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Descrição da mostra avaliação da educação rural básica no Nordeste brasileiro relatório técnico n 3, 1982

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Prévia do material em texto

CONVÊNIO 
SECRETARIA DE ENSINO DE 1º E 2º GRAUS/MEC 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FUNDAÇÃO CEARENSE DE PESQUISA E CULTURA 
PARTICIPAÇÃO; FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS 
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO RURAL BASICA 
NO NORDESTE BRASILEIRO 
DESCRIÇÃO DA MOSTRA 
RELATÓRIO TÉCNICO N° 3 
1 9 8 2 
EQUIPE TÉCNICA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
ANGELA TERESINHA. DE SOUZA THERRIEN 
HELENA MARIA DE SOUZA FERREIRA 
JACQUES THERRIEN 
MARIA CONSUELO LINS DE MATOS 
MARIA LÚCIA LOPES DALLAGO 
MEIRECELE CALÍOPE LEITINHO SOARES 
RAIMUNDO HÉLIO LEITE - COORDENADOR 
ROSEMARY CONTI FURTADO 
SILENE BARROCAS TAVARES 
EQUIPE DE PROCESSAMENTO DE DADOS 
JOÃO BATISTA POMES FERREIRA NETO 
ROBERTO CLÁUDIO FROTA BEZERRA 
EQUIPE DE APOIO 
ANA NERY BEZERRA PARÁ 
ENÓE DE JESUS CUNHA MORAES 
ÍNDICE 
1. INTRODUÇÃO - 01 
2. APRESENTAÇÃO DAS CARACTERISTICAS - 03 
2.1, ESCOLA - 03 
2.2, PROFESSOR - 09 
2.3, ALUNOS - 16 
2.4. FAMÍLIA - 22 
TABELAS 
01 - Categoria do proprietário das escolas da amostra por Estado e tipo 
de programa. 1981. - 04 
02 - Dependência administrativa das escolas da amostra, por tipo de pro 
grama. 1981. - 08 
03 - Professores da amostra por tipo de programa e sexo, segundo o Esta 
do. 1981. - ll 
04 - Idade mediana dos professores da amostra nor tipo de programa se-
gundo o Estado. 1981 - 12 
05 - Nível educacional dos professores da amostra por Estado e tipo de 
programa. 1981. - 13 
06 - Mediana, Média e Desvio padrão de anos de serviços dos professores 
da amostra por tipo de programa, segundo os Estados. 1981 - 14 
07 - Alunos da amostra por tipo de programa e série, segundo o Estado. 
1981. - 17 
08 - Distribuição dos alunos da amostra, por tipo de programa e série , 
segundo o sexo. 1981 - 18 
09 - Idade media dos alunos por Estado e tipo de programa,segundo a se-
rie. 1981 - 20 
10 - Tamanho das familias por Estado,tipo de programa e série.1981 - 23 
11 - Tipo de atividade das familias por Estado, tipo de programa e se-
rie. 1981 - 25. 
12 - Renda mensal das familias por Estado,tipo de programa e serie.1981 
- 26. 
1. INTRODUÇÃO 
O presente relatório reúne as características encontra-
das na amostra que resultam da etapa final da avaliação da edu-
cação básica do Nordeste brasileiro. Enquanto os relatórios an-
teriores deram conta do "acesso e eficiência na escola rural" e 
da "descrição do trabalho cie campo ", este faz, agora, uma apre-
sentação das características elementares da escola, da professo_ 
ra, do aluno e da familia. 
Esta descrição da amostra pretende apenas destacar os 
traços distintos de cada um destes elementos, não so nos níveis 
de: Estado (Piauí, Ceara e Pernambuco); Município (beneficiados 
pelo programa EDURURAL e por OUTROS tipos de programa; e Series 
(2a. e 4a. series do 1º grau), como também no nível geral da 
amostra. 
Este relatório objetiva: a) dar uma visão abrangente das 
unidades centrais de avaliação, destacando algumas caracterís-
ticas consideradas relevantes; b) formular questões para poste-
rior analise. 
As unidades em estudo são: 
Escola: propriedade e dependência administrativa; 
Professor: sexo, idade, tempo de serviço e nível educa-
cional; 
Aluno: sexo e idade; 
Família: tamanho, tipo de atividade econômica e renda. 
A análise destes traços, acrescidos de características 
mais especificas, ira permitir a determinação de perfis históri_ 
cos da escola, da professora, do aluno e da familia, que consti_ 
tuirão objeto do próximo relatório. 
2. APRESENTAÇÃO DAS CARACTERISTICAS 
2,1. ESCOLA 
Participaram da amostra 603 escolas. Como se pode obser 
var na Tabela 1, 407 escolas (67%) estão situadas em municípios 
incluídos no programa EDURURAL, sendo 129 (32%) do Piauí , 168 
(41%) do Ceará e 110 (27%) de Pernambuco. As escolas restantes, 
ou seja, 196 (33%), estão assim distribuídas: Piauí, 48 (25%) 
Ceará, 81 (41%) e Pernambuco, 67 (34%). 
