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Sifilis Congenita

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SÍFILIS CONGÊNITA: A INTERPRETAÇÃO DAS MÃES DOS RECÉM-NASCIDOS INTERNADOS EM UNIDADE NEONATAL NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA, PARÁ
Anne Caroline Miranda da Silva[2: Assistente Social, especializando em Saúde da Mulher e da Criança pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade Federal do Pará (UFPA). E-mail: annecarolinemiranda@hotmail.com.]
AderliGoes Tavares[3: Orientadora. Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, Doutorado no Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Pará. E-mail:aderli@ufpa.br.]
RESUMO: Sífilis Congênita é o resultado da infecção do feto por meio da transmissão vertical pelo Treponema pallidum, quando a gestante infectada não é tratada ou tratada inadequadamente. O objetivo deste estudo foi identificar o entendimento das mães sobre a sífilis congênita e analisar o perfil socioeconômico das famílias envolvidas. Pesquisa de abordagem qualitativa de cunho descritivo, da qual participaram 6 mães com idade acima de 18 anos, que se encontravam com recém-nascidos internados em unidade neonatal para tratamento de sífilis congênita em um hospital de referência, localizada no município de Bragança, PA, entre julho de 2016 a fevereiro de 2017. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada, e essas mães foram submetidas à análise temática que gerou três categorias como: as mães interpretam a transmissão da sífilis; entendimento das mães sobre a internação dos recém-nascidos; compreensão das informações repassadas pelo profissional. A pesquisa revelou que as mães apresentavam um grande déficit de conhecimento em relação ao tratamento da sífilis/sífilis congênita e pouco entendimento sobre as informações repassadas pelos profissionais do pré-natal e da unidade neonatal do HSAMZ sobre os cuidados com os recém-nascidos, fator esse que dificulta no entendimento sobre a gravidade da doença, tornando-se um grave problema para a saúde dos usuários.
Palavras-chave: Sífilis Congênita; Saúde Pública; Pré-natal; Unidade Neonatal; Serviço Social.
ABSTRACT: Congenital syphilis is a result of infection of the fetus through vertical transmission by Treponemapallidum, when the infected pregnant woman is not treated or treated inappropriately. The objective of this study was to identify the mothers' understanding of congenital syphilis and to analyze the socioeconomic profile of the families involved. A descriptive, qualitative approach was carried out in which six mothers aged 18 years and older participated in the study with newborns admitted to a neonatal unit to treat congenital syphilis at a referral hospital in the city of Bragança, Between July 2016 and February 2017. The data collection was performed through a semi-structured interview, and they were submitted to thematic analysis that generated three categories: how the mothers interpret the transmission of syphilis; Mothers' understanding of newborn hospitalization; Understanding of the information passed on by the professional. The research revealed that the mothers presented a great deficit of knowledge regarding the treatment of syphilis / congenital syphilis and little understanding about the information passed by prenatal professionals and the neonatal unit of the HSAMZ, a factor that makes it difficult to understand the severity Of the disease, becoming a serious problem for the health of users.
Keywords:Congenital Syphilis; Public health; Prenatal; Neonatal Unit; Social Service.
INTRODUÇÃO
_________________________
A pesquisa foi realizada em um hospital localizado no município de Bragança, nordeste do Estado do Pará, Região Norte, Brasil. Uma entidade filantrópica, beneficente de assistência social na área da saúde, contratualizado com o Sistema Único de Saúde (SUS), realizando metas quantitativas e qualitativas por meio de ações e serviços de média e alta complexidade, sendo a principal unidade hospitalar estratégica na região de saúde atlântico caetés do estado do Pará, composta por 16 (dezesseis) municípios: Augusto Corrêa, Bonito, Bragança, Cachoeira do Piriá, Capanema, Nova Timboteua, Ourém, Peixe-Boi, Primavera, Quatipuru, Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém Novo, São João de Pirabas, Tracuateua e Viseu.
Desta forma, a presente pesquisa objetiva interpretar o entendimento das mães sobre a sífilis congênita e analisar o perfil socioeconômico das famílias dos recém-nascidos internados em unidade neonatal. A pesquisa reafirma a garantia da assistência à saúde das mães, dos companheiros e de seus recém-nascidos, e se propõe a trocar conhecimentos acerca da doença entre mães e profissionais. Os entendimentos sobre a doença, complementados com a realidade socioeconômica buscam contextualizar a interpretação das mães sobre sífilis congênita.
De acordo com o Ministério da Saúde (2006), atualmente as doenças sexualmente transmissíveis vêm se configurando como um importante problema de saúde pública. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as DST estão entre as cinco principais causas de procura por serviços de saúde. Dentre essas doenças infecciosas, encontra-se a sífilis, uma doença sexualmente transmissível, sendo o resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum. 
Segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (2016) sobre a sífilis congênita, no ano de 2015, foram notificados 19.228 casos da doença, uma taxa de incidência de 6,5 por 1.000 nascidos vivos. Na região norte, a sífilis em gestante é detectada no 3º trimestre com a maior taxa comparada às das outras regiões, com um total de 49,7% de incidência. No Pará, a sífilis congênita é de 4,6 % de nascidos vivos, estando no 11º lugar no Brasil (MS, 2016).
A sífilis congênita (SC) pode ser evitada por meio de assistência pré-natal qualificada que garanta a identificação da infecção materna durante a gestação e o tratamento com penicilina, cuja eficácia é em torno de 95% a 100%.
A falta de acesso à assistência pré-natal é considerada como um dos principais fatores responsáveis pela persistência dos elevados índices de sífilis congênita (MULLICKet al., 2004), o que aponta para um problema de saúde pública, principalmente na atenção primária.
Entre os fatores de risco que contribuem para que a alta prevalência de SC se mantenha estão: o baixo nível socioeconômico, a baixa escolaridade, promiscuidade sexual e, sobretudo, a falta de adequada assistência pré-natal (RODRIGUES; GUIMARÃES et al., 2004).
A população mais afetada é a da classe E, principalmente, no que se refere às dificuldades de acesso para tratamento e acompanhamento no pré-natal, sendo a saúde pública responsável por planejar estratégias de triagem dessas doenças de modo prático e abrangente das gestantes com o diagnóstico desses casos. Tal alcance contribui na redução da morbimortalidade materno-fetal e, consequentemente, contribui para a saúde das mulheres para a melhoria dos indicadores de saúde (FIGUEIRÓ-FILHO, 2007).
