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Org. de Politicas da Saúde

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INÍCIO DA SAÚDE NO BRASIL
Profª. Ma. Andréa Cristina de Sousa
Enfermeira
andrea.c.sousa@hotmail.com
 A crise do sistema de saúde no Brasil está presente no nosso dia a dia podendo ser constatada através de fatos amplamente conhecidos e divulgados pela mídia” como :
1- Filas frequentes de pacientes nos serviços de saúde;
2- Falta de leitos hospitalares para atender a demanda da população;
3- Escassez de recursos financeiros, materiais e humanos para manter os serviços de saúde operando com eficácia e eficiência;
4- Atraso no repasse dos pagamentos do Ministério da Saúde para os serviços conveniados;
5- Baixos valores pagos pelo SUS aos diversos procedimentos médicos hospitalares;
6- Aumento de incidência e o ressurgimento de diversas doenças transmissíveis;
7- Denúncias de abusos cometidos pelos planos privados e pelos seguros de saúde.
Como analisar e compreender toda esta complexa realidade do setor saúde no país?
Para que possamos analisar a realidade hoje existente é necessário conhecer os determinantes históricos envolvidos neste processo!
PREMISSAS
 A evolução histórica das políticas de saúde está relacionada diretamente a evolução político-social e econômica da sociedade brasileira, não sendo possível dissociá-los;
A lógica do processo evolutivo sempre obedeceu à ótica do avanço do capitalismo na sociedade brasileira, sofrendo a forte determinação do capitalismo à nível internacional;
A saúde nunca ocupou lugar central dentro da política do estado brasileiro, sendo sempre deixada na periferia do sistema. 
“Somente” nos momentos em que determinadas endemias ou epidemias se apresentam como importantes em termos de repercussão econômica ou social dentro do modelo capitalista proposto é que passam a ser alvo de uma maior atenção por parte do governo, transformando-se pelo menos em discurso institucional, até serem novamente destinadas a um plano secundário, quando deixam de ter importância.
PREMISSAS
1500 a 1889 – Colônia/Império
País colonizado por degredados e aventureiros;
Não havia nenhum modelo de atenção à saúde da população e nem mesmo o interesse, por parte do governo colonizador (Portugal) , em criá-lo;
 A saúde limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e, àqueles que, por conhecimentos empíricos (curandeiros);
A vinda da família real ao Brasil (1808) criou a necessidade da organização de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte ao poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro;
1500 a 1889 – Colônia/Império
Brasil, como colônia de Portugal, tinha sua produção econômica realizada por meio dos ciclos do açúcar e da mineração, à base do trabalho escravo, com destino ao comércio interno.
Após 1822, com a proclamação da independência, houve um crescimento da produção do café, que embora se destinasse à exportação, dinamizou o comércio interno, promovendo mudanças na estrutura social e o aumento do poder da burguesia local, o que levou a proclamação da república em 1889.
Ideias abolicionistas e exigências internacionais contribuíram para a progressiva substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado, o que motivou a imigração de trabalhadores de origem europeia para a produção cafeeira e as atividades industriais emergentes no Brasil.
1500 a 1889 – Colônia/Império
O quadro sanitário caracterizava-se pela existência de diversas doenças transmissíveis, trazidas inicialmente pelos colonos portugueses e, posteriormente, pelos escravos africanos e diversos outros estrangeiros.
Muitas dessas doenças tornaram-se endemias e outras provocaram epidemias. Eram frequentes as doenças sexualmente transmissíveis, a lepra (hanseníase), tuberculose, febre amarela, cólera, malária, varíola, leishmaniose, além das provocadas por desnutrição, acidentes com animais peçonhentos e as decorrentes das aglomerações urbanas nas cidades e das condições precárias de trabalho nas lavouras.
Não se pode falar em existência de uma política de saúde, porém eram tomadas medidas que visavam minimizar os problemas de saúde pública que afetavam a produção econômica e prejudicavam o comércio internacional.
