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Fundamentos da Economia - Parte 1

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FUNDAMENTOS DA ECONOMIA
AULA 1 – CONCEITOS BÁSICOS
Tempos modernos: uma breve contextualização
A todo momento somos bombardeados por questões econômicas nos jornais, na televisão e
nas redes.
Questões como aumento de preços, desemprego, comportamento das taxas de juros, déficit
governamental, vulnerabilidade externa, período de crise econômica ou de crescimento dentre
outros, são temas que fazem parte da nossa rotina e são discutidos por cidadãos comuns.
Outras questões que a Economia estuda e que
afetam o consumidor, assalariado, empresário etc.:
• Como controlar a inflação?
• Como fazer a Economia crescer mais?
• O que foi a crise econômica mundial? Ela já
acabou?
O objeto de estudo da Economia
A definição mais conhecida de Economia é: “uma ciência social que estuda como o
indivíduo e a sociedade escolhem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e
serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e os grupos da sociedade, a fim de
satisfazer as necessidades humanas da melhor maneira possível.
Para satisfazer o maior número dessas
necessidades, a sociedade conta com recursos ou
fatores de produção como:
• Terra
• Trabalho
• Capital
Esses recursos, no entanto, são bastante
limitados e, assim, nem todas as necessidades
podem simultaneamente ser satisfeitas.
Desejos de consumo da sociedade
Como já foi dito, o objetivo principal da atividade econômica é o de atender as necessidades
humanas. Hoje, pelos novos conceitos e realidades, pode-se ampliar esse entendimento para as
necessidades do planeta (sustentabilidade).
Uma vez atendidas plenamente as necessidades ditas materiais, o indivíduo passa a sentir
outro tipo de necessidade: a estima dos amigos, o reconhecimento e a aceitação do grupo social que
frequenta, necessidade de status e assim por diante.
Objetivando apenas em nós, seres humanos, as necessidades representam os desejos de
consumo da sociedade.
Observa-se que são ilimitadas e
diversificadas. De um modo geral, quando as
necessidades básicas (alimentação, moradia,
vestuário) são atendidas, o indivíduo passa a ter
outras como educação, lazer, melhoria do seu padrão
de vida (maior casa, melhores roupas, automóvel
etc.).
A definição de Economia sugere que existem dois lados a serem conciliados: A
disponibilidade de cursos produtivos escassos e As necessidades humanas ilimitadas.
As questões econômicas fundamentais, escassez e necessidades
A escassez dos recursos ou fatores de produção e as necessidades ilimitadas da sociedade
geram os chamados “problemas econômicos fundamentais”:
1. O que e quanto produzir – A sociedade terá que escolher, dentro do leque de
possibilidades de produção, quais os produtos a serem produzidos e e que
quantidades.
2. Como produzir - A sociedade terá que escolher quais os recursos ou fatores de
produção serão utilizados para gerar os produtos e que tecnologia utilizar.
3. Para quem produzir - A sociedade deverá decidir o mercado consumidor que se
pretenda atingir.
Como já foi dito, essas questões só existem porque há escassez e necessidades a serem
atendidas.
Estamos tratando aqui apenas dos bens
econômicos, que são aqueles que são relativamente
escassos e precisam ser produzidos e, portanto, não
são abundantes e oferecidos gratuitamente pela
natureza, como é o caso dos bens livres (ex.: ar,
água, luz solar etc.) As necessidades vão definir o
tamanho do mercado consumidor de um produto.”
O modo como as sociedades tentam resolver os problemas econômicos fundamentais
dependendo da forma que cada país organiza sua economia, ou seja, do sistema econômico.
Um sistema econômico pode ser definido da
seguinte maneira: “Forma política, social e
econômica pela qual está organizada a sociedade. É
um particular sistema de organização da produção,
distribuição e consumo de todos os bens e serviços
que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no
padrão de vida e no bem-estar”
Grupos de sistemas econômicos
De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos.
Sistema Econômico centralizado ou planificado : organizado diretamente por uma
agência de Estado, onde todo e qualquer planejamento das condições econômicas está vinculado
diretamente pelas decisões desta entidade e onde os meios de produção pertencem, de uma maneira
geral, a ela.
