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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CAMPUS FLAMBOYANT PSICOLOGIA NOTURNO Profª: Julia Melo Trabalho de observações sobre o tema Gênero: identificação e identidade sexual BELITH SANTOS ROCCHETTO- B67JEE-0 MARIA LUIZA DE PAULA BORGES AGUIAR – B73941-0 PAULA MARTINS – B948HE – 5 STEFANY KUEIVE ALMEIDA DA SILVEIRA – B58IFG – 8 GOIÂNIA 2015 Introdução O debate sobre identidade de gênero vem a algum tempo sendo destaque dentro das mídias em toda sua totalidade. Debate que já chegou ao Congresso Federal para ser defendido os direitos dos gêneros. A identidade de gênero costuma ser menos compreendida. A orientação sexual se refere a outros, a quem nos relacionamos, a identidade de gênero faz referência a como nos reconhecemos dentro dos padrões de gênero estabelecidos pela sociedade. Existem dois sexos, mulher e homem, e dois gêneros, feminino e masculino. Embora a maioria das mulheres se reconheçam no gênero feminino e a maioria dos homens no masculino, isso em algumas pessoas pode ser diferente. Falamos, então, de pessoas cujo sexo biológico discorda do gênero psíquico: são os travestis e transexuais, ou transgêneros. Os termos sexo e gênero são freqüentemente usados juntos, mas eles têm significados muito distintos. Sexo é a classificação baseado em diferenças biológicas, por exemplo: os sexo masculino e o feminino em sua anatomia e fisiologia. Em contraste gênero é uma classificação baseada em uma construção social e de diferenças culturais entre homens e mulheres. Gênero faz referência a uma construção social que leva em consideração a cultura, os papeis, comportamento, e relações entre mulheres e homens, meninos e meninas. ( Krieger, 2003) Levando em consideração que a subjetividade pode ser considerada como o mundo interno de cada individuo, este mundo interno é composto de emoções, sentimentos e pensamentos. Faz sentido nos basearmos sobre a identificação de genêro e identidade sexual apenas pelo aspecto físico e fisiológico? “Mais do que um conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos e sensações, o corpo é também a roupa e os acessórios que o adornam, as intervenções que nele se operam, a imagem que dele se produz, as máquinas que nele se acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silêncios que por ele falam, os vestígios que nele se exibem, a educação de seus gestos... enfim, é um sem limite de possibilidades sempre reinventadas, sempre à descoberta e a serem descobertas. Não são, portanto, as semelhanças biológicas que o definem mas, fundamentalmente, os significados culturais e sociais que a ele se atribuem” (GOELLNER, 2008, p.2) O trabalho de observação que se segue visa expor um pouco do caminho traçado e das dificuldades enfrentadas por crianças, adolescentes e adultos quando o assunto a ser tratado diz respeito a identificação de gênero e identidade sexual. Procedimentos As nossas observações foram feitas em filmes e documentários que mostram as dificuldades e experiências do dia a dia dessas pessoas. Ao se reunir para discutir o assunto ficou decidido pelo grupo fazermos uma comparação sobre a identificação de gênero e identidade sexual em diferentes fases da vida. A começar pela infância seguido da adolescência, da vida adulta e da velhice. Em nossas observações usamos filmes e vídeos para fazermos uma comparação com textos, encontrado nas mídias e em pesquisa bibliográfica. Os textos foram escolhidos por meio da internet e de alguns livros que tratam do assunto. Os filmes e curtas escolhidos para essas observações foram os seguintes: Filme Ano Gênero Diretor Nacionalidade Tomboy 2012 Drama Céline Sciamma França Barbie Boy 2014 Drama Nick Corporon EUA Sam: A Short Film About Gender Identity and LGBTQ Bullying 2013 Drama Sal Bardo EUA Minha Vida em Cor-de-Rosa 1997 Comédia dramática Alain Berliner produção cooperativa entre a Bélgica, França, e o Reino Unido Billy Elliot 1999 Comédia dramática Stephen Daldry Reino Unido XXY 2008 Drama Lucia Puenzo França ,Espanha e Argentina TransAmerica 2006 Drama Ducan EUA Priscila, a rainha do deserto 1994 Comédia Stephan Elliott EUA e Austrália Hoje eu quero voltar sozinho 2014 Drama/ romance Daniel Ribeiro (II) Brasil A gaiola das loucas 1996 Comédia Mike Nichols EUA Os filmes das cinco primeiras observações foram direcionados a infância, seu desenvolvimento e como as interferências culturais afetam a identificação de gênero nas crianças desde muito pequenas. Discussão A maior parte das culturas distingue masculino e feminino através de práticas em quase todas as atividades do dia a dia. A cultura pode definir as características de personalidade que são socialmente adequadas. Os comportamentos adquiridos pela cultura, considerados como apropriados para seu gênero, corresponde