Segundo Magalhães et al. (2013), o início precoce do pré-natal é um componente essencial da prevenção, por viabilizar a detecção da sífilis materna e o tratamento oportuno. Portanto, são necessárias ações de diagnóstico precoce para a prevenção, precisando ser reforçadas especialmente no pré-natal. O preconizado é que as ações de prevenção sejam realizadas com a população em geral, ainda antes da gravidez. [4: Tem o significado de “preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize” (FERREIRA, 1986).		]
Um dos problemas da não prevenção e do não tratamento durante a gestação é a não efetivação do atendimento às gestantes nas unidades básicas de saúde devido à falta de profissionais, à falta de busca ativa das gestantes ausentes e o difícil acesso aos serviços de saúde do SUS, descumprindo o princípio do acesso universal, como um direito à saúde. O problema do acesso físico às unidades ou do atendimento nos serviços de saúde para a prevenção não é o único, somado a ele está à baixainformação da população sobre a doença e as dificuldades de entendimento sobre o causador (Treponema pallidum), e ainda temos a dificuldade de entendimento sobre a transmissão e as formas de tratamento.
A cobertura da Atenção Básica nos municípios de origem das mulheres participantes da pesquisa, referente ao PACS e PSF, respectivamente, foram de 58,5% e 39,9%, no município de Bragança; de 18,4% e 81,1%, no município de Augusto Correa; e de 35.7% e 67,2% no município de Traquateua.[5: MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS. Cadernos de Informações de Saúde-Pará, maio de 2010. http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/cadernosmap.htm. Acesso em: 27.01.17.]
A Organização do Ministério da Saúde (2008) afirma que o nível de instrução dos indivíduos pode ter efeito na percepção dos problemas de saúde e na capacidade de entendimento das informações nessa área.
O estudo apontou por meio das observações, do registro no diário de campo e do relato das mães que o desconhecimento sobre a doença está, em parte, associado ao baixo nível de escolarização das usuárias e, em parte, ao baixo conhecimento do profissional sobre o entendimento da doença para as mães. O desconhecimento das mães e, por outro lado, o do profissional dificultam o diálogo e o ato no processo de cuidar do recém-nascido e no processo do autocuidado das mães. As orientações sobre a prevenção da doença e o processo de cuidado, tanto do recém-nascido como do casal, fazem parte do acesso aos serviços de saúde, prioritariamente na atenção básica.
Neste sentido, o(a) Assistente Social exerce um papel importante como educador(a) e configura-se como o profissional de saúde que presta assistência aos usuários do SUS, apto a fornecer as orientações sobre a garantia ao acesso aos direitos sociais e aos serviços de saúde pública. O Assistente Social promove a articulação, atuando como um dos elos entre paciente e instituição, por meio da socialização das informações e orientações, sendo imperiosa a busca pelo conhecimento êmico e a busca pela interpretação do processo saúde-doença para os usuários, assim como para identificar as demandas e suas necessidades, contribuindo para o acesso aos benefícios e programas de saúde numa perspectiva dos direitos do cidadão e do estímulo à autonomia e ao autocuidado.[6: Como o termo êmicosignifica interno, sugere a procura pela verdade como ela é entendida pelo agente promotor do fato, ou experimentador. Isto é, as pessoas que vivenciam aquela cultura [...]A relevância principal de uma análise êmica é a verdade. Ou seja, compreender como um fato social é verdadeiramente interpretado, assimilado e experimentado por uma pessoa ou um grupo. O valor da abordagem êmica é, portanto, enraizado em sua veia analítica, pois, em verdade, o antropólogo ou pesquisador deve se propor a entender o fato de acordo com sua origem e não através de sua cultura receptora sob pena de jamais compreendê-lo, apenas julgá-lo (INSTITUTO ANTROPOS, 2016).][7: O processo saúde doença é um construto histórico, desde a Grécia antiga até a sociedade contemporânea. A concepção de saúde-doença adotada neste estudo aborda as várias causas e dependem de vários elementos que podemos chamar de determinantes da saúde e da doença. “Existem determinantes do estado de saúde que dizem respeito às condições que a coletividades, as cidades, as locorregiões ou país apresentam, como nível de desenvolvimento social e econômico, como infraestrutura, como participação das pessoas nas decisões sociopolíticas e como grau de desigualdade de renda, entre outros fatores”. (BRASIL, 2005, p. 33).	]
A prevenção das doenças envolve uma atitude educativa na perspectiva da autonomia (FREIRE, 1997) e o(a) assistente social é um dos sujeitos da relação que envolve usuário e profissionais. A atuação desse profissional pode ser comparada à de um tradutor que decodifica, interpreta a linguagem dos usuários e atua intervindo para o processo de prevenção das doenças e de colaboração para a recuperação da saúde. Daí a importância da intervenção qualificada do Serviço Social no processo saúde/doença para atender às necessidades dos usuários, conforme previsto no Código de Ética do/a Assistente Social (Lei n.8.662/93).[8: “[...] o pensamento sobre saúde é o que valida e dá suporte às intervenções que o saber técnico pode sugerir porque acreditamos que seja necessário que esse “saber” se disponha a aceitar que cada pessoa o instrua a respeito daquilo que somente ela está capacitado a dizê-lo. O profissional, então, auxilia na tarefa de dar sentido ao que não está evidente para a pessoa; para conjunto de sintomas que, de forma solidária, ela não conseguiria decifrar. Um bom profissional de saúde, além de um bom conhecedor, deveria ser um bom tradutor” (BRASIL, 2005, p. 40).	]
O Serviço Social na saúde necessita desenvolver suas ações para que venha facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos serviços de saúde da instituição e da rede de serviços, de forma compromissada e crítica, e não submeter à operacionalização de seu trabalho aos arranjos propostos pelos governos que descentralizam a proposta original do SUS de direito, a qual está contida no Projeto de Reforma Sanitária (BRAVO, 2006). O acesso é interpretado como ampliado, iniciando pelo acesso à comunicação, ao diálogo, pois o fortalecimento do vínculo entre a equipe de saúde e o usuário é de estrema relevância, favorecendo a produção do cuidado mediante uma relação de confiança e partilha de compromissos. Além do mais, o vínculo possui uma estreita relação com a prática de cuidados, uma vez que ambos promovem sintonia, troca de afetos e convivência potencialmente reconstrutora de autonomias (SOUZA, 2010). Interpretar a doença (sífilis congênita) para as mães interferirá no processo do cuidado na medida em que o profissional Assistente Social, como intérprete, traduzirá os significados e, ao mesmo tempo, reinterpretará a ação, estabelecerá uma linguagem para comunicar que proporcionará a relação dialógica (GADAMER, 1983) entre sujeitos-sujeitos. [9: O vinculo é a relação pessoal estreita e duradoura entre o profissional de saúde e o paciente, permitindo, com o passar do tempo, que os laços criados se estreitem e os mesmos se conheçam cada vez mais, facilitando a continuidade do tratamento, e consequentemente evitando consultas e internações desnecessárias. Essa relação requer a cooperação mútua entre as pessoas da família, da comunidade e os profissionais (STARFIELD, 2002).]
