Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estatuto da Criação e do Adolescente Prof. Roberta Densa Matéria: Noções Gerais sobre o ECA/ Princípios/Destinatários da Norma/ Direito à Convivência Familiar e à Convivência Comunitária/ Espécies de Família/ Guarda/ Acolhimento Familiar e Institucional. 04/04/2011 Estatuto da Criança e do Adolescente/ Infância e Juventude: O ECA foi instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990. Ela regulamenta os direitos das crianças (0 até 12 anos incompletos) e dos adolescentes (12 até 18 anos incompletos) inspirado pelas diretrizes fornecidas pela Constituição Federal – Art. 227 (estabelece o primeiro fundamento do ECA). Sendo que, a EC 65/10 modificou o Art. 227, da CF, para cuidar dos interesses da juventude (do jovem – 18 até 21 anos). Portanto, atualmente o Art. 227, da CF apresenta a proteção da criança, adolescente e do jovem (incluido pela EC 65/10). Obs.: A EC 65/10 também é denominada de Emenda da Juventude. Art. 227. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” A família, o Estado e a sociedade, são responsáveis legalmente para a defesa e o bem- estar ( ou seja o efetivo cumprimento da lei) das crianças, adolescentes e dos jovens. A família tem a responsabilidade de cuidar do próximo, conforme designa a CF. A família segue o princípio da responsabilidade parental. Obs.: O exercício do poder de família é previsto no Código Civil (direito de família). A sociedade deverá participar para a defesa das crianças e adolescentes, p.ex.: Art. 70, do ECA – estabelece que se alguma pessoa ouvir ou ver a ocorrência de maus tratos deverá proceder com a denúncia (denominada de prevenção geral). Caso a pessoa que presenciou ou soube dos maus tratos não denuncie – não sofre qualquer sanção, salvo se for: - Médico; - Diretor de hospitais e enfermeiros; - Professores; - Diretores de estabelecimento de Ensino. Estas pessoas sofrem sanção administrativa - se não avisa a autoridade pública. Art. 70. “É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.” Os Conselhos Tutelares nasceram, através da função da sociedade participar na proteção da criança e do adolescente. Ex.: Caso a família não cuide da criança e do adolescente, cabe a sociedade tomar providências – via Conselho Tutelar. Conselho Tutelar (regulamentado pelo ECA apartir do Art. 134 e seguintes): - Pode aplicar algumas medidas de proteção, p.ex: Pode realizar a matrícula e o acompanhamento da criança na escola ; pode aplicar medida direcionada aos pais. -O Conselho Tutelar é autonômo (e não jurisdicional), uma vez que não está vinculado a qualquer orgão – governo, prefeitura etc. - O Conselho Tutelar é permanente, ou seja, independentemente da troca de seus membros – prefeitos, governadores.. - Para cada Município existe pelo menos um Conselho Tutelar. - O Conselho Tutelar é composto por 5 pessoas. - Os Conselheiros são escolhidos pela sociedade, através de eleição. Sendo que, para se tornar um Conselheiro deve-se respeitar os seguintes requisitos: 1º Mais de 21 anos; 2º Idoniedade moral; 3º Necessariamente deve residir no Município. O Conselho Tutela é remunerado? Depende – do regimento adotado pelo Município (Art. 134, do ECA). O Conselheiro segue o mandato de 3 anos, podendo ser reeleito mais uma vez. Portanto, poderá permanecer no cargo até 6 anos. Ex.: Participação da sociedade – avisar ao Conselho Tutelar ou ao Ministério Público que uma criança está pedindo dinheiro no farol, alegando que esta se encontra em condições de risco. O Ministério Público tem função essencial no cumprimento da lei. Portanto, toda ação que discutir o direito da criança e do adolescente em que o MP não for parte – atuará como fiscal da lei. Funções do MP: ingressar com uma ação para perda ou suspensão do poder familiar. Obs.: Terceiro também pode ingressar com ação para perda do poder familiar. O Estado deve zelar pelo cumprimento e direito das crianças, através das suas obrigações de infra-estrutura. *Saúde: O Estado tem a obrigação de fornecer saúde – Sistema Único de Saúde (SUS). *Lazer: Toda atividade cultural é uma obrigação do Estado. *Educação: tem a obrigação de manter escola pública de qualidade, bem