Até 1850 as atividades de saúde pública estavam limitadas ao seguinte:
 Delegação das atribuições sanitárias as juntas municipais;
 Controle de navios e saúde dos portos;
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1500 a 1889 – Colônia/Império
As medidas eram saneamento dos portos onde escoavam as mercadorias, urbanização e infraestrutura nos centros urbanos de maior interesse econômico e campanhas para conter as epidemias frequentes e prejudiciais à produção, que afetavam a imagem brasileira nos países com os quais era mantido o comércio internacional.
Essas intervenções eram pontuais e logo abandonadas, assim que a situação era contida.
A assistência médica limitava-se apenas às classes dominantes, constituídas principalmente por coronéis do café, sendo exercida pelos raros médicos que vinham da Europa. Aos demais, restavam apenas os recursos da medicina popular.
Surgem as primeiras Casas de Misericórdia, que se destinavam ao abrigo dos doentes, indigentes e viajantes, sem assistência médica e tratamento aos problemas de saúde (Santas Casas de Santos (1543); Salvador (1549); Rio de Janeiro (1567); Vitória (1818))
A primeira campanha ocorreu em Recife e Olinda, entre 1684 e 1694, para conter uma epidemia de febre amarela que afetava a produção e exportação da cana-de-açúcar
1500 a 1889 – Colônia/Império
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
A sociedade brasileira inicia a organização de seu Estado moderno, onde predominava grupos vinculados à exportação do café e a pecuária.
Houve a hegemonia da produção do café, mantida à base do trabalho assalariado. Houve também um crescimento significativo da produção industrial. A exigência de maior mão-de-obra passou a ser frequente, levando o governo a adotar políticas de incentivo à imigração europeia.
Pode-se dizer que a população apresentava uma situação de saúde semelhante a do período anterior, com predomínio das doenças pestilentas, com condições de saneamento básico bastantes precárias e com ações e programas de saúde e infraestrutura ainda visando as áreas fundamentais para a economia (economia agrária exportadora, área dos portos).
A carência de profissionais médicos no Brasil Colônia e no Brasil Império era enorme, no Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo a profissão, em outros estados brasileiros eram mesmo inexistentes.
A inexistência de uma assistência médica estruturada, fez com que proliferassem pelo país os Boticários (farmacêuticos).
Aos boticários cabiam a manipulação das fórmulas prescritas pelos médicos, mas a verdade é que eles próprios tomavam a iniciativa de indicá-los, fato comuníssimo até hoje.
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
Falta de um modelo sanitário para o país, deixavam as cidades brasileiras a mercê das epidemias.
O Rio de Janeiro apresentou um quadro sanitário caótico caracterizado pela presença de diversas doenças graves que acometiam à população, como a varíola, a malária, a febre amarela, e posteriormente a peste, o que acabou gerando sérias consequências tanto para saúde coletiva quanto para outros setores como o do comércio exterior, visto que os navios estrangeiros não mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro em função da situação sanitária existente na cidade.
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
1901 O Presidente Rodrigues Alves, nomeou Oswaldo Cruz, como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, que se propôs a erradicar a epidemia de febre-amarela na cidade do Rio de Janeiro;
Visando estimular o comércio internacional e promover a política de imigração, trazendo para as lavouras cafeeiras a mão de obra necessária à produção do café, foram criadas as campanhas sanitárias como modelo de intervenção de combate às epidemias rurais e urbanas, lideradas por OswaldoCruz.
Foi criado um verdadeiro exército de 1.500 pessoas que passaram a exercer atividades de desinfecção no combate ao mosquito, vetor da febre-amarela. A falta de esclarecimentos e as arbitrariedades cometidas pelos “guardas-sanitários” causam revolta na população. 
Este modelo de intervenção ficou conhecido como campanhista, e foi concebido dentro de uma visão militar em que os fins justificam os meios, e no qual o uso da força e da autoridade eram considerados os instrumentos preferenciais de ação. 
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
Neste período Oswaldo Cruz (Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública) procurou organizar a diretoria geral de saúde pública
Foi criado o Instituto Soroterápico de Manguinhos (mais tarde chamado Instituto Oswaldo Cruz), para a pesquisa e desenvolvimento de vacinas.