Sistema econômico capitalista ou de mercado : o funcionamento da economia é regido
pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de
produção.
Nos dois sistemas, ocorrem as trocas
econômicas que são vantajosas para os agentes
econômicos perante a escassez de recursos porque
possibilitam a divisão e a especialização da
produção, da distribuição, da comercialização e do
consumo em uma organização econômica.
FUNDAMENTOS DA ECONOMIA
AULA 2 – FATORES DE PRODUÇÃO E AGENTES ECONÔMICOS
Fatores ou recursos de produção
Consideram-se fatores de produção os meios disponíveis para gerar os produtos que a
sociedade necessita.
Sua principal característica é a escassez, no sentido de que, na maioria das vezes, são
limitados em quantidade. Esse é, sem dúvida, o cerne da questão econômica: a escassez dos fatores
de produção.
Outra característica é a versatilidade, significando que um mesmo fator de produção possui a
capacidade de poder ser utilizado em vários processos produtivos. Isso fica demonstrado, por
exemplo, ao observarmos que um mesmo trator pode ser utilizado…
Fator de produção terra ou recursos naturais
Constitui a base sobre a qual se exercem as atividades dos demais recursos. Tratam-se das
reservas naturais (solo e subsolo), águas (oceanos, mares, lagos e rios), pluviosidade e clima, flora e
fauna e até fatores extraterrestres (como, por exemplo, a fonte inesgotável de energia solar e a
influência lunar sobre as marés).
Fator de produção trabalho
A parcela da população apta a desenvolver uma atividade econômica é considerada de fator
trabalho.
Trata-se, portanto, da população total
deduzindo-se as crianças e os idosos. A esse
contingente de pessoas aptas dá-se o nome de
população econômica (PE)
Fator de produção capital
Vem a ser o somatório de construções, máquinas e equipamentos. Isso significa dizer que é
considerado como fator de produção capital de uma economia as suas disponibilidades para a
geração de novas riquezas.
Fator de produção capacidade tecnológica
O conjunto de conhecimentos e habilidades que uma sociedade possui.
Fator de produção capacidade empresarial
Vem a ser a capacidade de organizar o fluxo de produção, ou seja, a capacidade de gestão.
Em última análise, é a forma de administrar da melhor maneira possível a utilização dos quatro
primeiros fatores de produção no processo produtivo.
Custos de Oportunidade
Sempre que escolhemos produzir determinado bem devemos abrir mão de recursos que
poderiam ser empregados na produção de outros bens, significando o custo de oportunidade na
produção de um bem. 
Custo de oportunidade
O custo de oportunidade não é o ganho
relativo a uma escolha, nem ao custo da produção do
que foi escolhido, mas corresponde ao que se deixou
de ter ou ao sacrifício do que se deixou de produzir
ao se fazer determinada escolha.
Este é um dos conceitos mais importantes da Economia, se aplicando tanto à alocação de
recursos como às decisões entre investimentos alternativos.
Curva de Possibilidades de Produção
• Deslocamento “para fora”
O custo de oportunidade não é o ganho relativo a uma escolha, nem ao custo da produção do
que foi escolhido, mas corresponde ao que se deixou deter ou ao sacrifício do que se deixou de
produzir ao se fazer determinada escolha.
Esse dilema nas escolhas é representado pela
Curva de Possibilidades de Produção (ou Curva de
Transformação da Produção). A curva é um bom
exemplo de um modelo utilizado para, de forma
simplificada, representar a realidade. Essa curva, que
é uma representação simplificada de uma economia,
é sempre côncava e, em cada eixo, há um produto.
A área delimitada pela curva é a de
possibilidades de produção para aquela economia
em relação aos dois produtos, que são os únicos
produzidos, no caso alimentos (em toneladas) e
máquinas (quantidade). 
Deslocamento “para fora”: Isso significa que qualquer ponto além da curva é impossível de
ser alcançado. A produção máxima é alcançada quando a economia está em algum ponto da borda
da curva. Esse é seu limite, o limite das possibilidades de produção.
Havendo maior produtividade ou disponibilidade de fatores a curva se desloca para a direita
(“para fora”).