à Tipificação Sexual. A identidade sexual é um dos elementos fundamentais da identidade geral, ela indica a percepção individual sobre o gênero que uma pessoa percebe para si mesma; já a identidade de gênero é a convicção íntima de cada um quanto ao sexo ao qual pertence (masculino ou feminino). O papel de gênero é a expressão da feminilidade ou masculinidade de cada um de acordo com as normas sociais estabelecidas; e orientação sexual é a preferência da pessoa para estabelecer vínculos amorosos (ATKINSON, 2002). Não podemos negar que há diferenças inerentes e naturais entre os corpos sexuados. O perigo se encontra em duas situações: quando a essas diferenças são atribuídos significados culturais (os homens são relacionados à “virilidade” e força) e quando usamosessas diferenças para estabelecer um binarismo inflexível, que ordena que cada característica dita feminina ou masculina seja única e exclusivamente de seu respectivo sexo. Não é propriamente a diferença sexual de homens e mulheres que delimita as questões de gênero, e sim as maneiras como ela é representada na cultura através do modo de falar, pensar ou agir, obedecendo apadrões pré-determinados. Se basearmos nossas delimitações de gênero com base na diferença cultural entre homens e mulhereslimitamos as particularidades e relações de intensidades múltiplaspois condicionamos tudo a uma única categoria e, na oposição binária, determinamos quem pode se relacionar com quem. Contrapor mulheres e homens é ocultar as diferenças no interior dessas categorias. Durante nossas observações decidimos dar uma ênfase para a identificação de gênero e identidade sexual na infância e posteriormente fazer uma comparação sobre o que observamos sobre o mesmo tópico na fase adulta. Durante as observações vimos dilemas de crianças que não se identificavam com seu próprio corpo (transgêneras). Crianças quese interessavam por brinquedos, brincadeiras eatividades vistas como do sexo oposto. Procurando por teorias que nos explicasse um pouco melhor a questão da identificação de gênero encontramos a teoria do esquema de gênero, que pode ser denominada como teoria do processamento da informação, ela descreve como os papéis de gênero podem se originar e persistir. Esta teoria foi desenvolvida por Martin e Halverson, ela explica que a criança precisa estabelecer uma identidade de gênero básica que a motiva a aprender sobre os sexos. Ela precisa compreender que esquemas de gênero são conjuntos organizados de crenças sobre homens e mulheres; que os esquemas dentro e fora do grupo permitem a classificação de objetos, regras e comportamentos; e que os esquemas do próprio sexo são informações que ela precisa para que possa realizar os diferentes comportamentos (SHAFFER, 2005). No programa Fantástico transmitido pela rede Globo de televisão no dia 25 de outubro, foi apresentada uma reportagem que vai contra esta teoria. Pais que decidem criar seus filhossem gênero ou de gênero neutro. Com base na teoria de Martin e Halverson a criança precisa conhecer o básico sobre a identidade de gênero para que possa assim aprender sobre as diferenças de cada um e que existem macho e fêmea. Quando pais privam as crianças de um conhecimento sobre o sexo pertencente e o sexo oposto, eles podem estar causando mais danos para o futuro psicológico desta criança do que bem. As crianças desenvolvem seu conceito de gênero em três etapas. Primeiramente temos a identidade de gênero que é visto simplesmente pela capacidade que a criança tem de rotular seu próprio sexo corretamente e identificar outras pessoas como homens e mulheres, meninos e meninas. O que pode acontecer entre os 09-12 meses. A segunda etapa é conhecida como estabilidade de gênero, que seria o entendimento que você permanece no mesmo gênero durante toda a vida. A maioria das crianças compreendem estabilidade de gênero apartir dos 4 anos de idade, a etapa final do desenvolvimento seria a constância de gênero verdadeira, É o desenvolvimento de uma identidade sexual que permite que o adolescente identifique-se como um ser sexual, reconheça sua própria orientação sexual e forme vínculos românticos ou sexuais. A consciência da sexualidade é um aspecto importante da formação da identidade, influenciando profundamente a auto-imagem e os relacionamentos que ele venha a ter. Aconstância de Gênero irá influenciar o adolescente e futuro adulto em suas relações futuras, por isso é primordial que haja um bom desenvolvimento durante a infância.