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Direito Civil - 3° Bimestre

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Direito Civil – Terceiro Bimestre
Inadimplemento das Obrigações – A crise da Obrigação. 
- É o descumprimento da prestação obrigacional pelo devedor. A obrigação, portanto, não é extinta, entrando em crise. 
- O Inadimplemento poderá ser: 
A) Absoluto: O inadimplemento absoluto poderá ocorrer em duas situações distintas: 
1ª – Quando por culpa do devedor perde-se o objeto da prestação, advindo portanto, impossibilidade material de cumprimento da prestação. 
2ª – Quando a prestação já não mais interessa ao credor por motivo de atraso em sua execução. Ex: Buffet contratado para fazer festa de aniversário no dia 21 se ausenta e, no dia 22, aparece para fazer a festa que já passou. 
- No inadimplemento absoluto a obrigação só poderá se resolver em perdas e danos, uma vez que o objeto não mais atende as expectativas do credor ou mesmo sequer existe. 
* No inadimplemento absoluto falta utilidade à prestação para o credor, sendo que esta já não mais atende às suas expectativas. 
B) Relativo: A prestação é cumprida, contudo, tal evento ocorre em momento posterior ao combinado. No inadimplemento relativo, apesar de ser prestada com atraso, a prestação ainda é de utilidade para o credor. Ex: Noiva encomenda vestido de casamento para as 8 horas da manha do dia de seu casamento. O costureiro se atrasa e só o entrega as 7 da noite, 1 hora antes do casamento, sendo que ainda há tempo para que a noiva, mesmo que as pressas, coloque o vestido e se apresente na igreja. 
- A vítima do inadimplemento relativo poderá se utilizar de todas as tutelas específicas para perseguir a prestação. 
C) Inexato ou Defeituoso: Este instituto é de Lege Ferenda, sendo construção da doutrina e jurisprudência. Aqui, o inadimplemento não é absoluto tampouco relativo. A prestação é cumprida, no momento correto, mas de forma defeituosa. Ex: Grupo contrata com agência de turismo uma excursão para os Emirados Árabes, sendo que um dos países no itinerário do grupo é Dubai. A excursão parte, no dia correto, mas rumo aos Emirados, o guia anuncia que a passada por Dubai foi cancelada, uma vez que não foram encontradas vagas disponíveis nos hotéis. 
Sanção ao inadimplemento (art. 389 do CC)
1ª - Juros e atualização monetária.
2ª - Perdas e Danos
3ª - Honorários advocatícios
* Estas sanções serão aplicadas no inadimplemento absoluto, relativo e inexato. 
Art. 391: Respondem pelo inadimplemento “todos” os bens do devedor.
- Esta é a garantia da qual dispõe o devedor de que as sanções explicitadas pelo artigo 389 serão devidamente aplicadas. Contudo, há de se observar que não serão todos os bens do devedor que responderão pelo inadimplemento da obrigação assumida, ficando assim respeitados os bens de família, as ferramentas de trabalho, etc. (Art. 649 do CPC). 
Art. 390: Inadimplemento da obrigação de não fazer
- O inadimplemento da obrigação de não fazer se dá no momento em que o devedor executou o ato que havia se obrigado a não executar.
- Aqui, o inadimplemento poderá ser absoluto ou relativo. Ex: Vizinho aumenta seu muro em 1,5 metros quando havia se obrigado a não fazê-lo. Por ser possível que o muro seja derrubado tem-se que o inadimplemento é relativo. Ex2: Homem caça em propriedade de seu vizinho, ato este que tinha se obrigado a abster de fazer. 
Art. 392: Inadimplemento de contrato benéfico. 
- Contrato benéfico é aquele no qual uma das partes só se beneficia enquanto a outra só é onerada. Ex: Doação. 
- Acaso o futuro donatário (aquele que irá receber a coisa em doação) esteja em posse da coisa e esta se perde, este deverá indenizar o dono da coisa, tendo agido tanto com dolo quanto por culpa. 
- Acaso exista uma promessa de doação futura e, a posse sendo ainda do proprietário, a coisa se perde, este só terá de indenizar se agiu com dolo. 
Mora (inadimplemento relativo)
Tratada como “inadimplemento relativo” no Código Civil Título IV, Capítulo II. 
Art. 394: O artigo define que poderá haver mora tanto por parte do credor quanto por parte do devedor. 
Mora do Credor
- Art. 400: A mora do credor isenta o devedor na conservação da coisa. Acaso, ainda assim, este tenha gastos em sua conservação, terá direito de reembolso por estes. Terá ainda, o devedor cujo credor está em mora, direito a receber, quando houver oscilação no preço da coisa, o valor que mais lhe favorecer. Ex: Devedor deve entregar jóia a credor no valor de 200.000 reais. Acontece que, quando o vai fazê-lo, o credor se encontra na UTI em estado grave, não podendo receber e não deixando qualquer pessoa procurada para fornecer quitação a seu devedor. Neste intervalo de tempo em que o credor se encontra em mora, ocorre uma valorização no preço da jóia e seu valor que era de R$200.000 reais passa a ser R$250.000. Terá o direito, o devedor, de receber o valor que mais lhe beneficie, ou seja, os 250.000. 
* A mora do credor se dá independente de elemento subjetivo (culpa no sentido lato), sendo a análise meramente objetiva. 
Mora do Devedor
* A mora do devedor, diferentemente da mora do credor, dependerá de culpa deste. 
- Art 389 e 395: O devedor que se encontrar em mora deverá arcar com as perdas e danos, com os juros e atualização monetária e com os honorários advocatícios da outra parte. 
* IV Jornada de Direito Civil dos Juízes Federais – Enunciado 354:
- Quando o devedor não satisfaz a prestação por inteiro motivado por juros abusivos, não cai este em mora. 
-Art 398: Quem comete o ilícito civil (art. 186 e 187 do CC), já incorre em mora a partir da prática do ato. 
Mora ex re
-Art. 397: A mora poderá ser ex re, sendo esta aquela em que a prestação obrigacional é líquida, positiva, certa e tem termo de vencimento. Esta constitui, de pleno direito, em mora o devedor. 
* O Credor não é obrigado avisar ao devedor sobre o vencimento da dívida para que este caia em mora. 
Mora ex persone
-Art 397 parágrafo único: Não havendo termo (vencimento) a mora se constitui por meio de ação judicial ou interpelação extrajudicial (ex: Correspondência com AR em que fique definida a devida cobrança por parte do credor). 
* lembrar que quando a obrigação não possui termo de vencimento ela é exigível desde logo, respeitado o prazo ético ou moral que será estipulado pelas partes ou mesmo pelo juiz. 
Purgação da mora (purgar = vencer, extinguir) – Art. 401. 
I – Por parte do devedor quando este oferecer a prestação mais os gravames do artigo 389, sendo estes, as perdas e danos, os honorários advocatícios e os juros e atualizações monetárias. 
II – Por parte do credor quando ele receber o pagamento e sujeitar-se aos efeitos da mora até a data que o fizer, sendo estes efeitos os gastos com a conservação da coisa e o pagamento ao devedor do valor da coisa mais beneficiar a este. 
Efeitos
Devedor – 389
Credor – 400
Responsabilidade Civil
- Propósito do direito: Viabilizar a coexistência na liberdade de todos e de cada um, em busca do bem comum, movida por dois valores principais: ordem e justiça. Portanto, só haverá a liberdade individual e coletiva, preservados estes dois valores. 
Ordem: Este valor deverá ser respeitado das mínimas às máximas coisas. 
Justiça: Quando se atenta contra a ordem surge a justiça para punir quem comete o ilícito, com o fim de preservar a liberdade (valor mais importante depois da vida). 
	Ainda é parte do propósito do direito: 
- Separar o certo do errado no convívio social.
- Resolver o conflito de interesses representando por uma ação proposta à análise do Poder Judiciário. 
* Temos portanto que a Responsabilidade Civil é a sanção estabelecida pelo Direito Privado, desde os tempos do Direito Romano, àqueles que atentam contra a ordem e a justiça. 
- Princípios romanos vitais referentes à responsabilidade civil: 
- Viver honestamente
- Não lesar ninguém
- Dar a cada um o que é seu. 
Fundamentos da Responsabilidade Civil: 
1 – Defender a liberdade
2– Separar o certo do errado
3 – Estabelecer parâmetros de conduta individual e social
4 – Resolver conflitos de direito colocados à apreciação do Estado através do Poder Judiciário. 
* Responsabilidade Civil é a OBRIGAÇÃO que incumbe uma pessoa a obrigatoriedade de reparar o dano que esta causou a outrem . Tem-se, portanto, que se trata de uma OBRIGAÇÃO DE DAR PECUNIÁRIA, uma vez que se trata de tutela genérica que resolve a obrigação em perdas e danos. 
- A Responsabilidade Civil pode surgir de três formas distintas: 
1ª – Pelo ato próprio: Pessoa age e, com sua atitude, causa dano a outrem que a obriga a reparação. É a própria pessoa que produziu o resultado quem é responsável por indenizar. 
2ª – Pelo ato de dependente: Pessoa tem de indenizar por ato executado por outra que está sob sua guarda. Ex: Criança que quebra vidraça de vizinho, ficando os responsáveis obrigados pela reparação do dano. 
3ª – Pelo fato da coisa inanimada ou animada: Fato da coisa inanimada é o caso, por exemplo, de um muro de uma casa que, por estar em avançado estado de deterioração, cai sobre o carro de outrem, ficando o dono do imóvel obrigado a indenizar. Fato da coisa animada é o caso, por exemplo, de um Pitbull que, por não ter sido devidamente fechado, escapa e causa danos corporais a alguém. 
*Tem-se que a responsabilidade civil é a tutela genérica da ação de dar, fazer ou não fazer nos casos de inadimplemento absoluto. Esta se encontra dentro da estrutura da obrigação, mais especificamente no vínculo jurídico. 
