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AS CORES DO BRASIL NO CANCIONEIRO DE WALDEMAR HENRIQUE Tauana Romanelli Assumpção (PIC/Fundação Araucária) Unespar/ Campus I, tauanaromanelli@gmail.com Beatriz Helena Furlanetto (Orientadora) Unespar/ Campus I, beatrizhelenafurlanetto@gmail.com Resumo O texto investiga a influência das culturas europeia, ameríndia e africana nas canções de Waldemar Henrique. O compositor escreveu quase duzentas obras vocais classificadas como canções, toadas, batuques, valsas, cantigas, marchas carnavalescas, modas, modinhas, lundus, chulas. A partir do contato com o cancioneiro do compositor, foram selecionadas quatro obras para o desenvolvimento da pesquisa. A metodologia consistiu em análise bibliográfica, audição de CDs e análise de partituras musicais. Considerado a “voz da Amazônia”, o compositor paraense utiliza, nas obras para voz e piano, constantes folclóricas, lendas e melodias populares, harmonizando temas do povo. Neste sentido, percebe-se sua proximidade ao ideário modernista de Mário de Andrade. O histórico pessoal e a atuação profissional de W. Henrique apontam seu interesse pelo folclore regional e nacional, destacando as cores de brasilidade em sua obra e direcionando seu caminho artístico rumo ao nacionalismo. Palavras-chave: Música brasileira. Modernismo. Waldemar Henrique. Introdução Este trabalho investiga, no cancioneiro de Waldemar Henrique, os aspectos da cultura brasileira referentes às três raízes étnicas predominantes – portuguesa, indígena e africana – considerando sua afinidade e participação no movimento modernista, proposto por Mário de Andrade. A investigação fundamenta-se na análise bibliográfica e documental. O texto apresenta os resultados do processo investigativo, desenvolvido a partir da leitura e análise das obras bibliográficas e partituras do compositor, bem como da audição de gravações. São apresentadas a vida e a obra de Waldemar Henrique, sua proximidade ao ideário nacionalista de Mário de Andrade e uma breve discussão sobre as preferências do compositor para a interpretação de suas canções. Para ilustrar os elementos das culturas indígena, portuguesa e africana no cancioneiro de W. Henrique, faz-se uma análise 2 interpretativa dos versos de quatro canções, apontando a riqueza prosódica e a expressividade dos temas melódicos. Neste caminho foi possível constatar, no gesto composicional do compositor, as ferramentas utilizadas para retratar os temas folclóricos e populares do Brasil, nos quais se revelam as influências étnicas e suas imbricações no cancioneiro de W. Henrique. Waldemar Henrique: vida e obra O compositor, pianista e escritor Waldemar Henrique da Costa Pereira é natural de Belém/PA (1905-1995), filho de pai português e mãe de origem indígena. Passou sua infância na cidade do Porto, em Portugal, onde despertou seu interesse pela música. Em entrevista concedida ao jornalista João Carlos Pereira, Waldemar Henrique declara: Foi nessa minha ida a Portugal que eu conheci a música verdadeiramente [...] Eu ficava ouvindo a música lá no camarote, com uma tristeza e ao mesmo tempo embevecido, a viagem toda; eu não queria dormir, eu queria ouvir essa música; toda noite eu queria ouvir essa música. Depois, eu fiquei compreendendo que desde essa época a música já tinha uma forte ação sobre minha sensibilidade (PEREIRA apud SILVA, 1984, p. 25). Waldemar Henrique retornou ao Brasil em 1917, época em que iniciou seus estudos musicais e viajou várias vezes para o Amazonas, o Tocantins, as ilhas de Marajó e Mosqueiro, cujo folclore e cantigas inspiraram várias obras, como Olhos Verdes e Valsinha do Marajó. Estudava música – solfejo, piano, violino, harmonia, composição e canto – sem o apoio da família. Foi a partir de 1929, quando entrou para o Conservatório Carlos Gomes, que a música tornou-se a atividade central da sua vida, consagrando-o como um grande nome da música brasileira. Sua primeira composição de sucesso foi Minha Terra (1923), para canto e piano. Em sua produção musical constam canções, peças para piano solo, coro, orquestra, músicas para novela, teatro e filmes. Suas obras têm como tema o folclore amazônico, indígena, nordestino e as representações das crenças e dos hábitos das populações afrodescendentes na Amazônia e no Brasil (SILVA, 2016). W. Henrique fez uma breve estada na cidade do Rio de Janeiro, onde teve oportunidade de divulgar seu trabalho com grande aceitação, sendo reconhecido como a voz da Amazônia, o moço do folclore amazônico: 3 e foi ali, segundo disse o próprio Waldemar, que se acreditando ‘mensageiro da Amazônia’, escreveu toda uma série de