1904: A onda de insatisfação se agrava com outra medida de Oswaldo Cruz  a imposição legal da vacinação contra a varíola desencadeou uma revolta popular, conhecida como Revolta da Vacina. 
Após o episódio a vacinação tornou-se opcional e passado algum tempo, com aceitação dessa medida, a epidemia de varíola foi controlada e febre amarela foi erradicada no Rio de Janeiro. O que fortaleceu o modelo proposto e o tornou hegemônico como proposta de intervenção na área da saúde coletiva saúde durante décadas. 
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1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
Na reforma promovida por Oswaldo Cruz foram incorporados como elementos das ações de saúde: 
- o registro demográfico, possibilitando conhecer a composição e os fatos vitais de importância da população; 
- a introdução do laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico;
- a fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em massa. 
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
1920: Carlos Chagas assumiu o Comando do Departamento Nacional de Saúde (reestruturou o Departamento Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça), introduziu a propaganda e a educação sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o modelo campanhista de Oswaldo Cruz que era puramente fiscal e policial .
Criou a propaganda e a educação sanitária da população como forma de prevenção das doenças. Foram criados também alguns órgãos para controle da tuberculose, lepra e doenças sexualmente transmissíveis.
Criaram-se orgãos especializados na luta contra a tuberculose, a lepra e as doenças venéreas. 
A assistência hospitalar, infantil e a higiene industrial se destacaram como problemas individualizados; Expandiram-se as atividades de saneamento para outros estados, além do Rio de Janeiro e criou-se a Escola de Enfermagem Anna Nery.
A sociedade brasileira esteve dominada por uma economia agroexportadora (café), o que se exigia do sistema de saúde era, somente, uma política de saneamento destinado aos espaços de circulação das mercadorias exportáveis e a erradicação ou controle das doenças que poderiam prejudicar a exportação. Por esta razão, desde o final do século passado até o início dos anos 60, predominou o modelo do sanitarismo campanhista
Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes cidades brasileiras o modelo campanhista deslocou a sua ação para o campo e para o combate das denominadas endemias rurais, dado ser a agricultura a atividade hegemônica da economia da época. Este modelo de atuação foi amplamente utilizado pela Sucam (Superintendência de campanhas de saúde pública) no combate a diversas endemias (Chagas, Esquistossomose, e outras), sendo esta posteriormente incorporada à Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
1923- Lei Eloy Chaves: O NASCIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
A acumulação capitalista advinda do comércio exterior tornou possível o início do processo de industrialização no país. Tal processo foi acompanhado de uma urbanização crescente, e da utilização de imigrantes, especialmente europeus (italianos, portugueses), como mão-de-obra nas indústrias.
Os operários na época não tinham quaisquer garantias trabalhistas. Os imigrantes, especialmente os italianos (anarquistas), traziam consigo a história do movimento operário na Europa e dos direitos trabalhistas que já tinham sido conquistados pelos trabalhadores europeus, e desta forma procuraram mobilizar e organizar a classe operária no Brasil na luta pela conquistas dos seus direitos.
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP’s). A propósito desta lei devem ser feitas as seguintes considerações: 
• A lei deveria ser aplicada somente ao operariado urbano. Este benefício não seria estendido aos trabalhadores rurais. Fato que na história da previdência do Brasil perdurou até a década de 60, quando foi criado o FUNRURAL. 
• Outra particularidade refere-se ao fato de que as caixas deveriam ser organizadas por empresas e não por categorias profissionais. 
• A criação de uma CAP também não era automática, dependia do poder de mobilização e organização dos trabalhadores de determinada empresa para reivindicar a sua criação. 
Eram mantidas por: empregados das empresas (3% dos respectivos vencimentos); empresas (1% da renda bruta); e consumidores dos serviços das mesmas.
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
Lei Eloy Chaves: 
 - socorros médicos em caso de doença em sua pessoa ou pessoa de sua família , que habite sob o mesmo teto e sob a mesma economia; 
- medicamentos obtidos por preço especial determinado pelo Conselho de Administração; 
- aposentadoria ; 
- pensão para seus herdeiros em caso de morte;
Obrigava as CAP’s a arcar com a assistência aos acidentados no trabalho. 