O processo de informação a partir dos conhecimentos êmicos é fundamental para o acesso e para o processo educativo que envolve a compreensão sobre a saúde-doença e é a ponte que proporciona o diálogo e a mediação entre o usuário e o assistente social.
METODOLOGIA
____________________________
Os primeiros contatos com o tema iniciaram-se com observações e anotações em diário de campo como Assistente Social (Residente) do hospital, no ano de 2015, no qual dei início aos atendimentos às mães e que, posteriormente, transformei em projeto de pesquisa. A pesquisa caracterizou-se como de abordagem qualitativa (MINAYO, 2010), de cunho descritivo. Parte da coleta de dados foi realizada no período de outubro de 2016 a janeiro de 2017. O objetivo de estudo e o problema escolhidos visam à busca de interpretações sobre a doença.[10: Descritivas - Após a primeira aproximação (pesquisa exploratória), o interesse é descrever um fato ou fenômeno. Por isso a pesquisa descritiva é um levantamento das características conhecidas, componentes do fato/fenômeno. É normalmente feita na forma de levantamentos ou observações sistemáticas do fato/fenômeno/problema escolhido (SANTOS, 2000).		]
A pesquisa qualitativa trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhadacom seus semelhantes (MINAYO, 2010, p. 02). 
As técnicas para a coleta dos dados foram o levantamento bibliográfico, a observação participante (RICHARDSON, 1999; BRANDÃO, 1981); o registro no diário de campo; a análise das fichas sociais do hospital e a aplicação de entrevistas semiestruturadas (TRIVIÑOS, 1987; MANZINI, 1990; 1991) para 6 (seis) mães, as quais foram gravadas e, posteriormente, transcritas. Foi adotada como critério a inclusão de mães a partir de 18 anos, oriundas da região dos Caetés, que encontram-se com seus recém-nascidos internados com diagnósticos de sífilis congênita. Todasassinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
A análise e a interpretação na pesquisa qualitativa têm como “foco principal a exploração do conjunto de opiniões e representações sociais sobre o tema que se pretende investigar” (GOMES, 2007). A diversidade de opiniões está presente nos diferentes grupos sociais, e a análise qualitativa deverá contemplar as diferenças de interpretações para o fenômeno pesquisado.
O método qualitativo proposto para este estudo trabalhará com a análise de conteúdo: 
Os pesquisadores que buscam a compreensão dos significados no contexto da fala, em geral, negam e criticam a análise de frequências das falas e palavras como critério de objetividade e cientificidade e tentam ultrapassar o alcance meramente descritivo da mensagem, para atingir, mediante inferência, uma interpretação mais profunda (MINAYO, 2006 apud MINAYO; GOMES, 2008, p. 84).
 Os procedimentos metodológicos na análise de conteúdo na pesquisa qualitativa incluem as categorizações, inferência, descrição e interpretação, etapas que necessariamente não ocorrem de forma sequencial (MINAYO, GOMES, 2008). A categorização é entendida como:
Uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classe, as quais reúnem um grupo de elementos (unidade de registro) sob um título genérico (BARDIN, 1979 apud MINAYO; GOMES, 2008 p. 88).
A outra etapa do procedimento metodológico é a inferência que se apresenta como uma dedução lógica sobre o conteúdo analisado, um trabalho de arqueólogo que trabalha com vestígios que se manifestam na superfície das falas, das mensagens dos sujeitos da pesquisa. A inferência é uma fase intermediária entre a descrição e a interpretação (GOMES, In DESLANDES; GOMES; MINAYO,2007).
Como etapa conclusiva, a interpretação trata de uma redação que dialogue com os temas, os objetivos, questões da pesquisa. 
Para compor a pesquisa qualitativa, o estudo abordou a descrição que compõe o método etnográfico. A descrição para Geertz (1989) é comparada a um texto interpretado pelo pesquisador a partir das interpretações de outras pessoas.
Nos escritos etnográficos acabados, inclusive os aqui selecionados, esse fato – de que o que chamamos de nossos dados são realmente nossa própria construção das construções de outras pessoas, do que elas e seus compatriotas se propõem [...].
Fazer a etnografia é como tentar ler (“no sentido de fazer uma leitura de”) um manuscrito estranho, desbotado, cheio de elipses, incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos, escrito não com os sinais convencionais do som, mas com exemplos transitórios de comportamento modelado. (GEERTZ, 1989.p. 20).
As entrevistas ocorreram na sala do setor de Serviço Social e, excepcionalmente, nas enfermarias, quando não estavam presentes outras mães. Para Sarmento (2005), a técnica da entrevista permite um relacionamento mais estreito entre o entrevistado e o entrevistador, e seu objetivo de colher mais informações pode ser mais bem sucedido. A base da entrevista é a valorização e a aceitação da pessoa humana, ouvir com atenção a narrativa para se aproveitar bem os comentários; e compreender o vocabulário do usuário, suas representações e valores dentro de seu contexto sociocultural.