lendas, danças, acalantos, lundus, chulas, cocos, carimbos, batuques e refez outras, como o “Chorinho, Senhora dona Sancha, Foi boto sinhá” (CLAVER FILHO, 1978, p.27). Em 1930 retorna para Belém com mais prestígio, “prossegue seus estudos e intensifica sua produção de composições e espetáculos musicais na capital paraense, além de assumir, em 1931, a direção artística da Radio Clube do Pará - PRC-5, que dirigiu até 1932” (SILVA, 2016). Durante sua trajetória profissional, W. Henrique também atuou politicamente em prol da cultura regional e, consequentemente, nacional. No início de 1930 fez parte de um grupo de artistas – como Gentil Puget, Jayme Ovalle e os poetas Bruno de Menezes, Antônio Tavernard e Abguar Basto – que buscava plasmar uma identidade para a região Amazônica, considerando a presença do índio e do negro na região (BRITO apud SILVA, 2016, p.22). Percebe-se que W. Henrique vai de encontro às ideias propostas no movimento modernista, à geração de compositores e artistas contemporâneos a ele. Assim, é coerente considerar sua postura musical consoante ao ideário nacionalista proposto por Mário de Andrade. Waldemar Henrique e o Nacionalismo de Mário de Andrade Em 1923, Waldemar Henrique escreveu sua primeira composição de sucesso Minha Terra, para canto e piano, aumentando sua visibilidade em meio à atmosfera nacionalista. Um ano antes havia acontecido a Semana de Arte Moderna, em São Paulo, que inaugurou simbolicamente o modernismo no Brasil. De acordo com Travassos (2000, p. 21), entre os anos de 1922 e 1945, o modernismo apresenta duas fases: a primeira é marcada pela atualização estética e pela luta contra o romantismo, na música, e o parnasianismo, na poesia; “a segunda fase enfatiza a preocupação com a realidade brasileira e introduz o tema da nação nos debates culturais e estéticos”, em busca de apropriar a arte aos novos tempos. Este movimento nacionalista, liderado por Mário de Andrade, se firmou como corrente estética hegemônica até a década de 1940, e pode ser sintetizado em cinco 4 proposições: 1) A música expressa a alma dos povos que a criam; 2) a imitação dos modelos europeus tolhe os compositores brasileiros formados nas escolas, forçados a uma expressão não autêntica; 3) sua emancipação será uma desalienação mediante a retomada do contato com a música verdadeiramente brasileira; 4) esta música nacional está em formação no ambiente popular, e aí deve ser buscada; 5) elevada artisticamente pelo trabalho dos compositores cultos, estará pronta a figurar ao lado de outras no panorama internacional, levandosua contribuição singular ao patrimônio espiritual da humanidade (TRAVASSOS, 2000, p.33-34). Em síntese “[...] a meta ambiciosa do modernismo nacionalista era fazer com que todos os compositores falassem a língua musical do Brasil como quem fala sua língua materna” (TRAVASSOS, 2000, p.38). Mário de Andrade, o expoente do movimento modernista no Brasil, em seu livro Ensaio sobre Músca brasileira (1972), ao discutir o ideário de música nacionalista, expõe sua percepção sobre a música brasileira, afirma que há uma distância entre a produção musical e a entidade racial. Observa que os elementos culturais utilizados ainda pertenciam as nossas raízes étnicas, ou seja, ainda eram portugueses, africanos ou ameríndios, os quais apenas fundidos poderiam ser considerados brasileiros. Em 1935, em São Paulo, Waldemar Henrique conheceu Mário de Andrade (1893- 1945) e vários artistas engajados no movimento modernista, como Camargo Guarnieri (1907-1993), Menotti Del Picchia (1892- 1988), Lasar Segall (1891-1957), Tarsila do Amaral (1886-1973). Assim, inteirou-se do ideário nacionalista de Andrade e sua crença de que a música brasileira deveria ter uma finalidade social, ser uma arte interessada, para servir ao bem coletivo e à nacionalização das manifestações artísticas (SILVA, 2016). Porém, mesmo antes de conhecer Mário de Andrade, W. Henrique já compunha de forma consoante ao nacionalismo. Em 1930, o compositor atuava com um grupo de artistas do Pará que defendia, a nível regional, uma ideia semelhante ao pensamento de Andrade, de expressar a cultura das raízes étnicas brasileiras. Além desse posicionamento político cultural, as obras de W. Henrique mostram seu lado sentimental, o apreço pelo folclore de sua terra, pelos costumes do povo ao qual pertence. Assim, ao valorizar e se inspirar na cultura regional do Pará, o compositor já se mostrava identificado com a causa nacionalista em seus trabalhos de criação e harmonização, que trazem referências aos temas populares. 