Classificação da responsabilidade civil: 
1ª – Quanto ao fato gerador: 
A – Contratual: Deriva do descumprimento do exposto no artigo 481, ou seja, da violação de uma obrigação celebrada entre as partes, constante de um contrato. Tal violação corresponde ao denominado ilícito penal (art. 186 do CC). Aqui, há a violação de um dever jurídico contratual. 
	É necessário que entre a conduta e o dano exista o nexo de causalidade e efeito. 
- Não é necessário que o contrato violado tenha se dado por escrito, podendo ser até mesmo ficto. Ex: Homem ocupa casa abandonada de uma fazenda e, sem conversar com o dono sobre isso, começa a trabalhar nas terras, lavrando com os demais empregados Certo dia o dono pede que ele saia pois precisa da casa e o indivíduo diz que o fera, contanto que o patrão lhe pague os salários atrasados. O que ocorreu aqui foi um contrato ficto de trabalho. 
- Requisitos – 
1º - Conduta: Que descumpre um negócio jurídico bilateral ou unilateral. É o ato ilícito contratual. 
2º - Dano: Prejuízo material que repercute, de forma negativa, economicamente no patrimônio da vítima ou atenta contra esta de forma meramente moral, ofendendo a dignidade ou outro direito da personalidade da vítima. 
3º - Nexo de causalidade e efeito: A conduta deve ser a causa cujo efeito é o dano. O nexo forma o liame de causalidade entro a conduta e o dano. Aqui há de se questionar: Se não houvesse a conduta, existiria o dano? Se a resposta é sim, não estará estabelecido o nexo de causalidade. Se a resposta for não, este se estabelecerá. 
4º -Validade do contrato (se for nulo não surtirá efeitos jurídicos e, portanto, não se fala em responsabilidade civil). 
5º - Obrigação precedente que liga o causador do dano e a vítima, sendo esta expressa tanto através do contrato quanto do ato unilateral. 
* A falta destes requisitos desclassifica a responsabilidade civil contratual. 
* A responsabilidade civil contratual, é aquela na qual uma prestação obrigacional é inadimplida. Há de se perceber que a obrigação surge da vontade das partes, sendo que se esta não existisse, não haveria contrato. Portanto, conclui-se que a responsabilidade civil contratual surge do inadimplemento de um dever jurídico contratual derivado da vontade das partes. É um ato ilícito contratual. 
* Se o contrato se tornou inexigível por culpa do devedor, deve este responder pelos prejuízos, sendo estes: Valor da coisa se esta já foi paga, perdas e danos, honorários advocatícios e custas processuais. 
* Há de se lembrar, portanto, que a responsabilidade civil contratual deriva mesmo do inadimplemento do dever jurídico contratual instituído pela vontade das partes. 
* A responsabilidade civil contratual pode, de igual forma, ser tipificada pelo descumprimento do ato jurídico unilateral (renúncia, herança, promessa de recompensa, etc.)
- No caso da promessa de recompensa, a partir do momento em que ela se torna pública, ela vincula o devedor (aquele que oferece), ou seja, este fica obrigado a recompensar àquele que preencher os requisitos estipulados. 
* Por resultar não só do descumprimento do dever jurídico contratual como do ato jurídico unilateral também, a melhor denominação para esta responsabilidade civil seria responsabilidade civil negocial. 
B – Extra contratual: Quebra-se um dever jurídico geral de não produzir dano a ninguém. Há autores que alegam que aqui não havia dever jurídico pré-existente. Tal afirmação é errônea, uma vez que, havia sim dever jurídico pré-existente, contudo, este é geral. Pode-se, assim, tornar vítima na responsabilidade civil extra-contratual, alguém a quem o agente não conhecia. 
- A responsabilidade civil extracontratual também é conhecida como aquiliana. Isto se deve ao fato de que ela foi, em primeiro instituída, pelo jurisconsulto romano Aquilio.
- Elementos – 
1º - Conduta: Esta descumpre um dever jurídico legal, ou seja, ela descumpre um dever jurídico geral e abstrato. 
- Na responsabilidade civil extracontratual, assim como na contratual, existe a presença do dever jurídico precedente, contudo, na 1ª, a violação ocorre com relação a dever jurídico derivado da vontade das partes, e na segunda com relação a vontade da lei. É portanto, a natureza do dever jurídico violado que distinguirá as duas responsabilidades. 
Responsabilidade civil Contratual X Extra-Contratual
Na contratual há uma conduta que pratica ato ilícito quebrando um dever jurídico negocial (uma vez que pode derivar de contrato ou ato unilateral). Na responsabilidade civil extra-contratual há igualmente uma conduta que pratica ato ilícito, contudo, quebra um dever jurídico geral, sendo que, em ambos os casos a conduta deverá ser somada ao dano e ao nexo de causalidade e efeito. 
* Existe a Teoria Monista que não distingue as duas responsabilidades. Contudo, nos fica claro que nosso sistema jurídico não a adotou, principalmente pela diferença existente com relação aos meios de prova a serem empregados. Na responsabilidade civil contratual é inegavelmente mais fácil provar a existência da violação do dever jurídico negocial, enquanto que, na responsabilidade civil extracontratual, a violação ao dever jurídico legal deverá ser determinada no caso concreto, de forma objetiva e devidamente provada. 
Situações hipotéticas: 
A – O cavalo Prelúdio foi vendido. Ainda na posse do devedor da obrigação de dar, se perde por culpa deste. Surge a responsabilidade civil contratual
B – Bar desempenha música em volume altíssimo até altas horas da noite. Surge a responsabilidade civil extracontratual. 
Dano
Elemento essencial à Responsabilidade Civil, daí afirmar que não há responsabilidade civil sem o dano. 
* não se pode dizer que a culpa é igualmente essencial pois, diferentemente do dano, haverá responsabilidade civil sem culpa em determinados casos. 
- Existem 4 (quatro) espécies de dano: 
1ª – Material: Repercute economicamente, de forma negativa, no patrimônio da vítima. 
2ª – Imaterial (moral): “é a lágrima da alma”, Atenta contra a dignidade ou outro direito pesonalíssimo do indivíduo. 
3ª – Estética (É mais relevante na mulher do que no homem): Deixa cicatrizes, deformações, etc. 
4ª – Coletiva: Açambarca um número indefinido de pessoas, ofendendo um direito da coletividade, da sociedade. Ex: Vazamento de óleo em rio que abastece uma cidade. 
Nexo de causalidade e efeito
A conduta deve ser a causa do dano. Para que se estabeleçao nexo pergunta-se: “se tal evento não tivesse ocorrido ou se tal ato não houvesse sido praticado, teria o resultado ocorrido?”
2ª – Quanto ao fundamento: 
- As modalidades de responsabilidade civil quanto ao seu fundamento não se excluem, mas sim se completam. 
A – Subjetiva (art.927 do CC): A responsabilidade civil subjetiva é determinada pela manifestação da culpa lato senso (culpa estrito senso + dolo). 
- Culpa estrito senso: deseja a conduta, mas não almeja o resultado obtido. 
- Dolo: deseja a conduta e, de igual forma, o resultado obtido. 
A Responsabilidade Civil Subjetiva também é conhecida como clássica uma vez que foi através dela que se assentou todo o instituto jurídico da responsabilidade civil, em tempos do Direito Romano. 
Art. 927: Fundamentação legal da responsabilidade civil subjetiva
- Requisitos – 
1º - Conduta culposa
2º - Dano
3º - Nexo causal
Se não foram conjugados todos os três requisitos, não ter-se-á responsabilidade civil subjetiva. 
Ex: Cheque pré-datado depositado antes de findo o prazo convencionado gera responsabilidade civil subjetiva, uma vez que o cheque está definido na lei como ordem de pagamento à vista, sendo o prazo existente de origem convencional, dependendo portanto da vontade das partes. 
Responsabilidade civil e Transporte
- Existem três tipos de transporte de indivíduos: 
A – Gratuito
B – Oneroso (Art. 734 do CC)
C – Interessado
Quanto ao gratuito: A responsabilidade civil aqui é extracontratual e subjetiva (depende de culpa) conforme o exposto no artigo 736 do CC. Ex: Amigo que dá carona ao outro gratuitamente e, sem culpa, se envolve em grave acidente de trânsito que causa danos ao transportado. Não poderá responder, neste caso, portanto, o motorista, uma vez que dos requisitos da responsabilidade civil subjetiva, se ausentou a conduta culposa. 
Quanto ao oneroso: Conforme o texto do artigo 734 do Código Civil, o dever de transportar em segurança em um contrato oneroso de transporte deriva de uma obrigação de resultado. Diz-se, portanto, que a responsabilidade civil aqui é objetiva, independendo de culpa (lato senso) do transportador, sendo que esta só será analisada no momento de o transportador agir em direito regressivo contra o real causador do sinistro, em uma relação distinta da primeira (lesado e transportador). 
Quanto ao interessado: A responsabilidade aqui, da mesma forma, será extracontratual e subjetiva, dependendo de culpa do transportador para que este fique obrigado a indenizar, sendo o transporte interessado aquele em que o transportador, mesmo que não o faça de forma diretamente onerosa, aufere, assim como faz o próprio transportado obviamente, certa vantagem. Ex: Homem que transporta médico até sua casa para que este atenda sua esposa enferma. 
* Na responsabilidade civil subjetiva, quando se fala em culpa, diz-se culpa contra a legalidade, exigindo-se que a conduta causadora do dano vá de encontro a lei. 
 - Antigamente, à época do Direito Romano, falava-se apenas em responsabilidade civil subjetiva, dependendo esta de culpa (negligência, imperícia, imprudência ou dolo) do agente. Com as modificações sócio-econômicas, esta modalidade de responsabilidade civil se tornou insuficiente, criando espaço para que nas legislações surgisse um novo instituto que previsse independente de culpa do agente, a sua responsabilidade. Surge então a responsabilidade objetiva que, conjuntamente com a subjetiva, passou a buscar segurança para as relações sociais que se mostram, a cada dia, mais inseguras. 
