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DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 1 AULA 1 Aula 1 - Princípios gerais. Limitações ao poder de tributar. Imunidade. Incidência e não incidência. I. Princípios gerais. Limitações ao poder de tributar. 1. (FMP/2012/ISS-POA/AFRM) Quanto à garantia da legalidade tributária, assinale a alternativa correta. (A) A atualização da base de cálculo do IPTU depende sempre de lei em sentido estrito, não sendo válida eventual delegação que a lei municipal faça ao Executivo para que proceda a tal atualização, ainda que a própria lei estabeleça o indexador a ser utilizado. (B) A definição do prazo para recolhimento do tributo (vencimento) não depende de lei em sentido estrito, podendo ser feita por ato administrativo normativo, mesmo se o legislador ordinário definir o prazo na própria lei, hipótese em que o Executivo poderá alterá-lo livremente. (C) O Código Tributário Nacional dispõe no sentido de que a obrigação tributária acessória decorre da "legislação tributária" e considera compreendido nessa expressão também as normas complementares que versem sobre tributos e relações jurídicas a ele pertinentes, dentre as quais os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. (D) A garantia da legalidade tributária constitui uma limitação ao poder de tributar que tem como escopo principal concretizar o princípio da isonomia em matéria tributária. (E) A legalidade tributária constitui simples transposição, para o campo tributário, da legalidade geral estampada no rol dos direitos e garantias individuais, não ostentando conteúdo adicional que permita considerá-la mais rígida ou qualificada, a ponto de considerar-se que implique reserva absoluta de lei. As limitações constitucionais ao poder de tributar se originam dos princípios constitucionais tributários e das imunidades tributárias. Estas serão abordadas no próximo tópico. Os princípios constitucionais tributários são regras e diretrizes para impedir que o Poder de Tributar seja absoluto. Segundo a doutrina majoritária, o STF já reconheceu que esses princípios constituem direitos e garantias DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 2 individuais e, portanto, são cláusulas pétreas. Vamos dar uma olhada no art. 60 da CF/88. CF, art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. Os princípios são os seguintes: I) Legalidade Tributária II) Isonomia Tributária (Igualdade) III) Irretroatividade Tributária IV) Anterioridade Tributária V) Não-confisco VI) Liberdade de Tráfego VII) Uniformidade Geográfica VIII) Vedação da tributação diferenciada da renda da dívida pública e da remuneração dos agentes públicos IX) Vedação das Isenções Heterônomas X) Vedação da discriminação tributária em razão da procedência ou destino XI) Não-cumulatividade I) Legalidade Tributária CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 3 O princípio da legalidade tributária decorre da legalidade genérica que está prevista no art. 5º, II, da CF/88: “II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”. A partir desse princípio, podemos afirmar que a instituição ou majoração de um tributo deve ocorrer por meio de lei. Como não há especificação sobre o tipo de lei, podemos afirmar que o artigo acima se refere à lei ordinária, salvo disposição em contrário da própria Constituição. Nessa linha, se um Município desejar instituir o ITBI, deverá editar uma lei para tanto. É comum que essas leis sejam seguidas de um decreto que regulamente e dê detalhes sobre a sistemática do tributo, mas para instituí-los é necessário uma lei. Existem tributos que só podem ser instituídos por Lei Complementar, por expressa disposição da própria CF/88. São eles: • Empréstimos Compulsórios – Art. 148 • Imposto sobre Grandes Fortunas – Art. 153, VII • Impostos Residuais – Art. 154, I • Contribuições Residuais – Art. 195, §4º Perceba que todos eles são de competência da União. Além da Constituição Federal, o CTN também dispõe sobre a necessidade de lei para algumas definições. Vejamos: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 4 VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Vale mencionar que esse rol é taxativo, ou seja, arrola todas as hipóteses em que se exige lei ordinária. I.a) Tipicidade Tributária De acordo com a doutrina, além da instituição, em si, do tributo, é necessário que a lei determine todos os diversos aspectos relacionados à incidência tributária – aspectos material, temporal, espacial, quantitativo e pessoal – de maneira que o sujeito passivo se encaixe, sem dúvidas, naquela hipótese de incidência, ao praticar o fato gerador. Esse entendimento é a chamada tipicidade tributária. I.b) Exceções ao Princípio da Legalidade Tributária O princípio da legalidade tributária comporta várias exceções (mitigações/atenuações), muito cobradas pelas bancas organizadoras. Não é necessário lei para: Instrumento idôneo: • Instituir obrigações tributárias acessórias. Art. 113, §2º, CTN. Normas infralegais. • Definir prazo de vencimento de tributo. Art. 160, CTN - Entendimento do STF. Normas infralegais. • Atualização monetária da base de cálculo de tributo. Art. 97, §2, CTN. Normas infralegais. A atualização do IPTU não pode ser superior ao índice oficial de correção monetária (Súmula nº 160 do STJ). Trata-se de simples atualização monetária, e não pode constituir em aumento da base de cálculo. • Majorar/reduzir as alíquotas do II, IE, Decreto. Portaria do Ministério DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.bre Marcelo Tannuri 5 IOF e IPI. Art. 153, §1º, CF/88. da Fazenda. • *Reduzir/restabelecer as alíquotas do ICMS-combustíveis (incidência monofásica). Art. 155, §4°, IV, “c”. Deliberação dos Estados e DF. Não pode ser decidido por um único Estado. • *Reduzir/restabelecer as alíquotas da CIDE-combutíveis. Art. 177, §4º, I, “b”. Decreto. • Conceder benefícios fiscais do ICMS. (subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão). Art. 155, §2º, XII, “g”. Deliberação dos Estados e DF. Não pode ser decidido por um único Estado. * No tocante ao ICMS-combustíveis e CIDE-combustíveis, não se trata de majoração de alíquotas, mas sim de restabelecimento da alíquota reduzida, anteriormente definida em lei. Nesse rumo, de acordo com o art. 62, §2º, da CF/88, Medida Provisória poderá ser utilizada para instituir ou majorar tributos, já que possui força de lei ordinária. OBS: esse dispositivo não é válido para os tributos que exigem lei complementar para tanto. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (...) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Esse parágrafo segundo é muito cobrado juntamente com o princípio da anterioridade, por isso vou deixar para explicá-lo melhor quando estudarmos esse princípio. Comentários: Letra A: Errado. A simples atualização monetária da base de cálculo do IPTU pode ser feita por decreto municipal. Vejamos o entendimento do STJ sobre o assunto: DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 6 “1. Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte, a majoração da base de cálculo do IPTU depende da elaboração de lei, não podendo um simples decreto atualizar o valor venal dos imóveis sobre os quais incide tal imposto com base em uma planta de valores, salvo no caso de simples correção monetária. 