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
Observa-se nesse período o nascimento da saúde pública e da Previdência Social, que incorporou a assistência médica aos trabalhadores como uma de suas atribuições a partir de contribuição com as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs). 
As primeiras foram instituídas nas empresas ferroviárias e estendidas aos portuários, marítimos e outras áreas, como resposta às reinvindicações operárias.
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
Crescimento da medicina liberal, que era utilizada pela classe dominante, restando à maioria da população que não tinha direito às CAPs apenas os serviços dos poucos hospitais filantrópicos mantidos pela Igreja ou a prática popular da medicina.
Dois aspectos básicos caracterizaram o estado brasileiro na área da saúde: a estreita relação entre a política de saúde estabelecida e o modelo econômico vigente e a clara dicotomia entre as ações de saúde pública e as ações de assistência médica.
Emerge nessa conjuntura a estruturação de dois modelos de intervenção nas questões da saúde: o sanitarismo campanhista e o curativo-privatista.
1889 a 1930 – Primeira República ou República Velha
1930 a 1945 – Segunda República ou Era Vargas
Ocorre um deslocamento do polo dinâmico da economia para os centros urbanos, com grande investimento no setor industrial na região centro-sul.
Essa política promove o êxodo rural, especialmente da região nordeste para os centros econômicos, contribuindo para processo de urbanização precária e proliferação de favelas nas grandes cidades.
Criação do Ministério do Trabalho, da Indústria e Comércio e do Ministério da Educação e Saúde. Vinculação dos empregados a sindicatos, com exigência de pagamento de contribuição sindical por parte do Estado.
1930 a 1945 – Segunda República ou Era Vargas
O crescimento acelerado da indústria se dá à custa das condições precárias de trabalho. Dessa forma, além de endemias e epidemias, a inserção no processo produtivo industrial, somada a falta de moradia e saneamento adequados, trouxe acidentes de trabalho, doenças profissionais, estresse, desnutrição, verminoses.
1933: as CAPs são transformadas em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). Criados não maispor empresas e sim por categorias profissionais.
1943 é homologada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). São promulgadas as leis trabalhistas, que procuram estabelecer um contrato capital-trabalho, garantindo direitos sociais ao trabalhador. 
A assistência médica passou a ser um aspecto secundário, priorizando-se a contenção de gastos para a política de acumulação do capital necessário ao investimento em outras áreas de interesse do governo.
1930 a 1945 – Segunda República ou Era Vargas
Ao Ministério da Educação e Saúde foi concebido com a função de coordenar as ações de saúde pública no mesmo modelo do sanitarismo capanhista do período anterior. Houve a criação do Serviço Nacional de Febre Amarela, Serviço de Malária no Nordeste e da Fundação de Serviço Especial da Saúde Pública (SESP).
De um lado haviam as ações de caráter coletivo sob a gestão do Ministério da Educação e Saúde, do outro as ações curativas e individuais, vinculadas ao IAPS, o que reforçava a dualidade do modelo assistencial. 
A população de maior poder aquisitivo utilizada os serviços privados de saúde integrantes da medicina liberal crescente, enquanto a maioria da população não vinculada à previdência contava apenas com os serviços públicos escassos e instituições de caridade, além de praticas populares de tratamento.
SESP financiada por americanos interessados na exploração da borracha na Amazônia
1930 a 1945 – Segunda República ou Era Vargas
1945 a 1963 – Redemocratização ou Desenvolvimentista
1945: Final da Segunda Guerra Mundial. Os regimes ditatoriais são enfraquecidos e a democratização começa a fazer parte do cenário mundial. Nesse contexto, forças sociais lideradas pelos opositores do regime impõem a deposição do presidente Getúlio Vargas, reiniciando-se um período de redemocratização do Brasil.
O novo governo de Eurico Gaspar Dutra governa com um congresso representante das classes dominantes, intervêm nos sindicatos e partidos, adota medidas anti-inflacionárias e congela os salários.
Lançou o Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), tendo a maior parte de seus recursos destinados à área de transporte.
