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Plano de Aula: Formas de Financiamento da Atividade Estatal - Parte I 
CONTABILIDADE PÚBLICA - GST0088 
Título 
Formas de Financiamento da Atividade Estatal - Parte I 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
4 
Tema 
Formas de Financiamento da Atividade Estatal 
Objetivos 
Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: 
 Identificar os meios através dos quais o Estado obtém recursos 
para o seu funcionamento. 
 Conhecer o conceito e as estruturas de classificação das 
receitas públicas. 
 Identificar as etapas e os estágios de execução da receita 
pública. 
Estrutura do Conteúdo 
Receita Pública 
Ingressos ou entradas são palavras utilizadas para caracterizar as 
importâncias recebidas pelos cofres públicos. Entretanto, nem todas 
as entradas de recursos nos cofres públicos podem ser consideradas 
como receita pública. 
Aliomar Baleeiro conceitua receita pública como "...a entrada, que 
integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, 
condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o eu vulto, 
como elemento novo e positivo". 
 
Na área pública, o conceito de receita deve ser analisado sob dois 
enfoques - Patrimonial e Orçamentário. 
 Receita - Enfoque Patrimonial 
Receita é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade 
para evidenciar a variação positiva da situação líquida 
patrimonial, resultante do aumento de ativos ou da redução de 
passivos de uma entidade. 
A contabilização da receita é regulamentada pelo Conselho 
Federal de Contabilidade, por meio das Resoluções CFC nº 
750/1993 e nº 774/1994. 
Conceito - De acordo com a Resolução CFC nº 1.121/2008, que 
dispõe sobre a estrutura conceitual para a elaboração e 
apresentação das demonstrações contábeis, "receitas são 
aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil 
sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou 
diminuição de passivos, que resultem em aumento do 
patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos 
proprietários da entidade". 
Sob o enfoque patrimonial, a receita constitui uma variação 
patrimonial aumentativa, porque aumento o patrimônio líquido. 
Momento de reconhecimento da receita, sob o enforque 
patrimonial - Segundo os princípios contábeis, a receita deve 
ser registrada no momento da ocorrência do seu fato gerador, 
independentemente do recebimento. 
Desta forma, seguindo os princípios contábeis da oportunidade 
e da competência, a receita deverá ser registrada no momento 
em que ocorre o fato gerador, independentemente do 
recebimento. 
 Receita - Enfoque Orçamentário 
Orçamento público é um importante instrumento de 
planejamento, que apresenta o fluxo previsto de ingressos e de 
aplicação de recursos para o período de um ano. 
Conceito - Sob o enfoque orçamentário, receitas públicas são 
os ingressos de recursos nos cofres públicos, não passíveis de 
devolução, em qualquer esfera governamental, disponíveis para 
alocação e cobertura das despesas públicas. Portanto, as 
receitas orçamentárias são representadas pelos recursos que 
ingressam de forma definitiva nos cofres públicos e que poderão 
ser destinados ao financiamento das despesas públicas. 
 As receitas públicas podem ser classificadas em extraorçamentárias e 
orçamentárias. 
 Receitas Extraorçamentárias - são representadas pelos 
recursos que ingressam nos cofres públicos, mas que 
constituem compromissos exigíveis e, portanto, não podem ser 
utilizados para atender às necessidades públicas. O pagamento 
de tais exigibilidades independe de autorização Legislativa. 
Na verdade, o termo "Receita Extraorçamentária" não é 
adequado. Isso porque, para que possam ser classificados 
como receita pública, os recursos devem estar disponíveis para 
atender às despesas públicas, o que não ocorre nesse caso. Em 
decorrência dessa característica, alguns autores denominam as 
Receitas Extraorçamentárias como "Ingressos 
Extraorçamentários". 
Os ingressos extraorçamentários decorrem do fato de que o 
Estado é obrigado a arrecadar valores que em princípio não lhe 
pertencem. São exemplos de receitas extraorçamentárias: 
cauções, fianças, consignações e outros. 
 Receita Orçamentária 
São variadas as formas de classificação das receitas 
orçamentárias públicas. Vamos dividi-las em dois grupos. O 
primeiro, referente às classificações meramente acadêmicas, e 
o segundo, referente às classificações que têm aplicação 
técnica/prática, no orçamento e na contabilidade. 
 
