Buscar

Comunicação é semiótica

Prévia do material em texto

Comunicação é semiótica
Aluno: Felipe Teixeira Fagundes
Matricula: 2017.08.43493-3
Professora: DAYSE
Instituição : Centro Universitário Estácio de Sá
 visão geral e introdutória à Semiótica de Peirce
 A dimensão da Semiótica peirceana pode ser compreendida a partir da sua concepção mais geral até a aplicação da Retórica especulativa ou Metodêutica para estudos dos fenômenos da Comunicação. Este estudo propõe uma introdução aos aspectos gerais da Semiótica, mesmo diante dos riscos de simplificação de alguns aspectos da teoria. Convivemos com a realidade a nossa volta sem nos dar conta dos procedimentos que o cérebro humano utiliza para compreender os fenômenos cotidianos
Sabemos que existe uma boa quantidade de obras já publicadas no decorrer dos anos, desde a década de 1970, com vários estudiosos brasileiros, entre eles Haroldo de Campos, Décio Pignatari e posteriormente com uma das principais semioticistas brasileiras, Lúcia Santaella. Todos eles procuraram esmiuçar a Semiótica, quer seja por explicações quer seja por aplicações e mesmo assim, prevalecem as reclamações e o medo diante da tentativa de compreensão e uso dessa teoria.
Por sua vez, outro objetivo importante que destacamos para este artigo diz respeito à necessidade que temos de desenvolver novos métodos de pesquisa para compreendermos esses fenômenos comunicacionais criados no contexto da Internet e da Web. E uma das proposições de Peirce é que, através da Retórica especulativa ou metodêutica, devemos ir sempre à busca da definição de métodos mais apropriados aos diferentes tipos de pesquisas científicas. Acreditamos que o percurso feito da Gramática especulativa à Retórica especulativa poderá nos ajudar a compreender um pouco mais a Semiótica.
A Semiótica estuda o mundo das representações e da linguagem. Imagine que você vem por uma estrada e bem adiante algo chama sua atenção. Um borrão vermelho que se movimenta. Algo cuja qualidade inicial é ser vermelho e isso é tudo o que você capta dele em um primeiro momento.
É desse modo que nos situamos no mundo em nossa volta: primeiro os objetos surgem em nossa mente como qualidades potenciais; segundo, procuramos uma relação de identificação e terceiro, nossa mente faz a interpretação do que se trata. Por isso a Semiótica se baseia numa tríade de classificações e inferências, ao demonstrar que existem os objetos no mundo, suas representações em forma de signos e nossa interpretação mental desses objetos.
É disso que trata a Semiótica de Peirce: o modo como nós, seres humanos reconhecemos e interpretamos o mundo à nossa volta, a partir das inferências em nossa mente. As coisas do mundo, reais ou abstratas, primeiro nos aparecem como qualidade, depois como relação com alguma coisa que já conhecemos e por fim, como interpretação, em que a mente consegue explicar o que captamos ao que Peirce chamou de Primeiridade, Secundidade e Terceiridade. E todo esse processo é feito pela mente a partir dos signos que compõem o pensamento e que se organizam em linguagens.
Um romance, um anúncio numa revista, uma notícia no rádio, são tipos diferentes de discursos que utilizam linguagens verbal, imagética e sonora compostas por signos distintos. Ora são imagens similares como um desenho de um animal, ora são signos indiciais como poças d’água no chão que indicam que choveu, ora são palavras que nomeiam os objetos, convencionados como símbolos que representam estes objetos. E é no ser humano que se desenvolve a transformação dos sinais em signos pela relação que ele mantém com a linguagem. Portanto, pode ser muito mais prático compreender a Semiótica a partir dos processos mentais, que usamos cotidianamente, de compreensão do mundo, para, depois, aplicar as nomenclaturas criadas no contexto dos estudos já publicados.
A Semiótica é a ciência dos signos e dos processos significativos ou semiose, que ocorrem na natureza e na cultura. Segundo Nöth (2003), a palavra semiótica tem sua origem na expressão grega “semeîon”, que quer dizer “signo”, e “sêma”, traduzido por “sinal” ou “signo”. Tal teoria se preocupa com qualquer sistema de signos, como a música, a fotografia, o cinema, as artes plásticas, o design, a moda, a mídia etc. Desse modo, embora tenhamos os estudos da Semiótica datados da Grécia antiga, da idade média até o século XIX, é somente na era moderna que vai haver um Ano VI, sistematização mais apropriada desses estudos, já na época dos meios impressos, do cinema e das expressões artísticas.
Saussure se prendeu à fundamentação de uma ciência da linguagem verbal. Não houve por parte do linguísta uma pretensão à construção de conceitos voltados para uma ciência mais ampla e completa do que a linguística, e ele mesmo previu a necessidade de tal ciência. Apenas depois de 40 anos é que a proposta do autor foi desenvolvida, ou seja, a partir dos anos 50, com o surgimento e a disseminação de linguagens em variados meios de comunicação, necessitando-se de um arcabouço teórico apropriado para a investigação desses fenômenos.
Podemos aqui inferir sobre as diferenças básicas entre a Semiologia linguística, de origem saussuriana, e a Semiótica, de Peirce. Na Semiologia linguística, que tem origem em Saussure, o signo é a união do sentido e da imagem acústica, concebendo-se uma relação diádica entre significado e significante. Nesse sentido, quando pronunciamos ou escrevemos uma palavra temos seu plano de expressão, chamado de significante, composto pelo som ou pelos traços da escrita; mas, o que essa palavra quer dizer é o significado, constituindo o plano de conteúdo. Por sua vez, na Semiótica, a concepção de signo é triádica, pois Peirce parte da condição do objeto, de sua representação que é o signo e do representante, para quem o signo vai fazer sentido.