5 W. Henrique era um compositor erudito, formado em escola de música, dotado das técnicas clássicas e do sentimento de admiração e valorização para com a cultura do norte e nordeste brasileiros. Depois de conhecer Andrade, sua atenção se ampliou para as demais regiões do Brasil, atuando em prol da música nacionalista. Tal fato confirma-se na declaração do próprio W. Henrique, citada por Claver Filho (1978, p. 90): “Liguei-me a uma corrente nacionalista de pesquisa de expressão do que seria nosso, ao folclore, ao popular com suas características formais e rítmicas, harmonizando temas do povo”. De acordo com Barros (2005), há uma influência mais direta do pensamento de Mário de Andrade sobre o compositor, quando ele utiliza temas folclóricos das demais regiões do Brasil, uma vez que foi através do contato com ele que o compositor começou a recolher e harmonizar tais temas. Mas não se pode ignorar o fato de que ele já possuía essa postura de valorizar e divulgar a cultura de sua região, essa atitude atenciosa com as questões culturais era instintiva, e compreender e aderir à corrente nacionalista foram consequências dessa natureza. Diferentes considerações devem ser feitas sobre a presença do “folclore geral”, e do “folclore amazônico” na obra de Waldemar Henrique. O primeiro é decorrente de pesquisas e coleta de material, o segundo está impregnado em seu imaginário e lhe é, naturalmente, uma grande fonte de inspiração. Em relação ao folclore amazônico, não podemos, simplesmente, entender a presença dele na obra de Waldemar Henrique, mas considerá-lo como fonte de inspiração, algo que movia seu espírito criador. O próprio compositor pode nos ajudar a entender o papel deste folclore no seu gesto composicional (BARROS, 2005, p.14). Canções de Waldemar Henrique No catálogo de obras de Waldemar Henrique elaborado por Silva (2016)1, há 194 obras vocais classificadas como canções, toadas, batuques, valsas, cantigas, marchas carnavalescas, modas, modinhas, lundus, chulas etc. O compositor também harmonizou pontos rituais, canções folclóricas e populares. 1 Observou-se que das 255 obras catalogadas, 194 são obras vocais com diferentes classificações, entre as quais há 93 canções e 17 obras para teatro, onde o compositor cria o enredo, os personagens, as canções e a música instrumental. 6 O trabalho de harmonizador, de adaptador e compositor realizado por Waldemar Henrique com o melhor critério – conclui o crítico – faz ressaltar as características melódicas, rítmicas e modais da música popular brasileira... o êxito foi enorme e unânime e deixou nos assistentes do círculo Medina o desejo de uma nova audição dos dois artistas brasileiros, a quem damos nossas boas vindas (CLAVER FILHO, 1978, p.38). Aproximadamente 30 obras vocais possuem versos do próprio W. Henrique, e muitos escritores por ele musicalizados foram seus parceiros em mais de uma obra. Por ser escritor e compositor, é possível entender seu apreço pela palavra, as mensagens e afetos transmitidos através dela. Em algumas entrevistas, W. Henrique afirmava que, em suas obras, o cantor deveria se guiar em função do entendimento do texto, ou seja, mais importante que uma perfeita linha melódica, seria o intérprete expressar com competência a poesia musicada. Uma das principais intérpretes de suas canções foi a sua irmã, Mara. A intérprete que eu considero ideal para as minhas músicas é a intérprete que põe seu primeiro cuidado na interpretação do texto; seria uma declamadora que cantasse, porque a cantora lírica habituada a cantar textos para os quais ela dá pouca importância... ela se preocupa com a emissão vocal privilegiada, de respiração, de afinação; há mesmo cantoras que desenham toda a melodia belissimamente, mas não se percebe o texto que ela cantou... Todas as minhas canções mereceram um respeito ao texto; esse texto, para mim, é que tem valor... (GODINHO apud BARROS 2005, p.17). Essa forma de trabalhar a prosódia é mais uma característica que vai de encontro ao pensamento modernista proposto por Mário de Andrade, a preocupação com a relação do texto e a linha melódica vocal. Em suas obras vocais, W. Henrique utiliza, ainda, a tessitura melódica como ferramenta facilitadora para que o intérprete execute um canto declamado. Isso possibilita que uma mesma canção seja confortável para vozes masculinas e femininas sem alterar, para o ouvinte, a qualidade de entendimento da mensagem contida nos versos entoados. Cores de brasilidade em Waldemar Henrique Com o intuito de ilustrar os elementos das culturas indígena, portuguesa e africana presentes no cancioneiro de W. Henrique, foram selecionadas quatro obras de diferentes 7 classificações: Minha terra (Canção), Cobra grande (Canção Amazônica), Abaluaiê (Ponto- ritual) e Boi-bumbá (Batuque Amazônico). Minha Terra (1923) apresenta poesia e música de W. Henrique, e foi interpretada por sua irmã Mara, em 1934, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A letra foi ligeiramente retocada por Ribeiro de Campos, em 1932 e, em 1968, o compositor fez um arranjo da canção para coro a cinco vozes. A obra integrou o repertório do “Coro dos Apiacás”, de Lucília Villa-Lobos (SILVA, 2016, p. 99). Em 1936, a canção foi acolhida como um hino nacional, pois a letra enaltece o Brasil em versos, cuja prosódia concilia a melodia das palavras e a música com espontaneidade. A melodia apresenta uma tessitura confortável, com intervalos que favorecem cada ideia e afeto entoados pelo intérprete. Composta em compasso binário, sua rítmicaé simples e há uma nota para cada sílaba, o que torna fluente a poesia e permite ao intérprete acentuar agilmente as tônicas das palavras. No início de seus versos percebe-se certa admiração e carinho pela pátria. “Este Brasil tão grande amado, é meu país idolatrado/ Terra do amor e promissão/ Toda verde, toda nossa/ De carinho e coração”. De acordo com Claver Filho (1978), a melodia é constituída de duas notas que se alternam várias vezes, numa espécie de barroquismo acentuado. É possível observar que notas longas e agudas são utilizadas para dar mais expressividade à frase, recurso musical que favorece a pronúncia cantada. Em seguida, a letra nos remete à paisagem bucólica e ao perfil brejeiro dos sertões brasileiros e seus costumes. “Na noite quente enluarada o sertanejo está sozinho/ E vai cantar para namorada no lamento do seu pinho”. Nesta parte, a melodia sobe para uma nota mais aguda através de um salto de quinta2, parecendo representar a noite enluarada e a namorada para qual o sertanejo canta, galanteador. “E o sol que nasce atrás da serra/ A tarde em festa rumoreja/ Cantando a paz da minha terra/ Na toada sertaneja”. Aqui, a mesma melodia apresenta outra emoção, a nota aguda e longa destaca a beleza do nascer do sol e o quanto é especial a perspectiva de onde se vê este acontecimento, “atrás da serra”, ou seja, em meio à natureza. 2 O salto de quinta indica que ocorreu, na linha melódica, um intervalo musical. “Intervalo musical é uma diferença de altura entre dois sons; é a relação existente entre duas alturas; é o espaço que separa um som do outro. A classificação do intervalo é feita segundo o número de notas contidas no intervalo”, conforme Bohumil Med (1996, p. 60). 8 A palavra rumoreja completa a descrição deste cenário com um desenho e tessitura melódicos que destacam o fraseado cantábile; o ritmo, constituído por sons de maior duração, gera uma sustentação de fonemas que reforça a expressividade da melodia e da letra da canção. Assim, a tarde que rumoreja parece representar o som da paz de nossa pátria, como uma paisagem delineada pelo cantor ao interpretar a obra. “Este sol, este luar / Estes rios e cachoeira/ Estas flores, este mar/ Este mundo de palmeiras”. Nesta parte, W. Henrique usa notas repetidas, finalizando as frases com uma nota longa e de diferente entonação que valoriza a tônica da última palavra; a altura dos sons se torna mais aguda em cada frase, acrescentando uma força dramática que parece complementar e engrandecer as características do cenário natural, enaltecendo a paisagem do Brasil. “Tudo isto é teu, ó meu Brasil, Deus foi quem te deu...” A melodia caminha em direção ao agudo e “teu” é alcançado através de um semitom, após uma sequencia de tons, soando como um elemento de contraste melódico; a palavra “Deus”, entoada com uma nota aguda alcançada através de um salto de sexta, ganha destaque e força dramática na canção. “Ele por certo é brasileiro” é entoada em região vocal confortável para o cantor, sugerindo a utilização da voz falada, sendo que “Ele” refere-se a Deus, da frase anterior. Em seguida, “Brasileiro como eu”, a melodia é ascendente com a sustentação do som agudo em fermata3 na palavra brasileiro e depois a melodia é descendente, em “como eu”, referindo-se ao povo brasileiro. Assim, essa frase musical parece representar uma hierarquia: Deus, Pátria e o ser humano. A poesia mostra reverenciar o encontro entre a sacralidade do universo indígena e do universo católico, os quais são representados, respectivamente, pela natureza e por Deus. Musicalmente, esse encontro sagrado é percebido na linha melódica ascendente, que coloca ambos, a natureza e Deus, em um pedestal. Cobra grande (1934), com letra e música de W. Henrique, é a canção nº 2 da série Lendas Amazônicas e, segundo Silva (2016), foi dedicada ao Dr. Décio Pacheco Silveira. A lenda da Paranamaia4 inspirou esta obra, que narra o mito da cobra, também denominada boiuna de prata, que fecunda uma cunhatã (índia), cujos filhos gêmeos, Honorato e Maria 3 Fermata é um sinal que indica o prolongamento de uma nota ou uma pausa além do seu valor habitual. 