	A metodologia adotada neste estudo trabalhou com a coleta e a análise dos dados predominantemente qualitativos sob o olhar do método antropológico de pesquisa. Os dados coletados no formulário sobre o perfil socioeconômico das mães foram analisados a partir de um contexto social locorregional para compor os dados qualitativos e buscar desvendar os entendimentos sobre a doença, a sífilis congênita, para as mães com filhos internados no hospital. 
RESULTADOS E DISCUSSÕES
________________________________
A apresentação dos dados está organizada em dois momentos. O primeiro por meio da apresentação de uma tabela com dados coletados a partir da ficha social do hospital, visando apresentar o perfil das mães dos recém-nascidos internados por sífilis congênita, tais como: idade; escolaridade; ocupação; estado civil; renda familiar e a procedência. E o segundo através das categorias coletadas por meio das entrevistas semiestruturadas, a partir da análise temática. As categorias são: 1) entendimento das mães sobre a transmissão da sífilis; 2) conhecimento das mães sobre as informações repassadas pelo profissional e 3) o entendimento das mães sobre a internação dos recém-nascidos. 
Tabela 1: Características gerais das mães entrevistadas, Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, 2016.
	Categorias
	Nº
	%
	Idade
	
	
	19-21 
	03
	50
	22-24
	03
	50
	Escolaridade
	
	
	Ensino Fundamental Incompleto 
	05
	83
	Ensino Médio Incompleto 
Estado Civil 
	01
	17
	União Consensual 
	05
	83
	Solteira
	01
	17
	Ocupação
	
	
	Do lar
	05
	83
	Lavradora
	01
	17
	Renda Familiar (em salário mínimo)
	
	
	> que um salário 
	04
	67
	Um Salário 
< que um salário
Renda per capta
> que R$ 100,00 
Entre R$ 100,00 a R$ 300,00 
< que R$ 300,00
Procedência
Bragança
Augusto Correa
Tracuateua
	01
01
 01
 04
 01
		04
 01
 01
	16,5
16,5
16,5
67
16,5
67
16,5
16,5
	Total:
	06
	100
A partir dos dados coletados, constatou-se que a variação entre a idade mínima e a idade máxima das mulheres entrevistadas foi de apenas 5 anos, ficando entre 19 e 24 anos. Do total das entrevistadas, 1 é lavradora e 5 são do lar. Percebe-se que, em sua maioria, não concluíram o ensino médio. 
Quanto ao estado civil, 5 convivem em união consensual com os cônjuges, fator que auxilia no tratamento, pois quando convivem juntos, o parceiro também é chamado para realizar o exame de VDLR, com isso ambos realizam o tratamento, colaborando para a cura e a não transmissão.
A tabela evidencia que 4 (quatro) das famílias têm rendimento familiar abaixo de 01 salário mínimo; 1 (uma) família com renda de um salário mínimo e 1 (uma) família com renda superior a um salário mínimo, sendo que esta tem renda complementada por aposentadoria de um dos componentes da família. 
O local de moradia das mães foi o município de Bragança (4), município de Augusto Correa (1) e do município de Tracuateua (1), ressaltando que 3 (três) residem na zona rural dos municípios citados. 
Quanto ao nível de escolaridade das mães, o estudo não evidenciou a relação direta entre o baixo nível de escolaridade e o desconhecimento das mães sobre a doença e a sua prevenção, como afirma o autor Valderrama (2004) que a baixa escolaridade está associada à dificuldade ou a ausência de conhecimento sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a importância dos cuidados do pré-natal. Uma hipótese é a de que o não acesso ou a dificuldade de acesso ampliado da gestante ao serviço de saúde pública, a limita das informações e do tratamento. 
Quanto às dificuldades, os dados sobre o local de moradia revelaram as dificuldades de acesso.A distância do local de moradia das mães à sede do município, onde se concentra o maior número de equipamentos de saúde, é um dos fatores que contribuem para o alto índice da doença e a dificuldade de prevenção, controle e tratamento da doença e seus agravos. Ainda há baixa cobertura da atenção básica na região.
Nas entrevistas, as mães relataram conhecer sobre a transmissão da doença, verbalizaram que a forma de transmissão da sífilis foi por relação sexual desprotegida. O conhecimento delas sobre a doença foi adquirido durante o pré-natal a partir das informações dos profissionais de saúde. Os dados demonstraram que elas adquiriram um determinado saber sobre a doença (a sua transmissão), majoritariamente, a partir do diagnóstico e das orientações da equipe da atenção básica, o que indica que o acesso dos usuários aos serviços de saúde os apodera de conhecimentos, mas os conhecimentos ainda não foram suficientes para evitar o adoecimento. A prevenção ainda não é eficaz.
Informamos que todas as participantes do estudo realizaram consultas de pré-natal, sendo que 5 (cinco) delas realizaram de 3 a 6 consultas, e foi realizado o exame de VDLR, confirmando a doença e iniciado o tratamento para sífilis. Uma das mulheres realizou apenas 1(uma) consulta, não realizando o exame de VDLR, fato que limitou o seu acesso ao conhecimento sobre sua situação de saúde. Pois quanto menor o conhecimento da gestante, maior a probabilidade de ela estar susceptível a adquirir determinada doença, isso porque o conhecimento é relevante para a mudança de atitudes e posturas principalmente no que se refere à transmissão de patologias, especificamente as que se apresentam em forma congênita (FIGUEIRÓ, 2007). Todas as participantes relataram que seus companheiros não gostam de usar preservativos.
Como as mães entendema transmissão da Sífilis 
Através da relação sem camisinha. (M.1)
Segundo a enfermeira, a gente pega do homem através da relação sem camisinha. (M.2)
Pega do sexo, quando não usa camisinha. (M.3)
Através da relação, assim me falaram no hospital. (M.4)
Através do marido. (M.5)
Peguei através da relação sexual sem uso de preservativo. (M.6)
Ao serem abordadas sobre o entendimento da doença, a fala das mulheres abordou sobre a transmissão que, segundo elas, ocorre por meio da relação sexual desprotegida. Elas não revelaram o agente etiológico transmissor (Treponema pallidum). Em nenhuma das falas houve pelo menos a referência da transmissão por uma bactéria. A denominação da própria doença (sífilis) foi ocultada. A não identificação do agente etiológico e a ocultação da identificação da doença poderão levar às diferentes explicações e representações, inclusive as mágico-religiosas, presentes na cultura local. Afinal, o que infectou o seu parceiro? Quem é o causador da doença? O agente causador (agente etiológico) é inato ao parceiro ou está disseminado no meio ambiente? Quais as teorias sobre a história do agente etiológico e sobre o seu hospedeiro? Por que eles adoecem? 