ATENÇÃO
A área delimitada pela curva é dada pela
capacidade produtiva da economia, que por sua vez
depende da disponibilidade de fatores produtivos.
Portanto, quanto maior a disponibilidade de fatores
de produção, maior a capacidade produtiva da
economia.
• Deslocamento “para dentro”
Havendo menor produtividade ou disponibilidade, o deslocamento é para a esquerda (“para
dentro”.
ATENÇÃO
A curva expressa o dilema clássico da
Economia. Não há recursos para se produzir tudo o
que se deseja e é necessário fazer escolhas. Sempre
para se produzir mais de um produto é necessário se
produzir menos de outro, até a situação limite em
que toda a capacidade produtiva da economia está
voltada para a produção de apenas um produto.
Fluxo circular de renda e produção
A contrapartida da utilização dos fatores de produção no processo produtivo é sua
remuneração. No caso do trabalho, a contrapartida, são os salários, e no caso do capital são os
lucros.
Supondo-se uma economia onde existam
apenas famílias e empresas, os proprietários dos
fatores de produção são as famílias, que emprestam
esses fatores produtivos às empresas, para que elas
viabilizem a produção de bens. Os agentes
econômicos são, portanto, as famílias e as empresas,
que são as entidades que propiciam o processo
produtivo.
As famílias e as empresas interagem em dois mercados, o de fatores e o de produtos.
No mercado de fatores as famílias emprestam capital e trabalho para as empresas utilizarem
na produção em troca de uma remuneração, no caso salários e lucros/dividendos. O valor da
remuneração é negociado entre as partes.
No mercado de produtos as empresas vendem seus produtos às famílias que para comprá-los
utilizam a renda obtida no mercado de fatores. Portanto, os dois mercados estão interligados como
mostra a figura do fluxo circular.
Essa vinculação dos mercados mostra que
pagar baixos salários — se por um lado diminui o
custo de produção das empresas — por outro
diminui seu mercado consumidor, pois as famílias
ficam com menos dinheiro para gastar. Essas
relações estão sintetizadas no fluxo circular, que
mostra como para cada fluxo real, há uma
contrapartida monetária. Afinal, a economia trata de
acompanhar transações que ocorrem em valores em
moeda.
FUNDAMENTOS DA ECONOMIA
AULA 3 – HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO
História do pensamento econômico
Há um consenso em que a teoria econômica foi sistematizada em 1776, com Adam Smith.
Mas como era tratada a economia nos períodos anteriores?
Na antiguidade, a atividade econômica era tratada como parte da Filosofia, Moral e Ética.
No século XVI, podemos destacar o mercantilismo, com as preocupações sobre a
acumulação de riquezas de uma nação pela quantidade de metais preciosos que a nação possuía. E,
no século XVII, a fisiocracia, com a ideia de sustentação da economia regida pela lei natural.
Escola clássica
A Economia, como uma ciência específica, nasce com os economistas clássicos. Para eles, o
liberalismo e o individualismo estavam associados ao bem comum: o homem, ao maximizar sua
satisfação pessoal, como o mínimo de esforço, estaria contribuindo para o máximo do bem-estar
social. Vamos destacar alguns pensadores da Escola Clássica:
Adam Smith
As duas principais ideias de Adam Smith permanecem no debate econômico atual: a “mão
invisível” e a “divisão de trabalho”.
Vamos começar pela questão da “mão invisível” do mercado.
Segundo Adam Smith, somos todos individualistas e procuramos, no mundo econômico,
sempre o que é melhor para nós. Só que ao fazer isso, como que guiados por uma mão invisível,
estamos contribuindo para o melhor da sociedade. Ou seja, imagine a costureira, ela fará a melhor
costura possível; assim como o padeiro fará o melhor pão. No final das contas, a sociedade terá a
melhor costura e o melhor pão, pelo melhor preço.
Mas por que a costureira e o padeiro agem
dessa forma? Por existir a pressão da concorrência e
porque querem ser bem-sucedidos e ter lucro.
O interessante, na teoria de Smith, é que os agentes econômicos não possuem plano prévio
ou orientação externa, é a mão invisível! Ou seja, se cada um procurar fazer o melhor, chega-se a
uma situação que é a melhor para a sociedade.
