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Cobertura viva Confira como foi a execução de um jardim suspenso sobre uma residência em Itu (SP) Por Renato Faria Com a fase de alvenaria já em andamento, o proprietário de uma casa em um condomínio residencial de Itu, interior de São Paulo, decidiu modificar o projeto da cobertura para instalar um "telhado verde" de 160 m². Além de buscar uma solução estética alternativa, a intenção também era proporcionar ao imóvel um melhor isolamento térmico e acústico com a barreira vegetal contra os raios solares. A instalação do sistema utilizado foi realizada em quatro etapas. A primeira, de impermeabilização da laje, exigiu os maiores cuidados na execução, a começar pela especificação do produto. Preferiu-se utilizar membranas de PEAD (Polietileno de Alta Densidade) em vez de mantas e resinas aderentes à laje - temia-se que, no longo prazo, as dilatações e movimentações naturais da estrutura causassem fissuras no produto impermeabilizante. As bordas das camadas de PEAD foram soldadas por termofusão, processo seguido pelo imediato teste de estanqueidade do sistema. A área impermeabilizada passou pelo ensaio das 72 horas de lâmina d'água previsto em norma. Na etapa seguinte foi realizado o posicionamento dos elementos de drenagem. São placas feitas em plástico com resistência suficiente para suportar o peso de pessoas e pequenos Página 1 de 3Revista Téchne 28/08/2010http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/139/imprime105160.asp equipamentos de manutenção. Assemelham-se a bandejas de ovos vazadas, que servem de reservatórios de água para suprir as raízes das plantas do jardim. Furos na parte superior das bandejas permitem que o excesso de água escoe para a membrana impermeabilizante e seja drenada para os ralos nas bordas da laje. A camada para o plantio dos vegetais foi feita em seguida. Não se trata de terra pura. Cerca de 80% de seu volume é composto por material inerte. O restante, por material orgânico - com essa quantidade, a perda de volume de substrato decorrente do processo de decomposição não é tão relevante. Com isso, diminui-se a necessidade de ações de manutenção no jardim. Segundo Sérgio Rocha, diretor técnico do Instituto Cidade Jardim, empresa que executou a cobertura verde, o material possui alta absorção de água. "Cerca de 60% do volume de água fica retido no substrato", afirma Rocha. Completamente saturado, o substrato tem peso específico de cerca de 800 kg/m³. A deposição foi feita com auxílio de caminhão-guindaste, que transportava à cobertura sacos com cerca de 900 kg cada um. Por fim, foram plantados os vegetais. A escolha das espécies foi realizada com muito critério, pois deveriam se adaptar às características climáticas da cobertura. "Apesar de morarmos num país predominantemente tropical, o telhado tem um clima peculiar, mais parecido com o desértico: amplitude térmica alta, que pode variar dos 17ºC aos 70ºC, alta incidência de raios solares e de ventos e drenagem rápida da água das chuvas", explica Rocha. As mudas escolhidas são de origem desértica, importadas da África do Sul. Segundo Rocha, não se encontram no mercado brasileiro espécies de plantas nativas, do cerrado ou da caatinga. De alta capacidade de retenção de água, os vegetais escolhidos pesam aproximadamente 16 kg/m². O jardim atingirá o tamanho e volume final depois de aproximadamente 12 meses, que serão completados no Carnaval de 2009. Não foi realizada uma análise térmica dos cômodos da casa. No entanto, os executores se sustentam em pesquisas acadêmicas que indicam uma redução da amplitude térmica superficial da cobertura - que se refletiriam no conforto térmico interno do imóvel. Telhado verde Carga máxima permitida pelo projeto estrutural: 300 kg/m² Peso atingido pelo sistema: 190 kg/m²* Biomassa: 16 kg/m² Absorção de carbono estimada: 5 kg/m² * já considerando pesos do substrato saturado e biomassa Página 2 de 3Revista Téchne 28/08/2010http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/139/imprime105160.asp Sacos são içados à cobertura por caminhão-guindaste para deposição do substrato Para execução do jardim suspenso, executores optaram por impermeabilização não-aderente à laje Bordas das membranas de polietileno de alta densidade são unidas por termofusão. Teste de estanqueidade é feito imediatamente após o serviço Elementos de drenagem: bandejas vazadas retêm apenas água necessária para suprir raízes das plantas; excesso é escoado por furos no topo dos cones Página 3 de 3Revista Téchne 28/08/2010http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/139/imprime105160.asp
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