2. Não há que se confundir a simples atualização monetária da base de cálculo do imposto com a majoração da própria base de cálculo. A primeira encontra-se autorizada independentemente de lei, a teor do que preceitua o art. 97, § 2º, do CTN, podendo ser realizada mediante decreto do Poder Executivo; a segunda somente poderá ser realizada por meio de lei. Art. 97, §2º, CTN.” (AgRg no Agravo Em Recurso Especial Nº 66.849, Humberto Martins,06.12.2011) Letra B: Errado. Realmente, a definição do prazo de recolhimento do tributo não depende de lei, podendo ser estipulado por atos infralegais. Porém, caso esse prazo venha expresso na lei, o Executivo não poderá alterá-lo, devido à hierarquia normativa. Ora, o que foi definido por lei, só pode ser alterado por lei, e não por atos infralegais. Letra C: Correto. Veremos o tópico “legislação tributária” futuramente. CTN, Art. 113. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; Letra D: Errado. O princípio da legalidade tributária não está relacionado ao princípio da isonomia, mas sim ao princípio da legalidade genérica do art. 5º da CF/88: “II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”. Letra E: Errado. A legalidade tributária é mais específica (qualificada) e rígida que a legalidade genérica. A primeira implica a reserva absoluta de lei, ou seja, a instituição de tributos deve estar expressa em lei no sentido estrito. Gabarito: C DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 7 2. (FCC/2011/TCM-BA/Procurador) Comparada com a norma de Direito Penal, verifica-se que a norma tributária é mais rígida. No Direito Penal, o nullum crimen nulla poena sini lege exige que o delito seja típico, decorra de uma previsão legal precisa, mas se permite ao juiz, ao sentenciar, a dosimetria da pena, com relativa liberdade, assim como diminuir ou afrouxar a pena a posteriori. No Direito Tributário, além de se exigir seja o fato gerador tipificado, o dever de pagar o tributo também deve sê-lo em todos os seus elementos, pois aqui importantes são tanto a previsão do tributo quanto o seu pagamento, baseado em fórmulas de quantificação da prestação devida, e que a sociedade exige devam ser rígidas e intratáveis. (Sacha Calmon Navarro Coelho. Curso de direito tributário brasileiro. 9.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 220) O texto acima está se referindo ao princípio explícito da (A) legalidade. (B) irretroatividade da lei tributária. (C) anterioridade da lei tributária. (D) segurança jurídica. (E) igualdade. Comentários: O texto fala em “fato gerador tipificado”, se referindo à tipicidade tributária, que é uma decorrência do princípio da legalidade tributária. Gabarito: A 3. (FCC/2010/SEFAZ-SP/Técnico da Fazenda Estadual) Nos termos da Constituição Federal, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é permitido à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (A) exigir ou aumentar tributo mediante lei que o estabeleça e autorize. (B) cobrar tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou. (C) tributar patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 8 (D) utilizar tributo com efeito de confisco. (E) instituir imposto sobre templos de qualquer culto Comentários: Questão fácil! É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Portanto, é permitido a essas entidades federativas exigir ou aumentar tributo mediante lei que o estabeleça e autorize. Gabarito: A 4. (CESPE/2011/TJ-ES/Juiz Substituto) Assinale a opção correta com referência aos princípios do direito tributário. (A) Para a dispensa ou redução de penalidades, não é necessário disposição em lei, uma vez que a própria administração pública pode, de ofício, atuar nesses casos. (B) É permitido que lei tributária disponha, de modo genérico, sobre alíquota e base de cálculo de tributo. (C) As obrigações tributárias acessórias, embora não estejam inseridas na obrigação principal, devem, necessariamente, ser instituídas por lei. (D) Em respeito ao princípio da legalidade tributária, garantia assegurada ao contribuinte, a União não pode exigir um tributo que a lei não estabeleça, mas pode aumentá-lo sem tal exigência. (E) No sistema brasileiro, é juridicamente possível a instituição de determinados tributos por meio de leis complementares. Comentários: LetraA: Errado. O art. 97, VI, do CTN determina expressamente que somente a lei pode estabelecer hipóteses de dispensa ou redução de penalidades Letra B: Errado. Para estabelecer normas gerais sobre base de cálculo é necessária a edição de lei complementar. Veremos melhor o papel da lei complementar no direito tributário na aula sobre legislação tributária. CF, Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 9 a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; (...) Letra C: Errado. As obrigações acessórias decorrem da legislação tributária, ou seja, podem estar previstas em decretos, portarias e outros instrumentos infralegais. Art. 113, §2º, CTN. Letra D: Errado. Consoante o princípio da legalidade, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Art. 150, I, CF/88. Letra E: Correto. Existem diversos tributos que precisam de lei complementar para ser instituídos. São eles: empréstimos compulsórios, imposto sobre grandes fortunas, impostos residuais e contribuições residuais. Gabarito: E 5. (ESAF/2010/MPOG/APO) De acordo com a Constituição Federal, não se pode cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Trata-se do princípio da anterioridade tributária. Entretanto, a própria Constituição estabelece que ato do Poder Executivo pode elevar alíquotas de determinados tributos, como, por exemplo: a) Imposto sobre a renda, imposto sobre produtos industrializados e contribuição social sobre o lucro líquido. b) Imposto sobre produtos industrializados, contribuição de intervenção no domínio econômico sobre combustíveis e imposto sobre importações. c) Imposto sobre importações, imposto sobre exportações e imposto sobre a renda. d) Imposto sobre importações, imposto sobre a renda e imposto sobre produtos industrializados. e) Contribuição de intervenção no domínio econômico sobre combustíveis, imposto sobre a renda e imposto sobre exportações. Comentários: Essa questão tem um péssimo enunciado. O princípio descrito não é o da anterioridade tributária, mas sim o da irretroatividade tributária. Além disso, a pergunta feita versa sobre o princípio da legalidade. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 10 Os tributos que podem ser majorados por ato do Poder Executivo (decreto) são o II, IE, IOF e IPI. O imposto sobre a renda (IR) não é uma das exceções ao princípio da legalidade, ou seja, precisa de lei para a majoração de sua alíquota. Com isso, eliminamos as letras “a”, “c”, “d” e “e”, restando apenas a letra “b”, que é o gabarito da questão. Entretanto, a meu ver, a questão está incompleta, pois o Executivo só poderá majorar a alíquota da CIDE-combustíveis se ela estiver reduzida, em relação ao valor previsto na lei, que será o teto para a majoração. Trata-se de restabelecimento de alíquota. Gabarito: B 6. (FCC/2009/ICMS-SP/Agente Fiscal de Rendas) Sobre os princípios que regem nosso Sistema Tributário Nacional é correto afirmar: (A) Não se aplica o Princípio da Anterioridade a: Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza e Imposto sobre Transmissão Causa Mortis. (B) O princípio da Vedação de Confisco tem por objetivo estabelecer a tributação justa e livre de arbitrariedade, não se aplica, porém, a todas as espécies tributárias, mas somente aos tributos de natureza vinculada à atuação estatal. (C) Em razão do princípio da Isonomia Tributária, é vedada à União a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País. (D) O princípio da Capacidade Contributiva não se aplica às taxas e às contribuições de melhoria, mas tão somente aos impostos. (E) Em razão do princípio da Imunidade Recíproca é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios tributar o patrimônio, a renda ou serviços, uns dos outros, inclusive aqueles relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. II) Isonomia Tributária (ou Igualdade Tributária) DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 