Numa configuração genérica desta amostra, levando em con 
sideração o proprietário da escola, observou-se que, no total 
de 407 escolas dos municípios assistidos pelo EDURURAL, o Muni-
cípio detém o maior numero de prédios escolares, sendo proprie-
tário da 200 unidades, que perfazem 49% da amostra. 
A predominância de prédios municipais, observada entre 
as escolas assistidas pelo EDURURAL, evidencia a gradativa exe-
cução da política nacional de municipalização do ensino, signi-
ficando esta política, a organização deste ensino pelas prefei-
turas municipais às quais são atribuídos os encargos de criar , 
planejar, supervisionar e avaliar as atividades administrativas 
e técnico-pedagógicas da rede de escolas do município. 
Anísio Teixeira defendia esta politica, desde a década 
de 30, por ver na municipalização da escola primária [assistida 
técnica e financeiramente pelo Estado e União) o meio eficaz pa 
ra o enraizamento desta n ao meio local e sua identificação com 
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os hábitos e costumes da comunidades. 
A assistência técnica e financeira do Estado e União , 
proposta por Anísio, deveria exercer-se através da atuação dire 
ta dos técnicos, pela formação de professores e por medidas le-
gais que, respeitando as características regionais, asseguras-
sem, todavia, a unidade nacional no processo de educação e im-
pedisse disparidades aberrantes entre comunidades mais pobres e 
mais ricas. Esta municipalização representava para aquele educa 
dor um ato político de profundo bom senso, que se impunha pela 
necessidade de ser expressada o confiança no país e nos seus ci 
dadãos e na efetivação de princípio democrático de divisão do 
poder, capaz de impedir estrangulamentos centralizadores. A mu-
nicipalização, nesta perspectiva, e algo desejável e necessário 
ã consolidação do sistema de ensino. 
Pode-se ainda observar que, entre as escolas assistidas 
pelo EDURURAL, a professora figura em segundo lugar como "pro-
prietária" de escolas, com 127 unidades. Este fato ilustra uma 
situação existente no meio rural, onde grande quantidade de es-
colas funcionam na própria residência da professora, ensejando 
com isto a mobilidade ou desaparecimento de escolas com possí-
vel perda da continuidade dos estudos dos alunos e do conseqüen-
te registro dos seus dados escolares. Esta circunstância pode 
resultar, entre outros, de fatores políticos ligados a indica-
ção de professores e da carência de prédios escolares publicas 
para absorver o atendimento educacional das comunidades. Por ou_ 
tro lado, o funcionamento de escolas na casa da professora cons 
titui uma medida de baixo investimento econômico-financeira. Da 
ponto de vista educacional inúmeras questões envolvem esta pro-
blemática tais como: que razões de fato subjazem a estaprática? 
ual o tempo efetivo de estudo-aprendizagem do aluno diante do 
desdobramento das funções da professora como "secretária", "me-
rendeira", e dona de casa? Se a professora atua em classe mul-
tisseriada, o problema não assumira proporções mais amplas? Es-
tas escolas são estáveis ou têm existência eventual? Este e cer 
tamente um procedimento que requer estudos mais profundos e 
abrangentes, para que se possa ter uma idéia mais precisa dos 
efeitos dessa medida no processo educacional. 
Observou-se, também, quanto a este item, que no Estado 
do Ceará há maior número de escolas, funcionando na casa da pro_ 
fessora do que em Pernambuco e no Piauí", suscitando, esse fato, 
a necessidade de uma investigação mais acurada. 
O maior númerode prédios escolares do Município foi ob 
servado entre as 196 escolas que integraram a amostra dos OUTROS 
municípios. Neste grupo, encontram-se 120 escolas municipais 
(61%), confirmando o que se observou com relação á política na-
cional de municipalização do ensino de 19 grau. Verifica-se , 
também, neste grupo, a mesma situação do grupo anterior, onde a 
professora é a segunda maior "proprietária" de prédio escolar, 
funcionando em sua residência 34 escolas, isto é, 17% desta amos 
tra. 
0 Estado, a União, a Igreja e particulares aparecem com 
menor índice de representatividade entra os proprietários de es_ 
colas do meio rural. Observou-se, todavia, que, no Piauí, per-
tencem ao Governo estadual 40 prédios (23%) do total de sua 
amostra de 177 escolas, configurando o Estado como o segundo ma 
ior proprietário de prédios escolares, naquela Unidade da Fede-
ração. Este fato poderia estar gerando possíveis efeitos no pro_ 
cesso educacional de modo a merecer uma análise comparativa en-
tre escolas municipais e escolas estaduais, que fornecesse, tal 
vez, elementos relevantes acerca da validade ou não da política 
de municipalização do ensino no meio rural. 
Considerando, enfim, a amostra global, o Município de-
tém a propriedade de 320 (53%) das R03 escolas, sendo seguido pe 
la casa da professora com 151, ou seja 27%. 
A Tabela 2 expressa a distribuição das escolas segundo 
a dependência administrativa. 