 
Classificações acadêmicas da receita orçamentária pública 
 
Academicamente as receitas podem ser classificadas segundo a 
afetação patrimonial, a procedência, a competência e a regularidade. 
 
Quanto à afetação patrimonial, a receita orçamentária pode ou não 
provocar variação na situação patrimonial líquida, sendo classificada 
como efetiva ou não efetiva, respectivamente. 
 Receita Orçamentária Efetiva - aquela que, no momento do seu 
reconhecimento, aumenta a situação líquida patrimonial da 
entidade. Constitui fato contábil modificativo aumentativo. 
 Receita Orçamentária Não-Efetiva - aquela que não altera a 
situação líquida patrimonial no momento do seu 
reconhecimento, constituindo fato contábil permutativo. 
Quanto a procedência, as receitas podem ser classificas como 
originárias ou derivadas. 
 
As Receitas públicas Originárias são aquelas derivadas da exploração 
de atividades econômicas pela Administração Pública, com origem 
nas rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado, na 
administração dos preços públicos, na prestação de serviços 
comerciais e na venda de produtos industriais ou agropecuários. 
Receitas públicas Derivadas são aquelas obtidas por meio do 
exercício da soberania estatal, com base em dispositivos 
constitucionais ou legais, como, por exemplo, as receitas tributárias e 
as de contribuições especiais. 
 
Quanto à competência politico-institucional para arrecadar as 
receitas, ela pode ser federal, estadual municipal ou distrital. 
 
Quanto à regularidade, as receitas podem ser ordinárias, assim 
entendidas aquelas que ingressam nos cofres públicos de forma 
regular, segundo as previsões preestabelecias, ou extraordinárias, 
assim entendidas aquelas que ingressam de forma imprevista. 
 
Momento de reconhecimento da receita orçamentária sob o 
enforque orçamentário - na contabilidade pública a receita 
orçamentária é reconhecida pelo regime de caixa, nos termos 
estabelecidos no art. 35 da Lei nº 4320/1964. 
"Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: 
I - as receitas nele arrecadadas" 
A adoção do regime de caixa vai ao encontro do princípio da 
prudência, na medida em que os recursos só são computados após o 
efetivo ingressado nos cofres públicos. O regime de caixa também tem 
o objetivo de assegurar o equilíbrio da arrecadação das receitas 
orçamentárias com a execução das despesas orçamentarias. 
 
Quando a receita orçamentária é reconhecida pode ocorrer alteração 
da situação líquida patrimonial da entidade, conforme ela seja efetiva 
ou não efetiva. 
 
Classificação técnica/prática da receita orçamentária pública 
 
Tecnicamente, as receitas orçamentárias são classificadas segundo 
os seguintes critérios: 
A. Natureza; 
B. Fonte/Destinação de Recursos; 
C. Indicador de Resultado Primário. 
A- Classificação da receita orçamentária por natureza da receita 
O art. 11 da lei nº 4.320/64 adotou o critério econômico para classificar 
as receitas orçamentárias, dividindo-as em duas Categorias 
Econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. 
A Classificação Econômica, ou por Natureza da Receita, visa a 
identificar a origem do recurso segundo o fato gerador, caracterizado 
pelo fenômeno que ocasionou o ingresso dos recursos nos cofres 
público. Essa classificação é utilizada por todos os entesda 
Federação. 
O parágrafo 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/64 define que os itens da 
discriminação da receita, mencionados no seu art. 11, serão 
identificados por números de código decimal. Convencionou-se 
denominar este código de natureza de receita. Esse código busca 
classificar a receita identificando a origem do recurso segundo o fato 
gerador que ocasionou o ingresso dos recursos aos cofres públicos. 
Para o exercício de 2016, incluindo a elaboração do Orçamento, 
entrará em vigor nova estrutura de codificação das Naturezas de 
Receita, de forma a prover melhorias na estrutura de formação dos 
códigos da classificação, aplicando lógica integralmente voltada para a 
gestão das receitas orçamentárias. A nova proposta estrutura os 
códigos de forma a proporcionar extração de informações imediatas, a 
fim de prover celeridade, simplicidade e transparência, sem a 
necessidade de qualquer procedimento paralelo para concatenar 
dados. Essa é a premissa que pauta a nova estrutura de codificação 
da classificação orçamentária. (Fonte: MTO 2016) 
A estrutura da nova codificação cria possibilidade de associar, de 
forma imediata, a receita principal com aquelas dela originadas: 
Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da Dívida Ativa. A 
associação é efetuada por meio de um código numérico de 8 dígitos, 
cujas posições ordinais passam a ter o seguinte significado: 
 
Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física é recolhido, 
aloca-se a receita pública correspondente na natureza de receita 
código 1.1.1.3.01.1.1, segundo o esquema a seguir: 
 
 
1º Nível - Categoria Econômica - utilizado para mensurar o impacto 
das decisões do Governo na economia nacional (formação de capital, 
custeio, investimentos etc.). A Lei nº 4.320/64, em seu artigo 11, 
classifica a receita orçamentária em duas categorias econômicas: 
1 - Receitas Correntes - Receitas Orçamentárias Correntes são 
aquelas arrecadadas dentro do exercício financeiro, que 
aumentam as disponibilidades financeiras do Estado, e 
constituem instrumento para atender às necessidades públicas 
definidas no orçamento. 
2 - Receitas de Capital - as Receitas de Capital também 
aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são 
instrumentos de financiamento dos programas e ações 
orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. 
Porém, de forma diversa das Receitas Correntes, as Receitas de 
Capital em geral não provocam efeito sobre o Patrimônio 
Líquido. 
A Portaria Interministerial STN/SOF n° 338/2006, estabelece a 
identificação das receitas correntes intraorçamentárias e receitas de 
capital intraorçamentárias. As receitas intraorçamentárias são 
ingressos provenientes do pagamento de despesas realizadas entre 
órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos, fiscal e da 
seguridade social. As classificações intraorçamentárias não 
constituem novas categorias econômicas de receita. Essas têm a 
mesma função da receita original, diferenciando-se apenas pelo fato 
de destinarem-se ao registro de receitas provenientes de órgãos 
pertencentes ao mesmo orçamento. 
Categoria Econômica 
1 Receitas Correntes 
7 Receitas Correntes 
Intraorçamentárias 
2 Receitas de Capital 
8 Receitas de Capital 
Intraorçamentárias 
Origem da Receita 
1 Receita Tributária 1 Operações de Crédito 
2 Receita de Contribuições 2 Alienação de Bens 
3 Receita Patrimonial 3 Amortização de Empréstimos 
4 Receita Agropecuária 4 Transferências de Capital 
5 Receita Industrial 5 Outras Receitas de Capital 
6 Receita de Serviços 
7 Transferências Correntes 
9 Outras 
 