4 Conhecida como demônio das profundezas das águas, a este monstro os índios dão o nome de Paranamaia que quer dizer Parana=rio e maia=mãe. http://www.paratur.com.br/portal/turismo-no-norte/belem. 9 Caninana, são um misto de homem e cobra ou apenas cobras. Independente das variações regionais, eles são uma representação do bem e do mal – um protege a tribo e o outro aterroriza quem está a sua volta. No final, o bem vence o mal. Esta canção, segundo Claver Filho (1978), é considerada, dentre as lendas amazônicas, uma demonstração de escrita pianística mais imitativa, com saltos violentos, ritmos ousados, e o piano, em seu desenvolvimento, sai algumas vezes, das constantes folclóricas, se difere também, por haver um jogo de blocos de acordes, incomuns na escrita de W. Henrique. Já a linha melódica do cantor, assim como as demais canções da série, é construída à base de recitativo e utiliza, em geral, um ritmo binário, constantes do folclore nacional. W. Henrique utiliza esta edição da respectiva lenda para escrever os versos da Cobra-Grande: Uma vez por ano a Boiúna sai de seus domínios para escolher uma noiva entre as cunhatãs da Amazônia. E, diante daquele enorme vulto prateado de luar que atravessa vertiginosamente o Grande-Rio, os pajés rezam, as redes tremem, os curumins escondem-se, chorando, imenso delírio de horror rebenta na mata iluminada... Credo! Cruz! (CLAVER FILHO, p.86, 1978) Na obra, o cantor atua como um narrador, e traz para o ouvinte o medo e terror ao qual a Cobra-Grande é associada – “Credo! Cruz! Lá vem a Cobra Grande, lá vem a boiuna de prata! A danada vem rente à beira do rio... e o vento grita alto no meio da mata! Credo! Cruz!”. Neste trecho, a exclamação mencionando cruz deixa explícita a mistura da lenda ameríndia com as crenças do cristianismo trazidas pelos europeus. Apesar do enredo ser de uma lenda regional e de origem ameríndia, o compositor escreve um texto a partir da lenda utilizando apenas duas palavras próprias do falar do “cabôco” do Norte – Cunhatã e Boiúna – conforme observa Aliverti (2005). O narrador observa os dois personagens, um é a noiva cunhatã que dorme amedrontada, e com quem ele interage, aconselha e alerta. “Cunhatã te esconde, Lá vem a Cobra-Grande... á... á... Faz depressa uma oração pr’ela não te levar á... á...”. Depois conta para o ouvinte: “A noiva cunhatã está dormindo medrosa, agarrada com força no punho da rede, E o luar faz mortalha em cima dela, Pela fresta quebrada da janela...”. De acordo com Aliverti (2005), o medo está explícito nesta canção, “á... á...” é uma expressão 10 de temor, o luar está clareando a figura da jovem cunhatã e a deixa exposta à predadora, por isso a expressão “faz mortalha em cima dela”. A parte do piano traz indicação de W. Henrique com as seguintes expressões: misteriosamente, com temor, brusco, assombrado. Referencia, portanto, o segundo personagem, a boiúna de prata, rápida e silenciosa, representada logo no início, através de um tema arpejado, descrevendo a chegada e o deslizar dela pela floresta. Este mesmo motivo finaliza a música enquanto o cantor-narrador afirma: “Êh Cobra Grande, lá vai ela...” (BARROS, 2005). A estrofe do meio da obra descreve o cenário. “A floresta tremeu quando ela saiu... quem estava lá perto de medo fugiu... e a Boiúna passou logo tão depressa, que somente o clarão foi que se viu...” É possível compreenderde duas maneiras a afirmação de que a floresta tremeu: o solo que se abala com a presença da gigantesca boiúna, ou a floresta como a mãe natureza que treme de medo. Esta última, parece demonstrar a visão de mundo do indígena, que concebe a mata como ser vivo. O texto de W. Henrique utiliza, ainda, uma representação simbólica da cobra presente no imaginário popular, onde se descreve que a Cobra-Grande, além de proporções gigantescas, possui olhos com luz própria, como faróis que servem para hipnotizar suas vítimas. “Seus olhos, fora da água, têm uma luz própria, forte e brilhante, que hipnotiza e paralisa suas vítimas e desnorteia os navegantes. Do seu rastro fundo no chão surgem os rios e igarapés” (ALIVERTI, p.288, 2005). “Toda a estrutura da obra mantém sabiamente um profundo contato com a estrutura do texto. Cada seção da música corresponde a partes distintas do texto” (ALIVETI, p. 291, 2005). Waldemar Henrique usa estratégias como fermatas para a linha do canto, facilitando que o suspense seja mantido, e a estrutura da harmonia reforça a atmosfera de terror e medo. Abaluaiê5 é uma canção que W. Henrique fez em 1948, um arranjo que entrelaça a melodia original de um Ponto Ritual de Candomblé de Ilhéus (Bahia) a outros motivos folclóricos. O compositor declara: “Eu tinha necessidade de estudar o folclore baiano, 5 Abalaú-aiê – Orixá da varíola no culto jeje-nagô no Rio de Janeiro e Bahia. É o mesmo Obaluaiê do Rio de Janeiro, Bbaiú-aiê de Cuba, Afomã, Xaponã, Saponã, Omonulu, contraído comumente em Omulu. Nos xangôs de Recife diz-se abalu-aiê, abalu-aê, Abaluché, identificado como São Sebastião (CÂMARA CASCUDO, 1999, p.19). 