Das 603 escolas que integraram a amostra, 524 C 87%} es_ 
tão sob a dependência administrativa do Município. Comparando-
-se estes resultados com os dados relativos ã propriedade de 
prédios escolares, evidencia-se uma maior ênfase da municipali-
zação com relação á administração do ensino. 
Continuando a análise por Estado, mas incluindo as cate 
gorias EDURURAL e OUTROS, esta situação não se altera. As esco-
las assistidas pelo EDURURAL, sob a dependência administrativa 
do Município, estão assim representadas: em Pernambuco,90%, no 
Piauí, 66% e, no Ceará, 95. Nos municípios não atingidos pelo 
EDURURAL, há também a preponderância da municipalização, tendo 
o Piauí 79%, o Ceará 94% e Pernambuco 100% da3 suas escolas as-
sistidas administrativamente pelo Município. 
A partir destes dados, pode-se evidenciar a implanta-
ção da municipalização do ensino, operacionalizando a política 
educacional do Estado para o Município, conforme previsto no 
Parágrafo Único do artigo 58 da Lei 5692/71. Na forma como está 
sendo executada requer exame, por faltar ao Município a autono-
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mia financeira imprescindível, para criar e manter os mecanismos 
de ação necessários ao desenvolvimento da educação. A municipa-
lização só será, pois, efetiva, quando for atribuída aos municí-
pios autonomia em termos de definição de prioridades e meios ne 
cessários á consecução das mesmas. Em face disso, fazem-se aqui 
os seguintes questionamentos: 
a) A política de municipalização adotada pelo Governo é 
viável em termos de fins e meios?; b) os municípios têm suporte 
financeiro para arcar com o ônus dessa descentralização?;c) não 
estaria esta municipalização permitindo a existência de salá-
rios muito baixos nas regiões mais carentes, ou possibilitando 
formas de admissão da professorado em condições tão precárias 
que dariam ao magistério rural uma configuração de trabalho tem 
porário, sem vínculo empregatício, condizente com a legislação 
em vigor?; d) a precariedade da assistência técnica do Estado , 
não seria um dos fatores que estaria ensejando jornadas de aula 
muito reduzidas, impossibilitamdo a aprendizagem?; e) a transfe_ 
rência da responsabilidade educacional do Estado para o Municí-
pio, sem haver o suporte necessário, não estaria sendo uma omis 
são do poder publico Estadual e da União? 
2,2, PROFESSOR 
Participaram da amostra 807 professores. Do Estado do Pi_ 
auí, responderam ao questionário 250 professores, sendo que 175 
deles exercem sua ação nos municípios incluídos no EDURURAL e 
75 em municípios com OUTROS Programas. No Estado do Ceará, de 
300 professores, 137 lecionam nos municípios atendidos pelo EDU 
RURAL e 103 em municípios com OUTROS Programas. Em Pernambuco 
a amostra foi de 257 professores, sendo 164 de escolas dos muni_ 
cípios, incluidos no EDURURAL, e 33 de escolas de municípios in 
cluídos noutros programas. 
Foram escolhidas para serem discutidas quatro caracte-
rísticas consideradas mais expressivas: "sexo", "idade", "nível 
educacional" e "tempo de magistério". A distribuição da primei-
ra dessas características está na Tabela 3 e, neste particular, 
os dados demonstraram a presença, quase que total, da mão-de-
-obra feminina no magistério de 1º grau entre os professores obs 
três Estados, independentemente. O sexo masculina aparece mais 
representado no Estado do Piauí, em municípios incluídos na EDU 
RURAL. Algumas questões podem ser colocadas: 
Que fatores estariam favorecendo a predominância do se-
xo feminino no magistério de 1º grau nO meio rural? Que efeitos 
essa predominância poderia estar causando na formação e no ní-
vel de aprendizagem do aluno? Estariam as mulheres do meio ru-
ral alcançando mais alto nível de escolaridade que os homens , 
determinando esse fenômeno educativo? E a questão salarial? De 
que forma o índice salarial poderia ser responsabilizado por 
essa situação? São questionamentos que sugerem estudos que per-
mitirão uma analise mais sociológica do problema, possibilitan-
do uma discussão ampla da política de formação de recursos huma 
nos, bem como um dimensionamento mais objetivo da questão sala-
rial e da questão cultura/processo educativo no meio rural. 
A presença masculina no magistério do Estado do Piauí , 
também é um fenômeno que merece estuda mais aprofundado para es_ 
clarecimento das causas e dos efeitos do mesmo no processo edu-
cacional . 
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A c a r a c t e r í s t i c a " i d a d e " acha-se r e p r e s e n t a d a nos dados 
da Tabe la 4 a b a i x o : 
TABELA 4 - Idade mediana dos professôres da amostra por t ipo de programa , 
segundo o Estado. 1981. 