Um dos achados do estudo nos levou a pensar sobre a transmissão pela mulher. Durante o trabalho de campo, as mães relataram que adquiram a doença do parceiro e não verbalizaram que elas também são transmissoras da doença. O fato de a transmissão das DST também ocorrer por meio do ato sexual, o que, em alguns casos, neste estudo foi interpretado como relação extraconjugal pelo parceiro, coloca a mulher na situação de receptora da doença, numa postura passiva. 
Na sociedade patriarcal brasileira, o domínio masculino é imposto, inclusive pela permissão velada da infidelidade masculina, com maior aceitabilidade e com menor repressão do que a infidelidade feminina. Uma das interpretações é a de que a mulher não admitindo a transmissibilidade da doença, a inocenta da infidelidade, reforçada pelo fato de estar grávida do parceiro. Uma desconfiança da fidelidade da mulher poderia provocar conflitos e rompimentos. [11: HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26º edição. São Paulo. Companhia das Letras: 1995.		]
Ao mesmo tempo é necessário ficarmos atentos para o papel da mulher como receptora passível, pois o seu não entendimento ou a negação da transmissão poderão impedir ou dificultar o tratamento, assim como, a disseminação da doença. 
Além do diálogo qualificado entre profissional de saúde e usuárias, por meio do vínculo e do conhecimento do que é silenciado pelas mulheres, enfatizamos a sífilis como problema de saúde pública, que exige dos profissionais de saúde e gestores mudanças referentes à abordagem das formas de educação sobre o agente etiológico e a transmissão, os sinais e sintomas, à gravidade de um diagnóstico tardio, além da necessidade de intensificar as campanhas para a prevenção (SES-SP, 2008). Esclarecer sobre as formas de prevenção é uma das formas mais seguras de garantir a saúde de mulheres e homens no país. Nesse contexto, seria aconselhável que o exame (VDRL) também fosse recomendado nas consultas ginecológicas e não somente quando a mulher estiver grávida (SILVA, 2004). 
Entendimento das mães sobre a internação dos recém-nascidos
A Sífilis Congênita é resultado da infecção do feto por meio da transmissão vertical pelo Treponema pallidum, quando a gestante infectada não é tratada ou é tratada inadequadamente. A doença é passível de eliminação, desde que a mulher infectada seja identificada e tratada antes do parto. Sendo necessário o compromisso dos profissionais da atenção básica, em informarem às mães sobre a transmissão da sífilis para o concepto, bem como da hospitalização e dos riscos ao recém-nascido.
No trabalho de campo, as mães relataram que não receberam informações na atenção básica sobre a possível transmissão da sífilis para o recém-nascido, caso o tratamento não fosse realizado ou realizado inadequadamente. Foi no momento da internação do recém-nascido, que as mães foram informadas sobre a causa da internação dos seus filhos. 
As mães ao serem perguntadas sobre seu entendimento da causa da internação dos seus filhos recém-nascidos relataram:
Meu bebê tá lá porque pegou a doença de mim. (M.1)
Porque ele nasceu com o mesmo problema que eu. (M.2)
Não sei, não me falaram nada. (M.3)
Sim, porque a doença passou pra ele. (M.4)
Porque tá com sífilis. (M.5)
Porque a sífilis passou para o meu bebê durante a gestação. (M.6)
No período pós-parto, na internação dos seus filhos, é que as mães são informadas de que transmitiram a doença para os filhos. Após a intervenção da equipe de saúde do Hospital, a mãe é informada de que seu filho está infectado e ela passa a ser também um agente de transmissão da doença. 
O agente etiológico ainda não foi identificado pelas mães, tornando-se invisível. Elas referem “a doença”, e duas referem o nome “sífilis”, mas não desvendaram o significado da doença para elas. Ainda há o ocultamento sobre a identificação da bactéria, do causador, o que podemos inferir foi que o agente transmissor poderá ser identificado como sendo o marido, e no caso da SC, ela, a mãe. 
O desconhecimento do agente etiológico da sífilis pelas usuárias reflete, na forma de educação trabalhada pelos profissionais de saúde, que há informação da doença aos usuários, no entanto, ainda não há conhecimento sobre a doença, induzindo os usuários a indicarem como causadores da doença o parceiro e a mãe, o que prioriza a ideia de culpabilização do doente, transferindo, muitas vezes, a responsabilidade do Estado ao indivíduo, que é coagido a exercer a prevenção, mesmo que não seja ofertada ou a oferta seja inadequada dos serviços públicos de saúde nos municípios. Indicamos a inclusão nas orientações tanto da história da doença, seu agente etiológico e o seu hospedeiro, quanto na utilização de metodologias adequadas ao público alvo.[12: ANTUNES, Celso -1937-Como transformar informações em conhecimento/Celso Antunes.6.ed.-Petropolis,RJ:Vozes,2007.
]
Entendimento das informações repassadas pelo profissional do HSAMZ
	O Hospital realiza as informações gerais e programa ações deeducação em saúde, destinadas às mães, prioritariamente, incluindo os companheiros e maridos. O estudo perguntou às mães sobre o entendimento delas quanto ao que é informado pelos profissionais de saúde do Hospital.
Não conversam muito comigo, só quando vou dar mama que elas me ensinam sobre como amamentar. (M.1)
Só converso com a enfermeira, mas entendo sim, meu filho está recebendo antibiótico e falta só 3 dias. (M.2)
Eu converso com uma que se chama Mary, mas não sei o que ela é, não entendo o que ela me diz. (M.3)
Sim, conversei uma vez com a enfermeira e a médica, mas depois passei a conversar com a técnica de enfermagem, mas não sei o nome dela. (M.4)
Sim, veio uma mulher lá de dentro, só não sei o nome dela. Explicou que o bebê precisava ficar internado porque tá com essa “doença no sangue” e disse que ia me explicar sobre a rotina. (M.5)
As técnicas conversam comigo e eu entendo tudo sim, me informaram sobre a rotina, os cuidados e o tratamento do meu filho. (M.6)
Durante o período de internação dos recém-nascidos que é de 7 (sete) a 10 (dez) dias, as mães são orientadas pela médica e pela enfermeira sobre o diagnóstico do recém-nascido, a rotina da unidade neonatal e os cuidados diários ao RN, bem como recebem acolhimento da equipe psicossocial e participam semanalmente da atividade de educação em saúde ministrada pela equipe multiprofissional. 