1945 a 1963 – Redemocratização ou Desenvolvimentista
Foi observado redução dos casos de tuberculose, malária e outras doenças transmitidas por insetos, o que para alguns se deu pelo resultado das campanhas sanitárias e por outros pelo desenvolvimento do período.
1951: Vargas é eleito novamente a presidência. Amplia rodovias, cria usinas hidrelétricas, a Petrobrás, entre outras coisas.
Adota o populismo como prática de contato direto com as massas populares, sem a intermediação do seu partido, desqualificando a ideia de democracia representativa, numa perspectiva de vínculo emocional com o povo para poder ser eleito e governar, fazendo práticas sociais, enquanto adquire apoio popular para as medidas econômicas e políticas adotadas.
1945 a 1963 – Redemocratização ou Desenvolvimentista
A assistência médica se expande em todos os IAPs, generalizando aos poucos os direitos conforme capacidade reivindicativa e de organização. Contudo, a implantação de serviços de atenção médica tinha como marca o clientelismo, favorecido pelo vínculo entre os sindicatos e IAPs ao Estado.
1953: Ministério da Saúde é criado independente da área da educação.
Dois grupos começaram a discutir propostas de políticas de saúde:
 Os que defendiam a manutenção do modelo sanitarista campanhista e a prática higienista
Os que desenvolviam a corrente de opinião do sanitarismo desenvolvimentista, com o argumento da relação entre o nível de saúde da população e o grau de desenvolvimento econômico do país. Defendiam a articulação da ações de promoção com as ações preventivas e curativas, de acordo com as necessidades da população.
Foi destinado somente um terço dos recursos alocados no antigo. Em 10 anos foi dirigido por 14 ministros devido ao que se chamava de barganha politica.
1945 a 1963 – Redemocratização ou Desenvolvimentista
Nacionalistas versus Desenvolvimentistas.
1954: Vargas suicida-se.
1956-1960: Governo Juscelino Kubitschek
 Plano de Metas;
 Capital estrangeiro para desenvolvimento da estrutura industrial e fortalecimento da burguesia industrial;
 Construção de Brasília;
 Crescimento da inflação e da dívida externa;
 Ênfase ao desenvolvimento com visão das políticas sociais como paliativas.
1945 a 1963 – Redemocratização ou Desenvolvimentista
Os IAPs fortalecem o modelo de assistência médica curativa aos seus segurados na perspectiva de manutenção do trabalhador saudável para a produção. Os que dispunham de mais recursos e cuja categoria profissional exerciam maior poder de pressão construíam hospitais próprios para o atendimento de seus segurados. Algumas empresas, insatisfeitas com a atuação dos IAPs começaram a contratação de serviços médicos particulares. Com essa ampliação, torna-se hegemônico o modelo médico-assistencial privatista.
1961: Jânio Quadros obtém vitória à presidência do país, mas renuncia no mesmo ano. João Goulart, o vice, assume com ideias de defesa por reformas de base e políticas sociais.
1964: Golpe Militar (articulação entre a elite nacional, militares e burguesia industrial)
1945 a 1963 – Redemocratização ou Desenvolvimentista
1964 a 1984 – Regime Militar
Implantou-se um sistema de saúde caracterizado pelo predomínio financeiro das instituições previdenciárias e por burocracia que priorizava a mercantilização da saúde.
1967: Unificação dos IAPs, Visto que os IAP’s eram limitados a determinadas categorias profissionais mais mobilizadas e organizadas política e economicamente, o governo militar procura garantir para todos os trabalhadores urbanos e os seus dependentes os benefícios da previdência social  com a criação do Instituto Nacional de Previdência e Assistência Social (INPS), responsável pelos benefícios previdenciários e assistência médica aos segurados e familiares.
1971: Ampliação da assistência médica da previdência com a inclusão dos trabalhadores rurais, empregadas domésticas e trabalhadores autônomos.
A gestão que era tripartiti (trabalhadores, empregadores e União) passa a ser centralizada do ponto de vista administrativo e financeiro e com fins de capitalização
Empresas contratavam uma empresa médica para assistência aos seus empregados, deixando de contribuir com o INPS, destinado principalmente a trabalhadores com maior poder aquisitivo.