As m e d i a n a s de i d a d e dos p r o f e s s o r e s d e s s e s E s t a d o s não 
e v i d e n c i a m d i f e r e n ç a s m a r c a n t e s . O b s e r v a - s e que v a r i a m d e 2 5 
a 30 a n o s , a p a r e c e n d o nos m u n i c í p i o s não i n c l u í d o s no EDURURAL, 
e n q u a n t o q u e , nos m u n i c í p i o s a s s i s t i d o s p e l o P r o g r a m a , a i d a d e 
é p r a t i c a m e n t e a mesma. 
A T a b e l a 5 d i s t r i b u i o s p r o f e s s o r e s d a a m o s t r a , s e g u n d o 
o " n í v e l e d u c a c i o n a l " . V e r i f i c a - s e , e m p r i m e i r o l u g a r , que u m 
g r a n d e c o n t i n g e n t e d e p r o f e s s o r a s s e c o n c e n t r a n a 4 a . S é r i e ( 3 1 % ) . 
Comparados os m u n i c í p i o s e t o m a n d o - s e como base a s u a 
i n c l u s ã o ou não no EDURURAL, v ê - s e q u e , nos n ã o - i n c l u í d o s no 
p r o g r a m a , h á m a i o r c o n c e n t r a ç ã o nas s é r i e s que vão d a 5 a . a B a . 
( 3 6 % ) , 2º g r a u c o m p l e t o (31 % ) , e n q u a n t o q u e , nos m u n i c í p i o s aten_ 
d id o s p e l o EDURURAL, h á m a i o r i n c i d ê n c i a d e c a s o s numa e s c o l a r i 
dade a t é a 4 a . s é r i e ( 3 8 , 3 % ) , d e s t e s 31% e s t ã o c u r s a n d o a 4 a . 
s é r i e . 
Pe rnambuco s e d e s t a c a p o r a p r e s e n t a r uma m a i o r f r e q ü ê n -
c i a a c u m u l a d a de p r o f e s s o r e s que c u r s a r a m o 2 º g r a u , i n d e p e n d e n -
t e m e n t e d o t i p o d e p r o g r a m a . Foram a i n d a i d e n t i f i c a d o s p r o f e s -
s o r e s que e s t ã o c u r s a n d o ou c u r s a r a m o 3 º g r a u . O C e a r á , p o r sua 
E S T A D O S 
PIAUÍ 
CEARA 
PERNAMBUCO 
I D A D E 
EDURURAL 
28,35 
27,56 
28,83 
M E D I A N A 
OUTROS 
30,33 
25,31 
28,29 
v e z , a p r e s e n t a a l t a i n c i d ê n c i a de p r o f e s s o r e s que so possuem es_ 
c o l a r i d a d e a t e a 4 a . s é r i e ( 5 0 , 5 % ) , no caso dos m u n i c i p i o s i n -
c l u í d o s no EDURURAL; nos m u n i c i p i o s não a t e n d i d o s pe lo p rog rama, 
a f r e q ü ê n c i a é ma io r (51%) , no i n t e r v a l o de 5 a . ã 8 a . s e r i e . 
P e r c e b e - s e , p o i s , que os p r o f e s s o r e s dos m u n i c i p i o s não 
i n c l u í d o s no EDURURAL apresentam um í n d i c e ma io r de e s c o l a r i d a -
d e , va lendo d e s t a c a r o Estado de Pernambuco com o ma io r p e r c e n -
t u a l d e p r o f e s s o r e s que t i v e r a m o p o r t u n i d a d e s e d u c a c i o n a i s a c i -
ma do encon t rado nos demais E s t a d o s . 
F i n a l m e n t e , v a l e r e s s a l t a r que a m a i o r i a dos p r o f e s s o -
res da amost ra não consegu iu chegar ao 2º g r a u , n í v e l que os qua 
l i f i c a r i a p r o f i s s i o n a l m e n t e para os suas funções d o c e n t e s . 
TABELA 6 - Mediana, Média e Desvio padrão de anos de serviços dos professo-
res da amostra por t ipo de programa, segundo os Estados. 1981. 
Quanto aos anos de s e r v i ç o dos p r o f e s s o r e s , a Tabe la 6 
e v i d e n c i a que as medianas mais e levadas se encont ram nos E s t a -
dos do P i a u í e Ceará , embora a d i f e r e n ç a desses do i s Estados pa 
ra o Estado de Pernambuco não s e j a s u b s t a n c i a l . 
Comparando-se os dados dos t r ê s E s t a d o s , segundo as ca -
t e g o r i a s EDURURAL e OUTROS, o b s e r v a - s e que a mediana de anos de 
s e r v i ç o dos p r o f e s s o r e s do P i a u í é ma io r nos m u n i c í p i o s que não 
es tão i n c l u í d a s na EDURURAL. No Ceará e em Pernambuco, os p r o -
F S T A P 1 
PIAUÍ 
CEARÁ 
PERNAMBUCO 
A N O S D E S E R V I Ç O S 
E D U R U R A L O U T R O S 
u med. S u med. S 
8,0 5,23 8,0 8,0 6,05 6,5 
7,0 5,00 5,5 8,0 4,81 7,0 
7,5 4,40 7,4 7,0 4,38 6,0 
f e s s o r e s têm m e d i a n a s d e a n o s d e s e r v i ç o m a i s e l e v a d a s , nos mu-
n i c i p i o s i n c l u í d o s no EDURURAL. 