11 aquelas coisas de xangô, de candomblés, porque conheci um senhor que me tinha alertado que era uma coisa maravilhosa, mas que tinha que passar um tempo lá”(SILVA, 2016, p.7). A primeira audição da obra foi em 1948, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa do Rio de Janeiro, e homenageou a esposa do jornalista Roberto Marinho. Foi um evento de grande relevância para projetar o compositor nacional e internacionalmente, classificado pela imprensa carioca como um dos três maiores acontecimentos artísticos daquele ano (CLAVER FILHO, 1978, p. 36). Abaluaiê ou Obaluaiê6, termos iorubás7 que significam rei e senhor da terra, conhecido também por Babá Igbona, pai da quentura ou Omolu, este poderoso orixá é representado por três cores – preto, vermelho e branco – simbolizando três tipos de sangue ou axés. Sua trajetória de resistência e sobrevivência o tornou símbolo de conexão entre a vida e a morte, estabelece um cordão energético entre o mundo espiritual e o terreno. Inclusive, é o orixá que une o espírito ao feto no útero materno, quando este alcança um desenvolvimento celular básico. É provável que este Ponto Ritual faça parte do Olubajé, o ritual específico para o orixá Abaluaiê, indispensável em terreiros de candomblé, atuando em prol da longevidade, saúde a todos os filhos e participantes do axé. Ele é cultuado e adorado com muito respeito, é temido por seus desígnios, sendo considerado repressor e perigoso, uma manifestação do divino muito severa, porém se torna um pai bondoso e amável aos humildes, honestos e leais (PESSOA DE BARROS, 2013). A canção inicia com o piano representando os instrumentos percussivos utilizados no terreiro e, na primeira estrofe, o cantor representa um leal filho do axé, demonstra o respeito e a humildade perante o orixá – Perdão, Abaluaiê, perdão! Perdão, ah! Orixalá, perdão! Perdão, ah! Meu Deus do Céu perdão! Abaluiaiê, perdão! W. Henrique escreve uma linha melódica em que a palavra perdão está sempre mais grave que a sílaba tônica do nome do orixá, talvez como uma maneira de ilustrar a reverência e respeito daqueles que são devotos a ele. A última súplica é nítida, do compasso 14 ao 17, utilizando células rítmicas e melodia descendente, como um gesto de se ajoelhar perante Abaluaiê: pronuncia-se o nome do orixá, 6 Ele é filho de Nanã e Oxalá, fruto de um adultério, por isso nasceu com o corpo cheio de marcas e feridas como um castigo aos seus pais por seus atos. Oxalá na mitologia é marido de Iemanjá. No entanto, quando sua mãe o rejeita por causa de sua aparência, e o abandona para que a maré-cheia o leve embora, Iemanjá o encontra quase morto, mordido por caranguejos, e acaba se compadecendo, cuidando dele e cobrindo seu corpo com vestes de palha para que suas cicatrizes não fossem expostas. 7 Iorubá, povo africano (do sudoeste da Nigéria, República do Benim e República do Togo) trazido para o Brasil, recebeu a denominação de nagô (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2010). 12 depois um breve silêncio ilustra um suspirar, e o canto em melodia descendente implora o perdão. O filho de axé humildemente insiste em seu pedido de perdão e declara o reconhecimento do poder que Abaluaiê possui – “Ó Rei do Mundo, perdão – Abaluaiê! Êle veiu do mar – Abaluaiê! Êle é forte, êle veiu – Abaluaiê! Salvar”. Ele veio do mar, ele sobreviveu com a ajuda de Iemanjá, sua mãe adotiva, e veio salvar os filhos do axé. Observa- se que a pronúncia escrita por W. Henrique é exatamente como o cantor deve executar a obra, um linguajar regionalista, próprio dos rituais que o inspiraram. A expressão “Atotô lu-Abaluaiê” é uma saudação ao Orixá. “Cambonê sala na muxila gôlo ê! Bença meu pai! – Cambonê”8, a segunda expressão cantada pelo filho de axé, é a forma de chamar o médium que está intermediando a comunicação com Abaluaiê. Neste momento, a saudação é direcionada a ele. Esta canção provavelmente faz parte de uma reverência de abertura, encerramento e/ou agradecimento