Mas é necessário destacar um ponto importante: isso só é possível frente a livre
concorrência, e a não intervenção do governo nas questões econômicas. Essa filosofia se perpetua
nos dias de hoje, por aqueles que defendem pouca intervenção do governo na economia: “deixe o
mercado em paz, não intervenha governo, pois a mão invisível vai solucionar os problemas
econômicos”.
A ideia de Smith era a menor intervenção do
governo na economia, mas não uma ausência de
governo. O governo tinha um papel importante, por
exemplo, nas áreas sociais e de infraestrutura.
Outro ponto a ser destacado é a divisão do trabalho. Ela traz a especialização, uma maior
produção por trabalhador (maior produtividade) e, consequentemente, o barateamento do produto,
pois se produz mais com o mesmo número de trabalhadores.
O crescimento do mercado é o que impulsiona a especialização.
David Ricardo
O trabalho de Adam Smith foi aperfeiçoado pelo discípulo David Ricardo. A maior
contribuição de Ricardo à teoria econômica foi provavelmente a teoria das vantagens comparativas,
apresentada no livro Princípios de Economia política e tributação.
Para Ricardo, o país deveria se especializar no produto em que tem mais vantagens
comparativas. O que significa isso? Um país tem vantagem comparativa em um produto, quando o
outro, com quem compete, tem alto custo de oportunidade ao fabricar produto, mesmo sendo mais
eficiente na produção.
No exemplo construído por esse autor, existem dois países (Inglaterra e Portugal), dois
produtos (tecido e vinho) e apenas um fator de produção (mão de obra). A partir da utilização do
fator trabalho, obtém-se a produção dos bens mencionados, conforme o quadro a seguir:
Em termos absolutos, Portugal é mais
produtivo em ambas as mercadorias. Mas, em
termos relativos, o custo de produção de
tecidos, em Portugal, é maior que o da
produção de vinho; e, na Inglaterra, o custo da
produção de vinho é maior que o da produção
de tecidos. Comparativamente, Portugal tem
vantagem relativa na produção de vinho, e a
Inglaterra na produção de tecidos.
A Economia Neoclássica
Podemos destacar como o principal economista da corrente neoclássica, Alfred Marshall
(1842-1924).
Ele escreveu o livro Princípios de Economia,
que foi a base conceitual fundamental da
Microeconomia nas suas fórmulas matemáticas e
apresentação gráfica.
Escola keynesiana
O destaque é para John MaynardKeynes (1883-1946), citado como o criador da
Macroeconomia.
Na sua obra, Teoria geral do emprego, juro e moeda, ele criticava o pensamento dominante
da época, a Lei de Say. Para essa “lei”, toda oferta gera sua demanda.
A “revolução keynesiana”, assim chamadas
as ideias de Keynes, mudaram a forma de pensar a
economia e foi dominante até os anos 1970.
Milton Friedman (1912- 2006), com o monetarismo, significou reação do pensamento
neoclássico à revolução keynesiana.
Celso Furtado (1920-2004), com o estruturalismo, foi o divisor de águas apresentando o
pensamento de que o desenvolvimento econômico da América Latina dependia da sua
industrialização.
Para Keynes, a demanda da economia é
composta pelo consumo das famílias, o investimento
e os gastos do governo, em uma economia fechada.
Em épocas de recessão, caberia ao governo gerar a
demanda através de gastos públicos.
Divisões da Economia
Ao tratar como as pessoas físicas e jurídicas (e a sociedade) decidem empregar recursos
produtivos escassos na produção de bens e serviços, a Economia pode fazer isso basicamente
através de duas metodologias ou divisões de análise.
Microeconomia
Analisa o comportamento individual das unidades
econômicas.
Macroeconomia
Analisa o funcionamento da Economia como um
todo, de um país. Realiza uma visão simplificada
e abstrata da Economia.
As duas divisões ocupam as mesmas
questões da ciência econômica, mas se fixam em
perspectivas distintas.
Sistema econômico de mercado capitalista X Sistema econômico centralizado ou planificado
De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos
Sistema econômico capitalista ou de mercado
O funcionamento da economia é regido pelas
forças de mercado, predominando a livre-
iniciativa e a propriedade privada dos fatores de
produção.