como deixar à disposição da criança e do adolescente – a educação infantil até o ensino médio. - Educação Infantil – 0 até 5 anos. Obs.: Através da alteração do Art. 208, da CF pela EC 59/09 é obrigatório que apartir dos 04 anos completos, a criança esteja matriculada na escola. EC/ 59/09: “Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (NR).” - Ensino Fundamental I – 6 até 10 anos (1º ao 5º ano). - Ensino Fundamental II – 11 até 14 anos (6º ao 9º anos). - Ensino Médio – 15 até 17 anos (1º ao 3º ano) Obs.: O Ensino Médio é obrigatório. Princípios: 1. Princípio da Proteção Integral (Art. 227, “caput”, da CF): Este princípio nasceu em contraposição ao Código de Menores (tratava apenas dos menores infratores e dos menores abandonados). Sendo que, atualmente o ECA e a CF preoucupam-se com todos, independentemente da sua condição de vida, p.ex: se tem família ou não; se foi adotado etc. 2. Princípio da Condição Peculiar da Pessoa em Desenvolvimento (Art. 6º, do ECA): Crianças e adolescentes não tem maturidade para sobreviverem sozinhas sem a proteção integral. Obs.: Em tese aplica-se este princípio somente as crianças e os adolescentes (e não aos jovens). O respeito à condição pecualiar de pessoas em desenvolvimento é um princípio, segundo o qual a criança e o adolescente merecem atenção especial pela sua vulnerabilidade, por serem pessoas ainda em fase de desenvolvimento da personalidade. O artigo 6º do ECA, por sua vez prega que a interpretação do Estatuto leve em conta os fins sociais a que ela se dirige e as exigências do bem comum, ou seja, o juiz deve interpretar a lei para aplica-la. Art. 6º “Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.” 3. Princípio do Melhor Interesse: A convivência com a familia é saudável. A lei da alienação parental surgiu com base neste princípio. A Alienação Parental é uma síndrome que descandeia em uma desordem em que a criança basicamente deprecia insultos proclamados pela mãe sem qualquer justificação, devido a uma combinação de fatores, incluindo a doutrinação pelo outro progenitor (quase exclusivamente como parte de uma disputa pela custódia da criança) e as tentativas da própria criança denegrir o pai (ou situação contrária o pai tomando postura de incetivar a criança a odiar a mãe). Logo, o juiz deve sempre analisar o prisma do melhor interesse da criança, ou seja, o que for melhor para ela, p. ex.: guarda compartilhada entre os pais. 4. Princípio da Prevenção (Art. 70 e seguintes, do ECA): O princípio da prevenção tem por finalidade evitar que crianças e adolescentes tenham contato com produto e serviços inadequados para a sua idade. 5. Responsabilidade Parental (Art. 227, da CF e com previsão no Código Civil – exercício do poder familiar): A lei estabelece uma série de responsabilidade e obrigaçõesaos pais. Ex.: Os pais que não mandarem seus filhos para escola – respondem por crime intelectual. Ex.: Os pais que deixam de alimentar seus filhos – respondem por crime de abandono material. 6. Princípio da Igualdade: O princípio da igualdade além de frisar que todos são iguais perante a lei, visa a igualdade entre os filhos (Art. 266, da CF). Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 7. Princípio da Sigilosidade: É vedado a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional, uma vez que a idéia não é punir e sim ressocializar. Obs.: A imprensa pode notificar os fatos, mas deve preservar o nome, apelido, iniciais do nome, a idenitificação dos pais, o endereço da moradia etc (Art. 143, do ECA). Art. 143. “É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.” 