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Princípios do Processo Penal I

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Princípio do ne eat judex ultra petita partium: 
Este princípio traz que o juiz não pode ir além dos pedidos das partes, deve se 
pronunciar sobre aquilo que foi pedido. Se o promotor imputa o réu pela prática do 
crime de roubo por exemplo, e ao final verifica-se que ele praticou foi outro crime 
distinto, como por exemplo estupro, não pode o juiz condenar por estupra uma vez 
que não foi pedido, e nem pelo furto que não ocorreu. 
 
 
Princípio do "in dubio pro reo" – Em favor do réu 
 Também conhecido como princípio do favor rei, esse princípio implica que a dúvida 
milita em favor do acusado, uma vez que a garantia da liberdade deve prevalecer 
sobre a pretensão punitiva do Estado. Sendo assim, não havendo provas suficientes da 
materialidade e autoria do crime, o juiz deverá absolver o acusado, isto é, in dubio pro 
reo. Artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal 
 
Princípio da Inocência (presunção de inocência ou princípio da não culpabilidade) 
Art. 5º, LVIII da CF: "Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória". Esse princípio não é absoluto, porque a inocência é 
uma presunção e cabe seu afastamento que se dá pela sentença condenatória. É uma 
presunção juris tantum. 
A regra, no processo penal, é a liberdade antes da condenação. A prisão cautelar não é 
pena e não declara a culpabilidade do réu. É apenas uma medida cautelar para 
preservar o processo penal e eventual risco adicional à sociedade caso o réu se 
mantenha em liberdade. 
 
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Princípios que regem a Ação Penal Pública 
São cinco os princípios que regem a ação penal pública: o da legalidade ou 
obrigatoriedade; o da indisponibilidade; o da intranscendência; o da divisibilidade e o 
da oficialidade. 
 
Princípio da Obrigatoriedade: 
Obriga a autoridade policial a instaurar o inquérito policial e ao órgão Ministério 
Público promover a ação penal quando da ocorrência da prática de crime que se 
apure mediante ação penal pública (arts. 5º, 6º e 24º do Código de Processo Penal). 
 
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE 
Também conhecido como princípio da indesistibilidade, consiste na ideia de que, 
depois de iniciada ação penal, o Ministério público não pode dispor desta por meio da 
desistência, afinal a ação visa a defesa de um direito do Estado e não de somente um 
individuo. A mesma força principiológica também é vista nos recursos já interpostos. 
Conforme os artigos 42 e 576. 
 
Princípio da intranscendência 
Por força do princípio da instranscendência, entende-se que a denúncia ou a queixa 
só podem ser oferecidas contra o provável autor do fato delituoso. A sentença penal 
condenatória não pode passar da pessoa do suposto autor do crime para incluir seus 
familiares, que nenhuma participação tiveram na infração penal. Aplica-se também 
especialmente à pena. Esse princípio funciona como evidente desdobramento do 
princípio da pessoalidade da pena, previsto no art. 5º, XLV, da Constituição Federal. 
 
Princípio da divisibilidade 
Esse princípio autoriza que, já havendo uma ação penal pública em face de 
determinado réu, será sempre possível que o MP intente outra ação pelo mesmo 
fato em face de outro acusado. Ainda em razão do mesmo princípio, é possível que o 
processo seja desmembrado em tantos quantos forem os réus, não sendo necessária 
a persecução penal através de uma única ação. 
 
Princípio da oficialidade 
Este princípio estabelece que o Estado tem o dever soberano de agir e de determinar 
as normas de conduta delituosa bem como a sanção penal correspondente, estando 
inicialmente relacionado com os princípios da legalidade e da obrigatoriedade. A 
diretriz da oficialidade funda-se no interesse público de defesa social. 
 
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PRINCÍPIOS QUE REGEM A AÇÃO PENAL PRIVADA 
São quatro os princípios que regem a ação penal privada: o da conveniência ou 
oportunidade; o da disponibilidade; o da instranscendência; e o da indivisibilidade. 
 
PRINCÍPIOS DA CONVENIÊNCIA (OU OPORTUNIDADE) E DA DISPONIBILIDADE 
Basicamente significa que o ofendido ou seu representante legal não são obrigados a 
propor a ação penal contra o autor do delito; exercerão o direito se quiserem 
conforme a conveniência social ou a oportunidade política da medida. Uma vez 
proposta a ação penal, em face desses princípios, dela poderão desistir, bem como 
de eventual recurso interposto. Apenas para efeito de comparação é o posto do que 
ocorre com a ação penal pública. O ofendido ou seu representante legal se despojam 
da ação penal mediante certos atos, que constituem causas extintivas da 
punibilidade, a saber: a decadência e a renúncia – ambos antes do exercício da ação 
– e a perempção, a desistência e o perdão, estas últimas depois de seu exercício. 
 
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA 
É o mesmo princípio que rege a ação penal pública tratado alhures, não havendo 
nada a acrescentar. 
 
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE 
O denominado princípio da indivisibilidade é inerente à ação penal privada e consiste 
na necessidade de o querelante oferecer queixa contra todos os autores do fato, sob 
pena de extinção de punibilidade se houver renúncia com relação a algum deles. O 
aludido princípio conjuga-se com o princípio da oportunidade, que em sede de ação 
penal privada se contrapõe ao da obrigatoriedade, que vigora na ação penal pública. 
Dessa forma, se cabe ao querelante escolher processar ou não o autor do fato, e se o 
fizer, terá que oferecer queixa contra todos os envolvidos. 
 
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS – AÇÃO PENAL PUBLICA X PRIVADA 
Tanto a Ação penal Pública, quanto a Ação Penal Privada são regidas por princípios 
que visam garantir uma maior segurança jurídica no momento em que o Estado irá 
exercer sua pretensão punitiva, desde o momento da propositura da Ação Penal até 
seu momento final. 
As principais diferenças entre esses dois tipos de Ações Penais está na legitimidade 
para propor cada uma delas, na obrigatoriedade (ou não) de sua propositura, e na 
possibilidade da parte desistir da Ação Penal após sua propositura.

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