A m e d i a n a de a n o s de s e r v i ç o dos p r o f e s s o r e s , t o m a d a co 
m o c a r a c t e r í s t i c a n e s t e e s t u d o , p o d e r á s e r a n a l i s a d a sob d o i s 
a s p e c t o s : o v a l o r d a e x p e r i ê n c i a p r o f i s s i o n a l d e u m p r o f e s s o r 
com m a i o r tempo d e s e r v i ç o , p a r a l i d a r com c r i a n ç a s d e f a i x a s 
e t á r i a s d i f e r e n t e s , l e c i o n a r e m c l a s s e s m u l t i s s e r i a d a s , com ma-
t e r i a l d i d á t i c o d i v e r s i f i c a d o ; p o r o u t r o l a d o , p o d e r - s e - i a c o n -
s i d e r a r a p o s s i b i l i d a d e d e uma m a i o r m o t i v a ç ã o , m a i s d i n a m i s m o 
e uma m e l h o r a t u a l i z a ç ã o p r o f i s s i o n a l p o r p a r t e d o s p r o f e s s o r e s 
com menor tempo d e s e r v i ç o , E s s a c a r a c t e r í s t i c a p o d e r i a e n t ã o 
s e r m e l h o r e s c l a r e c i d a a p a r t i r d a s s u a s r e l a ç õ e s com o t i p o d e 
a t i v i d a d e s que o p r o f e s s o r r e a l i z a e m c l a s s e , t i p o d e d e v e r e s 
d e c a s a q u e p a s s a p a r a o a l u n o , modo como p r e p a r a a s a u l a s a 
o u t r a s v a r i á v e i s d o q u e s t i o n á r i o d o p r o f e s s o r . 
Que f a t o r e s e x p l i c a r i a m e s s a m e d i a n a d e tempo d e s e r v i -
ç o t ã o b a i x a ? E s s e f a t o e s t a r i a l i g a d o ã e x p a n s ã o d a r e d e e s c o -
l a r nos m u n i c í p i o s , a c a r r e t a n d o a n e c e s s i d a d e d e c o n t r a t a ç ã o d e 
p r o f e s s o r e s , p r e f e r i n d o - s e o s m a i s j o v e n s , p o r t e r e m e l e s u m 
m e l h o r n í v e l d e e s c o l a r i z a ç ã o ? E s t a r i a m o s p r o f e s s o r e s m a i s a n -
t i g o s d e s i s t i n d o d o e x e r c í c i o d o m a g i s t é r i o , e m f u n ç ã o d a s d i f i 
c u l d a d e s s e n t i d a s e m t e r m o d e c o n d i ç õ e s d e t r a b a l h o , t i p o d e 
v í n c u l o e m p r e g a t í c i o , s a l á r i o , a c ú m u l o d e r e s p o n s a b i l i d a d e s , a c a r 
r e t a n d o - l h e s o c a n s a ç o e o d e s e s t í m u l o ? E s t a r i a a c o n t r a t a ç ã o do 
p r o f e s s o r v i n c u l a d a a i n t e r e s s e s p o l í t i c o s , o c a s i o n a n d o a i n s t a 
b i l i d a d e d o p r o f i s s i o n a l , com s u b s t i t u i ç õ e s p e r i ó d i c a s , a m e r c ê 
d a mudança d e c a r g o s n a s i n s t i t u i ç õ e s m u n i c i p a i s ? 0 b a i x o s a l á -
r i o d a z o n a r u r a l não p r o v o c a r i a aumen to d e f l u x o d o p r o f e s s o r 
em busca da melhores condições econômico-financeiras? 
De forma global, a amostra selecionada revela que o pro 
fessor apresenta as seguintes características nos três Estados 
e nos dois tipos da programas: "sexo": feminino; "nível educa-
cional"; entre a 4a. e Ba. série; "tempo mediano de serviço" : 
8 anos; e "idade mediana": 28 anos. 
2,3, ALUNOS 
Integraram a amostra 7.041 alunos, de 2a. e 4a. séries, 
dos três Estados, sendo 2.085 do Piauí, 1.737 do Ceará e 3.219 
de Pernambuco. 
Destes estudantes, 5.108 (73%) são de 2a. série e 1.933 
(27%), de 4a. série. A Tabela 7 apresenta um resumo geral da 
amostra. Para uma configuração genérica desta amostra,escolheu-
-se o "sexo" e "idade" dos alunos. 
A Tabela 8 demonstra a distribuição dos alunos por "se** 
xo", segundo as categorias EDURURAL e OUTROS. 
Pelos resultados apresentados nesta tabela, observa-se 
que o sexo "feminino" lidera o alunado com 4.312 alunos (62%) , 
enquanto o sexo "masculino" está representado por 2..710 (38%)da 
amostra. 