8. Princípio da Brevidade: Toda medida socioeducativa deve ser breve (curta). Obs.: A medida com maior prazo de duração é a internação – 03 anos de duração máxima. Destinatários da Norma: - Criança: De 0 até 12 anos incompletos. Aplica-se somente medida protetiva. - Adolescentes: De 12 anos completos até 18 anos incompletos. Aplica-se medida protetiva e socioeducativa. - Jovem: Dos 18 anos completos até 21 anos. Obs.: Estavam no ECA tão somente por conta da medida socioeducativa que podia ultrapassar os 18 anos incompletos, porém com a ampliação da Emenda da Juventude foi extendida a proteção aos jovens em alguns assuntos específicos. Direito à Convivência Familiar e Direito à Convivência Comunitária – Art. 227, CF e no ECA) A família está disciplinada apartir do Art. 19, do ECA e seguintes, sendo que esta sofreu grandes alterações com a Lei nº 12.010/09. A criança tem o direito de conviver com a sua família. Da Família: a) Família Natural: É a comunidade formada pelos pais, ou qualquer um deles (pai ou mãe = família monoparental). Nota-se que a família natural é uma relação direta de parentesco dado pela lei, consequentemente tudo não estiver nesta relação biológica – não é família natural. b) Família Substituta: Tudo o que não for família natural é considerado como família substituta, p.ex: irmãos, avós, adotante, tios, ou seja, qualquer outra pessoa que não seja pai ou mãe biológica. Formas de colocação em família substituta, conforme o ECA: guarda, tutela ou adoção. b.1) Guarda (Art. 33 ao 35, do ECA): A guarda no ECA – corresponde à terceiros, razão pela qual não se mistura com a guarda prevista no CC – Direito de Família ( guarda dos pais biológicos). A guarda pressupõe posse. Portanto, quem tem a posse pode requerer em juízo a guarda ou quem já esteja na presença da criança regularizar a guarda. É a primeira forma de colocação do menor em família substituta ou associação até que se torne definitivo. O guardião torna-se responsável pela criança em relação a responsabilidade material, moral e educacional. A guarda não estabelece vínculo de filiação (continua a ser filho da família natural, mas a posse é que está diferenciada – no poder de 3º). Logo, se o guardião vier a falecer – a criança não tornará seu herdeiro. A guarda em tése é provisória, portanto pode ser modificada a qualquer tempo. Obs: Os pais biológicos poderão ter o direito de visitas, conforme a Lei 12.010/09. Se os pais biológicos tiverem o direito de visitas e não devolver a criança no prazo combinado – guardião pode requerer a busca e apreensão. Obs.: Família Extensa: A Lei 12.010/09 criou o Art. 25, parágrafo único, definindo o conceito de familia extensa como aquela composta por parentes da criança, que convive com ela e tenha afinidade. A família extensa tem por finalidade dar prioridade para estas pessoas, ou seja, colocar como família substituta a criança, evitando com que a criança sofra menos. Ex.: Pais falecem e o tio fica com a criança. Art. 25. parágrafo único: “Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.” O Art. 101, apresenta medidas que só podem ser aplicadas pelo juiz, são elas: Acolhimento Familiar (conhecido como o programa “mãe social” - aplicado em situações provisórias, advindo da Lei 12.010/09). O programa de famílias acolhedoras caracteriza-se como um serviço que organiza o acolhimento, na residência de famílias acolhedoras, de crianças e adolescentes afastados da família de origem mediante medida protetiva. Representa uma modalidade de atendimento que visa oferecer proteção integral às crianças e aos adolescente até que seja possível a reintegração familiar. Família Acolhedora: São famílias ou pessoas da comunidade, habilitadas e acompanhadas pelos Programas de Acolhimento Familiar, que acolhem voluntariamente em suas casas por período provisório crianças e adolescentes (em tese de 2 anos – com reavaliação a cada 6 meses – este prazo pode ser prorrogado a depender do caso concreto), oferecendo-lhes amor, cuidado, proteção integral e convivência familiar comunitária. Obs.: Portanto, abre-se a porta da residência, sem precisar adotar à criança ou adolescente. A pessoa que desejar integrar no programa de acolhimento familiar pode ter mais de 60 anos. Esta família se torna responsável no nível moral, social, material. No entanto, a família natural tem o dever de continuar mantendo o sustento da criança ou adolescente, independentemente da perda do poder familiar. Acolhimento Institucional: Antes era chamado de abrigo, também conhecido por orfanato. O prazo aplicado no acolhimento familiar é o mesmo do acolhimento institucional (prazo geral/comum) – em tése de 2 anos, com reavaliação a cada 6 meses, sendo que este prazo pode ser prorrogad a depender do caso concreto.
Compartilhar