pelo atendimento espiritual dado nos terreiros, ou centros de umbanda, por isso finaliza com o pedido de benção ao orixá. Boi-Bumbá é um batuque amazônico com letra e música de W. Henrique, uma das suas obras mais conhecidas e que foi interpretada por Bibi Ferreira no filme “O fim do rio”, de Arthur Hank. Existem vários arranjos desta obra para grupos vocais e, dentre eles, o que mais se destaca é o de Lidmer para o madrigal da Bahia (SILVA, 2016). O Bumba meu Boi é um folguedo9 popular ou uma dança dramática presente em todo país com características próprias em cada localidade, representada em festejos de São João e conhecido nas fronteiras do Pará, ao adentrar a Amazônia, como Boi Bumbá. Na obra de W. Henrique há quatro canções que fazem referência a este festejo: Boi-bumbá (1934), Boi Tunga (1934), Meu boi vai-se embora (1936) e Boi Canarinho (1948). Sua apresentação varia nas festividades do catolicismo, além de São João, no Norte, é encenado em festividades natalinas no Nordeste e no carnaval do Sudeste, conforme Câmara Cascudo (1999), três ciclos festivos de grande importância nacional. O enredo do boi bumbá ou bumba meu boi se desenvolve, basicamente, em torno de um rico fazendeiro (elemento branco) cujo boi de estimação é roubado por Pai Francisco, negro escravo 8 Cambono ou Cambone pode ser considerado o auxiliar nas sessões de terreiro e umbandas, ou o médium que incorpora um espírito. 9 Conforme Furlanetto (2013, p.14), “folguedos são festas populares de espírito lúdico que se realizam anualmente, em datas determinadas, em diversas regiões do Brasil”. 13 (elemento africano) da fazenda, que mata o animal do seu senhor para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que quer comer a língua do boi. Pajés e curandeiros (elemento ameríndio) são convocados para reanimar o animal e, quando o boi ressuscita urrando, todos osbrincantes cantam e dançam em uma enorme festa para comemorar o milagre (FURLANETTO, 2013, p.15). O Boi-Bumbá surgiu na época da escravidão, sendo um tema folclórico que une as três raízes étnicas predominantes na cultura brasileira. Ainda que a própria partitura descreva: “Boi-Bumbá – dança de origem afro-brasileira implantada nos tradicionais festejos joaninos de Belém do Pará”, evidenciando apenas as raízes africana e europeia, em sua história há o elemento ameríndio. A introdução pianística tem acentuação percussiva e a indicação batucando. A canção tem duas estrofes e refrãos, andamento rápido, caráter alegre e extensão vocal (uma oitava: dó3 – dó4) confortável para intérpretes de diferentes classificações vocais10 e estéticas de canto11, cuja rítmica simples favorece a inteligibilidade do texto. “Êle não sabe que seu dia é hoje/ Êle não sabe que seu dia é hoje” repete-se quatro vezes em linha melódica descendente, onde o cantor anuncia o dia do festejo. “O céu forrado de veludo azul-marinho / Veio ver devagarinho / Onde o Boi ia dançar... êle pediu prá não fazer muito ruído / que o Santinho distraído / Foi dormir sem se lembrar.” Podemos dividir essa estrofe em duas partes, a primeira constituída pelos dois primeiros versos, no qual é possível compreender o anoitecer pelo viés indígena, a natureza que interage com o humano e vem ver onde o folguedo irá ocorrer. A linha melódica é descendente até a palavra onde, alcançada por uma salto de sétima, e dela volta a descer, dando destaque justamente ao citar que o boi vai dançar e que o festejo vai ocorrer. Na segunda parte, os três últimos versos soam em uma linha melódica descendente com pequenos saltos (intervalos musicais de terças) na primeira sílaba da palavra santinho e no verbo foi, depois retorna-se o movimento descendente, finalizando o fraseado na mesma nota em que será iniciado o refrão. “E vem de longe o eco surdo do bumbá sambando / A noite inteira, encurralado, batucando... / Bumba, meu ‘Pai do Campo’ ô-ô / Bumba, meu Boi-Bumbá Bumba, meu Boi 10 Vozes Femininas: Soprano, Mezzo-soprano, Contralto. Vozes Masculinas: Contraltino/Contratenor, Tenor, Barítono e Baixo (PACHECO, 2006). 11 Estética da música vocal é a técnica vocal utilizada para cantar: canto lírico, belting (técnica vocal para musicais) e popular, que possui sonoridade híbrida, podendo caminhar pelas demais estéticas. 