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Estatuto da Criança e do Adolescente

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Criança e do Adolescente sofreu profundas alterações com o advento da Lei n.º 13.257/2016.
Como a maioria dos Códigos, mesmo os de 2016, não vieram com as referidas alterações, uma vez que a Lei foi promulgada em 08 de março de 2016, seguem os artigos que promoveram alterações para que vocês possam fazer os ajustes necessários:
“Art. 3º, Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.” (NR)
“Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária.
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher.
§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação.
§ 5º A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade.
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança.
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto.
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança.” (NR)
“Art. 9º, 
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável, de forma contínua.
§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano.” (NR)
“Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação.
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas.
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessário.” (NR)
“Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.” (NR)
“Art. 13. 
§ 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude.
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar.” (NR)
“Art. 14. 
§ 1º ...
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bucal.
§ 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.” (NR)
“Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.
“Art. 22. 
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.” (NR)
“Art. 23.
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
“Art. 34. 
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção.
§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família acolhedora.” (NR)
“Art. 87.
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência socialde garantia de proteção social e de prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências;
“Art. 88.
VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral;
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.” (NR)
“Art. 92.
§ 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto como prioritárias.” (NR)
“Art. 101.
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
“Art. 102.
§ 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e a certidão correspondente.” (NR)
“Art. 129.
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
“Art. 260.§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância.
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção integral à primeira infância em áreas de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade.
“Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comunicação social.
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 (seis) anos.”
INTRODUÇÃO:
Até 1990, o diploma legal que regia o direito da infância e da juventude, no Brasil, era o Código de Menores, que retratava a doutrina da situação irregular. Para esta, o menor não era sujeito de direitos, mas um objeto da prestação jurisdicional. Esta doutrina, em regra, se aplicava tão somente aos casos em que houvesse conflitos ou em que o menor se encontrasse em situação irregular. 
Em 1988, entrou em vigor a Constituição Federal que, em sintonia com a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, adotou a doutrina da proteção integral e previu normas de proteção às crianças e aos adolescentes, tutelando-as tanto em casos de conflitos quanto de forma preventiva, e, ainda, considerou-as como sujeito de direito, direitos estes que devem ser assegurados e promovidos pelo Estado, pela família e pela sociedade. 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
A previsão constitucional era conflitante com a doutrina adotada pelo Código de Menores, que os tutelava de forma mais restrita, logo, a revogação dessa legislação foi medida que se impôs. Por esta razão, no ano de 1990, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069). 
A doutrina da proteção integral, embora não conceituada pela Lei, é referida no artigo 1º do ECA:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Essa doutrina deve ser entendida como o conjunto amplo de medidas e mecanismos jurídicos que buscam garantir às crianças e aos adolescentes que todos os direitos salvaguardados aos indivíduos lhes sejam prestados com primazia, com preferência, com prioridade. Tem como objeto o dever de garantir, por parte da família, do Estado, da sociedade e da comunidade em geral, a satisfação de todas as necessidades da criança e do adolescente. A responsabilidade é prioritária do Estado, seja o ente municipal, estadual ou federal, o que não exclui a responsabilidade dos demais, podendo os responsáveis sofrerem medidas administrativas, civis ou criminais.
O Estatuto se subdivide em 3 sistemas de garantia:
	
1º) SISTEMA PRIMÁRIO – é aquele que verifica as garantias principais da criança e do adolescente. Ex: vida, educação, direito à convivência familiar e comunitária (o que abrange não apenas a colocação da família substituta, mas a tentativa exaustiva de manutenção da criança e do adolescente em sua família de origem). 
O principal artigo que trata desse primeiro sistema é o artigo 4º, que consagra outro princípio, que é um desdobramento lógico da doutrina da proteção integral, que é a garantia da absoluta prioridade. Ela gera uma obrigação, principalmente ao ente público, de cuidar das questões da infância e juventude com primazia (ex: se há um leito no hospital, ele deverá ser concedido à criança ou ao adolescente).
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. (grifosmeramente enfáticos)
(OAB – VII Exame – 2012) Com forte inspiração constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, consagra a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, assegurando-lhes direitos fundamentais, entre os quais o direito à educação. Igualmente, é-lhes franqueado o acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, preparando-os para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, fornecendo-lhes elementos para seu pleno desenvolvimento e realização como pessoa humana. De acordo com as disposições expressas no Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que 
a) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores, mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos pelas instâncias educacionais superiores, norteados por diretrizes fiscalizadas pelo MEC. (art. 53, III)
 b) é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, mas sem a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio. Art. 54, II
c) não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino àqueles genitores ou responsáveis pela criança ou adolescente que, por convicções ideológicas, políticas ou religiosas, discordem dos métodos de educação escolástica tradicional para seus filhos ou pupilos.Art. 55
d) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas injustificadas e a evasão escolar, esgotados os recursos escolares, assim como os elevados níveis de repetência. Art. 56
Resposta: letra d
2º) SISTEMA SECUNDÁRIO – trata das medidas de proteção. As medidas de proteção só são acionadas quando a criança ou o adolescente tiverem seus direitos violados e, por isso, encontrarem-se em situação de risco. Em outras palavras, somente se aciona o sistema secundário se o sistema primário não for respeitado. O principal dispositivo do Estatuto que trata desse sistema é o artigo 101:
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional; 
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; 
IX - colocação em família substituta.  