Sistema econômico centralizado ou planificado
Organizado diretamente por uma agência de
Estado, onde todo e qualquer planejamento das
condições econômicas está vinculado
diretamente às decisões desta entidade e onde os
meios de produção pertencem, de uma maneira
geral, a ela.
Nos dois sistemas, ocorrem as trocas econômicas. As trocas econômicas são vantajosas para
os agentes econômicos perante a escassez de recursos porque possibilitam a divisão e
especialização da produção, da distribuição, da comercialização e do consumo em uma organização
econômica.
FUNDAMENTOS DA ECONOMIA
AULA 4 – ABORDAGEM MICROECONÔMICA - ANÁLISE DE MERCADO
O que é mercado?
O mercado é o local onde atuam as forças de demanda e oferta em busca de um equilíbrio.
As trocas econômicas são realizadas nos mercados interno e externo. Nestes mercados, atuam
conjuntamente as forças da demanda e da oferta por mercadorias ou produtos.
Então, os preços dos produtos podem ser definidos em função da quantidade de reais (R$)
necessários para obter em troca de uma determinada quantidade de mercadorias. Fixando preços
para todos os produtos, o mercado permite a coordenação dos compradores e dos vendedores,
assegurando a viabilidade do sistema capitalista por meio do chamado livre jogo da oferta e
demanda.
A Microeconomia utiliza a hipótese de “tudo mais constante” (coeteris paribus, em latim)
na construção dos seus modelos. O objetivo é isolar a uma determinada variável, cujo efeito se
pretende investigar, supondo-se que outras variáveis permanecem constantes, ou seja, que não
interfiram no fenômeno investigado.
Como exemplo, sabemos que a demanda (ou
a procura) de um bem é afetada pelo preço e pela
renda dos consumidores.
Em um determinado momento, precisamos analisar o efeito do preço sobre a demanda.
Para analisar o efeito dessa variável (preço) sobre a demanda, manteremos a renda dos
consumidores constante (coeteris paribus), faremos a alteração do preço e saberemos o resultado na
demanda.
Entendendo a demanda e a procura
• Por que precisamos adquirir bens e serviços?
Porque nos são úteis, ou seja, há uma satisfação de nós, consumidores, proporcionada pelo
consumo. Podemos, então, hierarquizar nossa cesta de consumo.
A demanda (ou a procura) de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas por um
determinado produto indica o quanto esta pessoa ou grupo de pessoas desejam consumir, a dado
preço, esse produto em um determinado período de tempo.
Segundo Vasconcellos, na maioria das vezes,
os fatores que afetam a quantidade procurada
(demandada) do produto podem ser representados
por uma função, chamada função geral da demanda,
como segue:
Qx = f (Px, Py, Pz, R)/t
Entendendo a oferta
Em microeconomia, a empresa (ou firma) é o local onde fatores de produção são
combinados, segundo um processo de produção escolhido, gerando os produtos, com o objetivo de
maximizar seus resultados em termos de produção e lucro.
A oferta (de uma mercadoria em um
determinado mercado) é a quantidade de um produto
X que um produtor ou conjunto de produtores está
disposto a vender, a determinado preço, em um
período de tempo
Equilíbrio de mercado
O equilíbrio do mercado pode ser definido pela interação entre demanda e oferta de mercado
para um bem ou serviço.
Da interação entre essas curvas define-se um ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o
preço e a quantidade de equilíbrio.
Desse modo, a noção de equilíbrio de mercado corresponde à coincidência de desejos entre
consumidores e produtores, evidenciando uma situação onde não há excesso ou escassez de oferta
ou de demanda. Neste ponto, os planos dos compradores são consistentes com o plano dos
vendedores.
Em uma economia de mercado, o mecanismo
de preços leva automaticamente ao equilíbrio.
Na figura apresentada, perceba que para
qualquer preço superior a p0 a quantidade que os
ofertantes desejam vender é maior do que a que os
consumidores desejam comprar, evidenciando um
excesso de oferta. Por outro lado, para qualquer
preço inferior a p0, surgirá um excesso de demanda.
Interferência externa
Mas é importante salientar que essa “convergência” para o equilíbrio ocorre sem qualquer
interferência do governo ou de outro agente externo.