B – Objetiva (art. 927, parágrafo único do CC): Na responsabilidade civil objetiva, não se analisa se houve culpa na conduta do agente, mas sim se esta foi causa do dano, sendo imprescindível, assim como na subjetiva, o nexo de causa e efeito. 
- É o caso do artigo 734 que trata do transporte oneroso estudado acima. Trata-se esta de uma responsabilidade civil objetiva, devendo o transportador indenizar independente de culpa.
- Não se analisa aqui o elemento anímico (vontade do agente). 
- Conforme texto do artigo 927, parágrafo único, haverá responsabilidade civil objetiva quando a lei determinar ou quando a atividade normalmente (habitualmente) desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
Conforme determinado no artigo 37 §6º da Constituição Federal e no artigo 43 d Código Civil, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público será sempre objetiva. 
Exemplo de responsabilidade civil objetiva: Art. 12 do CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, ela reparação dos danos causados ...” 
Art 927, parágrafo único: A atividade exercida normalmente pelo autor do dano e que gera risco a direitos alheio deverá ser identificada, no caso concreto, pelo juiz, não cumprindo ao legislador definir em texto expresso quais são as que se enquadram neste perfil. Há de se observar ainda quanto a este dispositivo que a atividade deve ser normalmente desenvolvida, ou seja, o agente deve fazê-lo de forma habitual. Ex: A CPFL fornece energia elétrica à cidade de Franca em caráter habitual, constituindo esta uma atividade que traz risco a direitos alheios (responsabilidade civil objetiva). 
- O risco mencionado pelo parágrafo se refere à produção de um perigo, sendo que este poderá ser: risco criado, risco proveito ou risco integral. 
A – Risco Criado: É o abordado pelo parágrafo. O Agente fica obrigado, objetivamente, a indenizar por dano causado por atividade por ele praticada que, por sua natureza produzia perigo a direitos alheios. Mesmo se a atividade seja praticada por instituição de caridade sem fins lucrativos, estará esta obrigada a indenizar por danos a outrem. Aqui, no risco criado, se ficar comprovado caso fortuito ou força maior, culpa exclusiva de terceiro ou culpa exclusiva da vítima (causas de irresponsabilidade), afasta-se a responsabilidade ainda que objetiva. 
 
B – Risco Proveito: ubis emolumentum ibi onus (onde há vantagem há responsabilidade). Se a atividade exercida pelo agente lhe traz proveito, qualquer dano ocasionado em conseqüência a esta é de sua responsabilidade, independendo de dolo ou culpa. 
C – Risco Integral: Só incide sobre o dano ambiental e o dano nuclear. Aqui não existe a analise de causas de irresponsabilidade, existindo a responsabilidade civil absolutamente estabelecida de forma objetiva. 
É importante recordar que a responsabilidade civil objetiva não exclui a responsabilidade civil subjetiva. Ex: O ato de dirigir um veículo automotor não pode ser considerado atividade que produza risco a direitos alheios senão, em um acidente, ambos os motoristas ficariam responsáveis por indenizar. Aqui, logicamente, aplica-se a responsabilidade civil subjetiva, analisando o elemento culpa para se determinar a responsabilidade, possuindo o instituto da responsabilidade civil a função precípua de resguardar a pessoa humana. 
3ª – Quanto ao agente: 
A – Direta: Na responsabilidade civil direta confundem-se, em uma mesma pessoa, a conduta lesiva e o dever de indenizar. O ato danoso é atribuído a quem o pratica e este tem a conseqüente obrigação de indenizar, respondendo o agente por ato próprio. 
Ex: Noiva rompe noivado, sem justa causa, após noivo já ter comprado imóvel para residirem, mobilhado o imóvel, marcado o casamento, reservado a igreja, enviado os convites e etc. Responde por danos morais e materiais. 
* Cuidado: A promessa de casamento é compromisso meramente preliminar, sendo que sua ruptura, em regra, não gera responsabilidade civil. No exemplo, contudo, a atitude da noiva em deixar que o noivo gastasse e se preparasse para o casamento fez surgir a responsabilidade civil direta. 
* A responsabilidade civil direta é regra geral, comportando exceções que fazem surgir a responsabilidade civil indireta. 
B – Indireta (complexa; transindividual):Aqui, o agente causador do dano não fica obrigado a indenizar, ficando outra pessoa obrigada em seu lugar. Poderá ocorrer em três hipóteses distintas: 
1º Ato de terceiro (art. 932 do CC): Aqui se fala em ato, uma vez que por ato entende-se a conduta humana.
- O exercício do poder familiar é um dever de educação conforme os parâmetros sociais exigidos para a formação do caráter do indivíduo. Se assim não procederem os pais, serão responsáveis pelos atos de seus filhos no que se diz respeito a danos sociais causados, sendo estes refletidos na responsabilidade civil indireta. 
* A responsabilidade civil por ato de terceiro é objetivamente estabelecida e, por isso, independe de culpa do responsável pela indenização. 
- O artigo 932, contudo, não define como responsável por indenizar por ato alheio somente os pais, mas outros assim como: 
II – Os curadores e tutores pelos atos de seus curatelados e tutelados. 
III – O empregador pelos atos do empregado no exercício de sua profissão.
- Quanto a este inciso, dizia-se que a culpa do empregador derivava da culpa in eligendo (culpa na escolha) e na culpa in vigilando (culpa na vigilância). Contudo, não mais se pode reputar a culpa do empregador a estes dois institutos uma vez que: a) Não se pode dizer que o empregador escolheu mal, uma vez que ele pode ter agido correto por anos a fio e por um pequeno momento cometeu um descuido; b) Em grandes empresas surge a impossibilidade física do empregador manter os empregados sob sua constante vigilância; c) a responsabilidade civil contemplada no código de 16 era s responsabilidade civil subjetiva. Com a inserção do instituto da responsabilidade civil objetiva em nosso ordenamento não mais se pode falar em culpa in eligendo e culpa in vigilando. 
- Para justificar a responsabilidade civil estabelecida objetivamente quando ao empregador utiliza-se, modernamente, duas teorias distintas: 
Teoria da Substituição: O empregado é substituto do empregador naquilo que este almejava fazer, mas não o pode. Daí surge a sua responsabilidade de indenizar por atos do empregado como se seu fossem. Já se falava nesta teoria mesmo no Direito Romano. 
Teoria do Risco Proveito: Se o empregador recebe o ônus do trabalho desenvolvido pelo empregado, fica obrigado a indenizar por qualquer dano que este trabalho venha a causar. Apesar do legislador adotar a teoria do risco criado em nosso código civil, esta se adéqua perfeitamente a situações onde se busca estabelecer a responsabilidade objetiva. Ex: É o caso do motorista do Magazine Luiza. Sua atividade traz lucros para a empresa que, portanto, e obrigada a indenizar por qualquer dano que esta venha a causar. 
Comitente e preposto
- A relação de emprego traz subordinação e dependência entre empregado e empregador, sendo que a mesma relação existirá entre o comitente e o preposto, contudo, de forma mais branda. Aqui a responsabilidade civil, conforme inciso III do art. 932, é objetivamente estabelecida quanto ao comitente. Ex: Médico filiado a cooperativa Unimed. Medico é o preposto e Unimed é o comitente ou preponente, sendo esta última objetivamente responsável pelos atos lesivos que aquele venha a causar no exercício de sua profissão, enquanto filiado. 
Transferência da responsabilidade
- Por vezes a responsabilidade de entes do artigo 932 é transferida. É o caso, por exemplo, dos pais que matriculam seu filho menor em uma escola. É a instituição que responderá pelos atos lesivos que o garoto venha a causar enquanto estiver sob sua guarda(ainda que de forma temporária). O que percebemos aqui é uma transferência da guarda. O Mesmo ocorrerá com os tutelados e os curatelados (Estes último deixados em um asilo por exemplo. Se causar danos, a responsabilidade será da instituição que está com sua guarda, ainda que provisória). 
	No caso do menor que trabalha com alvará judicial, o empregador será duplamente responsável, uma vez que responderá pelos atos daquele enquanto empregado e enquanto menor, uma vez que enquanto estiver no exercício de seu trabalho, estará sob sua guarda. 
Responsabilidade civil por ato de terceiro e a solidariedade
- A vítima de ato danoso no caso de responsabilidade civil indireta por ato de 3º, pode ingressar com ação contra o responsável ou mesmo contra o causador do dano. Existe, portanto, a solidariedade passiva. 
- Imagino não se estender esta solidariedade aos atos praticados pelos filhos, sendo os pais responsáveis por indenizar. 
Pessoas jurídicas de direito público
- O artigo 36§4º da Constituição Federal, bem como o artigo 43 do Código Civil determina que as pessoas jurídicas de direito público são responsáveis pelos atos daqueles que exerçam atividade em seu nome. 
Direito de regresso
- Aqueles que indenizaram por ato de terceiro tem direito de regresso contra o causador do dano. Só não terá este direito, entre os entes citados no artigo, os pais contra os filhos. 	
Direitos do nascituro
- O artigo 2º do Código Civil determina que os direitos do nascituro estão garantidos desde a concepção. Portanto, se por exemplo, seu pai morre em acidente de trabalho, caberá ao futuro indivíduo indenização por danos morais e materiais. 
Responsabilidade Civil no Código de Defesa do Consumidor
- No código civil a regra é que a responsabilidade civil seja subjetiva e por exceção objetiva. No CDC ocorre o inverso sendo a responsabilidade, em regra, objetivamente estabelecida no art. 14 com relação ao fornecedor de produtos e serviços, comportando uma única exceção no §4º : Os funcionais liberais na prestação de serviços (médico, advogado, etc), tem sua responsabilidade subjetivamente estabelecida (dependente de culpa). Tal se deve ao fato de que, em regra, as obrigações que celebram no exercício de sua profissão são obrigações de meio e não de resultado. 
2º Fato animal (art. 936 do CC): Aqui não se fala em ato, mas sim em fato, uma vez que não se indica uma conduta humana, mas uma atitude animal. 