· ATENÇÃO!! Os sistemas primário e secundário são aplicados tanto à criança quanto ao adolescente, ao passo que o sistema terciário só é aplicado ao adolescente.
3º) SISTEMA TERCIÁRIO – é o que se refere às medidas socioeducativas. Também denominado de sistema da justiça ou socioeducativo.
É aplicado única e exclusivamente ao adolescente diante da prática de ato infracional, assim entendido como aquela conduta análoga a crime ou a contravenção praticada por pessoas entre 12 e 18 anos de idade. 
Criança pratica ato infracional? Sim, claro que sim. Prova disso é o artigo 105 do ECA:
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.
Todavia, embora criança pratique ato infracional, ela não está sujeita a medidas socioeducativas, mas apenas às medidas de proteção (art. 101).
1) IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
Como diferenciar criança de adolescente?
A Convenção sobre os direitos das crianças da Organização das Nações Unidas, promulgada no Brasil pelo Decreto 99.710/90, dispõe: 
Art. 1º - Para efeitos da presente Convenção considera-se como criança todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes.
Todavia, nos termos do ECA, criança é o indivíduo de até doze anos de idade incompletos. Adolescente é o indivíduo que tem entre 12 e 18 anos. 
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Não existe um critério subjetivo nisso, tanto que o critério é chamado de cronológico objetivo (cronológico). Isso facilita a compreensão de algumas situações, como, por exemplo, a do menor, com 16 anos, que é emancipado. Ele continua sendo protegido pelo ECA? Sim, afinal, para o Estatuto o que vale é a idade, analisada de forma objetiva, e não a capacidade civil.
O ECA entrou em vigor em 1990, quando estava em vigência o CC de 1916, que previa a maioridade civil aos 21 anos. Existia, então, a figura do semi-adulto, ou seja, o indivíduo entre 18 e 21 anos. Essa figura não existe mais. Atualmente, em duas situações excepcionais o ECA pode ser aplicado para pessoas entre 18 e 21 anos de idade, sendo elas:
· Aplicação de medida sócio educativa para atos infracionais praticado antes dos 18 anos de idade.
· Adoção de maiores de 18 anos quando a pessoa já estava sobe a guarda ou tutela dos adotantes antes de completar a maioridade. 
2) CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
A LINDB prevê, no artigo 5º, alguns critérios de interpretação das normas jurídicas, sendo eles, os fins sociais a que ela se destina, que, no caso do ECA, é a proteção integral da criança e do adolescente e as exigências do bem comum, isto é, que atenda aos interesses de toda a sociedade (interpretação teleológica). O ECA, em seu artigo 6º, abrange mais dois critérios de grande importância: direitos e deveres individuais e coletivos nele previstos e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento (esse é o critério mais importante).
Esses critérios são muito utilizados pelos operadores de direito, por exemplo, na adoção, sendo utilizados no momento de verificação da capacidade da criança ou do adolescente de se manifestarem ou, ainda, na aplicação de medida socioeducativa, quando o Juiz deve decidir que medida a ela irá aplicar. Enfim, com este dispositivo, o legislador buscou dar uma maior abertura interpretativa para o aplicador do direito, não estando este preso às letras frias da lei, mas possuindo uma margem de atuação na busca da adoção das medidas que se mostrarem, no caso concreto, mais adequadas aos interesses da criança e do adolescente.
Condição peculiar de pessoa em desenvolvimentonão significa incapacidade. Significa que, apesar de não ter sua personalidade formada, a criança e o adolescente terão sua opinião levada em consideração com as devidas cautelas necessárias, respeitando suas peculiaridades, tais como a imaturidade, o período de vivência ou o estágio evolutivo.
O ECA é pautado por uma série de princípios,alguns destes foram expressamente elencados pela Lei 12.010/09, no art. 100, parágrafo único (rol exemplificativo), sendo, portanto, imprescindível uma leitura atenta desse dispositivo!!!! Os principais princípios são:
a)municipalização – Se todos os entes são responsáveis pela aplicação das políticas públicas voltadas à proteção da criança e do adolescente, o Município é o que está mais próximo e por isso se mostra como o mais habilitado a elencar e solucionar determinados problemas. Consequentemente, o principal órgão constante do ECA é o Conselho Tutelar, que é um órgão não-jurisdicional, autônomo, com verba municipal, estrutura gerida pelo Município e cujos membros são escolhidos no Município. Os municípios contaram com o auxílio técnico e financeiro dos Estados-membros e da União.