Este resultado provoca uma série de indagações: a) Te-
riam as meninas melhores condições para a escolaridade do que 
os meninos?; b) Estariam os pais mais interessados na escolari-
zação das meninas do que na dos meninos, preferindou utiliza-los 
como força de trabalho?; c) Nesse caso, estariam os meninos acom 
panhando o s p a i s nas f r e n t e s d a " E m e r g ê n c i a " c r i a d a s e m d e c o r -
r ê n c i a d a s e c a ? O u e l e s t r a b a l h a r i a m p e r m a n e n t e m e n t e ? E s t a s e 
o u t r a s q u e s t õ e s são s u g e r i d a s a p a r t i r d e s t e s d a d o s . 
C o n s i d e r a n d o as c a t e g o r i a s EDURURAL e OUTROS, e n c o n t r a -
- s e também a p r e d o m i n â n c i a do sexo " f e m i n i n o " nos d o i s g r u p o s . 
E n t r e o s 4 . 5 4 6 a l u n o s d e e s c o l a s dos m u n i c í p i o s a s s i s t i d o s p e l o 
EDURURAL, 2 . 7 7 1 (61 %) são do sexo " f e m i n i n o " , 1 . 7 6 6 ( 3 9 % ) , d o se 
x o " m a s c u l i n o " . D o g r u p o d e 2 . 4 9 5 a l u n o s d e e s c o l a s dos m u n i c i -
p i o s que não e s t ã o no EDURURAL,1 .540 (62%) são " m e n i n a s " e 969 
{38%) , " m e n i n o s " . 
E n f o c a n d o - s e n a a n á l i s e a d i s t r i b u i ç ã o p o r s e r i e , c o n f i _ 
g u r a - s e o s e g u i n t e : s o b r e o t o t a l d e a l u n o s m a t r i c u l a d o s nas 
2 a s . s é r i e s , 41% são do sexo " m a s c u l i n o " e 56% do " f e m i n i n o " 
E n t r e o s m a t r i c u l a d o s nas 4 a s . s e r i e s , 31% p e r t e n c e m a o s e x o 
" m a s c u l i n o " e 68% ao " f e m i n i n o " . 
E s t e s ú l t i m o s d a d o s r e v e l a m q u e , a l ém d e uma p r e d o m i n â n 
c i a de a l u n a s nas s é r i e s em q u e s t ã o 1 , e s t á h a v e n d o também um 
c r e s c e n t e aumento d o c o n t i n g e n t e f e m i n i n o n a 4 a . s é r i e , q u e c o n -
t a com 68% c o n t r a 58% das 2 a s . s é r i e s . A r e l e v â n c i a d e s t e f a t o 
chama a a t e n ç ã o p a r a a b u s c a de f a t o r e s c a u s a d o r e s d e s s a ocor— 
r ê n c i a . E s s e s dados nos p e r m i t e m t e c e r a l g u m a s c o n s i d e r a ç õ e s , 
como: o que e s t a r i a p r o v o c a n d o a p r e d o m i n â n c i a do sexo f e m i n i n o 
n a e s c o l a ? e s s a s i t u a ç ã o , s e p e r d u r a r , t r a r á c o n s e q ü ê n c i a s n a 
d i v i s ã o d e t r a b a l h o p r o v o c a n d o , t a l v e z , mudanças nos p a p é i s s o -
c i a i s dos d o i s s e x o s n o me io r u r a l ? 
Passemos ã a n á l i s e d a s e g u n d a c a r a c t e r í s t i c a d a a m o s t r a 
d e a l u n o s : a " i d a d e " . 
P e l a T a b e l a 9 , d i s c r i m i n a d a p o r " s é r i e " e E s t a d o , s e g u n -
do as c a t e g o r i a s de m u n i c í p i o s a s s i s t i d o s pe lo EDURURAL e o u t r o s 
p rog ramas , pode-se o b s e r v a r que a i dade média de 4 a . s e r i e é de 
1 4 , 2 e 14 ,5 anos , r e s p e c t i v a m e n t e , nos m u n i c í p i o s i n c l u í d o s e 
nos não i n c l u í d o s no EDURURAL. 
TABELA 9 - Idade média dos alunos por Estado e t i po de programa, segundo a 
sé r ie . 1981. 
Observando-se a amost ra por E s t a d o , v e r i f i c a - s e que , em 
bora o Ceará tenha uma média de 13 anos para os a lunos da 2a .sé 
r i e nas e s c o l a s dos m u n i c í p i o s i n c l u í d o s no EDURURAL, há a t e n -
d ê n c i a ã p rese rvação da média g l o b a l de 12 anos nos demais Es ta 
dos . 
