - VERIFICAR o significado dos TERMOS DIFÍCEIS que se encontra expli- cado no rodapé. 3 - RESPONDER o QUESTIONÁRIO nº 5 ele conduzirá você ao levantamento de críticas a algumas respostas,apresentadas à QUESTÃO- GERADORA que você está estudando. 4 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO que está com seu professor. 5 - IMPORTANTE: repetir essas operações para o TEXTO nº 5. L E R TEXTO N? 4 "Durante todo o período colonial e até a Abolição do tráfico africano (1850), não houve condições para a industrialização, embora se continue a ter notícias de pequenas manufaturas de existência efêmera, para um mercado local. Os capitais existentes estavam aplicados em escravos e na produção agrícola. Era extremamente reduzido o mercado consumidor - os escravos não tinham capacidade aquisitiva e a população livre não contava com recursos muito maiores. Os imigrantes, atraídos para a colonização do sul do país, formavam núcleos de pequenos proprietários que, inicialmente, procuraram ser auto-suficientes. A mão-de-obra conhecida era a mão- de-obra escrava, cada vez rnais insuficiente, em número e qualidade, para a expansão das fazendas de café. O mercado consumidor dos produtos agrícolas brasileiros era constituído pelos países da Europa e depois, os Estados Unidos, de onde a classe alta importava os produtos industrializados de que tinha necessidade. Serão os capitais fornecidos pelo comércio exterior do café que irão permitir o início da indústria brasileira, de produtos para o consumo popular. A segunda metade do Século XIX teve uma aparência de prosperidade, por causa da aceleração com que ocorreram algumas transformações econômicas e so- ciais. Antes de rnais nada. o tráfico de escravos fora extinto, diversificando as apli- cações de capital existente. Apesar dessas mudanças todas, e do aparecimento, de um empresário indus- trial como o Visconde de Mauá. com iniciativa nos setores bancário, ferroviário, industrial e de melhoramentos urbanos, ainda era a ordem agrária que determinava a orientação política. Defendia-se a importação de produtos industriais. O mercado era muito restrito, havia falta de meios de pagamento e a permanência do trabalho escravo ainda não permitia uma passagem do artesanato e de manufaturas esparsas para um processo real de industrialização1. Como é possível verificar ao se estudar a história das cidades brasileiras, o primeiro surto de industrialização ocorreu, nas principais, nos primeiros anos da República. O movimento fabril avolumou-se rnais no Distrito Federal que em São Paulo, mas também em Recife e Porto Alegre. Eram indústrias de alimentação e de te- cidos, criadas principalmente para satisfazer o consumo interno. A mão-de-obra livre, composta, depois de 1888, de imigrantes europeus, antigos escravos e a baixa classe média urbana, constituíam agora um mercado interno que era preciso suprir. Nas cidades, rnais os imigrantes que os antigos escravos, passaram a formar uma nova classe — o proletariado ou a mão-de-obra das indústrias. Durante muito tempo, as tarifas protecionistas, que irão permitir a sobrevi- vência da indústria nacional, decorreram rnais de necessidades do Tesouro que de uma política de industrialização. Até 1940, a indústria brasileira não se opôs às importações pois servia uma classe social diferente da que consumia artigos impor- tados. A indústria brasileira produzia artigos de consumo popular, de qualidade inferior aos que eram importados para a classe alta". V E R I F I C A R artesanato: forma de produção onde todas as etapas são realizadas manualmente pela mesma pessoa que possui os instrumentos de trabalho. manufatura: existe uma maior especialização em relação ao artesanato; há introdução de máquinas, mas a energia é ainda humana. indústria: forma de produção que se baseia na divisão do trabalho, no uso da máquina e da força mecânica e no trabalho assalariado. R E S P O N D E R QUESTIONÁRIO Nº 5 1 - Por que não houve condições para a industrialização no Brasil até o final do Século XIX? 2 — Qual a posição do autor quanto ao problema do mercado consumidor interno de produtos industrializados, no final do Século XIX? 3 - Qual o fator fundamental responsável pelo início do processo de industrializa- ção nacional? 