(PAPALIA, 2006). No curta Hoje eu quero voltar sozinho, podemos ver a questão da sexualidade no adolescente. Um adolescente do sexo masculino cego desde seu nascimento,se interessa sexualmente por um amigo de sala. Nunca tendo visto meninos ou meninas e as relações entre ambos, o menino mesmo assim se interessou por um colega do mesmo sexo, o que nos leva a crer que a sexualidade vai muito alem do que se pode ser presenciado. Ele reconheceu sua sexualidade sem interferência do mundo externo. Infelizmente quando o assunto diz respeito a crianças e pessoas “hermafroditas ou andrógenas”a situação se torna um pouco mais complicada. Como no caso de Alex no filme XXY, quando uma pessoa nasce com ambos sexos deve-se esperar um certo tempo para que essa identidade se apresente de forma natural. Para que essas pessoas não se desenvolvam fisicamente em algum sexo deve-se aplicarhormônios inibidores, os mesmos que são usados em crianças que se identificam como transgênicasdesde muito cedo. Por fim, as bases para uma identidade de gênero adulta e preferências de papel de gênero estão ligados aos fatores biológicos que entram em cena na puberdade, época em que está ocorrendo a liberação de grandes quantidades de hormônios que estimulam o desenvolvimento do sistema reprodutor, consequentemente, aparecem as características sexuais secundárias os desejos sexuais (SHAFFER, 2005). Isso nos leva a pensar nas pessoas que apenas se revelam transgêneras, homossexuais, de gênero neutro, ou qualquer outra identificação em uma fase mais avançada de sua vida. Muitas vezes essas pessoas chegam a formar uma família antes de conseguir se expressar e assumir a identidade que se identifica. O preconceito da população para com essas pessoas é muito grande. O que faz com que o receio de se assumir para a família, amigos e posteriormente o restante da sociedade ainda muito grande. O grupo encontrou na mídia reportagens sobre pessoas que apenas se assumiram transgêneros em sua fase adulta ou até mesmo na velhice. Bruce Jenner, 65 e campeão olímpico no delcato nas Olimpíadas de Montreal, em 1976 recentemente assumiu se identificar como uma mulher. Por ser uma figura publica causou um certo desconforto em algumas pessoas e até em sua família, que diz o aceitar como é. Bruce relata que sempre se vestiu como mulher, mas que isso não afeta sua opção sexual. Bruce é transgênero e sente atração por mulher, o que em teoria o tornaria uma mulher transgênera homossexual. Assim como Bruce nos filmes Transamérica e Gaiola das Loucas, temos personagens que antes de se identificarem como homossexuais ou transgênero viviam uma vida vista perante a sociedade como “normal” e chegaram a ter filhos. Conclusão Idéias e práticas previamente internalizadas são transformadas em verdade absoluta. Verdade que criam definidores que relacionam sexo e gênero como identidades fixas; concepções de masculinidade, feminilidade e heterossexualidade são tidas como verdades e tudo que foge a essa realidade construída é combatido especialmente através de preconceitos. Podemos concluir com essas observações e teoria que boa parte dos familiares, pais ou responsáveis, assim como boa parte da sociedade, não consegue entender o diferente, não busca respeitar aquilo que lhe parece estranho. A psicologia entra de forma objetiva nestes casos, tanto para a pessoa que está em mudança de gênero, ou descobrindo seu gênero, como para ajudar os familiares. O respeito é algo imprescindível , assim, podemos dizer que a maior dificuldade do transgênero é ser aceito com suas diferenças. Acreditamos poder contribuir de forma simples e clara para a compreensão e aceitação das diferenças na sociedade. Para isso é necessário deixar nossos preconceitos de lado e entender que o outro precisa do seu espaço. Bibliografia KRIEGERN. Genders, sexes, and health: What are the connections—and why does it matter?International Journal of Epidemiology. 2003;32(4):652–657 ATKINSON, R. L. Introdução à Psicologia de Hilgard. 13. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. SHAFFER, D. R. Psicologia do Desenvolvimento: infância e adolescência. São Paulo: Tompson, 2005. PAPALIA, D. E.; SALLY, W. O.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. GOELLNER, S. Gênero. In: González, F;Fenstreseifer, P. Dicionáriocrítico de EducaçãoFísica. 2a ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2008. BEE, Helen. BOYD, Denise. A Criança em Crescimento. Artmed Editora, 2011 'Menino e menina?' mostra histórias de crianças nascidas hermafroditas. Disponível em: <http://gnt.globo.com/maes-e-filhos/materias/menino-e-menina-mostra-historias-de-criancas-nascidas-hermafroditas.htm>. Acesso em: 20 de outubro, 2015. SIECZKOWSKI, Cavan. Bruce Jenner Comes Out As Transgender. Disponível em: <http://www.huffingtonpost.com/2015/01/29/bruce-jenner-transgender_n_6570738.html>. Acesso em: 20 de Outubro, 2015 The Transgender Child Stephanie Brill e Rachel Pepper, Cleis Press, 2008. Medical Care for Gender Variant Children: Answering Families’ Questions www.gires.org.uk/families.php
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