11 CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; O princípio da isonomia tributária é uma particularização do princípio fundamental da igualdade, previsto no caput do art. 5º da CF/88. CF, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) A isonomia possui duas perspectivas: i) Igualdade na lei – se refere à criação da norma tributária (âmbito abstrato) pelo legislador, que não poderá criar dispositivos discriminatórios. ii) Igualdade perante a lei – se refere à aplicação da norma tributária (âmbito concreto) pelo Poder Público, que não poderá aplicar a norma de maneira a gerar discriminação. Perceba que o princípio da isonomia não proíbe o tratamento desigual que seja razoável, mas sim o favoritismo e a discriminação. Por isso, esse princípio também é chamado de “princípio da vedação dos privilégios odiosos”. Esse é o entendimento doutrinário de que é necessário tratar igualmente os iguais (equidade horizontal) e desigualmente os desiguais (equidade vertical) na medida de suas desigualdades. II.a) Capacidade contributiva CF, Art. 145. § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. O princípio da capacidade contributiva é uma forma de concretização do princípio da isonomia tributária. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 12 Nesse sentido, o legislador deve tributar o contribuinte de acordo com sua capacidade de arcar com esse ônus, levando em consideração o mínimo vital. Para isso, existem alguns instrumentos que podem ser utilizados, como a pessoalidade, a progressividade, a seletividade e a proporcionalidade. A pessoalidade consiste em observar alguns aspectosrelacionados ao contribuinte, tais como suas características pessoais e manifestações de riqueza. A seletividade também é um instrumento de aplicação da capacidade contributiva e visa diminuir ou aumentar o ônus tributário de acordo com a essencialidade do bem. A progressividade é a forma mais evidente e direta da aplicação do princípio da capacidade contributiva, pois as alíquotas variam conforme varia a base de cálculo. É válido mencionar que a progressividade só pode ser aplicada em situações autorizadas pela Constituição. (...) inexiste espaço de liberdade decisória para o Congresso Nacional, em tema de progressividade tributária, instituir alíquotas progressivas em situações não autorizadas pelo texto da Constituição. (ADC 8-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-10-1999) Com a proporcionalidade, o montante a ser pago varia de acordo com a base de cálculo, mas a alíquota é fixa. Vale ressaltar que não é sempre que é possível o uso desses instrumentos, a depender da sistemática do tributo em questão. Por exemplo, a progressividade funciona para o IR, que é um imposto direto e pessoal, mas não poderia ser utilizada para o ICMS, que é um imposto indireto e real. Súmula nº 656 do STF É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do imóvel. Comentários: Letra A: Errado. Como veremos ainda nesta aula, o Imposto sobe a Transmissão Causa Mortis não é uma das exceções ao princípio da anterioridade. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 13 Letra B: Errado. Também veremos esse princípio nesta aula. O princípio da vedação ao confisco se aplica a todos os tributos, e não apenas aos vinculados. A CF/88 não faz essa restrição em seu art. 150, IV. Letra C: Errado. A concessão de tais incentivos fiscais é permitida expressamente pelo art. 151, I, da CF/88. Além disso, esses incentivos fiscais têm relação com o princípio da uniformidade geográfica, e não com o princípio da isonomia. Letra D: Muita atenção com essa assertiva! Vejamos novamente o artigo que trata da capacidade contributiva: CF, Art. 145. § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte (...) ATENÇÃO Apesar da CF/88 se referir a “impostos”, no artigo acima, o STF já consolidou o entendimento de que o princípio da capacidade contributiva é válido para outros tributos, como taxas e contribuições. Por outro lado, a FCC levou em consideração a letra da CF/88, desconsiderando a posição do STF e de parte da doutrina. Essa assertiva foi considerada como correta. Na hora da prova, é necessário analisar todas as assertivas e, às vezes, precisamos marcar a menos errada, pois não é possível saber a posição da banca no momento da prova. Como as letras “a”, “b”, “c” e “e” estão indiscutivelmente erradas, só restaria marcar a letra “d”, que é o gabarito oficial. Letra E: Errado. Veremos imunidade tributária ainda nesta aula. A exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário não está protegida pela imunidade tributária recíproca. Art. 150, §3º, CF/88. Gabarito: D DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 14 7. (FCC/2009/TCE-GO/Analista de Controle externo) Previsto expressamente na Constituição Federal como sendo um princípio direcionado aos impostos para que, sempre que possível, tenham caráter pessoal e atendam às condições econômicas do contribuinte, corresponde ao princípio da (A) isonomia. (B) pessoalidade. (C) capacidade contributiva. (D) dignidade da pessoa humana. (E) progressividade. Comentários: Ao ler o enunciado da questão, podemos perceber, mais uma vez, o entendimento da FCC, no sentido de que a capacidade contributiva é um princípio para os impostos. Correta a letra “C”. Gabarito: C 8. (FCC/2009/TJ-GO/Juiz) Dispõe o verbete nº 656 das Súmulas do STF que “é inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis − ITBI - com base no valor venal do imóvel”. Por sua vez, o verbete nº 668 das Súmulas do STF disciplina que “é inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional no 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana”. Considerando estes dois verbetes que expressam o entendimento do STF e a disciplina constitucional das limitações constitucionais ao poder de tributar, é correto afirmar que (A) a progressividade de alíquotas viola o princípio da vedação ao confisco, na medida em que a alíquota vai aumentando gradativamente, independente da base de cálculo, levando em conta apenas critérios pessoais. (B) o STF entende ser possível a aplicação de alíquotas progressivas nos casos expressamente autorizados na Constituição Federal. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 15 (C) o STF só admite para o IPTU a progressividade de alíquotas no tempo, como instrumento da política urbana. (D) a progressividade de alíquotas viola o princípio da capacidade contributiva, razão pela qual só pode ser aplicada excepcionalmente. (E) na tributação extrafiscal é permitida a aplicação de alíquotas progressivas em razão da base de cálculo, como forma de estímulo ou desestímulo a determinados comportamentos. Comentários: Letras A e D: Errado. A progressividade de alíquotas é um instrumento legítimo de concretização do princípio da capacidade contributiva. Além disso, a alíquota aumenta quando a base de cálculo aumenta. Letra B: Correto. É o entendimento do STF que já vimos acima. Letra C: Errado. Atualmente, a CF/88 autoriza expressamente que o IPTU seja também progressivo em razão do valor do imóvel. CF, Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; Letra E: Errado. “A lei tributária pode discriminar por motivo extrafiscal ramos de atividade econômica, desde que a distinção seja racional.” (ADI 1.643, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-12-2002, Plenário) Realmente a tributação extrafiscal tem por objetivo estimular ou desestimular determinados comportamentos, por meio de tratamento discriminatório razoável. Porém, segundo o STF, a progressividade só pode ser utilizada nos casos expressamente autorizados pela Constituição Federal. Gabarito: B 9. (ESAF/2010/ISS-RJ/Fiscal de Rendas) O princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, inciso II, da Constituição, proíbe o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 16 equivalente. Entretanto, tal princípio exige a sua leitura em harmonia com os demais princípios constitucionais. Destarte,pode-se concluir, exceto, que: a) em matéria tributária, as distinções podem se dar em função da capacidade contributiva ou por razões extrafiscais que estejam alicerçadas no interesse público. b) relativamente às microempresas e empresas de pequeno porte, a Constituição prevê que lhes seja dado tratamento diferenciado e favorecido, por lei complementar, inclusive com regimes especiais ou simplificados. c) a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional. d) determinado segmento econômico prejudicado por crise internacional que tenha fortemente atingido o setor não permite tratamento tributário diferenciado sem ofensa ao princípio da isonomia. e) a proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao princípio da isonomia. Comentários: Letra A: Correto. O princípio da isonomia deve ser aplicado levando-se em consideração a capacidade contributiva ou por motivos extrafiscais alicerçadas constitucionalmente. Entendimento do STF: “A lei tributária pode discriminar por motivo extrafiscal ramos de atividade econômica, desde que a distinção seja racional.” (ADI 1.643, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-12-2002, Plenário). Letra B: Correto. Em consonância com os artigos 179 e 146, III, “d”, da CF/88. Letra C: Correto. Tratamento tributário diferenciado, amparado pela Constituição, não fere o princípio da isonomia. Entendimento do STF: “A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere, à primeira vista, o princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional.” (AC 1.109-MC, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 31-5-2007, Plenário, DJ de 19-10-2007.) Letra D: Errado. É possível o tratamento tributário distintivo por motivos extrafiscais. No caso em questão, o segmento econômico prejudicado poderia receber benefícios fiscais, com vistas no interesse público, sem violar o princípio da isonomia. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 17 Letra E: Correto. Consoante o entendimento do STF: “é inaceitável a orientação de que a vedação da importação de automóveis usados afronte o princípio constitucional da isonomia.” (RE 312.511, rel. min. Moreira Alves, Primeira Turma, DJ de 28.06.2002). Gabarito: D 10. (ESAF/2012/MDIC/Analista de Comércio Exterior) A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que: a) o STF entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por arrendamento mercantil. b) não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. c) viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de quarenta anos. d) para que um tratamento tributário diferenciado, como a isenção, seja justificado, não é necessário haver correlação lógica entre este e o elemento de discriminação tributária. e) não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia. Comentários: Letra A: Errado. Vejamos essa recente decisão do STF sobre o assunto: “O art. 17 da Lei 6.099/74 proíbe a adoção do regime de admissão temporária, mais benéfico ao contribuinte, para as operações de importação amparadas por arrendamento mercantil. O Supremo Tribunal Federal já decidiu pela adequação dessa regra ao princípio da isonomia (...)”. (AgRg no REsp 1136713/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 20/09/2011) Letra B: Correto. É exatamente o teor da decisão do STF: DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 18 “Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado.” (ADI 1.643, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-12-2002, Plenário, DJ de 14-3-2003.) Letra C: Errado. O princípio da isonomia pode ser usado para incentivar o contribuinte a determinado comportamento, pautado pelo interesse público. Veja o entendimento do STF nesse sentido: “Ao instituir incentivos fiscais a empresas que contratam empregados com mais de quarenta anos, a Assembleia Legislativa paulista usou o caráter extrafiscal que pode ser conferido aos tributos, para estimular conduta por parte do contribuinte, sem violar os princípios da igualdade e da isonomia. (...)”. (ADI 1.276, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-8- 2002, Plenário, DJ de 29-11-2002.) Letra D: Errado. Se não houver correlação lógica, racionalidade e razoabilidade, um tratamento tributário diferenciado estaria sendo arbitrário, violando o princípio da isonomia. Letra E: Errado. Como já vimos, a lei tributária pode discriminar por motivo extrafiscal ramos de atividade econômica, desde que a distinção seja racional. Gabarito: B 11. (ESAF/2012/MDIC/Analista de Comércio Exterior) O princípio da capacidade contributiva, que informa o ordenamento jurídico tributário, estabelece que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Sobre ele, assinale a opção incorreta. a) Tal princípio aplica-se somente às pessoas físicas. b) Constitui subprincípio do princípio da solidariedade. c) Visa, entre outros objetivos, a assegurar o mínimo vital, ou mínimo existencial. d) Constitui subprincípio do princípio da igualdade. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 19 e) É compatível com a progressividade de alíquotas. Comentários: Letra A: Errado. O princípio da capacidade contributiva é válido tanto para pessoas físicas, como pessoas jurídicas. É exemplo disso o comando constitucional de dispensar às microempresas e empresas de pequeno porte tratamento diferenciado. Letras B e D: Correto. Segundo a doutrina, o princípio da capacidade contributiva pode ser considerado como decorrente do princípio da isonomia (igualdade) e da solidariedade. Letra C: Correto. Um dos pontos a serem considerados pelo princípio da capacidade contributiva é assegurar o mínimo vital, vale dizer, o rendimento mínimo para uma existência digna. Letra E: Correto. A progressividade é um dos instrumentos de aplicação concreta do princípio da capacidade contributiva. Gabarito: A12. (FGV/2011/ICMS-RJ/Auditor Fiscal) Assinale, dentre os impostos abaixo, aquele que não obedece ao princípio da progressividade. (A) IPTU (B) ITBI (C) Imposto de Renda (D) IPVA (E) ITR Comentários: A CF/88 traz, de forma expressa, o seguinte: • IR - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei. Art. 153, §2º. (progressividade obrigatória) • ITR - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. Art. 153, §4º. (progressividade obrigatória); • IPTU – poderá ser progressivo em razão do valor do imóvel. Art. 156, DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 20 §1º, I; e progressivo no tempo. Art. 182, §4º, II. (progressividade facultativa) Além disso, parte da doutrina considera que o IPVA também obedece ao princípio da progressividade, devido ao §6º, do artigo 155, da CF, que diz que ele poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização. Vale mencionar que esse não é o entendimento do STF. Vejamos: “IPVA. Lei estadual. Alíquotas diferenciadas em razão do tipo do veículo. Os Estados-membros estão legitimados a editar normas gerais referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista no art. 24, § 3º, da Constituição do Brasil. Não há tributo progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva.” (RE 414.259-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-2008, Segunda Turma, DJE de 15-8-2008.) Já o ITBI, indiscutivelmente, não pode ter alíquotas progressivas, em razão da Súmula nº 656 do STF. Súmula nº 656 do STF: É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do imóvel. A banca acatou o entendimento doutrinário, considerando que o IPVA obedece ao princípio da progressividade. Gabarito: B 13. (ESAF/2012/MDIC/Analista de Comércio Exterior) Segundo a definição de tributo presente no Código Tributário Nacional, uma de suas características é a de não constituir sanção por ato ilícito. Assim sendo, julgue como Falso (F) ou Verdadeiro (V) os itens a seguir e assinale a opção correta. I. Ainda no caso de furto de sinal por “clonagem”, o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – é devido sobre o serviço de telefonia móvel onerosamente contratado de operadora por usuário. II. A renda obtida com o tráfico de drogas deve ser tributada, já que o que se tributa é o aumento patrimonial, e não o próprio tráfico. III. No caso de importação ilícita, reconhecida a ilicitude e aplicada a pena de perdimento, não poderá ser cobrado o imposto de importação, já que “importar mercadorias” é elemento essencial do tipo tributário. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 21 IV. As vendas inadimplidas equivalem às vendas canceladas para fins de incidência tributária, eis que no sistema tributário nacional, embora tenha consagrado o regime de competência como a regra geral de apuração dos resultados, o inadimplemento constitui hipótese de cancelamento de venda, e não tendo ingressado a receita de venda, não há que se falar em tributação. a) F, V, V, F b) V, V, V, F c) F, V, V, V d) V, F, V, F e) V, V, F, F II.b) Pecunia Non olet O princípio pecúnia non olet também tem origem na isonomia tributária. Ora, quem pratica fato gerador de tributo, seja de maneira legal ou ilegal, será alcançado pelo ônus tributário. Vejamos um julgado do STF: “A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet”. (HC 94240 SP, Min. Dias Toffoli, Julgamento: 23/08/2011) Comentários: I e II) Corretas. De acordo com o princípio pecunia non olet (dinheiro não tem cheiro), não é relevante a licitude da atividade praticada pelo sujeito passivo, conforme reza o art. 118 do CTN. Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo- se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; III) Correto. Essa assertiva é ligeiramente diferente das anteriores. Nesse caso, o fato gerador foi desconsiderado, em virtude da pena de perdimento. Apesar de a mercadoria ter entrado fisicamente no país, não DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 22 houve a entrada jurídica, logo não houve a importação, para fins de tributação, tampouco o lançamento. IV) Errado. A inadimplência do comprador não influi na incidência do imposto. Vejamos mais uma decisão do STF: “As vendas canceladas não podem ser equiparadas às vendas inadimplidas porque, diferentemente dos casos de cancelamento de vendas, em que o negócio jurídico é desfeito, extinguindo-se, assim, as obrigações do credor e do devedor, as vendas inadimplidas - a despeito de poderem resultar no cancelamento das vendas e na consequente devolução da mercadoria -, enquanto não sejam efetivamente canceladas, importam em crédito para o vendedor oponível ao comprador.” (RE 586482, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/11/2011) Gabarito: B 14. (FCC/2011/PGE-MT/Procurador) Dispõe o art. 144, do CTN que “o lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada”. Esta regra legal encontra fundamento de validade no princípio constitucional da (A) irretroatividade da lei tributária. (B) anterioridade anual. (C) anterioridade nonagesimal. (D) legalidade. (E) vedação ao confisco. III) Irretroatividade Tributária CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 23 O princípio da irretroatividade tributária veda que a lei instituidora ou majoradora de tributos tenha aplicação sobre fatos geradores pretéritos à sua entrada em vigor. Exemplo: Antônio compra um carro (fato gerador o IPVA) no dia 5 de fevereiro, quando a alíquota desse imposto é de 6%. Em 8 de fevereiro, uma lei é publicada aumentando a alíquota do IPVA para 10%. Essa lei expressa que entrará em vigor na data de sua publicação. Em virtude da irretroatividade tributária, o fato gerador ocorrido no dia 5 de fevereiro está protegido. Logo, Antônio não será afetado por essa majoração e pagará o IPVA com a alíquota de 6%. A irretroatividade tributária visa fornecer segurança jurídica e obedece à garantia constitucional expressa no inciso XXXVI, do art. 5º: “a lei não prejudicaráo direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. III.a) Retroatividade imprópria Retroatividade (própria) é quando uma lei tem aplicação sobre fatos passados. Retroatividade imprópria é quando uma lei tem aplicação sobre fatos que se iniciaram no passado, mas ainda não foram concluídos. Vejamos a retroatividade imprópria na prática, com a Súmula nº 584 do STF. Súmula nº 584 do STF Ao imposto de renda (IR) calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. De acordo com essa Súmula, se uma lei que majorar o IR for publicada e entrar em vigor no dia 10 de novembro de 2012, terá aplicação sobre os rendimentos auferidos nesse mesmo ano, desde 1º de janeiro de 2012 (início do fato gerador). O STF entende que o fato gerador do IR só se completa no dia 31 de dezembro e, por isso, não haveria ofensa ao princípio da irretroatividade tributária. Por outro lado, a doutrina majoritária discorda do entendimento do STF, ao defender que a Constituição Federal não ampara a retroatividade imprópria. Comentários: Agora ficou fácil! O art. 144 do CTN traz o princípio da irretroatividade tributária. Ora, uma lei posterior, em regra, não será válida para fatos geradores anteriores a ela. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 24 Gabarito: A 15. (CESPE/2011/TJ-ES/Juiz Substituto) No que concerne a capacidade tributária, fato gerador e irretroatividade da lei tributária, assinale a opção correta. (A) A nulidade ou a anulabilidade do ato jurídico, sob o enfoque do direito civil, são irrelevantes para o direito tributário, pois a definição do fato gerador é interpretada abstraindo-se tais fatos. (B) A capacidade tributária passiva da pessoa jurídica depende de ela estar regularmente constituída. (C) Na análise da capacidade contributiva, o CTN confere ao fisco o poder discricionário, na consideração da pessoalidade, para graduar o tributo. (D) O CTN adota como regra a irretroatividade da lei tributária. Nesse sentido, a lei aplica-se ao ato pretérito, salvo tratando-se de ato não definitivamente julgado. (E) Em decorrência do postulado da capacidade contributiva, é possível que profissionais da mesma categoria ou função sejam tributados de modo diverso. Comentários: Letra A: Correto. É o teor do princípio pecunia non olet. CTN, Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; Letra B: Errado. De acordo com o art. 126, III, do CTN, a capacidade tributária passiva independe de estar a pessoa jurídica regularmente constituída. Letra C: Errado. Segundo a CF/88 (art. 145. §1º), os impostos terão caráter pessoal sempre que possível. Isso não delega discricionariedade ao Fisco, pelo contrário, impõe (vincula) que os impostos serão sempre graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, quando forem pessoais. Letra D: Errado. O CTN, de fato, adota como regra a irretroatividade da lei tributária. Nesse sentido, a lei pode ser aplicada a ato pretérito, em algumas situações, tratando-se de ato não definitivamente julgado. Vejamos: DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 25 Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: (...) Veremos isso melhor na aula de aplicação e interpretação da legislação tributária. Letra E: Errado. Observe mais uma vez o art. 150 da CF/88. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; O tratamento desigual é possível para contribuinte em situação de desigualdade. Os que se encontram em situações iguais devem ser tratados igualmente. Gabarito: A 16. (FCC/2011/TJ-PE/Juiz Substituto) A regra da anterioridade, que veda cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, NÃO se aplica (A) aos impostos de importação e exportação. (B) ao IR. (C) ao ITR. (D) às contribuições sociais. (E) aos impostos estaduais. IV) Anterioridade Tributária DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 26 CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; O princípio da anterioridade tributária está relacionado com o princípio da irretroatividade tributária, visto que ambos visam propiciar segurança jurídica. Enquanto esse último se refere à vigência da lei, o primeiro se refere à eficácia dela. Pode-se dizer também que a anterioridade traz a garantia da não- surpresa do contribuinte, na medida que fornece um espaço de tempo entre a publicação da lei e sua efetiva aplicação. A anterioridade tributária pode ser dividida em dois princípios, a anterioridade anual (alínea “b”) e a anterioridade nonagesimal (alínea “c”). ATENÇÃO Perceba que a CF/88 fala em instituir ou majorar tributo. Quando o tributo é reduzido, não há que se falar em princípio da anterioridade tributária, visto que é desnecessária a proteção da não-surpresa. IV.a) Anterioridade Anual Também chamado de “anterioridade”, “anterioridade genérica” ou “anterioridade de exercício”, esse princípio veda a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro da publicação da lei instituidora ou majoradora de tributos. Vale dizer que o exercício financeiro, no Brasil, coincide com o ano civil. Nesse rumo, caso uma lei majoradora do ITBI seja publicada e entre em vigor no dia 3 de fevereiro de 2012, ela só terá eficácia em 1º de janeiro de 2013. Vale mencionar que a regra da anterioridade anual é relativa e comporta exceções, como veremos adiante. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 27 IV.b) Anterioridade Nonagesimal Esse princípio, também conhecido como “anterioridade mitigada”, “anterioridade nonagesimal” ou “noventena”, veda a aplicação (eficácia) da lei que institui ou majora tributos antes de decorridos 90 dias de sua publicação. Essas regras da anterioridade anual, nonagesimal e da irretroatividade tributária são cumulativas. Vejamos agora as exceções constitucionais (art. 150, §1º, CF/88) de ambos os princípios. Exceções à anterioridade anual Exceções à noventena (90 dias) II, IE, IOF, IEG Empréstimos Compulsórios IPI IR Restabelecimento de alíquotas:CIDE – combustíveis ICMS - combustíveis Alteração de base de cálculo: IPVA IPTU Contribuições para a seguridade social Pessoal, fiz umas marcações na tabela acima para ajudar na memorização, ok? Exemplo: o governo federal publica lei aumentando a alíquota do IPI de 10% para 30%, no dia 10 de dezembro de 2012. Como vimos no quadro acima, esse imposto é uma exceção ao princípio da anterioridade anual, mas deve observar a noventena. Por isso, essa nova alíquota só poderá ser cobrada no dia 10 de março (91º dia após a publicação da lei). Decorrente de guerra ou sua iminência Decorrente de calamidade pública Exceções aos dois princípios Imposto estadual Imposto municipal Imposto federal DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 28 Contagem do tempo: • Dezembro 2012: dia 10 ao 31 = 22 dias (incluindo o dia da publicação) • Janeiro 2013: total de 31 dias • Fevereiro 2013: total de 28 dias • Março 2013: dia 1º ao 10 = 10 dias • Total: 22 + 31 + 28 + 10 = 91 dias Conforme fizermos os exercícios, essas regras ficarão mais claras. Por último, vale mencionar o extinto princípio da anualidade tributária, que determinava que, para instituir ou majorar tributo, era preciso prévia autorização na lei orçamentária anual. Atualmente, esse princípio não tem mais aplicação no nosso sistema tributário nacional. ATENÇÃO Não confunda o princípio da anterioridade anual (atualmente válido) com o princípio da anualidade (atualmente sem aplicação). Além das exceções previstas na Constituição, é importante saber o entendimento do STF sobre a aplicação do princípio da anterioridade. Não se submetem ao princípio da anterioridade • Redução do prazo de recolhimento do tributo • Atualização monetária do tributo • Revogação de isenção e outros benefícios fiscais • Prorrogação de alíquota majorada previamente Vejamos as decisões pertinentes. Súmula nº 669 do STF Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 29 “A utilização da UFIR para a correção monetária da contribuição previdenciária, instituída pela Lei 8.383/91, não se sujeita ao princípio da anterioridade (CF, art. 195, § 6º), uma vez que houve apenas a substituição do indexador anteriormente utilizado por outro fator de correção monetária, não havendo, portanto, modificação substancial desta contribuição de modo a justificar a exigência do prazo de 90 dias para sua entrada em vigor” (RE 236.472-PE, rel. Min. Ilmar Galvão, 29.6.99.) “Revogada a isenção, o tributo volta a ser imediatamente exigível, sendo impertinente a invocação do princípio da anterioridade.” (RE 204.062, Rel. Min. Carlos Velloso, 27/09/1996) “Entendeu-se que também no que se refere à contribuição social sobre o lucro incidiria a orientação segundo a qual a Lei 8.981/95 veio assegurar às empresas um benefício fiscal que viabilizou a compensação de prejuízos apurados em exercícios anteriores, não havendo se falar em ofensa ao princípio da anterioridade ou da irretroatividade.” (RE 545308/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, 8.10.2009) “A Lei paulista 11.813/04 apenas prorrogou a cobrança do ICMS com a alíquota majorada de 17 para 18%, criada pela Lei paulista 11.601/2003. O prazo nonagesimal previsto no art. 150, III, c, da Constituição Federal somente deve ser utilizado nos casos de criação ou majoração de tributos, não na hipótese de simples prorrogação de alíquota já aplicada anteriormente.” (RE 584100 SP; Relator(a): Min. ELLEN GRACIE; Julgamento:25/11/2009) Comentários: A questão se refere à anterioridade anual. Já vimos que as exceções são: II, IE, IOF, IEG, IPI, empréstimos compulsórios decorrente de guerra ou calamidade pública, contribuições para a seguridade social e restabelecimento de alíquotas de CIDE-combustíveis e ICMS-combustíveis. Correta a letra “A”. Gabarito: A DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 30 17. (FCC/2011/PGE-MT/Procurador) A Constituição Federal fixa regras que limitam o exercício da competência tributária. Dentre elas podem ser citadas as regras da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal. Estas regras não são absolutas, comportando exceções. NÃO se submete às regras da anterioridade anual e nonagesimal, ao mesmo tempo, a majoração de alíquota do imposto sobre (A) produtos industrializados (IPI). (B) a renda e proventos de qualquer natureza (IR). (C) operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF). (D) a propriedade territorial rural (ITR). (E) circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS). Comentários: Como já vimos, os tributos que são exceções à anterioridade anual e à nonagesimal são o II, o IE, o IOF, o IEG e os empréstimos compulsórios decorrente de guerra ou calamidade pública. Correta a letra “C”. Gabarito: C 18. (FCC/2010/AL-SP/Agente Legislativo Especializado) Submete-se integralmente aos princípios da legalidade, anterioridade anual e anterioridade nonagesimal o imposto sobre a) os produtos industrializados. b) a renda e proventos de qualquer natureza. c) a transmissão de bens causa mortis e doação. d) a propriedade de veículos automotores. e) a propriedade territorial urbana. Comentários: DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 31 Dessa vez a questão nos questiona sobre o tributo que não é exceção aos princípios