14 Bumbá... / Bumba, meu Boi-Bumbá...” Neste refrão, W. Henrique compõe uma linha melódica com notas repetidas até a sílaba tônica da palavra sambando, onde há um salto de terça, e depois retorna às notas repetidas, dando um efeito percussivo ao canto. Em seguida, o executante e o ouvinte podem sentir um contraste na entoação da frase “Bumba, meu ‘Pai do Campo’ ô-ô / Bumba, meu Boi-Bumbá”, valorizando a sensação de empolgação dos festejos populares, que também é reforçada pela construção melódica, ligeiramente mais aguda e em movimento ascendente, da frase “Bumba meu Pai do campo ô ô”. “Êle não sabe que seu dia é hoje”, o segundo texto da estrofe musical ilustra o final do folguedo: “Estrêla-d'alva lá no céu já vem surgindo... / Acordou com quem 'stá dormindo / Pra ouvir o galo cantar... / Na minha rua resta a cinza na fogueira / Que levou a noite inteira / Fagulhando para o ar...” Aqueles que festejam estão acordados na madrugada de céu limpo e podem enxergar a estrela d’alva12 e ouvir o galo cantar. A cinza da fogueira é o vestígio da alegre festa do Boi-Bumbá. E na afirmação que encerra a canção “Bumba13 meu Boi-Bumbá”, a poesia brinca de forma afetuosa com a palavra bumba, fazendo uma última referência à batucada e seus instrumentos musicais típicos, e ao ato de dançar no folguedo. A melodia do refrão, onde o intérprete saúda o “Bumba meu ‘Pai do Campo’ ô, ô” até o final da canção “Bumba meu Boi-Bumbá” caminha em movimento descendente, como as chamas da fogueira que diminuem gradativamente até serem brasa e, por fim, cinza. Considerações finais Pode-se afirmar que Waldemar Henrique foi considerado “A voz da Amazônia” pois apreciava profundamente a cultura do Pará. As lendas, mitos, rituais religiosos, festejos e demais elementos culturais regionais são retratados musicalmente com riqueza e espontaneidade, pois são conteúdos adquiridos em sua jornada pessoal. Posteriormente, 12 Planeta vênus: Vésper, à tarde, estrela da tarde, boieira, papa-ceia. Matutina, estrela da manhã (CÂMARA CASCUDO, 1999, p. 907). O planeta Vênus foi confundido com uma estrela por gerações, o brilho que recebe do sol o faz visível de maneira semelhante a uma estrela no período matutino (Estrela D’Alva) e no vespertino (Estrela Vésper), gerando a ideia de que eram duas estrelas diferentes. Disponível em: http;//astronomiareal.blogspot.com.br/2012/05/porque-muitos-chamam-o-planeta-venus-de. Acesso em: 18/06/2017. 13 Bumba é interjeição, zás, valendo a impressão de choque, batida, pancada. Bumba-Meu-Boi será “Bate! Chifra, meu Boi! (...)” (CÂMARA CASCUDO, 1999, p. 192). 15 através de pesquisas, o compositor ampliou sua atenção para o folclore nacional, incluindo de forma acessível e intimista novos temas populares em seu cancioneiro. Foram selecionadas obras do compositor de diferentes classificações: Minha terra (Canção), Cobra grande (Canção Amazônica), Abaluaiê (Ponto-ritual) e Boi-bumbá (Batuque Amazônico). As quatro canções possuem trechos recitativos e compasso binário, que é uma constante do folclore. Pode-se dizer que a influência religiosa europeia do catolicismo faz ponte com as crenças de origem indígena e africana. Isso está impresso em alguns temas folclóricos provavelmente em decorrência da colonização do Brasil. Ainda que se observe a predominância do universo indígena na Cobra Grande, dos orixás de origem africana em Abaluaiê e da presença de Deus, do catolicismo europeu, em Minha terra, essas influências por vezes se mostram mescladas, como em Boi-bumbá. No cancioneiro de W. Henrique, os temas étnicos são expostos através de gestos composicionais que unem uma prosódia quase perfeita ao lirismo dos versos literários, desenhando uma linha melódica carregada de expressividade. O canto soa espontâneo e transita livremente entre os universos da música vocal erudita, popular e folclórica. Bibliografia ALIVERTI, Márcia Jorge. Uma visão sobre a interpretação das canções amazônicas de Waldemar Henrique. Estudos Avançados, v.19, n.54, São Paulo, 2005, p.283-313. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40142005000200016. Acesso em: 29/02/2016. ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo: Martins, 1962. _________________. Pequena História da Música. São Paulo: Martins, 1962. BARROS, Maria de Fátima E. Waldemar Henrique: Folclore, Texto e Música num único projeto – a canção. Dissertação (Mestrado em Música). 168 f. Universidade de Campinas, 2005. BOHUMIL MED. Teoria da Música. 3ª ed. Brasília: MusiMed, 1996. CÂMARA CASCUDO, Luís da. Folclore do Brasil. Rio de Janeiro, Lisboa: Fundo de Cultura S.A., 1967. __________________________Dicionário do Folclore Brasileiro. 10ª ed. São Paulo e Rio de Janeiro: Ediouro, 1999. 16 DIAS, Robert Madeiro. Em águas e lendas da Amazônia: os outros brasis de Waldemar Henrique e Mário de Andrade (1922-1937). Dissertação (Mestrado em História). 201 f. Universidade Federal do Pará, 2009. FURLANETTO, Beatriz Helena. A arte cômica do boi-de-mamão paranaense. 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