Quatro das entrevistadas relataram entender as informações recebidas pela equipe da unidade neonatal referentes à rotina e aos cuidados ao recém-nascido durante o tratamento.
A equipe prioriza o diagnóstico e o cuidado com o RN, e não foi revelado pelas mães que eles explicam sobre o agente etiológico e nem sobre o seu hospedeiro, mais uma etapa do tratamento e não há informação sobre a causa. A preocupação da equipe é a de ensinar como cuidar, tratar e não inclui os porquês do adoecimento.
O relato das mães na entrevista foi complementado com o trabalho de campo no qual foi registrado, a partir de conversas informais e observações, que a maioria das mães se mostrou receosa durante o acompanhamento diário do recém-nascido, relatando que há pouca comunicação dos profissionais com elas, ou seja, não estabelecendo uma relação de confiança entre usuário e profissional. Elas são informadas, mas o contato com a nova situação de ter parido um filho infectado, que o diferencia, no que se refere aos cuidados, ao ser comparado aos outros filhos recém-nascidos, traz a sensação de insegurança e, provavelmente, a necessidade de estabelecimento de vínculo com a equipe de saúde, dificultado pelo curto período de internação (7 a 10 dias). Há um tempo a ser vivido entre a informação e o conhecimento a ser estabelecido pela dialética entre o que é dito e o que é feito (vivido). A informação tardia sobre a transmissão vertical também interfere no tratamento hospitalar, pois a mãe necessita de tempo para assimilar e refletir sobre a nova situação. 
As mães entendem a necessidade de permanecerem no Hospital para o acompanhamento diário, para que se estabeleça o vínculo afetivo, o mais rápido possível, por meio do afeto entre mãe e filho, traduzido nos cuidados e na amamentação. 
A presença da mãe durante o período de internação é indiscutivelmente necessária. Estudos enfatizam a importância dos cuidados maternos e da permanência das mães junto aos filhos após o nascimento, pois quando mãe e filho permanecem juntos, inicia-se uma série de acontecimentos sensoriais, fisiológicos, imunológicos e comportamentais, muitos dos quais contribuem positivamente para a ligação do binômio mãe-filho (VICTOR et, al, 2010).
A intervenção do serviço social na unidade neonatal do Hospital
O nascimento de um bebê é marcado por sonhos, expectativas e emoções pela chegada do novo integrante ao seio familiar, no entanto, quando o recém-nascido é encaminhado para a unidade neonatal mãe e bebê são separados, causando sofrimento, angústias, estado de ansiedade e, em alguns casos, sentimento de culpa. Por isso, a necessidade de cuidados especiais aos integrantes desse contexto (Brasil, 2002). Para muitas mães e familiares, a unidade neonatal é um ambiente hostil, que causa insegurança e medo diante da internação dos recém-nascidos. 
Dittz (2009) afirma que, durante a internação do recém-nascido, a mãe sente-se dividida entre permanecer no Hospital e atender às demandas do companheiro, dos outros filhos, dos familiares e dela própria. Diante dessas demandas, faz-se necessária a atuação do Assistente Social, estando atento às particularidades do momento vivido por cada uma delas, criando espaços de escuta qualificada, buscando auxiliar a mãe no enfrentamento dessa nova realidade e identificando as necessidades e demandas da mãe para apoiá-la no enfrentamento da situação, entendendo que cuidar do recém-nascido implica também cuidar da mãe e da família. 
Muitas vezes nos deparamos com mães fragilizadas emocionalmente por não entenderem sobre a internação e o tratamento da sífilis congênita. Como bem ressalta Martinelli (2011):
No atendimento direto aos usuários, trabalhamos com pessoas fragilizadas que nos pedem um gesto humano: um olhar, uma palavra, uma escuta atenta, um acolhimento, para que possam se fortalecer na sua própria humanidade (p. 499).
De acordo com Martinelli (2011), o profissional eticamente comprometido deve ter um olhar que ultrapasse os muros do hospital, buscando os núcleos de apoio na família, na comunidade, lugares sociais de pertencimento onde se dá o cotidiano de vida das pessoas. É na cotidianidade da vida que a história se faz, é aí que se forjam vulnerabilidade e riscos.
Por outro lado, é também esse compromisso ético político que deve nos fazer avançar na sistematização das ações e na construção de conhecimentos. Pois hoje o serviço social é uma profissão analítica e interventiva que busca estratégias que possibilitem a efetivação do direito à saúde, prestando serviços e benefícios diretos à população, fundadas na garantia de direitos sociais.
A maioria dos usuários atendidos pelo serviço público de saúde não tem acesso às informações sobre seus direitos e nem a conhecimentos qualificados sobre o processo saúde-doença, conhecimentos esses que promovem a autonomia e o autocuidado, que é parte do direito dos usuários. O entendimento do adoecimento, no caso da sífilis e da sífilis congênita, tanto na perspectiva da sua apresentação biomédica, como sendo um problema de saúde pública, diretamente ligado à prevenção, possibilitará o usuário ao entendimento contextualizado, o que poderá acionar mecanismos de reivindicação à qualidade dos serviços públicos de saúde. Daí a importância da intervenção do Assistente Social no processo saúde/doença para atender às demandas dos usuários. Como relata Martinelli (2011), o Serviço Social, como área de conhecimento e de intervenção na realidade humana social, deve mobilizar-se, cada vez mais intensamente, na perspectiva da assistência integral à saúde da população atendida.
Constatou-se que o(a) Assistente Social, na sua prática, atua de forma ética e compromissada, oferecendo diariamente atendimento humanizado aos pacientes e familiares, viabilizando o atendimento das necessidades sociais e do acesso aos direitos a eles inerentes, garantidos pelas políticas públicas. Ele éum profissional que atua diretamente nas questões sociais dos usuários, preparado para dar suporte e atuar como elo entre usuário, instituição e família, na busca pela garantia de direitos e mediando o bem estar biopsicossocial.