2º Nível - Origem - Identifica a procedência dos recursos públicos, em 
relação ao fato gerador dos ingressos das receitas. Para as receitas 
correntes, permite identificar se essas são compulsórias (tributos e 
contribuições), provenientes das atividades econômicas do Estado 
(agropecuárias, industriais ou de prestação de serviços), da 
exploração do seu próprio patrimônio (patrimoniais), se provenientes 
de transferências destinadas ao atendimento de despesas correntes, 
ou ainda, de outros ingressos. 
No caso das receitas de capital, distinguem-se as provenientes de 
operações de crédito, da alienação de bens, da amortização dos 
empréstimos, das transferências destinadas ao atendimento de 
despesas de capital, ou ainda, de outros ingressos de capital. 
3º Nível - Espécie - É o nível de classificação vinculado à Origem, 
composto por títulos que permitem qualificar com maior detalhe o fato 
gerador dos ingressos de tais receitas. Por exemplo, dentro da Origem 
Receita Tributária (receita proveniente de tributos), podemos 
identificar as suas espécies, tais como impostos, taxas e contribuições 
de melhoria. 
4º Nível - Desdobramentos para Identificação de Peculiaridades 
da Receita - Foram reservados 4 dígitos para desdobramentos com a 
finalidade de identificar peculiaridades de cada receita, caso seja 
necessário. Desse modo, esses dígitos podem ou não ser utilizados 
conforme a necessidade de especificação do recurso. 
No caso de receitas exclusivas de Estados e Municípios, o quarto 
dígito utilizará o número "8" (Ex.: 1.9.0.8.xx.x.x - Outras Receitas 
Correntes exclusivas de Estados e Municípios). 
5º Nível - Tipo - O tipo, correspondente ao último dígito na natureza 
de receita, tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação a que 
se refere aquela natureza, sendo: 
- "0", quando se tratar de natureza de receita não valorizável ou 
agregadora; 
- "1", quando se tratar da arrecadação Principal da receita; 
- "2", quando se tratar de Multas e Juros de Mora da respectiva 
receita; 
- "3", quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva receita; e 
- "4", quando se tratar de Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa da 
respectiva receita. 
Assim, todo código de natureza de receita será finalizado com um dos 
dígitos mencionados, e as arrecadações de cada recurso, sejam elas 
da receita propriamente dita ou de seus acréscimos legais, ficarão 
agrupadas sob um mesmo código, sendo diferenciadas apenas no 
último dígito, conforme detalhamento a seguir: 
 
 
B - Classificação da receita orçamentária por fonte/destinação 
dos recursos 
A classificação por fonte/destinação dos recursos é um instrumento 
criado para assegurar que receitas vinculadas por lei a finalidade 
específica sejam exclusivamente aplicadas em programas e ações 
que visem a consecução de despesas ou políticas públicas 
associadas a esse objetivo legal. 
As fontes/destinações de recursos agrupam determinadas naturezas 
de receita conforme haja necessidade de mapeamento dessas 
aplicações de recursos no orçamento público, segundo diretrizes 
estabelecidas pela Secretaria do Orçamento Federal (SOF). 
Como mecanismo integrador entre a receita e a despesa, o código de 
fonte/destinação de recursos exerce duplo papel no processo 
orçamentário: na receita, indica o destino de recursos para o 
financiamento de determinadas despesas; na despesa, identifica a 
origem dos recursos que estão sendo utilizados. 
Dessa forma, o mesmo código utilizado para controle das destinações 
da receita também é utilizado na despesa, para controle das fontes 
financiadoras, contribuindo para o atendimento do parágrafo único do 
art. 8º, e do art. 50, inciso I, da Lei de Responsabilidade Fiscal: 
"Art. 8º [...] Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a 
finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao 
objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em 
que ocorrer o ingresso. [...] 
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, 
a escrituração das contas públicas observará as seguintes: 
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo 
que os recursos vinculados a órgão, fundo oudespesa obrigatória 
fiquem identificados e escriturados de forma individualizada." 
Enquanto a natureza da receita orçamentária busca identificar a 
origem do recurso segundo seu fato gerador, a fonte/destinação de 
recursos possui a finalidade de identificar o destino dos recursos 
arrecadados. Podemos dizer que há destinações vinculadas e não 
vinculadas: 
a) destinação vinculada: processo de vinculação entre a origem e a 
aplicação de recursos, em atendimento às finalidades específicas 
estabelecidas pela Constituição e por leis. 
b) destinação não vinculada (ou ordinária): é o processo de alocação 
livre entre a origem e a aplicação de recursos, para atender a 
quaisquer finalidades, desde que dentro do âmbito das competências 
de atuação do órgão ou entidade. 
A vinculação de receitas deve ser baseada nas leis que regulamentam 
a aplicação de recursos e os direcionam para despesas, entes, 
órgãos, entidades ou fundos, específicos. 
A classificação de fonte/destinação consiste em um código de três 
dígitos. O 1º dígito representa o grupo de fonte, enquanto o 2º e o 3º 
representam a especificação da fonte. 
1º Dígito 2º e 3º Dígitos 
Grupo da Fonte de Recurso Especificação da Fonte de 
Recurso 
 