Aqui, apesar de se tratar de responsabilidade civil indireta, não se pode chamar de transindividual, uma vez que não se trata de fato causado por pessoa. 
No antigo código,a culpa aqui contemplada era a culpa in custodiendo (culpa na custódia), sendo que, se o dono houvesse sido diligente na guarda do animal não respondia por dano causado por este. Com o advento do Novo Código Civil e a conseqüente instituição da responsabilidade civil objetiva, o dono responde independentemente de culpa, só sendo isento de responsabilidade quando o dano for ocasionado por força maior, culpa exclusiva da vítima ou de 3º (causas de irresponsabilidade). 
A Responsabilidade civil contemplada pelo artigo 936 é objetiva e independe de culpa do responsável pelo animal. 
* A responsabilidade civil por fato animal surgiu em tempos imemoriáveis, estando presente até mesmo no livro do êxodo que especificava que se o animal invadia pasto alheio o dono respondia. 
Transferência da responsabilidade
- Assim como na guarda quando se diz respeito a humanos, a transferência da custódia do animal, ainda que em caráter temporário, transfere de igual forma a responsabilidade por dano por este causado. Ex: Clínica de animais onde o animal se encontra será responsável por qualquer dano que este causar. 
3º Fato de coisa inanimada (art. 937 do CC): Assim como no fato animal, não se fala em ato, uma vez que não se trata de uma conduta humana.
- Seja móvel ou imóvel, contanto que seja inanimada, há de se cuidar que a coisa não cause dano a ninguém, devendo conservá-la quem quer que seja que dela usufrua.
Quanto à responsabilidade civil objetiva, esta ainda pode ser: 
A – Responsabilidade civil objetiva pura: Não existe culpa.
B – Responsabilidade civil objetiva impura: Há culpa no antecedente e objetividade no subseqüente. Ex: Motorista do Magazine Luíza, com culpa, causa dano a outrem no exercício de sua profissão. A responsabilidade é objetivamente estabelecida quando ao empregador (Magazine Luiza). 
Elementos da ResponsabilidadeCivil
1º - Conduta
2º - Dano
3º- Nexo causal
1º - Conduta: É o “fazer” humano voluntário que se exterioriza por meio de uma ação ou omissão produzindo efeitos jurídicos.
- Para efeitos naturalísticos: Para o mundo naturalista, a conduta é todo o comportamento humano, compreendendo toda a exteriorização da vontade, no mundo das coisas, por meio de uma ação ou omissão, não se analisando se produz ou não efeitos jurídicos. 
- Para o direito: Para que aja conduta para o direito, a vontade humana exteriorizada por meio de uma ação ou omissão deve surtir efeitos jurídicos. Ex: Sair de casa para uma caminhada é conduta que não surte efeitos jurídicos, devendo ser apreciada somente pelo ponto d vista naturalístico. 
* A conduta somente será exteriorizada por humano, não possuindo animais a prerrogativa de exercê-la, compreendendo uma ação (conduta comissiva) ou uma omissão (conduta omissiva). 
- Para a responsabilidade civil: Para efeitos de responsabilidade civil, diferentemente de como o é para o direito em geral, não interessa qualquer efeito jurídico decorrente da conduta, devendo esta produzir um em específico: O dano. Uma vez que este não é produzido, a conduta poderá ser relevante para o direito, mas não o será para a responsabilidade civil. Ex: Dirigir em alta velocidade é relevante para o direito uma vez que produz efeitos infringentes ao ordenamento jurídico. Contudo, somente será relevante para responsabilidade civil se, ao aplicar alta velocidade no carro, o agente produzir dano a alguém. 
* Sem o dano não haverá responsabilidade civil, uma vez que se terá o que indenizar. 
“Comportamento humano voluntário”: É o comportamento querido, desejado, a vontade livre e consciente do agente determina, buscando um resultado ainda que diverso do obtido. 
	Por vezes o ser humana pratica atos que não são determinados pelo elemento volitivo (vontade), tais quais: atos praticados no susto, em sonambulismo, etc. Mesmo que estes causem danos, não se estabelecerá a responsabilidade civil com relação ao agente. Tal se deve ao fato de que, por não haver vontade (elemento indispensável) não houve conduta. 
Aspecto físico ou objetivo da conduta: É o aspecto perceptível pelos sentidos exigido pela conduta. 
Aspecto psicológico ou subjetivo: É a vontade, uma vez que, sem ela, não haverá conduta. 
Quanto ao órgão de que me proveniente a conduta poderá ser: 
Conduta por ato próprio (Responsabilidade civil direta).
Conduta por ato de terceiro (Responsabilidade civil indireta).
A conduta social do indivíduo deverá ser sempre de zelo, buscando não lesar ninguém, compreendendo este um dever indisponível. A conduta que causa um dano fere o princípio constitucional da solidariedade, presente no artigo 13, I, última figura da Constituição Federal.
A conduta, podendo ser somente exercida por humano, pode se revelar em um fato animal ou coisa inanimada. É o caso por exemplo do dono de um cão que negligencia na guarda do animal que se solta e morde alguém. Apesar de a responsabilidade, neste caso, ser objetivamente estabelecida com relação ao dono (ressalvados os casos de exclusão de responsabilidade), a conduta causadora do dano foi proveniente do dono negligente. 
Fernando Noronha alega que a conduta deverá estar ligada, com o dano, pelo nexo de imputação, ou seja, a conduta deve ser imputada a alguém. 
Culpa (pertinente à responsabilidade civil subjetiva):
Culpa estrito senso (s/ dolo): É a conduta voluntária, contrária a um dever jurídico de cuidado imposto pela lei, produtora de um resultado danoso involuntário, sendo que o dano deverá ser previsto ou previsível. (Sérgio Cavalieri). 
- Elementos da conduta culposa (culpa estrito senso na responsabilidade civil): 
Conduta voluntária com resultado involuntário. 
Resultado previsto ou previsível. 
- Previsão e previsibilidade: Previsão é mais do que previsibilidade. 
>Previsão: O resultado foi antevisto. O resultado foi mentalmente previsto apesar de não ser querido. A culpa consciente é caracterizada pela previsão (prevê o resultado mas crê sinceramente de que ele não irá ocorrer). Ex: Homem dirige carro com velocidade excessiva. É previsível que se alguém furar o sinal ele irá bater, contudo, ele crê sinceramente poder desviar acaso ocorra. 
> Previsibilidade: É menos do que a representação mental. O fato era previsível, apesar de que não de forma clara como na previsão. A previsibilidade não pode ser entendida de forma genérica (Ex: um dia todos nós morreremos), mas de forma atual, presente. Ex: Se José joga bola na frente da casa de seu vizinho que tem grandes vidraças, é previsível que a bola pode escapar e quebrar uma delas. 
* O juiz analisará se era previsível ou previsto, determinando a falta de cuidado.
Falta de cuidado, zelo, atenção, diligência. 
Manifestações de culpa estrito senso: 
- Não podemos dizer que estas são espécies de culpa, mas sim, formas pelas quais se manifesta a conduta culposa: 
A – Negligência
- É a falta de cuidado pela omissão (é o dever de agir descumprido). A negligência possui aspecto negativo, caracterizando uma conduta omissiva (não fazer) imprópria do agente. Tem-se, portanto, que a falta de cuidado somada a omissão gera a negligência prevista no art. 186 do CC. 
B – Imprudência: 
- É a falta de cuidado pela comissão. A imprudência possui aspecto positivo, caracterizando uma ação do agente, desconforme com o dever jurídico de cuidado. Tem-se, portanto, que a falta de cuidado somada a uma comissão gera a imprudência, igualmente prevista no art. 186. 
C – Imperícia
- É a falta de cuidado pela inabilidade no exercício de atividade, oficio ou profissão. O agente aqui se encontra inapto ao ofício que exerce. A imperícia, apesar de o estar no art. 951 do CC, não está expressamente prevista no artigo 186 do cc. Contudo, observa-se que ela o está de forma implícita. 
* Nem sempre o fato que aparentemente configura uma imperícia o é, implicando em uma conduta negligente ou imprudente. Ex: Médico de renome e conhecidas habilidades profissionais esquece tesoura dentro de barriga de paciente após cirurgia. O médico estava apto a realizar a cirurgia, mas terá de indenizar por ter sido negligente no exercício de seu ofício. 
Para a prova ler RT 820/380, 825/225, 846/269. 
Culpa in eligendo (na escolha), custodiendo (a guarda) e vigilando (na vigília): 
 - O Código de revogado de Bevilaqua tratava destas manifestações de culpa. Contudo, com o advento do Código Civil de 2002, tal classificação perdeu seu significado, uma vez que a responsabilidade civil subjetiva caracterizada por estas três manifestações, agora, é objetivamente estabelecida. 
Culpa objetiva e culpa subjetiva:
> Culpa objetiva: Utiliza-se um padrão para se estabelecer a previsão ou a previsibilidade. É a análise comparativa com o homem médio (bonus pater familis), sendo este o padrão de homem cuidadoso na vida em sociedade, 
> Culpa subjetiva: Levam-se em conta as condições pessoais do causador do dano, tais quais: Sexo, idade, cultura, etc. Pela teoria da culpa subjetiva, não se pode exigir o mesma previsão ou previsibilidade das pessoas que são essencialmente diferentes. 
* Sérgio Cavalieri diz que se deve levar em conta ambos os aspectos (culpa objetiva e subjetiva) para que se atinja a sã justiça. Analisa-se, portanto, a conduta com base no padrão do homem médio e se contrabalanceia esta análise com os atributos pessoais do agente. 
Graus da culpa: 
1) Culpa Grave (culpa lato dolo equiparatur)
2) Culpa Leve
3) Culpa Levíssima. 
- O Código de 16 se inspirou no Código Civil Francês para definir que, para fins de indenização, não importava o grau da culpa, mas somente a extensão do dano. Isto, contudo, de modificou com o código de 2002, ganhando os graus de culpa importância na definição da indenização. 