O que trouxe grandeimoacto para os gastos da previdênciaem decorrência do modelo assistêncial, da formade contrato com as empresas privadas que favoreciam a lucratividade, além das fraudes e corrupções frequentes.
1964 a 1984 – Regime Militar
No entanto, ao aumentar substancialmente o número de contribuintes e consequentemente de beneficiários, era impossível ao sistema médico previdenciário existente atender a toda essa população. 
Diante deste fato , o governo militar tinha que decidir onde alocar os recursos públicos para atender a necessidade de ampliação do sistema, tendo ao final optado por direcioná-los para a iniciativa privada, com o objetivo de coopitar o apoio de setores importantes e influentes dentro da sociedade e da economia. 
O INPS passou a ser o grande comprador dos serviços privados de saúde. 
É ampliada a chamada medicina de grupo.
1964 a 1984 – Regime Militar
Com recursos limitados, o Ministério da Saúde fica em segundo plano e se torna ineficiente para enfrentar os problemas de saúde pública que se agravam devido às condições precárias de vida impostas à maioria da população.
Os sanitaristas campanhistas perdem espeço e as ações de saúde pública se reduzem ao controle e erradicação de algumas endemias comandadas pela então criada Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM).
1974- O sistema previdenciário é desvinculado ao Ministério do Trabalho, passando à subordinação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), o que não traz mudanças nas características em curso dos serviços de saúde. Também foicriado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), cujos recursos eram destinados a construção dos hospitais, e elaborado o Plano de Pronta Ação (PPA), que ampliava a construção de hospitais e clínicas particulares para atendimentos de urgência de qualquer indivíduo, segurado ou não.
privilegiamento do modelo clínico de carater individual, curativo e especializadoem detrimento de ações coletivas e de saúde pública; expansão do complexo médico assistêncial privado composto pelo hospital, pela indústria farmacêutica e de equipamentos médico-hospitalares e pela medicina de grupo; lógica lucrativa do setor saúde; desigualdade de acesso e diferenciação no atendimento de acordo com a clientela, além de exclusão de parcela importante da população do atendimento à saúde.
1964 a 1984 – Regime Militar
1974- Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS). A criação deste fundo proporcionou a remodelação e ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos com juros subsidiados. 
A existência de recursos para investimento e a criação de um mercado cativo de atenção médica para os prestadores privados levou a um crescimento próximo de 500% no número de leitos hospitalares privados no período 69/84, de tal forma que subiram de 74.543 em 69 para 348.255 em 84. 
Concluindo o Ministério da Saúde tornou-se muito mais um órgão burocrato-normativo do que um órgão executivo de política de saúde. 
1964 a 1984 – Regime Militar
Década de 70:
 Previdência Social alcança a maior expansão em número de leitos, cobertura e volume de recursos arrecadados;
 Forma de contratação e pagamento de empresas privadas para prestação de assistência aos segurados favoreceu o processo de corrupção;
 Construção de hospitais e clínicas com recursos da previdência e de faculdades particulares de medicina com enfoque na medicina curativa.
Final da década de 70 → Crise do modelo de saúde previdenciária. Vive-se um caos nos serviços públicos de saúde, há muito sucateados e insuficientes para a demanda existente.
Pelo alto custo da assistência que é complexa, pouco resolutiva e insuficiente para a demanda; pela menos arrecadação de recursos em tempos de crise econômica; e pelos devios dos recursos para o setor privado.
1964 a 1984 – Regime Militar
Cresce a insatisfação da sociedade e surgem os movimentos sociais que denunciam a ineficiência das estruturas de saúde pública e previdenciária, reivindicam serviços de saúde e lutam por melhores condições de vida à população menos favorecida.
1975: V Conferência Nacional de Saúde:
O Governo Federal propôs a criação de um sistema nacional de saúde , que definiria as atribuições dos ministérios envolvidos e das instancias federal, estadual e municipal, porém a oposição dos empresários da saúde dificulta a regulamentação da lei que instituiria tal sistema.
1976: Criação do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS) para extensão da cobertura dos serviços de saúde prioritariamente nas zonas rurais e pequenas cidades.