O Anexo IV da Portaria SOF no 1, de 19 de fevereiro de 2001 lista os 
grupos de fontes e as respectivas especificações das fontes de 
recursos vigentes: 
Código Grupo da Fonte de Recurso (1o Dígito) 
1 Recursos do Tesouro - Exercício Corrente 
2 Recursos de Outras Fontes - Exercício 
Corrente 
3 Recursos do Tesouro - Exercícios Anteriores 
6 Recursos de Outras Fontes - Exercícios 
Anteriores 
9 Recursos Condicionados 
 
Exemplos de fontes/destinação de recursos: 
1º Dígito (Grupo da Fonte) 
2º e 3º Dígitos 
(Especificação da Fonte) 
Fonte 
1 - Recursos do Tesouro - 
Exercício Corrente 
12 - Recursos Destinados à 
Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino 
112 
2 - Recursos de Outras 
Fontes - Exercício Corrente 
93 - Produto da Aplicação dos 
Recursos à Conta do Salário-
Educação 
293 
3 - Recursos do Tesouro - 
Exercícios Anteriores 
12 - Recursos Destinados à 
Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino 
312 
6 - Recursos de Outras 
Fontes - Exercícios Anteriores 
93 - Produto da Aplicação dos 
Recursos à Conta do Salário-
Educação 
693 
1 - Recursos do Tesouro - 
Exercício Corrente 
00 - Recursos Ordinários 100 
 