Para uma intervenção humanizada e inclusiva, é fundamental que o(a) profissional busque estratégias e técnicas apropriadas para orientar as mães, adotando a concepção de educação emancipatória (FREIRE, 1997), considerando os sujeitos sociais históricos, respeitando seus saberes locais, interpretando os “silêncios” e seus entendimentos sobre os fenômenos sociais. Esse profissional deve adotar um diálogo inclusivo e aberto, com uma linguagem acessível, para que essas mães sintam-se inseridas no processo de adoecimento,tratamento e cuidado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
_______________________________
O trabalho de campo, as fichas de avaliação social e as entrevistas identificaram que as mães apresentavam informações iniciais em relação ao tratamento da sífilis, adquiridas durante o pré-natal, portanto, na Atenção Básica. Sobre a sífilis congênita, as mães foram informadas apenas no momento da internação dos seus filhos, no pós-parto. As principais informações sobre a doença identificadas nos relatos foram sobre a transmissão, e ficou invisibilizado o agente etiológico e o esclarecimento sobre o hospedeiro.
A transmissão foi entendida, inicialmente, como dos homens para as mulheres pelo ato sexual desprotegido, ocultando inicialmente a mãe como transmissora, como infectante. Algumas das interpretações para esse entendimento foi a de que a mãe grávida é “protegida” pela ideologia da sociedade patriarcal, neste caso sobre a interpretação da infidelidade, pois para o homem é permitida de forma velada a infidelidade conjugal. Esta interpretação está associada à concepção sobre o contágio por meio das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), das relações extraconjugais, em que o homem, em tese, seria o protagonista. 
A interpretação requer alerta, na medida em que oculta a transmissão da doença pela mulher, colocando-a fora do contexto por determinado período - a gestação. Esta interpretação sugere pensar sobre a questão dos possíveis abandonos, descontinuidade do tratamento pelas mulheres infectadas ou ainda pelo reduzido número de consultas durante o pré-natal, insuficientes para a cura da sífilis ou ainda pela reinfecção pelo ato sexual desprotegido. O que o estudo pôde comprovar foi que como a transmissibilidade das mães não foi verbalizada, ela descobre tardiamente que transmite a doença ao seu filho, o recém- nascido, no seu pós-parto. É informada sobre o fato pela equipe de profissionais do Hospital, com a qual não manteve vínculo durante a sua gravidez, retardando os entendimentos sobre a transmissão e sobre o processo do cuidado com os recém-nascidos.
As concepções sociais sobre a doença interferem e influenciam sobre o conhecimento das mães sobre a doença, o patriarcalismo, o modelo hegemônico que define socialmente o papel da mulher e o do homem, mediado pela relação sexual de um casal, que representa a família, tornam-se uma questão a ser considerada pela saúde pública.
Os achados sobre a invisibilidade do agente etiológico e do hospedeiro pelas mães estão relacionados à interpretação sobre a doença, elas não identificaram o Treponema pallidum como a bactéria causadora da doença e não diferem o agente etiológico do hospedeiro, transferindo toda a responsabilização do adoecimento e transmissão, inicialmente, ao homem. Possivelmente a não informação ou pouca informação, ou ainda a forma de repasse da informação pelos profissionais de saúde sobre o agente e o hospedeiro geraram uma interpretação de que o agente é o próprio homem e, posteriormente, a mulher-mãe ao infectar o seu filho recém-nascido. Acreditar que o próprio homem e a mãe são os causadores da doença, devido a não entender a diferenciação entre o agente etiológico e o hospedeiro poderá interferir no tratamento, com a crença de que não haverá cura da doença, uma tese de que ela está inata aos homens e mulheres. 
Estudos antropológicos sobre rituais de cura pelo xamanismo (MAUÉS, 2002) abordam que neles o curandeiro expulsa o agente causador da doença num ato de sugar de algum lugar do corpo do doente o agente que causa a doença. A materialização (objeto que represente a doença, por vezes um inseto) do agente e sua expulsão do corpo simboliza a eficácia da cura. Esta referência parece ser uma aproximação para entender a lógica das mães, entender que há algo externo-interno que se hospeda no ser humano e a medicação é um dos mecanismos de expulsá-lo do corpo (organismo) do homem e da mãe e, posteriormente, do recém-nascido.
Outra interpretação é a de que não identificados o agente etiológico e o hospedeiro, aliada à ideia de promiscuidade e/ou de infidelidade conjugal há a culpabilidade ao homem (companheiro) ou à mulher (mãe), o que gera a disseminação da doença como causa unicamente individual, desresponsabilizando o poder público pela saúde pública, ligada diretamente à prevenção e ao tratamento da doença. Os profissionais de saúde devem estar atentos ao acolhimento e às orientações aos usuários, e a abordagem deverá ser orientada tanto pelo conhecimento biomédico sobre a doença, como pelos princípios da reforma sanitária brasileira, principalmente quanto ao compromisso do Estado pelo direito à saúde, desde a promoção da saúde, prevenção e reabilitação de doenças.
Sobre a relação familiar, uma das constatações foi a da ausência do companheiro no processo de internação do recém-nascido, dificultando o tratamento do casal e o fortalecimento dos vínculos imediatos do pai com o recém-nascido. Portanto, é preciso pensar num atendimento mais ampliado, fazendo com que o companheiro participe ativamente em todo o processo de gestação, parto e pós-parto,o que já é preconizado pelo Ministério da Saúde, com isso facilita a recuperação da saúde de ambos, por meio das informações que serão oferecidas, além de contribuir para a recuperação do recém-nascido durante a internação, pelo fortalecimento dos vínculos.
Aos profissionais de saúde fica a sugestão de incorporar nas suas ações a visão êmica das mães sobre a saúde-doença, neste estudo, os seus entendimentos e os seus silêncios sobre a sífilis e a sífilis congênita. Incluir nas orientações e outros processos educativos aos usuários, conhecimentos tanto do agente etiológico e o hospedeiro como da compreensão das concepções sócio históricas sobre família e Estado patriarcal. Tais concepções interferem e redefinem os entendimentos sobre o adoecimento e o tratamento de doenças, alertando para que os profissionais atuem como tradutores, facilitadores no processo saúde-doença, adotando métodos educativos emancipatórios, que considerem o sujeito social e seus saberes, acrescentando com linguagem e signos culturais acessíveis aos usuários a compreensão do processo no seu contexto e na sua totalidade (agente etiológico e hospedeiro – processo de saúde-doença – saúde pública).
