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Podem os filósofos modificar o mundo

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‘’ Podem os filósofos modificar o mundo?’’
Seria demasiado exagero considerar que é pretensão dos filósofos modificarem o mundo. Suas idéias, porém, não se lançam ao mundo sem motivo, sem objetivos, sem finalidades. O pensamento se exerce de forma tão presencial entre os homens do mundo que, uma vez acolhidas e adotadas como formas de comportamento, trazem como desencadeamento certa modificação do mundo. Então, o filósofo modifica indiretamente o mundo, pois seu rastro é sua marca impressa sobre as coisas e as pessoas, à medida que suas idéias são recepcionadas, dispersas, divulgadas pelas comunidades a que se destinam. Essa modificação vem do fato das pessoas abraçarem a ideologia divulgada na seara filosófica, de modo a criar-se na prática o que no pensamento foi arquitetado pelo pensador. Ele não age sozinho, mas com o respaldo, com o auxílio, com o concurso, com a empreitada de adeptos, continuadores, idealizadores de suas idéias...
 Dizer que o filósofo age sobre o mundo, por vezes, parece ser um incoerência. O modus vivendi do filósofo, em geral, é em meio a ideias, e não na praxe cotidiana de desenvolvimento das mesmas. Entretanto, de qualquer forma, o que se pode dizer é que o filósofo age por meio do pensamento; seu modo de ação dá-se por meio de palavras, de ideias, de discursos, de escritos, que são formas sutis de atuação sobre a realidade. Portanto, é por meio do pensamento, com o pensamento e pelo pensamento que a intervenção mais direta do filósofo sobre o mundo acontece. Seria incoerente pensar que o filósofo não pretende agir sobre o mundo, que pretende ver-se excluído, distanciado e deslocado dos processos decisórios políticos, jurídicos, sociais, éticos, humanos. Se nem mesmo o mais idealista dos pensadores, Platão, se manteve alheio a pretensões de ingerência política sobre o mundo, o que dizer dos demais filósofos atuantes
Portanto com esse pensamento também se expressa Marilena Chaui: “Não somos, porém, somente seres pensantes. Somos, também, seres que agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem quanto por meio de gestos e ações. A reflexão filosófica também se volta para essas relações que mantemos com a realidade circundante, para o que dizemos e para as ações que realizamos nessas relações” (Chaui, Convite a filosofia, 1999, p. 14).
 
 ‘’ Filosofia do direito com o parte da filosofia?’’
A Filosofia do Direito é parte da Filosofia. Essa afirmação, de grande importância, parece não intimidar a maioria dos autores que se dedica a seu estudo. No entanto, por sua importância, essa afirmação deve ser avaliada, com vista, inclusive, na melhor compreensão das próprias finalidades e propostas da jus filosofia.
A princípio, para se compreender a Filosofia do Direito como mero desdobramento dos saberes filosóficos já estabelecidos, de modo que a esta somente caberia observar as mesmas conquistas, as mesmas técnicas, os mesmos métodos e seguir cautelosamente os mesmos passos daquela à qual se vincula como matriz, inclusive por ser anterior e mais genérica. Para isso muito contribuiu a própria história do pensamento, pois, até o advento do hegelianismo, toda a história das ideias sobre o Direito encontra-se misturada a sistemas e pensamentos de filósofos (dos sofistas a Emmanuel Kant). Então, esses eram, a um só tempo, pensadores dos problemas éticos, sociais, políticos, metafísicos, estéticos, lógicos e, inclusive, jurídicos.
Todavia, a Filosofia do Direito desgarrou-se de maiores conexões com sua matriz, garantindo sua própria autonomia, podendo-se falar da existência de uma Filosofia do Direito implícita como algo diferenciado de uma Filosofia do Direito explícita. De fato, a partir de Hegel, nota-se crescente movimento de:
 “A Filosofia do direito é uma parte da Filosofia. Torna-se por isso indispensável, antes de tudo,indicar os pressupostos filosóficos gerais da Filosofia do Direito” (Radbruch, Filosofia do direito, 6. ed., 1997, p. 39). E não é somente em Radbruch que se encontra esse tipo de afirmação, pois existe quase um consenso entre os autores em dizerem que a Filosofia do Direito consiste numa derivação da Filosofia, em função da especificidade do objeto. É o que se encontra em Del Vecchio: “Como claramente transparece do nome, a Filosofia do Direito é aquele ramo da filosofia que concerne ao direito. Filosofia, porém, ‘estudo universal’; portanto, a filosofia tem por objeto o direito, enquanto estudado no seu aspecto universal” (Del Vecchio, Lições de filosofia do direito, 5. ed., 1979, p. 303).
Essa é a visão e a terminologia de Reale: “Parece-me, pois, que cabe distinguirentre uma Filosofia Jurídica implícita, que se prolonga, no mundo ocidental, desde os pré-socráticos até Kant, e uma Filosofia Jurídica explícita, consciente da autonomia de seus títulos, por ter intencionalmente.
 