O Govern Federal propos a criação de um sistema nacional de saúde , que definiria as atribuições dos ministerios envolvidos e das instancias federal, estadual e municipal, porém a oposição dos empresários da saúde dificulda a regulamentação da lei que instituiria tal sistema.
1964 a 1984 – Regime Militar
Desta forma, foram estabelecidos convênios e contratos com a maioria dos médicos e hospitais existentes no país, pagando-se pelos serviços produzidos (pro-labore), o que propiciou a estes grupos se capitalizarem, provocando um efeito cascata com o aumento no consumo de medicamentos e de equipamentos médico-hospitalares, formando um complexo sistema médico-industrial. 
1977- Este sistema foi se tornando cada vez mais complexo tanto do ponto de vista administrativo quanto financeiro dentro da estrutura do INPS, que acabou levando a criação de uma estrutura própria administrativa, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) em 1977. 
1964 a 1984 – Regime Militar
A criação do INAMPS, em 1977, deu-se num contexto de aguçamento de contradições do sistema previdenciário, cada vez mais pressionado pela crescente ampliação da cobertura e pelas dificuldades de reduzir os custos da atenção médica, em face do modelo privatista e curativo vigente.
INAMPS, teve suas ações limitadas pela disponibilidade dos recursos existentes, já que os benefícios previdenciários, por sua natureza contratual, têm primazia na alocação dos recursos do sistema. As despesas do INAMPS, que em 1976 correspondiam a 30% do orçamento da previdência social, em 1982 atingiram apenas 20% do total, correspondendo a uma perda de 1/3 da participação nos gastos.
O INAMPS entrou, na década de 80, vivendo o agravamento da crise financeira e tendo de equacioná-la não simplesmente como o gestor da assistência médica aos segurados da previdência, mas cada vez mais como o responsável pela assistência médica individual ao conjunto da população. Ou seja, a crise deveria ser enfrentada num contexto não apenas de extensão de benefícios a alguns setores, mas de universalização progressiva do direito à saúde e do acesso aos serviços. 
O aumento de serviços e gastos, decorrentes dessa ampliação de cobertura, teria de ser enfrentado num quadro de redução das receitas previdenciárias, provocada pela política econômica recessiva que, desde 1977, reduzia a oferta de empregos, a massa salarial e levava ao esgotamento das fontes de financiamento baseadas na incorporação de contingentes de contribuintes.
1964 a 1984 – Regime Militar
1964 a 1984 – Regime Militar
A política econômica do período refletiu nas altas taxas de morbidade e mortalidade por doenças endêmicas e algumas epidemias, altas taxas de mortalidade materna e infantil, doenças resultantes ou agravadas pelas condições de vida e trabalho, e aumento das mortes por doenças cardiovasculares e câncer.
1978: Começa a ser difundida na América Latina o conceito de Atenção Primária à Saúde e os princípios da medicina comunitária (desmedicalização, autocuidado de saúde, atenção primária realizada por não profissionais de saúde, participação da comunidade, implantação de programas vinculados a medicina curativa na formação dos estudantes de medicina).
1981: Criação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) que propõem mudança do modelo assistencial (melhor qualidade da atenção, ampliação de serviços, descentralização e hierarquização por nível de complexidade). Vários sanitaristas entraram para áreas estratégicas do INAMPS.
1964 a 1984 – Regime Militar
1983: Criado o Programa de Ações Integradas de Saúde cujo objetivo era articular todos os serviços que prestavam assistência à saúde da população de uma região e integrar ações preventivas e curativas. Para isso, havia repasse de recursos do INAMPS para os governos estaduais para a construção de Unidades Básicas de Saúde e contratação e capacitação de profissionais.
Esses acontecimentos se devem ao fortalecimentos dos movimentos sociais e de saúde que se organizaram nos diversos espaços (universidades, sindicatos, comunidades e associações). Inicio do movimento sanitário
1964 a 1984 – Regime Militar
1984: algumas conquistas na área da saúde ainda foram obtidas pelo movimento da Reforma Sanitária, com o apoio de alguns parlamentares, movimentos de saúde, trabalhadores da saúde, acadêmicos e entidades como o Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO).