0 i n t e r v a l o de d o i s anos , e n t r e a 2 a . e a 4 a . s é r i e s , é 
observado na amostra de Pernambuco, i ndependen temen te de as e s -
c o l a s se i n c l u í r e m ou não no EDURURAL. No Ceará , e s t a norma se 
exerce na amost ra das esco las dos m u n i c í p i o s que estão f o r a do 
EDURURAL, enquanto q u e , nas e s c o l a s daque les m u n i c í p i o s i n c l u í 
dos no EDURURAL, e v i d e n c i a - s e uma d i s t o r ç ã o f l a g r a n t e : os a l u -
nos têm a mesma média de i dade para a 2a . e 4a . s é r i e s : 13 anos . 
Esse f a t o n e c e s s i t a de e s c l a r e c i m e n t o . 
Na amost ra do P i a u í , c o n s i d e r a n d o - s e i n d i s c r i m i n a d a m e n t e 
as e s c o l a s de m u n i c í p i o s a s s i s t i d o s ou não pe lo EDURURAL, obse r 
v a - s e um i n t e r v a l o de t r ê s anos de uma s é r i e para o u t r a . E s t e fa 
to demonst ra ma io r r e tenção no processo e d u c a c i o n a l , que t a l v e z 
merecesse e s t u d o . 
Numa visão abrangente sobre a idade da totalidade de alu_ 
nos da amostra, evidencia-se que não há diferença relevante en-
tre as médias de idade dos alunos de 2a. e 4a. séries, nas duas 
categorias de municipios. 
Um dado que, todavia, chama a atenção é o fato de mui-
tos alunos chegarem ã 2a. série do 1 º grau, com 12 anos de ida-
de, quando, segundo a legislação em vigor, seu ingresso escolar 
deveria ter ocorrido aos 7 anos. Esta situação revela uma dis-
torção que pode decorrer da inadequação da medida legal ao con-
texto social do meio rural. Embora esta medida seja uma norma 
desejável e necessária, seu uso inadequado pode estar a impedir 
o ingresso de crianças fora da faixa etária legal. 
A existência desta distorção não deve ser encarada como 
necessidade de mudança da medida como solução para o problema; 
esta atitude ocasionaria apenas uma situação cômoda para o sis-
tema, que ficaria isento da responsabilidade de proporcionar 
educação ã população em idade escolar, que é função do Estado e 
direito do povo, segundo nossa Constituição. Outro fator que po_ 
deria estar causando o problema poderia ser a reduzida capacida-
de da rede escolar para absorver o estudante na idade de ingres_ 
so ou, ainda, sua retenção do 1 º para 2º anos. 
Diante dos dados analisados, pode-se caracterizar o con_ 
tingente de alunos da amostra como sendo, predominantemente, do 
sexo feminino e tendo a idade média de 12 anos, na 2a. série, e 
14 na 4a. série. 
2,4. FAMÍLIA 
A descrição das famílias será feita através de três ca-
racterísticas consideradas importantes, para retratar o univer-
so mais amplo com que a criança convive. São as seguintes: o nú 
mero de pessoas que vive na casa do aluno» incluindo ele pró-
prio; a atividade econômica básica do chefe e a renda mensal au_ 
ferida pela família (*). 
A renda mensal familiar foi calculada, tendo por base o 
somatório dos valores das fontes enumeradas, a seguir. 
No caso de a família exercer atividades agrícolas,o va-
lor obtido com a venda da produção a de animais pecuária e/ou 
paquena criação), dividido por doze meses; ganhos mensais prove 
nientes de salários, aposentadoria, aluguéis, trabalho através 
do Plano de Emergência e outros ganhos. Dos chefes de família 
que declararam não trabalhar na agricultura indagou-se o salá-
rio e outros ganhos auferidos por outras fontes. Esses valores 
foram somados . 
Do valor total obtido, calculou-se o número de salários 
mínimos (SM) mensais de que cada família dispunha, na época do 
trabalho da pesquisa de campo (outubro e parte do mês de novem-
bro de 1981). Tomou-se como valor de referência o SM regional 
vigente (período de maio a outubro): Cr$6.712,80 no Piauí e Cea_ 
rá, e Cr$7.128,00 em Pernambuco. 
Através dos dados obtidos, tentou-se determinar a quan-
* Convém lembrar que as 7.041 famílias investigadas referem-se 
a amostra de aluno descrita anteriormente. 
tia em dinheiro de que a família dispunha para efetuar trocas co 
merciais, tendo-se presentes as limitações desse enfoque axclu-
sivamente quantitativo. 
É bom lembrar que a seca que se prolonga no Nordeste ten_ 
de a agravar o quadro de pobreza já existente na região e oca-
siona atipicidade no conjunto da produção e financiamento agrí-
cola, especialmente para os pequenos produtores, com reflexos di_ 
retos sobre a renda e condições de vida. 
Outra limitação decorre do fato de que não foram consi-
derados na formação da renda os recursos oriundos das estraté-
gias de sobrevivência utilizadas pelas populações rurais. Exem-
plos disso podem ser reconhecidos, na medida em que se investi-
gue o número de serviços eventuais prestados pela familia, fora 
do estabelecimento agrícola, durante o ano (empreitas, trabalho 
assalariado, etc); a venda de ovos e frutas; as formas de finan 
ciamento da produção e endividamento no comércio; a utilização 
de serviços públicos e agências particulares para a obtenção de 
assistência [remédios, material escolar, roupas),entre outras. 