mencionados. O único tributo que não está em nossa lista de exceções é o ITCMD, que deve observar integralmente os princípios supramencionados. Correta a letra “C”. Gabarito: C 19. (FCC/2010/Gov-RO/Auditor Fiscal de Tributos Estaduais) O Estado de Rondônia majorou a base de cálculo do IPVA para o exercício de 2010, em 20 de novembro de 2009, conforme lei publicada no diário oficial do Estado naquela data. Considerando que a lei entrou em vigor na data de sua publicação, é correto afirmar que esta lei terá eficácia (A) 90 dias a contar do início do exercício de 2010, tendo em vista a anterioridade nonagesimal. (B) na data de sua publicação, podendo ser aplicada imediatamente, ainda no exercício de 2009, por ser exceção à anterioridade. (C) 90 dias a contar da publicação, por dever obediência apenas à anterioridade nonagesimal. (D) a partir do início do exercício financeiro de 2010, por ser exceção à anterioridade nonagesimal, mas se submeter à anterioridade anual. (E) 90 dias da publicação, desde que já no outro exercício financeiro, por dever obediência às regras de anterioridades nonagesimal e anual. Comentários: Conforme vimos em nossa tabela, a alteração da base de cálculo do IPVA é uma exceção à noventena, mas deve observar a anterioridade anual. Portanto, a lei em questão terá eficácia a partir de 01/01/2010. Gabarito: D 20. (FGV/2012/OAB) A Lei X, promulgada em 20 de outubro de 2008, determinou a majoração do ISS. Já a Lei Y, promulgadaem 16 de novembro de 2009, reduziu o ICMS de serviços de telecomunicação. Por fim, o Decreto Z, de 8 de dezembro de 2007, elevou o IOF para compras no exterior. Diante dessas hipóteses, é correto afirmar que DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 32 A) o ISS poderá ser cobrado somente quando decorridos 90 dias da publicação da Lei X, ao passo que os novos valores do ICMS e do IOF poderão ser cobrados a partir da publicação dos diplomas legais que os implementaram. B) todos os impostos mencionados no enunciado somente poderão ser cobrados no exercício financeiro seguinte à publicação do diploma legal que os alterou por força do princípio da anterioridade. C) na hipótese do enunciado, tanto o ISS como o ICMS estão sujeitos ao princípio da anterioridade nonagesimal, considerada garantia individual do contribuinte cuja violação causa o vício da inconstitucionalidade. D) o IOF, imposto de cunho nitidamente extrafiscal, em relação ao princípio da anterioridade, está sujeito apenas à anterioridade nonagesimal, o que significa que bastam 90 dias da publicação do decreto que alterou sua alíquota para que possa ser cobrado. Comentários: O ISS não é uma das exceções ao princípio da anterioridade anual, nem da noventena, devendo observá-los. Por isso, só poderá ser cobrado decorridos 90 dias da publicação da lei, desde que não seja no ano de 2008. Fazendo a contagem dos 90 dias, podemos afirmar que a cobrança da majoração do ISS está vedada até o dia 17 de janeiro (90 dias a contar de 20 de outubro), podendo ser cobrado a partir do dia seguinte (18 de janeiro). Quanto ao ICMS, a cobrança será imediata, pois a Lei Y reduziu o imposto. Vale lembrar que o princípio da anterioridade só se aplica no caso de instituição ou majoração do tributo. No tocante ao IOF, a cobrança também será imediata, visto que ele é uma das exceções ao princípio da anterioridade anual e da noventena. Perceba que a questão diz que o aumento desse imposto se deu por meio de Decreto, o que é possível porque o IOF também é exceção ao princípio da legalidade. Assim, correta a letra A. Gabarito: A 17 20 Outubro Novembro Dezembro Janeiro Vedação decorrente da anterioridade anual Vedação decorrente da anterioridade nonagesimal DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 33 21. (FGV/2011/ICMS-RJ/Auditor Fiscal) Acerca do princípio da anterioridade tributária, assinale a alternativa correta. (A) A contribuição social sobre o lucro e a contribuição social sobre a folha de salários estão sujeitas ao princípio da anterioridade mitigada ou nonagesimal. (B) A majoração do imposto incidente sobre a importação de produtos estrangeiros e do imposto territorial rural não estão sujeitos ao princípio da anterioridade. (C) A cobrança de qualquer tributo só poderá ser realizada um ano após a sua criação, em decorrência da previsão constitucional do princípio da anterioridade. (D) A cobrança de qualquer tributo só poderá ser realizada um ano após a publicação da lei que o criou, em decorrência da previsão constitucional do princípio da anterioridade. (E) Imposto extraordinário, no caso de guerra externa, não observa o princípio da anterioridade, mas deve respeitar a anterioridade nonagesimal. Comentários: Letra A: Correto. Ambas as contribuições mencionadas são contribuições para a seguridade social, definidas no art. 195 da CF/88. O §6º desse mesmo artigo determina que essas contribuições observem o princípio da noventena, mas não o da anterioridade anual. Letra B: Errado. O II (imposto sobre importação) não está sujeito ao princípio da anterioridade, mas o ITR deve observá-lo. Letras C e D: Errado. O princípio da anterioridade veda a cobrança de tributo instituído ou majorado no mesmo ano da publicação da lei. Não se trata de vedação por um ano. Se a lei fosse publicada em 31 de dezembro, essa proibição só ocorreria por um dia. Letra E: Errado. O IEG é uma exceção a ambos os princípios. Gabarito: A 22. (FCC/2012/TCE-AP/Analista de Controle Externo) Medida provisória que majore alíquota de Imposto sobre a Renda e Imposto sobre Operações de Câmbio, Crédito, Seguro e Valores Mobiliários − IOF produz efeitos, (A) imediato no caso do IOF e noventa dias depois de sua edição, no caso do Imposto sobre a Renda. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 34 (B) no exercício financeiro seguinte, se convertida em lei até o último dia do exercício em que foi editada, em ambos os casos. (C) no exercício financeiro seguinte, se convertida em lei até o último dia do exercício em que foi editada, no caso do IOF. (D) no exercício financeiro seguinte, se convertida em lei até o último dia do exercício em que foi editada, no caso do Imposto sobre a Renda. (E) em ambos os casos, imediatamente. IV.c) Medida Provisória Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (...) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. É possível instituir ou majorar tributos (não apenas impostos) por meio de Medida Provisória, pois ela tem força de lei ordinária. Com efeito, esse diploma não pode ser utilizado para tributos que exigem lei complementar. Caso a alíquota do IPVA fosse aumentada por meio de Medida Provisória em setembro de 2011, essa cobrança só poderia ocorrer a partir de 1º de janeiro de 2012, em virtude do princípio da anterioridade anual. Todavia, existe mais uma condição. Por se tratar de Medida Provisória, além desse lapso temporal, a cobrança só poderia ocorrer, em 1º de janeiro de 2012 se a medida fosse convertida em lei até 31 de dezembro de 2011. Ficou claro? Perceba que o artigo acima não altera as exceções do princípio da anterioridade. O próprio parágrafo segundo ratifica os tributos excepcionados, quais sejam, o II, IE, IPI, IOF e IEG. Repare também que os empréstimos compulsórios não foram mencionados, já que é necessário lei complementar para sua instituição. OBS 1: a restrição da conversão em lei até o último dia do exercício só se aplica a impostos (exceto o II, IE, IPI, IOF e IEG), não se aplicando aos outros tributos. DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 35 OBS 2: segundo o STF, caso ocorram mudanças significativas no texto original da medida provisória ao ser convertida em lei, a noventena deverá contar da publicação da lei de conversão, e