Quanto às medidas socioeducativas, cabe ao município a execução das medidas de meio aberto e aos Estados-membros as medidas restritivas de liberdade (semiliberdade e internação).
b)proporcionalidade – a medida aplicada ao caso deve ser proporcional à situação. Ex: a criança vai suja para o colégio e a diretora informa ao Conselho Tutelar. Se o Juiz, nesse caso, decide pela destituição do poder familiar, é absolutamente desproporcional.
c)atualidade – a medida deve ser atual, sendo importante como a situação está agora. Esse princípio é dirigido ao Judiciário. Uma decisão desatualizada é uma decisão inócua.
d)melhor interesse – é casuístico. É um desdobramento da proteção integral. O caso deve ser decidido de acordo com suas peculiaridades, caso a caso, buscando-se uma solução que atenda ao melhor benefício para a criança e o adolescente. A análise deve ser sempre feita no caso concreto. Embora as crianças e os adolescentes devam, em regra, ser ouvidos antes do deferimento de medidas a elas relacionadas, essa oitiva deve se dar respeitando-se a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; Ademais, a medida deferida deve ser a que melhor atenda o interesse da criança ou do adolescente, ainda que, eventualmente não haja a concordância desta, efetivando a doutrina da proteção integral. 
e)responsabilidade parental – a intervenção do Poder Públicodeve se dar de forma com que os pais cumpram as suas responsabilidades frente aos seus filhos. 
Na atual sistemática do direito, a filiação é socioafetiva, ou seja, não se analisa tão somente o vínculo genético que une os pais aos filhos, mas a existência de um vínculo social e de afeto entre estes. Ademais, vigora a igualdade de direitos e deveres para com os filhos e não mais se diferencia a origem dessa filiação, isto é, haverá tratamento isonômico entre os filhos naturais e os decorrentes de adoção (art. 20 do ECA). 
Reconhecido como filho(a), surge para os pais direitos e obrigações que visam assegurar o bem-estar material e moral destas, como: o dever de cuidado, de sustento, de lhe prestar auxílio e assistência financeira e educacional, proporcionar meios para o seu desenvolvimento, permitir-lhe um desenvolvimento saudável em um ambiente livre de drogas, dentre outros. O conjunto desses direitos e obrigações é denominado de Poder Familiar. Esses direitos e obrigações estão precipuamente elencados no art. 1.634 do Código Civil vigente, que dispõe:
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
No mesmo sentido, dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
O exercício do Poder Familiar deve se dar de forma responsável, buscando sempre a primazia do interesse da criança e do adolescente. São vedados as omissões e os abusos no exercício desse poder e, caso haja, poderá haver diversas consequências jurídicas, como, por exemplo, a aplicação de medidas de proteção (art. 101, ECA), de medidas previstas no art. 129 do ECA, ou, ainda, nos casos mais severos, a suspensão ou perda do poder familiar. 
Atualmente, entende-se que a falta ou carência de recursos financeiros dos pais, por si só, não é condição suficiente para a suspensão ou perda do poder familiar, bem como também não o é a simples existência de condenação criminal transitada em julgada, desde que o crime a que foi condenado não tenha sido doloso, punido com reclusão e perpetrado em desfavor da criança ou do adolescente (caso em que a condenação criminal implica na destituição do poder familiar).
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
§ 1oNão existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção.(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016).
§ 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Nestes casos, a priori, o que deve ser feito é a inserção dessa família em programas oficiais ou não-governamentais de auxílio. Neste sentido é o art. 129 do ECA. 
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I -encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamentopsicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente atratamento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do poder familiar. 
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
Como a criança e o adolescente têm direito a ser criados no seio familiar (direito à convivência familiar e comunitária), o Poder Público deve concentrar seus esforços na manutenção destes no meio familiar e prestar subsídios a esta família, impondo e auxiliando os pais no cumprimento de suas responsabilidades. Ressalta-se que esta manutenção deve se dar sempre em prol do interesse da criança e do adolescente, assegurando-lhe a proteção integral e respeitando-se a proporcionalidade. A medida drástica de perda do poder familiar deve ser aplicada como a ultimaratio, somente naqueles casos em que as outras medidas se mostrem ineficaz para a tutela dos interesses da criança e do adolescente, ou seja, apenas quando a manutenção da criança/adolescente em sua família de origem mostrar-se mais prejudicial do que a sua retirada.
