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Direito Comercial Prof. Marcelo Cometti Matéria: Sociedades Personificadas/ Espécies: Sociedade Empresária e Sociedade Simples/ Tipos e/ou Formas Societárias: Sociedade em Nome Coletivo. 3. Sociedades Personificadas: São aquelas que possuem personalidade jurídica, gozam desta forma de: - titularidade obrigacional (sujeito de direitos e obrigações, ou seja, pode contratar); - titularidade processual (pode demandar e ser demandado em juízo); - titularidade patrimonial (possui patriômino próprio e distinto dos bens que integram patrimônio de seus sócios) – decorre do princípio da autonomia patrimonial. O Princípio da Autonomia Patrimonial é regra em nosso ordenamento jurídico, segundo o qual os bens de uma sociedade personificada não se confundem com os bens particulares dos seus sócios. Portanto, os credores de uma sociedade personificada deverão buscar a satisfação de seus créditos nos bens que integram o patrimônio da pessoa jurídica, razão pela qual não poderão em regra buscar a satisfação de seus créditos diretamente nos bens particulares dos sócios que gozaram do chamado “benefício de ordem” (responsabilidade subsidiária). No entanto, o Princípio da Autonomia Patrimonial não é absoluto e vem sendo relativizado por nossos Tribunais, através da aplicação da Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica, hipótese em que a personalidade jurídica da sociedade será momentaneamente suprimida para que seus credores busquem diretamente nos bens particulares dos sócios a satisfação de seus créditos. A Teoria da Desconsideração é dividida em duas teorias levando-se em consideração a natureza do crédito titularizado pelo credor da sociedade. Deste modo aplicar-se-á teoria menor nas hipóteses em que o credor em razão de sua situação hipossuficiente (empregados, consumidores) não tem como exigir da sociedade com quem contrata garantias frente as obrigações por ela assumidas. Portanto, a simples inadimplência da sociedade é causa para que o juiz determine a desconsideração da personalidade jurídica. Por outro lado, a teoria maior será aplicada quando restar comprovada em ação própria que os sócios da sociedade se valeram do instituto da personalidade jurídica de forma abusiva, caracterizada pela confusão patrimonial ou desvio de finalidade. Nesta hipótese credores como bancos e fornecedores poderão buscar a satisfação de seus créditos diretamente nos bens particulares dos sócios da sociedade. A sociedade adquirirá personalidade jurídica com o registro dos seus atos constitutivos (contrato ou estatuto social) no orgão próprio e na forma da lei (Art. 971, do CC). Portanto, sendo a sociedade empresária o registro se dará na Junta Comercial. Por sua vez, sendo a sociedade simples o registro se dará no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (Art. 1.150, do CC). Art. 971. “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.” Art. 1.150. “O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.” 3.1 Espécies de Sociedades Personificadas: A sociedade personificada será classificada quanto a sua espécie, tendo por critério a forma pela qual ela irá explorar sua atividade. a) Sociedade Empresária: É a espécie de sociedade personificada que irá explorar a sua atividade na forma própria de empresária, ou seja, com profissionalismo, fins lucrativos e de modo organizado (Art. 982, do CC). Art. 982. “Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.” Ressalta-se, entretanto que a sociedade não será da espécie empresária (sociedade simples) nas seguintes hipóteses: 1º Exercer profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, salvo se constituido elemento de empresa (Art. 966, do CC). Art. 966. “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” 2º Exercer uma atividade rural e não houver optado pelo arquivamento de seus atos constitutivos na Junta Comercial (Art. 984, do CC). Art. 984. “A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.” 3º Adotar como tipo societário a cooperativa. Obs.: Nos termos do Art. 983, do CC à adoção de um tipo societário para a constituição da sociedade empresária é obrigatório. Art. 983. “A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo.” b) Socieddade Simples: É a espécie de sociedade personificada que irá explorar sua atividade de forma não empresarial, ou seja, sem profissionalismo ou de modo não organizado. A socidade simples para ser constituida poderá, ou seja, lhe é facultado adotar um dos tipos societários regulados pelo Código Civil, com exceção das sociedades por ações (Comandita por Ações e Sociedade Anônima). Caso a sociedade simples opte por não adotar nenhum tipo societário específico – ela será regida pelas regras que lhe são próprias e atribuem responsabilidade ilimitada aos seus sócios (Arts. 997 à 1.038, do CC) – trata-se de uma sociedade simples pura. 3.2 Tipos/Formas Societárias: As sociedades personificadas serão classificadas quanto ao seu tipo ou forma societária, tendo por principal critério a extensão da responsabilidade dos seus sócios pelas obrigações sociais. a) Sociedade em Nome Coletivo: - Regência: Arts. 1.039 / 1.044, do CC. - Na ausência da regência – utiliza-se as regras da sociedade simples (regência supletiva) – Arts. 997 / 1.038, do CC. - Características dos Sócios: Somente pessoas físicas poderão fazer parte de uma sociedade em nome coletivo. - Responsabilidade dos Sócios: Quando os sócios poderão ser cobrados pelas dívidas da sociedade em nome coletivo? - Momento: Após exaurido todos os bens da sociedade os sócios serão cobrados (responsabilidade subsidiária). - Grau: ilimitada. - Respondem de forma solidária entre si (os sócios). - Administração privativa de quem seja sócio: Somente os sócios poderão ser eleitos administradores da sociedade,pois respondem de forma ilimitada.
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