O Ementário de Classificação das Receitas Orçamentárias da União 
evidencia as fontes e respectivas naturezas de receita e pode ser 
obtido em: 
http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-
orcamentarias/arquivos-receitas-publicas/receitas-publicas. 
C - Classificação da receita orçamentária por indicador de 
resultado primário 
Segundo esta classificação, as receitas do Governo Federal podem 
ser divididas em: a) primárias (P), quando seus valores são incluídos 
no cálculo do resultado primário; e b) financeiras (F), quando não são 
incluídas no citado cálculo. 
A maioria das receitas primárias refere-se às receitas correntes 
provenientes dos tributos, das contribuições sociais, das concessões, 
dos dividendos recebidos, da cota-parte das compensações 
financeiras, das decorrentes do esforço de arrecadação das Unidades 
Orçamentárias, das provenientes de doações e convênios e outras, 
também consideradas primárias. 
As receitas financeiras são aquelas que não contribuem para o 
resultado primário ou não alteram o endividamento líquido no exercício 
correspondente, uma vez que criam uma obrigação ou extinguem um 
direito, ambos de natureza financeira, junto ao setor privado interno 
e/ou externo. São adquiridas junto ao mercado financeiro através da 
emissão de títulos ou da contratação de operações de crédito. 
Também podem ter origem em aplicações financeiras (juros 
recebidos, por exemplo) ou nas privatizações. 
Etapas e estágios da receita pública 
O Manual da Receita Nacional estabelece que a receita pública 
percorra três etapas: 
1. Planejamento 
2. Execução 
3. Controle e avaliação 
1 - Planejamento 
Efetuar a previsão implica planejar e estimar a arrecadação das 
receitas que constará na proposta orçamentária. Isso deve ser 
realizado em conformidade com as normas técnicas e legais 
correlatas, com destaque para as disposições constantes da Seção I, 
"Da Previsão e da Arrecadação", do Capítulo III, da Lei de 
Responsabilidade Fiscal, em especial o art. 12. 
"Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e 
legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da 
variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de 
qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de 
demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção 
para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de 
cálculo e premissas utilizadas." 
Segundo o manual Técnico de Orçamento da Secretaria da Receita 
Federal, no âmbito federal, a metodologia de projeção de receitas 
busca assimilar o comportamento da arrecadação de determinada 
receita em exercícios anteriores, a fim de projetá-la para o período 
seguinte, com o auxílio de modelos estatísticos e matemáticos. O 
modelo dependerá do comportamento da série histórica de 
arrecadação e de informações fornecidas pelos órgãos orçamentários 
ou unidades arrecadadoras envolvidas no processo. 
A previsão de receitas é a etapa que antecede a fixação do montante 
de despesas que irá constar nas leis de orçamento, além de ser base 
para se estimar as necessidades de financiamento do governo. 
2 - Execução 
A Lei nº 4.320/1964 estabelece que a receita pública, na sua etapa de 
execução, percorre três estágios: lançamento, arrecadação e 
recolhimento. 
Lançamento: Segundo o Código Tributário Nacional, art. 142, 
lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a 
ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a 
matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o 
sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade 
cabível. 
Algumas receitas não percorrem o estágio do lançamento, (art. 52 da 
Lei nº 4.320/64). Por exemplo: uma doação em dinheiro recebida pelo 
Estado não percorre a etapa de lançamento. 
São três as modalidades de lançamento: 
 Lançamento por declaração - passa pelas etapas de 
declaração à autoridade, lançamentos pela autoridade e 
notificação do contribuinte. É considerado um lançamento misto, 
por envolver atos do contribuinte (sujeito passivo), que não deve 
omitir fatos que deva declarar, e da autoridade administrativa 
(sujeito ativo). Erros, por acaso encontrados, devem ser 
corrigidos pela administração, independente da parte favorecida 
com a correção. Exemplos: IRPF, IRPJ e ITBI. 
 Lançamento direto ou por ofício - é feito por iniciativa da 
autoridade administrativa, independentemente de qualquer 
colaboração do contribuinte. Sua utilização é frequente em 
impostos lançados a partir de dados cadastrais. Exemplos: IPTU 
e IPVA. 
 Lançamento por homologação - é a modalidade em que a 
constituição do crédito é feita sem prévio exame da autoridade. 
Cabe ao contribuinte (sujeito passivo) apurar, informar e pagar a 
parcela referente à obrigação tributária, sem o prévio exame da 
autoridade administrativa. Exemplos: o ICMS e o IPI. 
Arrecadação: É a entrega, realizada pelos contribuintes ou 
devedores, aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados pelo 
ente, dos recursos devidos ao Tesouro. 
Recolhimento - É a transferência dos valores arrecadados à conta 
específica do Tesouro, responsável pela administração e controle da 
arrecadação e programação financeira, observando-se o Princípio da 
Unidade de Caixa, representado pelo controle centralizado dos 
recursos arrecadados em cada ente. 
Esquematicamente,as etapas e os estágios da receita pública podem 
ser demonstrados da seguinte forma: 
3 - Controle e Avaliação - Esta fase compreende a fiscalização 
realizada pela própria administração, pelos órgãos de controle e pela 
sociedade. O controle do desempenho da arrecadação deve ser 
realizado em consonância com a previsão da receita, destacando as 
providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e 
combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas 
instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para 
incremento das receitas tributárias e de contribuições. 
 
 
Aplicação Prática Teórica 
Exercício 01 
Ingressos ou entradas são palavras utilizadas para caracterizar as 
importâncias recebidas pelos cofres públicos. Entretanto, nem todas 
as entradas de recursos nos cofres públicos podem ser consideradas 
como receita pública. Assinale a alternativa que representa uma 
entrada de recursos nos cofres públicos que não configura uma 
receita pública. 
a) Recebimento de multas 
b) Recebimento de taxas 
c) Recebimento de contribuições 
d) Recebimento de valores caucionados 
e) Recebimento de doações em dinheiro 
Exercício 02 
 
Sob o enfoque patrimonial, podemos definir que "receitas são 
aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a 
forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de 
passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido e que não 
sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade". Dessa 
forma, é correto afirmar que. 
a) Sob o enfoque patrimonial a redceita constitui uma variação 
aumentativa porque aumenta o patrimônio líquido 
b) As receitas por mutação patrimonial fazem aumentar o patrimônio 
líquido 
c) Toda receita pública aumenta o patrimônio líquido 
d) Do ponto de vista do patrimônio público as receitas 
necessariamente são incorporadas no ativo dos entes públicos 
e) As receitas públicas não efetivas não causam quaisquer alterações 
no patrimônio do ente público

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