• Estabelecimento de impostos
Um imposto sobre bens e serviços vai recair em um aumento de custos para a empresa. Se
quiser manter a quantidade ofertada, a empresa deverá aumentar o preço do seu produto
(repassando o imposto para o consumidor), ou reduzir o custo em outra área de produção. Ou então,
reduzir a quantidade ofertada.
• Política de preços mínimos na agricultura
A finalidade é garantir preço para as atividades agrícolas, pecuárias e extrativas. O governo
pode comprar os produtos dos produtores (atualmente menos utilizado) ou conceder empréstimos
para produtores ou cooperativas para estocar seu produto e vender em um período mais favorável.
• Tabelamento
Intervenção do governo na tentativa de coibir abusos de preços por parte dos ofertadores e
frear um processo inflacionário. Já foi utilizado aqui no Brasil no Plano Cruzado, por exemplo.
FUNDAMENTOS DA ECONOMIA
AULA 5 – ABORDAGEM MICROECONÔMICA – ESTRUTURAS DE MERCADO
Premissa
Na análise padrão, que fizemos de demanda e oferta, implicitamente estava sendo suposta
uma estrutura de mercado em um contexto de uma estrutura chamada de “concorrência perfeita”.
Observamos, por outro lado, que as relações entre compradores e vendedores seguem padrões
diferentes do tamanho desse mercado, do número de vendedores, do número de compradores e , até
mesmo, do tipo de produto comercializado.
Consequentemente, a forma como os preços
são determinados varia de acordo com as
características do mercado. Essas características é
que fornecem base para uma classificação genéricados diversos tipos de mercados. As estruturas de
mercado dependem, fundamentalmente, de três
características:
• Número de empresas que compõe
esse mercado
• Tipo de produto
• Possibilidade de acesso de novas
empresas no mercado
A análise simplista que faremos irá considerar quatro alternativas de estruturas de oferta para
atender o mercado consumidor de um determinado produto.
Conceitualmente, esses mercados são
denominados de concorrência perfeita, concorrência
monopolística, oligopólio e monopólio. As
características de cada um desses apresentaremos a
seguir.
Concorrência perfeita
Pelo próprio nome, o mercado de concorrência perfeita é aquele onde a concorrência entre
os agentes econômicos, devido ao seu grande número, é a mais significativa.
É uma estrutura utópica, pois os mercados
altamente concorrenciais inexistentes, na realidade,
são apenas aproximações desse modelo.
A consequência lógica desse número excessivo de participantes é a que cada um deles se
torna incapaz de, sozinho, alterar as condições de mercado. Assim, tanto consumidores como
produtores não conseguem afetar os níveis de oferta e procura e o seu preço de equilíbrio.
Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:
1. Existência de um grande número de compradores e vendedores, refletindo uma situação de
mercado atomizado, como se fossem “átomos”;.
2. Produtos homogêneos, ou seja , não há diferença entre os produtos ofertados pelas outras
empresas. São substituídos perfeitos entre si, inviabilizando preços diferentes no mercado..
3. Transparência do mercado, os agentes possuem completa informação e conhecimento sobre
o preço do produto.
4. Ausência de barreiras à entrada ou à saída de novos concorrentes, ou seja, há livre entrada e
saída de firmas no mercado.
5. Racionalidade por partes dos agentes, ou seja, a visão da empresa faz com que as empresas
sempre maximizem o seu lucro e que os consumidores maximizem a satisfação ou utilidade
derivada do consumo de um bem.
Na situação de concorrência perfeita, como o
produto é homogêneo e a empresa possui uma
posição pequena, em relação ao seu mercado, a
empresa não pode influenciar o preço de mercado,
ou seja, o preço de mercado é um dado fixado para
empresas e consumidores.
Monopólio
É uma estrutura com condições altamente opostas à concorrência perfeita. O prefixo ‘mono’,
como se sabe, significa unidade. Assim, o monopólio representa o caso limite de um mercado onde 
só existe um único produtor (ou fornecedor) de um bem ou serviço.