não da publicação da medida provisória. Vamos aos exercícios. Comentários: O IR é uma exceção à noventena, mas se submete à anterioridade anual. Por isso, sua majoração só poderá ser cobrada no exercício financeiro seguinte. Além disso, por se tratar de medida provisória, só terá eficácia se for convertida em lei até o último dia do exercício em que foi editada. Já o IOF é uma exceção ao princípio da anterioridade anual e da noventena, podendo ser exigido imediatamente. Além disso, não é necessárioque a conversão da medida provisória em lei ocorra até 31 de dezembro. Correta a letra D. Gabarito: D 23. (FMP/2011/TCE-MT/Auditor Público Externo) O Presidente da República, em 23 de novembro de 2010, editou e publicou medida provisória aumentando a alíquota do imposto de importação sobre determinado produto. A medida provisória foi convertida em lei em 5 de março de 2011. O imposto majorado pode ser exigido a partir de (A) 1º de janeiro de 2011. (B) 23 de fevereiro de 2011. (C) 1º de janeiro de 2012. (D) 23 de novembro de 2010. (E) 5 de março de 2012 . Comentários: Como vimos, o imposto de importação não se submete ao princípio da anterioridade, nem sofre a restrição imposta pelo §2º do art. 62 da CF, vale dizer, a conversão da medida provisória em lei não precisa ocorrer até 31 de dezembro. Portanto, a majoração do imposto de importação poderá ser exigida imediatamente. Correta a letra D. Gabarito: D DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 36 24. (ESAF/2008/Prefeitura de Natal/Auditor do Tesouro Municipal) O Governador do Estado de Minas Gerais fez publicar, em 6 de novembro de 2007, em atenção às Constituições Estadual e Federal, medida provisória visando à majoração de imposto estadual. A norma entrou em vigor na data de sua publicação. O Poder Legislativo Estadual, porém, somente converteu a medida provisória em lei no dia 20 de fevereiro de 2008. Em face da situação hipotética e considerando os parâmetros de vigência e aplicação da legislação tributária, aponte em que data o aumento poderá ser efetivamente cobrado. a) 1º de janeiro de 2008. b) 4 de fevereiro de 2008. c) 20 de maio de 2008. d) 1º de janeiro de 2009. e) 31 de março de 2009. Comentários: Muito boa essa questão! Vamos lá! A questão nos informa que um imposto estadual foi majorado por medida provisória, mas não especifica qual. Como nenhum dos impostos estaduais (IPVA, ITCMD e ICMS) é exceção ao princípio da anterioridade ou à restrição do §2º do art. 62, saber qual é o imposto não fará diferença para a resolução da questão. A publicação da medida provisória foi em 6 de novembro de 2007. Considerando o principio da anterioridade anual, o imposto só poderia ser exigido em 1º de janeiro. Considerando a noventena, a cobrança só poderia ser realizada em 4 de fevereiro de 2008 (já respeitando o prazo da anterioridade anual). Porém, para que a medida provisória tivesse efeito em 2008, seria necessário que ela fosse convertida em lei até 31 de dezembro de 2007, o que não ocorreu. A conversão só foi realizada em 20 de fevereiro de 2008. Por isso, a medida provisória e a lei de conversão não terão efeito no exercício de 2008, postergando a exigência do tributo majorado para 1º de janeiro de 2009. Correta a letra D. Gabarito: D DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 37 25. (ESAF/2009/AFRF) Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem garantias dos contribuintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que: a) os impostos sobre o patrimônio podem ser confiscatórios, quando considerados em sua perspectiva estática. b) uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por exemplo, não significa necessariamente confisco. c) o imposto de transmissão causa mortis, na sua perspectiva dinâmica, pode ser confiscatório. d) o princípio do não-confisco ajuda a dimensionar o alcance do princípio da progressividade, já que exige equilíbrio, moderação e medida na quantificação dos tributos. e) a identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mas sim em cada tributo isoladamente. V) Não-confisco CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV - utilizar tributo com efeito de confisco O princípio do não-confisco visa limitar a tributação, de maneira que esta não seja insuportável para o contribuinte. Segundo o STF, a identificação do efeito confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga tributária imposta por uma mesma entidade federativa, mediante verificação da capacidade de que dispõe o contribuinte para suportar a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período (ADIn 2.010-2/DF, Min. Celso de Mello) Nessa linha, o confisco ficará caracterizado se a carga tributária afetar o patrimônio ou os rendimentos do contribuinte sem levar em consideração a razoabilidade e a proporcionalidade. Vejamos uma importante decisão do STF sobre o efeito confiscatório: “A caracterização do efeito confiscatório pressupõe a análise de dados concretos e de peculiaridades de cada operação ou situação, tomando-se em conta custos, carga tributária global, margens de lucro e condições pontuais do mercado e de conjuntura social e econômica. O isolado DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS - ICMS/SP PROF. DIEGO ADERNE E MARCELO TANNURI Prof. Diego Aderne www.pontodosconcursos.com.br e Marcelo Tannuri 38 aumento da alíquota do tributo é insuficiente para comprovar a absorção total ou demasiada do produto econômico da atividade privada, de modo a torná-la inviável ou excessivamente onerosa.” (RE 448432 CE, Min. Joaquim Barbosa) Apesar da proibição do art. 150 se referir a tributos, as multas também se submetem ao princípio do não-confisco, na medida em que não podem ser irrazoáveis ou desproporcionais, segundo o entendimento do STF. Vejamos as duas decisões abaixo, uma sobre multa moratória e outra sobre multa de ofício. “Conheço do Recurso e dou-lhe parcial provimento para julgar procedente o executivo fiscal, salvo quanto à multa moratória que, fixada em nada menos de 100% do imposto devido, assume feição confiscatória. Reduzo-a para 30%, base que reputo razoável para a reparação da impontualidade do contribuinte.” (STF, 2ª Turma, RE 81.550/MG, rel. Min. Xavier de Albuquerque, mai/75) “TRIBUTÁRIO. COFINS. PARCELAMENTO. JUROS. MULTA DE 80%. ALEGAÇÕES DE EFEITO CONFISCATÓRIO, USURA, E DESRESPEITO AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DA ISONOMIA. Alegações improcedentes, em face da legislação que rege a matéria, visto que as cominações impostas à contribuinte, por meio de lançamento de ofício, decorrem do fato de haver-se ela omitido na declaração e recolhimento tempestivos da contribuição (...)” (RE 241074 RS, Min. ILMAR GALVÃO, 11/11/2002) Comentários: Letras A e C: Correto. Esse é um entendimento doutrinário, defendido por Aires F. Barreto (ISS na Constituição e na Lei. 3ª ed. Dialética, 2009, p. 21- 22). Segundo ele, os impostos sobre o patrimônio e a renda podem ser confiscatórios, quer na sua perspectiva estática (propriedade imobiliária), quer na sua perspectiva dinâmica (transmissão de propriedade imobiliária). Letra B: Correto. O caráter fiscal não deve ser analisado apenas com base na alíquota, mas dentro do contexto da situação. O IPI tem caráter extrafiscal, vale dizer, é utilizado para estimular ou desestimular uma conduta por parte do contribuinte. A alíquota de 150% não necessariamente é confiscatória. Vale citar, como exemplo, o caso dos cigarros, cuja alíquota do IPI pode ultrapassar 300%. Letra D: Correto. A progressividade é um instrumento de aplicação do princípio da capacidade contributiva e deve ser utilizada com razoabilidade e DIREITO TRIBUTÁRIO II EM EXERCÍCIOS
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