	O Art. 944 em seu caput define que a indenização, em regra, se mede pela extensão do dano. Seu parágrafo único,contudo, define que o juiz poderá reduzir, equitativamente, a indenização conforme a gravidade da culpa. 
1) Culpa Grave: É a culpa grosseira. É um descuidado injustificado para um homem normal. É a culpa indesculpável. 
- Na culpa grave há a representação do fato danoso com antecedência, apesar de não haver vontade de produzi-lo, crendo firmemente o agente de que não ocasionará o dano. 
- culpa lato dolo equiparatur = A culpa grave equivale ao dolo para fins de indenização.
2) Culpa Leve: É a ausência de cuidado. É o desrespeito ao pater boné família (homem médio). É a culpa própria do homem mediano, na qual eventualmente incorremos. Ex: Não parar no pare por desatenção. 
3) Culpa Levíssima: É aquela que foge ao homem comum. Aqui, para não incorrer em culpa, dever-se-á ter uma atenção muito grande, incomum ao homem normal. Somente uma atenção além do comum impede que o agente aja em culpa levíssima, tanto que para fins de pena, ela não será considerada para o Direito Penal. Para a responsabilidade civil, contudo, ela o será para o Direito Civil. 
Quando há um artigo de lei em que em sua cabeça defina uma regra e em seu parágrafo único traga uma disposição contrária, temos que o caput é a regra geral e o parágrafo único a exceção. Podemos, portanto, pela análise do 944 deduzir que a regra geral é a de que a indenização se mede pela extensão do dano. Em exceção contudo, o juiz poderá determinar a redução da indenização proporcionalmente a gravidade da culpa do agente. 
Embora o termo usado no parágrafo único do 944 demonstre uma possibilidade, a determinação legal é cogente, ficando o juiz obrigado a aplicar a redução equitativa. 
Crítica a redução da indenização com base nos graus de culpa (Álvaro Vilaça Azevedo): 
- A responsabilidade civil tem função reparadora, sendo que a indenização teria sempre que corresponder ao dano, prejudicando a regra do parágrafo único do 944, a vítima inocente. 
* Embora a argumentação de Vilaça seja pertinente, por vezes a aplicação do caput do art. 944 que determina o estabelecimento da indenização com base nos danos se mostra injusta, uma vez que as pessoas que, seguindo o raciocínio do doutrinador, as pessoas que ajam em culpa levíssima e dolo serão equiparadas acaso produzam o mesmo dano com sua conduta. 
* Conclui-se que, no momento de se fixar a reparação, há de se sopesar o grau e culpa. 
Enunciado 46 e 380 dos juízes federais: 
 - o parágrafo único trouxe interpretação equivocada por parte dos juízes federais que, em seu enunciado 46, determinaram que o dispositivo deveria ser interpretado restritivamente, sendo que nos casos de responsabilidade objetiva, não caberia a redução do valor indenizatório a ser pago proporcional ao grau de culpa do agente. Contudo, o artigo 738 trata da redução do valor a ser pago na indenização referente a transporte quando houver culpa concorrente da vítima, estabelecendo o próprio Código que a redução do pú do 944 é aplicável, de igual forma, aos casos de responsabilidade civil objetiva. 
	Para resolver tal questão, os juízes federais lançaram o enunciado número 380, pelo qual se retrataram, estendendo, em sua interpretação do dispositivo legal, a aplicabilidade nos casos de responsabilidade civil objetiva. 
Na responsabilidade civil subjetiva, o valor indenizatório será reduzido a proporção da culpa do agente. Já na responsabilidade civil objetiva, o valor indenizatório será reduzido a proporção da culpa da vítima (se for concorrente reduz, se for exclusiva isenta o agente de indenizar). (Ex: art. 945 do CC e 12§3º e 14 §3º do CDC). 
Culpa presumida e culpa contra a legalidade
- Breve historio da responsabilidade civil: A responsabilidade civil nasce objetiva (Lei de Talião – olho por olho, dente por dente), independendo de culpa do agente causador do dano. Os jurisconsultos romanos, contudo, aplicando a ética entenderam que só pode responder com dever jurídico de indenizar, aquele que agisse com culpa, passando a responsabilidade civil a ser subjetiva. 
	Com o aumento da periculosidade das relações sociais motivado pela tecnologia crescente, a responsabilidade civil subjetiva passou a ser insuficiente, retornando, na França, as idéias objetivistas. 
	É neste ínterim que surge a Teoria da culpa presumida, trabalhando ainda com a responsabilidade subjetiva, com escopo de trazer mais segurança às relações pertinentes as relações sociais, tais quais empregados e empregadores, fornecedores e consumidores, etc. Esta teoria não trabalha com matéria de direito material, mas sim de direito processual, uma vez que determina a inversão do ônus da prova, definida no art. 333 do CPC. Por meio dela, é o agente quem teria de provar que não agiu com culpa e não à vítima provar que este incorreu nesta. 
	Hoje esta teoria perdeu muito da importância que outrora lhe foi atribuída devido a inserção da responsabilidade civil objetiva em nosso ordenamento jurídico, que estabeleceu a responsabilidade de indenizar, independente de culpa, dos agentes que antes eram atingidos por ela. 
> Culpa contra a legalidade: A conduta do agente desrespeita a lei ou o regulamento. Aqui, da mesma forma que na teoria da culpa presumida, inverte-se o ônus da prova, cabendo ao agente provar que não incorreu em culpa. Contudo, tal determinação não se deve à posição do agente, mas sim ao fato de este ter agido de forma contrária às normas jurídicas vigentes. Diz-se que é mais estreita que a culpa presumida, uma vez que, por esta, se pode presumir culpa em uma conduta danosa que não ofendeu a legalidade, enquanto que, por aquela, só quando esta conduta ferir a ordem jurídica. Ex: Carro que bate na traseira de outro que estava parado. Não obedeceu a distância mínima estipulada por lei, sendo presumidamente culpado. Será o agente (aquele que bateu atrás) quem deverá provar que não teve culpa, e não a vítima (que teve a traseira amassada) que o agente estava errado. 
Culpa concorrente (final do art. 942) 
- Haverá culpa concorrente quando houver mais de um agente causador do dano. Este dispositivo contempla a solidariedade passiva na responsabilidade civil, uma vez que os causadores ficam solidariamente responsáveis pela reparação do dano. A culpa concorrente poderá ser: 
1ª- Por meio de conluio prévio entre os agentes. 
- Responde solidariamente
2ª – Por mero acaso, sendo que os causadores do dano sequer se conheciam. 
- Responde solidariamente
3ª – A vítima tiver concorrido para o efeito danoso -> Hipótese com previsão no artigo 945 do CC. 
- A indenização será fixada de acordo com a gravidade da culpa da vítima. 
* Sempre que houver agravamento do dano por culpa do devedor, o agente não responde pelos agravantes. Ex: Carro em altíssima velocidade se choca com outro que não obedeceu o sinal de pare. O dano seria menor se a vítima estivesse dentro do limite permitido por lei. 
Culpa contratual e extracontratual
- Na essência são a mesma culpa, sendo que, a única coisa que se modificará aqui é a sua origem. 
Dolo
- Compreende a vontade dirigida para a conduta e o dano. Tem o mesmo tratamento da culpa grave e não pode incidir no parágrafo único do 944 (redução equitativa da indenização com relação ao grau de culpa do agente), devendo ser a indenização proporcional ao dano causado. 
* O valor indenizatório, no caso de dolo por parte do agente, só será reduzido quando houver culpa concorrente da vítima. 
Responsabilidade Civil Objetiva
- Aqui não se faz a análise da culpa, mas sim do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado danoso, sendo que nem mesmo a licitude da conduta afasta a responsabilidade do agente. Ex: Prefeitura decida passar rua por terreno de alguém. É uma conduta lícita, contudo, geradora de responsabilidade civil objetiva (CF E CC garante a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público) por parte da prefeitura. 
- O estabelecimento da responsabilidade civil objetiva dependerá unicamente da análise do parágrafoúnico co artigo 927 que dispõe: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, os casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para direitos de outrem”. 
* Apesar de a maioria dos doutrinadores determinar que a responsabilidade civil subjetiva é regra enquanto que a responsabilidade civil objetiva é exceção, percebemos que uma gama de volumosas proporções é atingida pelos desígnios da responsabilidade civil objetiva, uma vez que o parágrafo único do 927 cria uma cláusula geral, estabelecendo esta não só nos casos que a lei prevê, mas sempre que a atividade exercida normalmente pelo agente, acarrete em risco para os direitos alheios. 
	Por atividade normalmente exercida pelo agente, entende-se ser aquela que é desenvolvida em constância, e não de forma eventual ou periódica.
	Quando se diz que a atividade produz um risco, diz-se que o faz diretamente a quem o exerce (um empregado, por exemplo) ou quem é beneficiado por esta (um consumidor, por exemplo). 
- Aqui, na responsabilidade civil objetiva, não há de se analisar o elemento anímico. 
Teoria da Risco (pertinente à responsabilidade civil objetiva)
Risco: Importa na ocorrência de um perigo; na possibilidade de um sinistro causador de dano que suscita na responsabilidade civil. Sempre que se fala na teoria do risco, afasta-se a teoria da culpa, uma vez que a objetividade dispensa a análise se a conduta é timbrada pela culpa, sendo esta, apartada da discussão. 
- O parágrafo único do art. 927 determina a responsabilidade civil objetiva como aquela que deriva da lei e traz cláusula geral, ao estabelecer, sem defini-las especificamente, que as atividades exercidas normalmente que tragam risco a direitos e interesses alheios é são geradoras de responsabilidade civil independentemente de culpa. 
> Atividade: são os serviços e produtos. É necessário que se observe que, para que esta se enquadre no disposto do pú do 927 e portanto configure responsabilidade objetiva, ela deverá ser normalmente desenvolvida, não constituindo atividade esporádica. 