Por esse motivo, preço e quantidades 
produzidas serão determinadas pela empresa 
monopolista. Normalmente, os produtos vendidos, 
nesse tipo de mercado, costumam exigir altíssimos 
níveis de investimento, fazendo com que o acesso de
algum concorrente seja muito difícil.
Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:
1. Uma empresa detém 100% da produção de um determinado mercado.
2. Produto sem substituto próximo.
3. Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes.
Por que os monopólios surgem e/ou são mantidos?
Uma estrutura onde não há concorrência nem substituto próximo para o produto, os 
consumidores acabam sendo submetidos às condições impostas pelo ofertador. Mas por que os 
monopólios surgem e/ou são mantidos?
Algumas situações, vejamos:
• A presença de patentes – Quando a empresa é a única que detém a tecnologia para produzir 
aquele bem. Dependendo do tempo de duração da patente no mercado em que opera, a 
patente pode promover a uma determinada firma uma posição monopolista.
• Controle de matéria-prima básica – Quando uma empresa tem um acesso exclusivo a uma 
matéria-prima essencial, pode levá-la a consolidação de posições de monopólio.
• Monopólio natural ou puro – Existem situações que promovem esse tipo de monopólio, 
como por exemplo, quando uma empresa já está instalada no mercado operando com 
grandes plantas produtivas, elevadas economias de escala e custos unitários básicos. Outra 
situação é quando o próprio mercado exige um volume de capital elevado e acaba por criar 
barreiras à entrada de novos concorrentes
Oligopólio
É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio. O 
número de ofertadores é reduzido, mas essa quantidade pode ser variável. Como são poucos, as 
ações de uma das empresas podem afetar as demais. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes 
premissas:
1. Pequeno número de ofertadores
2. Produto pode ser homogêneo ou diferenciado
3. Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes
Na economia brasileira, setores oligopolistas 
são bastante comuns. Temos como exemplo alguns 
segmentos que produzem diferenciados como os 
automóveis e ouros oligopólios com produtos 
homogêneos, como cimento e alumínio. Um outro 
exemplo está no mercado de telefonia móvel, no 
qual poucas empresas controlam o mercado. Nesse 
caso, a fusão das empresas TIM e Vivo consistiu no 
primeiro oligopólio nesta área do mercado.
Há uma interdependência entre as firmas, pois a ação de uma empresa pode produzir efeitos 
diretos nas outras do mercado.
Por outro lado, há momentos nos quais as 
empresas podem optar por não competir e, sim, 
cooperar, visando, por exemplo, a evitar uma guerra 
de preços entre elas.
Geralmente, quando o mercado é muito concentrado, ou seja, quando há poucas empresas no
mercado, elas acabam buscando algum tipo de acordo e cooperação.
O Brasil possui uma legislação específica 
que busca coibir os abusos de poder econômico em 
defesa da concorrência e do consumidor.
Acordo e cooperação
O cartel ou o conluio em oligopólio
corresponde a uma situação em que algumas
empresas estabelecem em conjunto os seus preços
ou as quantidades produzidas, repartindo entre si o
mercado ou tomando em conjunto outras decisões
produtivas. Claro que acabam estabelecendo preços
elevados com a finalidade de aumentar os lucros e
reduzir os riscos.
Concorrência monopolística
É um método que, apesar de ter um grande número de ofertadores e consumidores, há uma
heterogeneidade dos produtos.
Neste mercado, existem as seguintes premissas:
1. Grande número de ofertadores
2. Produto é diferenciado, seja por características físicas ou pela propaganda e prestação de
serviços complementares (ex.: pós venda), mas há substituto próximo.
3. Não há barreiras à entrada de novos concorrentes
É interessante destacar uma característica
desse tipo de estrutura de mercado: cada empresa
possui certo poder sobre os preços, uma vez que os
produtos são diferenciados, ou seja, o consumidor
pode escolher, de acordo com a sua preferência, a
marca do produto. A empresa americana Apple Inc. é
um exemplo que cumpre com todas as
características.
Como não há barreiras à entrada de novos competidores:
• A longo prazo – a tendência é um lucro normal e a curto prazo um lucro extraordinário
• A curto prazo – exatamente por ter lucros extraordinários, acabam por atrair novos
concorrentes até chegar ao ponto de lucro normal.

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