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FICHA SOCIAL DO HOSPITAL SANTO ANTÔNIO
MARIA ZACCARIA
ATENDIMENTO SOCIAL 
SAME :__________ATENENTO: ____________ CNS:________________________
UNIDADE DE TRATAMENTO:_______________________ Leito:_______________
1 – IDENTIFICAÇÃO DA PUÉRPERA
Nome:______________________________________________________________
Idade:___________ Data de Nascimento:______/______/______ 
Endereço:___________________________________________________________
Perímetro:___________________________________________________________
Bairro:_______________________ Cidade:_________________________ Estado:______________
2 – ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS
Estado Civil: _______________________________
Escolaridade:_____________________________ Religião: ____________________
Profissão/Ocupação: __________________________________________________
Núcleo Familiar:__________________ Nº de pessoas:________________________
___________________________________________________________________
Renda Familiar: R$________________ Renda per capita:___________________
3 - SITUAÇÃO DE MORADIA: ( ) Própria ( ) Alugada ( ) Cedida ( ) De favor 
( ) Financiada por Programa Social Qual?________ ( )Abrigo ( )Situação de rua
Localização: ( ) Urbana ( ) Rural Outros:___________________
Tipo de moradia: ( ) Alvenaria ( ) Madeira ( ) Taipa ( ) Palha Outros: ____
Nº de compartimentos:_______________ em construção ( ) concluída ( )
Tipo de Banheiro: ( ) Interno ( ) Externo
Tipo de Telhado:( ) Barro ( ) Cimento ( ) Laje ( ) Palha Outros: __________
Tipo de Piso:( ) Barro ( ) Cimento ( ) Lajota ( ) Chão Outros: ___________
Serviço de água: ( ) Poço Artesiano ( ) Poço Amazonas ( ) Igarapé ( ) Encanada do Sistema Público Outros:_______________
Fornecimento de Energia: ( ) Sim ( ) Não Tarifa Social ( )Sim ( )Não 
4 - PROGRAMAS SOCIAIS:
A família está incluída em Programas Sociais? ( ) SIM ( ) NÃO
Quais?________________________________
5 – RAS NO TERRITÓRIO ONDE RESIDE ( ) UBS ( )UBS-ESF ( ) Hospital 
( ) CAPS ( ) CENTRO DE REABILITAÇÃO ( ) CTA 
6 - REALIZOU PRÉ-NATAL?:( ) Sim ( ) Não
Nº de consultas: _____________ Onde: __________________________________
Realizou PCCU nos últimos anos:( ) Sim ( ) Não
7 – SERVIÇO DE REFERÊNCIA:
( ) UPA CAPANEMA ( )HGB ( ) HCB ( )HMT ( )HBA ( ) PORTA DA UE DO HOSPITAL OUTROS:_________________
FLUXO REGULADOR: ( ) SER ( )SISREG OUTROS: ___________________ 
SERVIÇO DE REMOÇÃO: ( ) AMBULÂNCIA TIPO A ( ) SAMU 192 USB ( ) SAMU 192 USA SAMU 192 USB ( )CORPO DE BOMBEIRO ( )PM
Data da Internação de RN: ________/______/_______ 
Diagnóstico Inicial: ____________________________________________________
Diagnóstico Final: ____________________________________________________ Data de alta por melhora:______/______/_______
Data de alta por transferência:______/______/_______
Data de alta por óbito:______/______/_______
5- RESPONSÁVÉIS PELAS INFORMAÇÕES:
NOME:______________________________________________________________
GRAU DE PARENTESCO:______________________________________________
NOME:______________________________________________________________
GRAU DE PARENTESCO:______________________________________________6- PESSOAS DE REFERÊNCIAS PARA VISITAS E INFORMAÇÕES
1- NOME:________________________________________________________
GRAU DE PARENTESCO:_____________ TEL DE CONTATO_______________
___________________________________________________________________
2- NOME:____________________________________________________________
GRAU DE PARENTESCO:_____________ TEL DE CONTATO_______________
___________________________________________________________________
ANOTAÇÕES ADICIONAIS:
___________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Bragança,__________ de _____________________ de 2016.
TÉCNICO RESPONSÁVEL:
 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
 HOSPITAL SANTO ANTÔNIO MARIA ZACCARIA
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA
 MULHER E DA CRIANÇA
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1 - História de vida
Nascimento 
Adolescência
Fase adulta
Gravidez
Moradia 
Família
2- Sobre a saúde-doença
Descoberta (quando, como, nome da doença, identifica a doença com o que).
Informações sobre a doença (onde, quando, como, quem informou).
Tratamento (o que conhece, como é o tratamento, quem cuida, dificuldades, facilidades, o que gosta, o que não gosta).
Remédios (quais, como toma, do que gosta, do que não gosta, as dificuldades, as facilidades)
Transmissão (o que sabe sobre a doença e a gravidez, associa ou identifica a transmissão a quê).
Sentimentos (medo, dor, solidão, raiva, etc.).
Relação profissional de saúde e ela (quem a atende, quantas vezes falou com o profissional, o que entendeu sobre a doença e sobre a transmissão, do que gosta no profissional, do que não gosta no profissional, entendi o que ele explica/informa).
3- Internação
Hospital (como chegou, conhece o porquê da internação do(a) filho(a), identifica o local que a criança está internada).
Unidade de internação (descrever a unidade, o que entende que o filho(a) está fazendo na unidade de internação, qual a expectativa).
Profissionais (quem ela identifica como profissionais da saúde, sabe o nome de algum profissional, quem conversa com ela, ela entende as informações/explicações sobre a saúde do filho (a), quais as dificuldades, quais as facilidades).
Sentimentos (quais os sentimentos dela sobre o filho(a) internado(a)).
Expectativa para o futuro (o que deseja para ela e para o filho(a)).

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