- Quanto ao risco, diz-se que ele pode ser: 
1º - Risco inerente: É aquele próprio da atividade exercida e que não pode ser afastado. Ex: Cirurgia em paciente idoso. 
2º - Risco adquirido: É aquele que pode ser reduzido pelo devido cuidado e diligência por parte do agente. É o risco adquirido que estabelece a responsabilidade civil objetiva.
Teorias do risco
1ª – Risco proveito
- Se alguém desenvolve atividade que, por sua natureza, pode trazer risco adquirido, tirando proveito desta, ficará obrigado a indenizar acaso ocorra dano.
	Por esta teoria, a vítima teria de provar que o agente tira proveito da atividade que ocasionou o dano. 
	Por ser difícil a prova por parte da vítima, esta teoria é afastada por muitos autores. 
Ex: Estacionamento gratuito de padaria. O dono fica responsabilizado por qualquer dano aos veículos, uma vez que tira proveito da clientela que ali estaciona para consumir em seu estabelecimento. 
2ª – Risco Profissional
- Por esta teoria, responde com responsabilidade civil objetiva o agente que exerce atividade perigosa (que ameaça direitos ou interesses alheios), habitual e lucrativa. 
3ª – Risco criado
- Por esta teoria, qualquer atividade habitualmente desenvolvida, mesmo que seja de lazer ou com fins meramente filantrópicos, se, enquanto produtora de risco adquirido, ocasionar dano, fica o agente obrigado a indenizar. 
* Esta teoria é a adotada pela maioria dos doutrinadores. 
3ª – Risco Excepcional
- Esta teoria contempla as atividades que trazem risco de dano tanto às pessoas que a exploram como às que estão inseridas em sua comunidade. Ex: Exploração de energia nuclear. Traz risco a quem a manipula e, através do perigo de um vazamento, às pessoas da comunidade. 
* Esta teoria aborda as atividades mais perigosas. 
4ª – Risco Integral
- Esta teoria não requer sequer o nexo da causalidade. Sobre esta, não incide qualquer causa de irresponsabilidade (culpa exclusiva da vítima, de terceiro ou força maior), bastando somente o dano para que surja a obrigação de indenizar. 
* A doutrina reserva a aplicação desta teoria somente para as atividades qe tragam dano ao meio ambiente. Tal se deve ao fato de que a conservação deste corresponde à conservação dos direitos transindividuais; da coletividade. 
* Esta teoria é aplicável, mas como se pode observar, é exceção. 
* Dr. Bianco acredita ser, a teoria do risco criado, que justifica a responsabilidade civil objetiva. 
Dano (pressuposto de todas as espécies de Responsabilidade Civil)
- Pelo conceito clássico, dano era toda espécie de diminuição do patrimônio alheio, possuindo esta definição, portanto, função unicamente econômica. Hoje, contudo, com a inserção do dano moral em nosso ordenamento jurídico a partir da Constituição de 88, não se pode mais conceituar dano desta forma unicamente econômica. Diz-se, agora, que dano é: 
- “Toda conduta humana positiva (facere) ou negativa (não facere) que produz prejuízos à direitos ou interesses alheios juridicamente protegidos. 
- Conclui-se, portanto, que dano é o mal ou ofensa pessoal ou moral não se circunscrevendo apenas ao patrimônio, mas à pessoa em si. 
* O dano poderá atingir tanto os bens corpóreos (bens, incolumidade física da pessoa, etc) quanto os bens incorpóreos. 
* O ressarcimento relativo ao dano ocasionado tem, por finalidade, restaurar a situação anterior a ele, determinando o art. 944 do CC que este ressarcimento será integral e definido de acordo com a extensão deste dano. Já o parágrafo único deste mesmo dispositivo trata da indenização por equidade, sendo que esta já não é integral, procurando se coadjuvar com o grau de culpa do agente. Em suma, este grau de culpa influenciará no ressarcimento devido a ser determinado em juízo. 
* Somente será indenizável o dano que conjugue: 
A - Certeza : Dano certo é aquele que já está verificado (já é certo ainda que ainda não ocorrido) no momento em que a vítima ajuizou a ação. 
B – Atualidade: Não se refere a ato passado ou futuro, mas existe no momento presente. 
C – Subsistência: Este dano ainda não foi reparado, subsistindo a indenização a ser recebida. 
* O dano, ainda que futuro, será indenizado se este for certo. Ex: Acidente de carro. Vítima ingressa com ação em juízo pedindo reparação por danos causados a sua incolumidade física, mas ainda não se definiu se a incapacidade decorrente do sinistro é temporária ou permanente. O dano é certo, não é quantificado, mas é indenizável. 
* Não se indenizará o dano eventual; o dano suposto. Ex: Pode ser que a vítima teria tal lucro se determinado evento não tivesse ocorrido. 
- Existem 4 espécies, doutrinariamente definidas, de dano: 
1º - Dano Material
- É o dano de feição econômica, ou seja, aquele que acarreta em diminuição do patrimônio da vítima. 
	Este dano se divide em duas espécies distintas, conforme texto do art. 402: 
A – Danos emergentes: O que efetivamente se perdeu. Calcula-se pela Teoria da Diferença. 
B – Lucros cessantes: O que razoavelmente se deixou de lucrar. Aqui não se aplica a teoria da diferença, se baseando, geralmente, o magistrado, nos lucros dos últimos três meses de trabalho da vítima para estabelecer a compensação. 
Ex: Batida de carro. Homem desrespeita sinal de trânsito e bate em taxi, ficando o motorista deste com a mão quebrada. Como danos emergentes temos os estragos do veículo e o tratamento do taxista. Como lucros cessantes, temos a média do que ele ganharia nos dias em que ficará sem trabalhar. 
* O juiz há de observar, no estabelecimento de reparação dos lucros cessantes, as peculiaridades da situação. Ex: Se o acidente ocorreu o meu de Abril, quando o movimento é normal, faz-se a média normalmente. Contudo, se o acidente ocorreu no mês de Dezembro, quando os serviços do taxista são mais requeridos,estão deverá o magistrado estipular um “plus” a ser somado à média. 
Teoria da diferença (utilizada para calculo dos danos emergentes): Por esta teoria, parte-se de um dado real para um dado hipotético para que se defina quanto se deve para repor a coisa ao stato quo ante. Ex: Como está o veículo após a batida? Amassado na porta e na dianteira. Como ele estaria se esta não tivesse acontecido? Em perfeito estado. Nesta caso, agente tem de indenizar pela porta e pela dianteira. 
* A indenização por danos materiais é dívida de valor, estando sujeita a correção monetária e juros moratórios. Acaso o ato causador do dano seja ilícito e a responsabilidade civil seja direta, os juros aplicáveis à divida de valor serão compostos. 
* Mesmo que aja mais de uma pessoa legitimada a receber (cônjuge, filho, filha, etc), tanto a indenização por danos morais quanto a pensão a ser paga no caso de morte de arrimo de família, deverão ser pagos apenas uma vez a um deles. 
O dano material ainda poderá ser: 
A – Direto: O prejuízo é percebido diretamente no patrimônio da vítima. Ex: Batida de carro. Carro amassa ocasionando depreciação em seu preço. 
B – Indireto: Ofende-se direito da personalidade e tal ofensa traz repercussão econômica. Ex: Banco, movido por confusão de homônimos, cancela conta corrente de cliente, fazendo que seus cheques voltem e ele fique como mal pagador (ofende a honra objetiva) e fornecedor desiste de contratar pensando ser o comerciante desonesto (ofende o patrimônio). 
* Maria Helena Diniz, em sua obra, determina que não se trata de dano material direto ou indireto, mas sim de conseqüências materiais, diretas ou indiretas do dano. 
* Neste caso cumulam-se as indenizações. 
2º - Direito Imaterial (Moral)
Histórico	- Os primeiros vestígios do dano moral são encontrados ainda no antigo testamento. A sua época, o pai de família que tinha filha sua, virgem, raptada, tinha direito a indenização. 
 Em nosso ordenamento jurídico, a aceitação do dano moral foi lenta. Tal acontecimento se deve ao fato de que nosso sistema copiou o francês em quase tudo que diz respeito à responsabilidade civil. Em primeiro, apregoava-se a tese da impossibilidade de ressarcir ao dano moral, pois se reputava antiética a atribuição de valor ao sentimento, colocando-se preço à dor. 
	Em um segundo momento houve a aceitação de indenizar a dano moral desde que não se indenizasse o dano material (ambos resultantes do mesmo fato danoso), ou seja, de forma disfarçada, indenizava-se apenas o dano material. 
	Em um terceiro momento surgiu a possibilidade de se indenizar o dano moral, distintamente do dano material, mas nunca os dois de forma cumulativa. 
	Em um quarto momento passou a ser possível que se cumulasse, em um mesmo pedido, o dano material e o dano moral, através da súmula 37 do STJ, entendimento esse que, em 1988 passou a ser previsto na Constituição Federal em seu art. 5º, incisos V e X. 
	Uma vez expresso na Carta Magna, passou a ser definido em leis ambientais, no Código de Defesa do Consumidor em seu art. 6º, VI, no art. 186 do Código Civil de 2002, etc. E somente então passou a ser aceito pelos Tribunais brasileiros, inclusive pela Corte Suprema que alegava falta de base legislativa no direito brasileiro. 
Conceito- O inciso X do artigo 5º da Constituição Federal trata dos direitos da personalidade, com os quais está intimamente ligado o conceito de dano moral. 
	Para a definição precisa deste conceito, surgiram duas teorias distintas: 
A – Dano moral é o constrangimento que a vítima experimenta em conseqüência de lesão a direito personalíssimo, ilicitamente produzida por outrem. 
* Por esta corrente, o dano moral surge em razão da natureza do direito violado (da personalidade).
B – Dano moral é a dor física (sensação) resultante da violação de bem juridicamente tutelado sem repercussão patrimonial. 
* Por esta corrente, o dano moral surge das conseqüências do direito violado (dor física ou dor sentimento). Esta segunda corrente é minoritária. 