Do contexto dos anos 70 e 80 é que nasceu o projeto da Reforma Sanitária, com a perspectiva de reformulação do sistema de saúde brasileiro com a criação de um sistema único de saúde, acabando com o duplo comando do Ministério da Saúde e INAMPS que executavam ações de forma contrária.
1964 a 1984 – Regime Militar
1985 a 1988 – Nova República
1985:
 Movimento Diretas Já
Escolha de Tancredo Neves para presidente, que com sua morte logo após, a presidência foiassumida por seu vice José Sarney.
Gerando diversos movimentos sociais inclusive na área de saúde, que culminaram com a criação das associações dos secretários de saúde estaduais (CONASS) ou municipais (CONASEMS), e com a grande mobilização nacional por ocasião da realização da VIII Conferência Nacional de Saúde (Congresso Nacional, 1986), a qual lançou as bases da reforma sanitária e do SUDS (Sistema Único Descentralizado de Saúde)
1985 a 1988 – Nova República
1985: José Sarney toma posse e envia ao Congresso a proposta de convocação da Assembleia Nacional Constituinte. 
Diversas entidades e movimentos sociais se mobilizam e estimulam a participação popular no processo de discussão da nova Carta Constitucional, o que foi favorável para se colocar a saúde na agenda política e difundir as propostas da Reforma Sanitária.
1986: VIII Conferência Nacional de Saúde. Cria espaço para o debate dos problemas do sistema de saúde e de propostas de reorientação da assistência médica e de saúde pública.
A VIII Conferência Nacional de Saúde ocorrida em 1986, colocou como meta a criação do Sistema Único de Saúde – SUS.
Um marco na formulação das propostas de mudanças no setor Saúde do Brasil, ocorrido em 1986.
1985 a 1988 – Nova República
A 8ª Conferência Nacional de Saúde - 1986
Marco do Movimento Sanitário Brasileiro
Reuniu mais de 5.000 pessoas na maior participação popular da história dos movimentos sociais
Definiu as estratégias a serem defendidas na Constituinte de 1988 e consolidou a opção pela via institucional
PRINCÍPIOS
Conceito ampliado da saúde
Reconhecimento da saúde como direito de cidadania e dever do Estado
Defesa de um sistema único, de acesso universal, igualitário e descentralizado de saúde
1985 a 1988 – Nova República
1987: As Ações Integradas de Saúde passam a ser o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS); 
SUDSs representou a extinção legal da idéia de assistência médica previdenciária, redefinindo as funções e atribuições das três esferas gestoras no campo da saúde, reforçando a descentralização e restringindo o nível federal apenas às funções de coordenação política, planejamento, supervisão, normatização, regulamentação do relacionamento com o setor privado.
1988: Promulgação da Constituição Federal → Aprovado o Sistema Único de Saúde
Constituição de 1988-Art. 196
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação``
Constituição de 1988-Art . 197
“São de relevância pública as ações e serviços, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também por pessoa física ou jurídica de direito privado”
1985 a 1988 – Nova República
Constituição de 1988-Art. 198
“As ações e serviços públicos integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
1) Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
2) Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem juízos dos assistências;
3) Participação da comunidade;
1985 a 1988 – Nova República
“A assistência à saúde é livre à iniciativa privada”
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos;
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos por lei;****
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados ,sendo vedado todo tipo de comercialização
1985 a 1988 – Nova República
**** Alteração em 2015
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 Ao Sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I- Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e susbstâncias de interesse para a saúde e participar de produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos
II- Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III- Ordenar a formação de recursos humanos;
IV- Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V- Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI- Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
VII- Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de susbstância e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VII- Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho
1985 a 1988 – Nova República
Nascimento do SUS
1985 a 1988 – Nova República
A História da Saúde Pública no Brasil – 500 anos na busca de soluções
https://www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oNMe8
AGUIAR, Zenaide Neto. SUS: Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari, 2011.
PAIM, J. et al. O sistema de saúde brasileiro: historia avanços e desafios. 2011. Série Saúde no Brasil, v. 1, 2012.
Referências
OBRIGADA

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