No contexto da Lógica ou Semiótica, Peirce demonstrou que existe uma Gramática especulativa, que nos faz identificar os signos, ora como similaridade – um desenho de um animal na parede -, ora como signo indicial – poça d’água que indica que choveu ou fumaça que indica fogo -, ora como símbolo convencionado pela cultura – as palavras que representam objetos sem nenhuma relação de aparência ou indício; a Ano VI n. 08 – Agosto/2010. 
Lógica crítica, que permite as inferências de raciocínio como dedução, indução e abdução, processos que nos fazem chegar a conclusões de pensamento, como um silogismo composto por premissas: as árvores são feitas de madeira, a jaqueira do meu quintal é uma árvore, logo, ela é feita de madeira; e a Retórica especulativa ou Metodêutica, que vem a ser o modo como desenvolvemos métodos para empreender essas questões do raciocínio, bem como para saber que métodos são mais apropriados a determinadas pesquisas – para descobrir de que forma os signos que compõem um discurso na mídia, por exemplo, fazem esse discurso funcionar precisamos ir à busca de respostas, levantando hipóteses, verificando pelo raciocínio e chegando a conclusões, ou seja, precisamos de um método que garanta esse procedimento de descoberta ou confirmação das respostas. É pela Retórica especulativa que descobrimos qual ou quais métodos são os mais apropriados.
O estudo fenomenológico é o que vai permitir a decifração do mundo enquanto linguagem. Fenômeno é tudo o que nos aparece: real, ilusório, virtual, imagético etc. 
Partindo disso, entendemos que a Fenomenologia intenta caracterizar e compreender todos os fenômenos. Para estudarmos os fenômenos precisamos ter uma habilidade contemplativa, estar apto a distinguir as diferenças fenomênicas e ter a capacidade de colocar as observações em categorias. A fenomenologia forneceu as fundações para as três ciências normativas: Estética, Ética e Lógica ou Semiótica e estas, por sua vez, fornecem as fundações para a metafísica.
Assim como são três tipos de propriedades, também são três os tipos de relação que o signo pode ter com o assunto tratado, isto é, seu objeto. São elas: o ícone, o índice e o símbolo.
O signo icônico foi divido por Peirce em três níveis, chamados de hipoícones: imagem, diagramae metáfora. A imagem tem uma relação de semelhança com seu objeto apenas pela aparência, como no caso do desenho da minha casa numa folha de papel. Já o diagrama representa, por semelhança as ligações internas do signo e as ligações internas do objeto, como a planta dessa minha casa feita pelo arquiteto, por exemplo, em que a semelhança entre a planta e a casa não está na aparência e sim nas ligações internas. A metáfora, por seu turno é a representação do objeto pela analogia e se dá na semelhança do significado de duas coisas distintas.
Hipoícone é muito usado em áreas como a de publicidade: para falar de um turista, por exemplo, o anúncio precisa ter a certeza de que todos irão reconhecer a imagem, caracterizando-a com um padrão reconhecível: um sujeito com chapéu, camisa florida de mangas curtas, óculos escuros, sandálias e máquina fotográfica pendurada no pescoço. Não seria um estereótipo, então, um hipoícone? Qual a imagem que nos faz reconhecer uma dona de casa? O índice, como o próprio nome sugere, indica algo tendo como fundamento a existência concreta deste e está diretamente ligado ao objeto. Tudo o que existe é um índice ou pode funcionar como um. Afinal, temos aqui uma relação de causa e efeito. Pegadas na areia imediatamente nos remetem ao fato de que alguém passou por ali; poças de água no chão indicam que acabou de chover. Quando olhamos para a fumaça, geralmente não nos detemos nas propriedades dela, pensamos imediatamente no fogo que a produz.
O raciocínio é o conhecimento que exige provas e demonstrações e se realiza igualmente por meio de provas e demonstrações das verdades que estão sendo conhecidas ou investigadas. Não é um ato intelectual, mas são vários atos intelectuais internamente ligados ou conectados, formando um processo de conhecimento. O raciocínio, segundo a Lógica Crítica de Peirce, se dá pela dedução, indução e abdução.
A dedução consiste em partir de uma verdade já conhecida (seja por intuição, seja por uma demonstração anterior) e que funciona como um princípio geral ao qual se subordinam todos os casos que serão demonstrados a partir dela.
A indução realiza um caminho exatamente contrário ao da dedução. Com a indução, partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses casos particulares.
A abdução é uma espécie de intuição, mas que não se dá de uma só vez, indo passo a passo para chegar a uma conclusão. A abdução é a busca de uma conclusão pela interpretação racional de sinais, de indícios, de signos.
A Metodêutica, conhecida também como Retórica especulativa, investiga a pertinência dos métodos que devem ser abordados na pesquisa, na exploração e na aplicação da verdade, ou seja, os princípios do método científico, o modo como a pesquisa científica deve ser conduzida e como deve ser comunicada. Ela é considera um estudo teórico que tem como objetivo examinar a ordem ou procedimento apropriado a qualquer investigação. Um caso interessante é o da logomarca da Google que muda frequentemente de motivo, mas a marca não perde sua identidade. Ocorrem mudanças de cores, formatos, tamanhos etc., mas a palavra Google mantém a identidade e a personalidade da marca sem criar nenhum ruído ou enfraquecimento da mesma. A busca por métodos mais apropriados para estudos diversos em várias áreas já constitui o uso evidente da Metodêutica ou Retórica especulativa

Continue navegando