Sergio Cavalieri Filho buscou consolidar ambas as teorias em uma única explanação: “Dano moral, estrito senso, é a ofensa a dignidade humana. Já o dano moral, lato senso, é a ofensa de direito da personalidade. 
Prevalece hoje a primeira corrente, defendida por Orlando Gomes, ficando então estabelecido que o que faz surgir o dano moral é a violação do direito da personalidade. 
Prova – No que se refere à prova necessária para obtenção da indenização referente aos danos morais, fica clara a aplicação da teoria da violação do direito da personalidade, uma vez que, se a prova requerida fosse a mera manifestação do sentimento violado, a vítima estaria apta a simular emoções que não lhe são verdadeiras. Diz-se, portanto que a prova do dano moral é “in re ipso” (basta provar a violação do direito da personalidade para que se obtenha direito à indenização).
* Esta regra, contudo, admite exceções, havendo casos em que, embora, em uma primeira análise, se constate violação a direito da personalidade, a vítima não terá direito a direito moral, uma vez que não foi concretizado o dano. Ex: Viúva pede indenização por danos morais por morte de marido. Em primeira mão observamos a violação do direito da personalidade, contudo, constatou-se que, no dia da morte de seu cônjuge, a suposta viúva inconsolável foi ao forró e três dias depois já estava morando com outro. Não ficou caracterizado aqui o dano. 
Tipos de dano moral – Distingue-se duas espécies de dano moral: 
A – Subjetivo: Quando alguém é ofendido em ambiente privado, sem qualquer repercussão senão em sua auto-estima. (Ofensa não pública)
B – Objetivo: Ocorre quando a ofensa repercute no meio social. 
* Há de se lembrar que o dano moral pode ocasionar dano material. Ex: Correntista que teve sua conta indevidamente cancelada. Seus cheques voltaram e o fornecedor deixou de tratar com ele. 
	Conforme súmula 37 do STJ, a cumulação de pedido de indenizações poderá ser feita quando dano moral e material forem oriundos do mesmo fato danoso. 
Dano moral reflexo (ou por ricochete)- Aqui, a pessoa tem seu direito personalíssimo ofendido, fato este que gera igual ofensa aos direitos da personalidade de outrem. Ex: Pai de família é morto em acidente de trabalho. Violação ao direito à vida. Filhos e cônjuge tem seu direito da personalidade violado pela morte do arrimo de família, cabendo, portanto, indenização por danos morais. 
* Por serem qualidades dos direitos da personalidade e, por estarem estes intimamente ligados ao conceito de dano moral, temos que o bem, ofendido por este, é infungível, intransferível e perpétuo. 
- A imprescritibilidade dos direitos da personalidade, observada sob o escopo do dano moral, gera polêmica doutrinária, uma vez que, os crimes de tortura por exemplo, violadores claros dos direitos personalíssimos, seriam igualmente imprescritíveis dada a característica dos direitos pessoais. 
* Os direitos da personalidade, objeto da violação que faz surgir o dano moral, não são só os enumerados no artigo 5º, X da Constituição Federal, sendo que esta, neste dispositivo, os enumerou de forma unicamente exemplificativa. Tantos outros estão espalhados, ainda pela Carta Magna, em dispositivos distintos. Tal é o caso, por exemplo, do direito à vida, compondo este, o mais importante dos direitos da personalidade. 
Intimidade e Vida Privada 
A – Intimidade: É o “relacionamento” do indivíduo consigo mesmo. É o círculo mais íntimo, podendo ser admitido neste, um número restrito de pessoas. Ex: Família dentro de uma mesma casa. 
B – Vida Privada: É um círculo mais amplo, contudo, ainda timbrado pelas relações pessoais invioláveis do indivíduo. Ex: Entre amigos, entre colegas de serviço, etc. 
Ex: Atriz dos anos do guaraná de rolha, Brigite Bardot, aparecia em nu frontal com freqüência, diante das câmeras, em seus filmes. Certa vez, em um grupo de amigos mais próximos, ela decidiu ir a uma ilha particularonde fez um topless. Paparazzi tirou uma foto e ela, sentindo que sua vida privada foi violada, ingressou em juízo, derrubando o argumento do fotógrafo de que nos filmes ela se deixava filmar nua dizendo que, nestes, os produtores contavam com sua permissão. 
Honra – Existem duas espécies distintas de honra
A – Subjetiva: É o conceito que temos de nós mesmos. É a auto estima, o amor próprio. 
- O Dano moral subjetivo, como já foi visto, atinge a honra subjetiva. 
B – Objetiva: É o conceito que o meio social tem a nosso respeito. Ex: Quando se imputa um crime a alguém que não o cometeu, fere-se tanto a honra subjetiva, quanto a honra objetiva, uma vez que ficará este indivíduo, mal visto perante a sociedade. 
Imagem – Vai além da exposição física. Imagem compreende todos os atributos do indivíduo, inclusive o corpo, a face, a voz, a obra, etc. percebida em sua voz, assim como a imagem de Jorge Amado pode ser percebida em sua obra literária. 
Procurar acórdão RT 639/155
É importante recordar que, mesmo no dano moral, é necessário, para que este se consolide, que a vítima seja agredida de forma injusta. 
Fixação da compensação por dano moral – É unânime na doutrina e na jurisprudência que, embora a reiterada utilização do termo “indenização”, o pagamento pecuniário relativo ao dano moral é muito mais uma compensação.
- Há parcela da doutrina que alega ser esta compensação, uma forma de a sociedade demonstrar sua solidariedade para com a dor da vítima. 
- Na definição desta compensação não se busca adequá-la à extensão do dano, uma vez que a dor não se mede. 
Caráter dúplice da compensação – Segundo Antunes Varella, a compensação reveste, nos danos morais, uma natureza mista. Por uma lado visa compensar, mais do que indenizar, de algum modo, os danos sofridos pela vítima. Por outro lado, não lhe é estranha a idéia de sancionar, por meios civilísticos, a conduta do agente. 
Portanto assim se formaria a natureza mista da compensação: 
1º - Compensação da vítima pela dor.
2º - Sanção ao agente que ocasionou o dano. 
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RT 602/180
- O grau em que o prejuízo causado tenha influído no sentimento daquele que pleiteia a reparação de ofensa será definido: 
A – Pela intensidade da culpa 
B – Pela violência aplicada pelo agente (física ou oral)
C – Pelas circunstâncias. 
Dano moral da Pessoa Jurídica
- Com base no conceito restrito de dano moral, não seria possível que a pessoa jurídica o sofresse, uma vez que esta não tem dignidade humana. Contudo, se observarmos no âmbito da teoria que define o dano moral como dano à direito da personalidade, podemos admitir que a pessoa jurídica o sofra, uma vez que, por ter personalidade, ela terá, da mesma forma, os direitos à ela inerentes. Neste caso, deve-se apurar quais destes direitos bafejarão a pessoa jurídica. 
- A honra: A honra subdivide-se em objetiva e subjetiva. A Pessoa Jurídica não goza da subjetiva, mas goza da objetiva (opinião do meio social sobre a PJ). 
- Vida íntima e privacidade são direitos da personalidade que a pessoa jurídica não goza. 
- Imagem: É mais um exemplo de direito da personalidade que a pessoa jurídica possui. 
* Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. 
3º - Dano Estético.
- É aquele que traz “afeiamento” ao físico da pessoa natural, ou seja, causa dano à sua imagem física, vocal, etc. 
* RT 683/79
* O dano estético, apesar de ser categoria autônoma de dano e sem prejuízo da indenização referente a ele, pode gerar indenização a título de dano moral e dano material, por participar de aspectos de um e de outro. 
ex: Comerciante que era conhecido por seu grande nariz sofre um acidente de carro, recebe dano estético e tem de se submeter a cirurgias plásticas para corrigir as deformidades decorrentes do acidente. Acontece que, após esta cirurgia, mulher o larga dizendo este estar mais feio e seus clientes não mais o reconhecem, deixando do comprar dele. 
Pode-se atribuir graduação ao dano estético, considerando-se mais grave aquele dano que é evidente, aparente e exposto, e menos grave aquele de menos escala, escondido pelas vestimentas. 
Alguns civilistas buscaram trazer para o Direito Civil o conceito de dão estético formulado pelo Direito Penal, que determina ser este uma deformidade que, devido à sua notória gravidade, leva a vítima a complexos inferiorizantes e constrangimento. O civilista Wilson Melo da Silva, em opinião adotada por grande maioria da doutrina, inclusive pelo Dr. Bianco, diz ser o dano estético qualquer cicatriz que deixa a estética corporal mais feia, em qualquer lugar do corpo, ainda que este esteja coberto por vestimentas. 
Há quem pense ser o dano estético muito mais relevante na mulher do que no homem, uma vez que, na visão destes, a sociedade exige um padrão de beleza mais rígido com relação ao sexo feminino. 
Não será só a desigualdade sexual que diferirá a gravidade do dano estético, mas, da mesma forma a diferença profissional. Ex: Ator, que trabalha com sua imagem física, se sofre dano estético, este será mais grave do que um dano nas mesmas proporções materiais sofrido por um dentista. 
O dano estético não diz respeito somente à imagem física. Este pode resultar igualmente de um atentado à voz, ao dom de se mover com graça, etc. Ex: Acidente de carro onde sofrem danos um radialista, que não mais terá sua voz reconhecida no ar por danos às suas cordas vocais, e uma modelo, que não mais poderá desfilar pois ficou manca devido aos ferimentos sofridos. 
RT 513/266
RT 612/44 – Somente danos diretos e efetivos terão suporte de ressarcimento no dano estético. Ex: Homem sofre acidente, fica com danos estéticos, imediatos, pelos quais responde o agente causador do dano. Acontece que, no hospital, apura-se a hipótese de que em momento futuro os danos possam se agravar. O agente não deverá indenizar por estes danos supostos. 