 “Ciência e Ideologia”
O autor dá início ao texto buscando mostrar as formas como ao longo do tempo o ser humano tem buscado conhecimento sobre o mundo em que vive como também seus métodos e sua função histórica. Ele dá início assinalando o mito e a magia como principal forma de explicação e domínio sobre fenômenos que fugiam ao conhecimento humano, fenômenos como o fogo, o trovão que à primeira vista apareciam-lhes como manifestações divinas. Cita também a importância da tradição que, geração após geração, foi fonte do conhecimento acumulado ao longo dos anos, conhecimento este que na Grécia foi alvo da filosofia, esta sendo uma fonte de conhecimento devido ao questionamento e a necessidade de uma explicação racional do universo, da ordem que havia por detrás das cortinas do universo. Surge então com Galileu a ciência moderna, fruto de sua observação aos acontecimentos naturais, sua racionalização e sua tentativa de repeti-los para assim verificar leis que regessem determinados acontecimentos dentro da natureza.
Dentro da sociedade, o autor nos mostra que a ideologia é uma ferramenta para justificar a sociedade diante de seus membros e a define como um conjunto de normas, valores, símbolos ideias e práticas sociais que procuram justificar as relações econômicas e sociais no interior da sociedade estando geralmente ligada ao grupo dominante. Mostra que a manutenção de certos privilégios só pode ser tida como coerentes se a ideologia cumprir seu papel tornando-se co-extensiva à sociedade. O grupo dominante utiliza mecanismos como a influencia política e a mídia em geral para a preservação de seus interesses de forma a propagar sua estrutura de pensamento, ou seja, sua ideologia que desempenha, entre outras, a função de manter a coesão social como também assume a função de trazer um sistema de dominação através de uma hierarquia.
A ideologia traz a coesão social à medida que causa uma “uniformização”, mais ou menos eficaz, dos diferentes pontos de vista dentro da mesma sociedade diminuindo assim choques entre grupos com posições contrárias, a coesão se dá também pelo fato da ideologia trazer uma
suposta razão de ser para a sociedade, estabelecendo uma espécie de projeto da sociedade. Já a função de dominação se dá por decorrência da primeira, pois uma vez que mantida a coesão dentro de uma sociedade hierarquicamente organizada é possível a dominação de um grupo sobre o outro que começa inclusive desde o estabelecimento da própria ideologia.
A relação ciência-ideologia se dá de maneira muito delicada, pois a ciência lida com fatos e verdades já a ideologia tem seu campo voltado aos valores e não poucas vezes à emoção, mesmo assim é de fato impossível fazer uma analise da ideologia de maneira cientifica já que não há um lugar não-ideológico da qual se possa fazer uma observação imparcial. Assim vemos a distinção e a oposição da ideologia á ciência mesmo aceitando o fato que muitasvezes a ciência se torna ferramenta ideológica nas mãos de determinados grupos.
A utopia é mostrada a nós semelhantemente a ideologia como uma estrutura de pensamento, um conjunto de ideias, porém do grupo não-dominante que por diversas vezes vai contestar a validade da ideologia.

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