Apesar dessas limitações, os dados coletados correspon-
dam aos encontrados em outros estudos, como se vera a seguir. 
A Tabela 10 mostra o tamanho das famílias e indica que 
a maior parte, 3.733 (53%), ê composta de 5 a 8 pessoas,estando 
a mediana em tornode 7 indivíduos por família. A segunda maior 
freqüência corresponde ao intervalo de 9 a 12 pessoas (29%).Is-
so ocorre independentemente do Estado, tipo de "programa"ou "sé_ 
rie". 
A grande maioria das crianças da amostra que freqüentam 
as 2as . e 4as. séries nos três E Itados independentemente do ti-
po de programa, fazem parte de famílias, cuja atividade economi 
ca principal é a agricultura. esse fato, 6.434 famílias (91%) de-
clararam trabalhar na agricultura, enquanto somente 531 [8,6%), 
são chefes de familia que não estão engajados em atividades agrí 
colas (Tabela 11). Embora seguindo a tendência geral, os muni-
cípios pernambucanos não incluídos no EDURURAL apresentam fre-
qüência maior em atividades não-agrícolas, do que os dos outros 
Estados (13,7% e 15%, 2a. e 4a. séries, respectivamente). 
0 estudo das condições monetárias das famílias permite 
confirmar a extrema pobreza a que a população das regiões inves_ 
tigadas está sujeita. Uma parte (25%) não conseguiu ter proven-
tos mensuráveis no decorrer do ano, segundo a metodologia usada 
para o cálculo da renda. Os municípios do Piauí e de Pernambuco 
que estão incluídos no EDURURAL apresentam uma freqüência mais 
alta neste estrato (Piauí: 30% e 26%; Pernambuco: 32% e 27%,2a. 
e 4a. séries, respectivamente) Também estão na mesma situação 
as famílias de alunos de 2as. séries das escolas pernambucanas 
assistidas por OUTROS programas. Daqueles que o fizeram,a maio-
ria não ultrapassou 2 salários mínimos regionais (Cr$13.425,00 
no Piauí e Ceará, e Cr$14.256,00, em Pernambuco), como mostra a 
Tabela 12. Somente 13% das famílias foram além daquele total e, 
desses 16%, 5% (352 famílias) dispunham de uma quantidade que 
lhes permitia atender, razoavelmente ou por completa, ás neces-
sidades básicas. Esta afirmativa justifica-se pela consideração 
de que as famílias da amostra são compostas, na sua maioria,por 
5 ou mais pessoas. 
Comparando-se os Estados entre si, os tipos de progra-
mas e séries, nota-se que há pouca variação em relação ao total 
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geral, embora os municípios cearenses incluídos no EDURURAL con 
centrem a metade dos famílias no estrato que obteve rendo menor 
que 1 salário mínimo regional (52% o 56% na 2a. e 4a. series , 
respectivamente). 
Houve um grande número de chefes de família, nos três 
Estados, que declarou não ter vendido sua produção, ja que não 
havia nada a vender por causa do período prolongado de seca.Por 
outro lado, o fato de alguns estarem trabalhando no Plano da 
Emergência contribuiu, para que o percentual de famílias com me 
nos de 1 salário mínimo aumentasse: o valor pago mensalmente pe_ 
lo trabalho era de Cr$4.050,00, na época. 
Os dados descritos acima vêm confirmar os resultados de 
um estudo realizado por pesquisadores da FIPE-USP quo analisou 
a realidade sócio-econômica brasileira, utilizando dados do cen 
so demográfico de 1970. 0 trabalho revela que, em 1970, "metade 
das famílias brasileiras vivia em estado de 'precária existên-
cia', ou, na miséria, com uma renda inferior a um quarto de sa-
lário mínimo. No Nordeste, as famílias pobres representavam 63% 
do total. E nas zonas rurais, o índice era mais dramático — 
6 0%" (1). 
Esses resultados demonstram que, pelo menos no âmbito 
das áreas pesquisadas, a situação não mudou qualitativamente 
Ao contrário, agravou-se, na medida em que se considera a perda 
real de salário, durante a ultima década. 
( ) Revista "ISTO É", 07.7.82, p. 82 
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A d e s c r i ç ã o das c a r a c t e r í s t i c a s e s c o l h i d a s para t r a ç a r 
um p e r f i l das f a m í l i a s da amost ra p e r m i t e - n o s d i z e r que as e s -
c o l a s i n v e s t i g a d a s têm a lunos de o r i gem predominantemente a g r í -
c o l a , cu jas f a m í l i a s são compostas de 5 a 8 pessoas , s o b r e v i v e n -
do com menos de 2 s a l á r i o s mínimos mensa i s . Es tudos mais d e t a -
lhados de o u t r a s c a r a c t e r í s t i c a s deverão f o r n e c e r i n f o r m a ç õ e s , 
para que esse p e r f i l se e n r i q u e ç a ,

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