4º - Dano Coletivo
- O Dano coletivo é aquele que burla os direitos difusos, ou seja, atinge uma comunidade indeterminada de pessoas, não se sabendo ao certo quantas pessoas sofreram as suas conseqüências. 
Indenização do dano coletivo
- A indenização referente ao dano coletivo será pedida por meio de ação coletiva, sendo que os valores obtidos serão para a recuperação do meio ambiente. Aqui, diferentemente dos demais casos de indenização, esta poderá ter caráter sancionatório (acréscimo na indenização a ser recebida como forma de sancionar o agente causador do dano) uma vez que o dano ofende os direitos da coletividade. 
- Nada impede que nos casos em que há dano coletivo, ocorra uma individualização de algumas pessoas que sofreram diretamente o dano para que se peçam indenizações, referentes à responsabilidade civil, em apartado, distintas da devida à coletividade. 
Nexo Causal
- É a relação de uma causa a seu efeito. Todo fenômeno possui uma causa, consistindo a problemática toda em relação à descoberta desta causa. 
- O Direito Romano entendia ser o nexo causal uma “questio facti” (questão de fato) e não de direito. Esta visão foi adotada por nosso Código, que não dispõe expressamente sobre o nexo causal. 
- Por vezes a atividade mais difícil no âmbito da Responsabilidade Civil é estabelecer o nexo causal. Para que se proceda a tal atividade pergunta-se: Se a suposta causa não tivesse ocorrido, haveria o dano? 
- Quando há uma única causa que se reduz a um efeito danoso, não há, em regra, dificuldade para se estabelecer o nexo causal. Contudo, se existem causas simultâneas, tal atividade se mostra um pouco mais complicada.
Solidariedade estabelecida pelo nexo causal
-Quando duas ou mais pessoas acordarem para causarem dano a outrem, o 942 do CC determina que a Responsabilidade Civil destas será solidária. 
Quando duas ou mais pessoas, que sequer se conhecem, concorrerem, com suas condutas independentes, para o mesmo dano, da mesma forma responderão solidariamente. 
Nexo causal nas condutas sucessivas- O problema em regra surge, quando as condutas concorrentes para a consolidação do dano forem sucessivas (uma após a outra), para se definir qual deve ser considerada a causadora do dano. Ex: Queima de cana em fazenda vicinal à rodovia. Fumaça faz com que motorista, imprudentemente, pare no meio do rodovia, ocasionando acidente com outro motorista que vem logo atrás. 
	Para resolver este problema existem três teorias distintas: 
1ª – Teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non. 
- Esta teoria foi elaborada pelos penalistas e trazida para o âmbito civil. Por ela, todas as causas de que de alguma forma contribuíram para o efeito danoso são equivalentes e levam à responsabilidade civil. 
* Esta teoria sofre duras críticas pois conduz a produção do dano a um número infinito de causas (regressus ad infinitum). Ex: Acidente de carro. Se o agente não tivesse nascido o acidente não teria acontecido. 
2ª – Teoria da causalidade adequada.
- Por esta teoria, causa é aquela que se mostra mais adequada para a criação do dano. Aqui, define-se qual é a mais adequada pelo critério da experiência humana (na observação dos fatos, nota-se que sempre que acontece determinado evento, seus efeitos são os mesmos) Ex: esta trovejando. Poder chover e cair raios.
-Todas as demais causas ficam desprestigiadas. 
* A crítica que se faz a esta teoria é da que o critério da experiência humana não trata de certezas, mas sim, de probabilidades, com as quais não se contenta o direito. 
Embora ambas as teorias se prestem, nem uma nem outra responde adequadamente ao nexo causal. 
3ª – Teoria dos danos diretos e imediatos. 
- Esta teoria é construída com base no artigo 403 do Código Civil. No Direito Alemão ela é conhecida como teoria da interrupção do nexo causal (Dr. Bianco pensa ser esta a nomenclatura mais adequada). 
- Por esta teoria, conduta é aquela que, de forma direta e imediata, ocasionou o dano. 
Ex: Indivíduo, com má formação óssea do crânio, sofre agressão que, em pessoas comuns, ocasionariam no máximo uma lesão leve e vem a óbito. 
- Pela teoria da consitio sine qua non o agente responderia pela morte. 
- Pela teoria da causalidade adequada ele não responderia, pois a experiência humana mostra que aquele tipo de lesão não mata. 
- Pela teoria do dano direto e imediato o agente responderia pois a causadora imediata da morte foi a agressão. 
Com fim de tornar esta terceira teoria mais justa, surgiu uma subteoria: 
3.1 – Teoria dos danos diretos e necessários. 
Ex: Homem compra cavalo para entregar vinhos e vendedor não o entrega. Arca com o vendedor pela diferença no preço do cavalo que se valorizou, mas não arca com o prejuízo da não entrega dos vinhos, uma vez que a vítima poderá ter comprado, em caráter de urgência, outro cavalo para fazer a entrega e pedir reembolso.
- Apesar de o artigo 403 estiver topograficamente localizado, no Código, no tópico da Responsabilidade Contratual, a teoria dos danos diretos e necessários será aplicada de mesma forma à responsabilidade civil extracontratual. 
Se prova o dano mas não se prova o nexo, o pedido será improcedente. A prova cumpre àquele que alega. 
Sem a prova do nexo, só haverá uma possibilidade de procedência do pedido: A Responsabilidade Civil decorrente de Risco Integral (danos ao meio ambiente). Em qualquer outra responsabilidade civil, sem a prova do nexo não há procedência do pedido.
Acaso o dano seja agravado por deficiências ou irresponsabilidades da vítima, aplicar-se-á o disposto no parágrafo único do 944, reduzindo-se equitativamente a indenização a ser paga. 
Causas de Irresponsabilidade
- São as causas que afastam a responsabilidade civil. São divididas em: 
A – Quanto à responsabilidade civil subjetiva (afastam a culpa)
a1 – Legítima defesa;
a2 – Exercício regular de um direito reconhecido;
a3 – Estrito cumprimento do dever legal;
a4 – Estado de necessidade; 
B – Quanto à responsabilidade civil objetiva (eliminam o nexo de causalidade)
b1 – Culpa exclusiva da vítima;
b2 – Culpa de terceiro;
b3 – Caso fortuito ou força maior; 
a1 – Legítima Defesa (art. 188, I do CC): Não se falará em legítima defesa na responsabilidade civil objetiva, uma vez que nesta, não se analisa o elemento subjetivo (culpa). 
- A legítima defesa é apenas nomeada no artigo 188 do CC, sendo que este dispositivo não a definiu, sendo necessário, para que se obtenha tal definição, um diálogo de fontes, buscando-se o conceito de legítima defesa no artigo 25 do Código Penal que determina: “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. 
- O Código Civil, contudo, permite a utilização da legítima defesa também quando a agressão injusta se dá contra bens patrimoniais (suscetíveis de valoração econômica). 
* Há quem diga que quem age em legítima defesa age em nome do Estado, uma vez que este não estava presente, no momento da agressão, para repeli-la a tempo. Esta afirmação é errônea, sendo que a legítima defesa nada mais é do que o exercício de um direito resguardado pelo ordenamento jurídico objetivamente estabelecido. 
* O excesso na legítima defesa, no Direito Civil, acarretará na Responsabilidade Civil e conseqüente dever de indenizar. 
Requisitos da Legítima Defesa
1º - Ameaça ou agressão, injusta, atual ou iminente. 
- Atual: Está ocorrendo no momento presente. 
- Iminente: Está para acontecer. Aqui não é preciso que se espere que a agressão s realize, uma vez que esta pode ser evitada. 
- Injusta: É justamente na injustiça da agressão que reside a ofensa ao direito alheio, uma vez que, se esta for justa, não haverá violação alguma, mas sim exercício de um direito garantido. 
2º - Inevitabilidade da agressão
- A agressão injusta deve ser inevitável, não sendo possível a aplicação da legítima defesa para resguardar direito que poderá (hipoteticamente) sofrer uma agressão. 
3º - Impossibilidade de se recorrer à autoridade competente. 
- Não há como recorrer ao Estado para que ele mantenha a ordem antes de que se dê o dano. Neste caso, a intervenção estatal viria a destempo. 
4º - A repulsa à injusta agressão ou ameaça deverá ser moderada e com a utilização dos meios necessários. 
* Neste requisito o Dr. Bianco ainda acrescenta que deverá haver a proporcionalidade entre à agressão e a repulsa. 
- moderada: Suficiente para fazer cessar a ameaça ou agressão injusta. Após esta cessão, aquele que se defende não poderá dar continuidade à sua conduta, ou estará incorrendo em excesso, o qual gera a Responsabilidade Civil (seria ato de vingança). 
- meios necessários: É o que está à disposição no momento em que a defesa deve ser exercida. 
Previsão legal da Legítima Defesa
-Art. 1210: legítima defesa do patrimônio nos casos de esbulho ou turbação da posse. 
- Esbulho: A pessoa é injustamente retirada da posse, cabendo neste caso, reintegração. 
- Turbação: Aqui a pessoa não é retirada da posso, mas o exercício desta é prejudicado. 
Há outros artigos que contemplam a legítima defesa com relação ao patrimônio: 
- Art. 249, pú e 251, pú: A autotutela (ação directa do Direito Português) é uma forma de legítima defesa do patrimônio. 
* Conclui-se, portanto, que no âmbito civil, poder-se-á ter a legítima defesa tanto na preservação dos direitos da personalidade (vida, imagem, etc.), quanto dos patrimoniais. 
Tipos de legítima defesa
1º - Legítima defesa real
2º - Legítima defesa putativa
3º - Legítima defesa com erro de execução (aberratio ictus)
4º - Excesso de legítima defesa
1º - Legítima defesa real: É a propriamente dita; aquela na qual alguém produz ato moderado e na utilização dos meios necessários com fim de afastar a agressão ou ameaça injusta. Aqui não há enganos ou erros de perspectiva: Ou a vítima da agressão atua ou seu bem será sacrificado. 
2º -

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