4 — As tarifas alfandegárias correspondem a uma política industrializante por par- te do governo brasileiro no Século XIX? 5 - Através de que elementos o texto contraria as explicações anteriores (TEX- TOS n9 1, 2 e 3)? Para cada elemento identificado mostrar o trecho do TEX- TO n°4 a que corresponde. Solicite a seu professor o GABARITO do QUESTIONÁRIO n9 5. Verifique seus ACERTOS e ERROS. No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res- posta certa. Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ- CULO. C O N F E R I R L E R TEXTO Nº 5 "O Brasil possuía ainda uma estrutura sócio-econômica herdada da época co- lonial, cujas bases estavam assentadas no trabalho escravo e na exportação de ma- térias-primas e produtos primários para os grandes centros consumidores europeus; além disso, o mercado interno ainda não era suficientemente desenvolvido para comportar o surgimento e o crescimento de uma indústria nacional. Mesmo as ini- ciativas de Mauá não representaram rnais do que um surto industrial, não chegando a alterar os quadros de dependência que caracterizavam a nossa economia." R E S P O N D E R QUESTIONÁRIO Nº 6 1 - Que importância é atribuída às iniciativas de Mauá? 2 — Por que não houve crescimento de uma indústria nacional no Século XIX? 3 - Existe uma complementação entre os dois textos (4 e 5)? Em caso afirmativo de que modo se dá essa complementação? Solicite a seu professor o GABARITO do QUESTIONÁRIO nº 6 Verifique seus ACERTOS e ERROS. No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res- posta certa. Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ- CULO. C O N F E R I R ROTEIRO D " E AGORA É SUA VEZ! " PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA ! 0 QUE É PARA FAZER 1 - PREENCHER 2 - CONFERIR o QUADRO-SÍNTESE ele permitirá a você construir um "mapa" de todas as respostas que já foram dadas à QUES- TÃO-GERADORA e de suas respectivas críticas. Permitirá principalmente identificar com toda clareza onde está o X da controvérsia isto é, quais as respostas que conflitam com as outras e porque. seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO em poder de seu professor. 3 - TOMAR POSIÇÃO face à controvérsia, isto é, decidir-se por esta ou aque- la resposta à QUESTÃO-GERADORA e acumular ar- gumentos para defendê-la rnais tarde. P R E E N C H E R QU ES TÃ O- GE RA DO RA : Po rq ue fra ca ss ar am as te nt at iv as de in du str ia liz aç ão n o Br as il n o Sé cu lo X IX ? QU AD RO -SÍ NT ES E: O M A PA D A CO NT RO VÉ RS IA C O N F E R I R Solicite o GABARITO do QUADRO-SÍNTESE a seu professor. Verifique seus ACERTOS e ERROS. No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res- posta certa. Se tiver dúvidas recorra a seu professor. Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ- CULO. TOMAR POSIÇÃO Analise bem o QUADRO-SÍNTESE tal como você o preencheu e corrigiu depois: A - Pensando bastante no que você indicou como sendo o "X da controvérsia" B — Fazendo um bom balanço das respostas dadas à QUESTÃO-GERADORA e respectivas críticas. Selecione a seguir aquela que você acha ser a resposta rnais adequada à QUES- TÃO-GERADORA e indique-a na página seguinte. Imagine depois que você está num tribunal e que precisará defender a "sua" resposta. Relacione, na página seguinte, o maior número possível de argumentos em defesa dessa "sua" posição."Minha" posição ou minha" resposta à QUESTÃO-GERADORA da contro- vérsia. Argumentos a favor da "minha" posição. EM TEMPO! Agora que você chegou a um ponto de vista pessoal sobre a controvérsia prepare-se para defendê-lo no "FORUM DE DEBATES" do qual irá participar com a classe toda e conforme orientação a ser dada por seu professor. S A N - ARTES GRÁFICAS LTDA CLS-414 - BI. C - Ljs. 09/15 - Brasília-DF Fones: 243-0206 - 243- 3996