As medidas de perda ou suspensão do poder familiar, em virtude de sua gravidade, somente podem ser aplicadas pelo juiz, após o devido processo legal. 
Art. 1.637 do CC. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
Art. 1.638 do CC. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
Art. 24 do ECA. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. 
Em determinados casos, a negligência no exercício do poder familiar gera, ainda, consequências jurídicas no âmbito penal, podendo configurar o crime de lesão corporal (art. 129 do CP), abandono de incapaz (art. 133 do CP), maus tratos (art. 136 do CP), submeter criança ou adolescente a vexame ou constrangimento (art. 232 do ECA), dentre outros. 
Em 2014, foi editada a Lei no 13.010. Essa lei foi denominada pela imprensa de “Lei da Palmada” ou “Lei Menino Bernardo”, em virtude dos recentes fatos exaustivamente noticiados pela imprensa nacional.
Passou-se, então, a prever, de forma expressa, o direito das crianças e dos adolescentes de serem criados e educados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante. Ficou devidamente regulamentado, desta forma, o modo no qual se deve exercer o poder de educação, de correção e de disciplina, no caso, sem o emprego da violência física ou moral. 
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas decorreção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada(ex.: madrasta), pelos responsáveis(ex.: tutor), pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los(ex.: professores, cuidadores). 
Parágrafo único.  Para os fins desta Lei, considera-se: 
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: 
a) sofrimento físico (ex.: uma palmada extremamente forte); ou 
b) lesão; 
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: 
a) humilhe; ou 
b) ameace gravemente; ou 
c) ridicularize. (grifo proposital).
Destaca-se que não é qualquer “palmada” ou qualquer castigo corpóreo, com fins disciplinares ou punitivos, que é vedado pela lei, mas tão somente os que causem lesão ou sofrimento físico. Pode existir castigos corpóreos que não gerem sofrimento físico e, por isso, não são vedados pela lei, como, por exemplo: um tapa leve na mão de uma criança com efeito simbólico, de correção. Ademais, há atos que são vedados mesmo sem contato ou agressão física, como aqueles que gerem humilhação, ridicularização ou ameaça grave, pois tais condutas são consideradas como tratamento cruel ou degradante. 
A Lei no 13.010/14, ainda, prevê medidas cíveis específicas a serem aplicadas aos pais, aos integrantes da família ampliada, responsáveis, agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou a qualquer outra pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou proteger crianças ou adolescentes, em caso de castigo físico ou de tratamento desumano ou degradante. Em virtude de sua urgência, essas medidas podem ser aplicadas pelo próprio Conselho Tutelar.
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: 
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; 
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; 
V - advertência. 
Ocorre que estas condutas já eram vedadas pela Constituição Federal, pelo Código Civil, pelo Código Penal e pelo próprio ECA. Desta forma, a novel lei pouco inovou o ordenamento jurídico, uma vez que não elencou sanções mais severas para aqueles que empregarem castigo físico ou tratamento desumano ou degradante à criança ou ao adolescente, assumindo, assim, um caráter pedagógico e possibilitando a ampliação do debate sobre o uso das punições físicas como forma de educação. Por outro lado, passa a ter grande chance de ser cobrada nos próximos exames.
(OAB – XIII Exame - 2014) Vilma, avó materna do menor Oscar, de quinze anos de idade, pretende mover ação de suspensão do poder familiar em face de Onísio e Paula, pais do menor. Argumenta que Oscar estaria na condição de evasão escolar e os pais negligentes, embora incansavelmente questionados por Vilma quanto às consequências negativas para a formação de Oscar. Considere a hipótese narrada e assinale a única opção correta aplicável ao caso.
a) Do ponto de vista processual, Vilma não tem legitimidade para propor a ação que deve ser movida exclusivamente pelo Ministério Público, diante da indisponibilidade do direito em questão, a quem a interessada deve dirigir a argumentação para a tomada das medidas judiciais cabíveis. (F – art. 1.637 do CC – MP ou qualquer parente)
b) Do ponto de vista material, os elementos indicados por Vilma são suficientes ao pleito de suspensão do poder familiar, do mesmo modo que a falta ou a carência de recursos materiais são, ainda que isoladamente, justo motivo para propositura da medida de suspensão do poder familiar. (F – art. 23 do ECA)
c) Do ponto de vista material, os argumentos indicados por Vilma são irrelevantes a dar ensejo à medida de suspensão de poder familiar, medida grave e excepcionalmente aplicada, mas são suficientes ao pleito de aplicação de multa e repreensão aos pais negligentes, por se tratar de infração administrativa. (F – arts. 22 e 24 do ECA e art. 1.637 do CC)
d) Do ponto de vista processual, Vilma possui legitimidade para propor a ação de suspensão do poder familiar e, tramitando o processo perante a Justiça da Infância e da Juventude, é impositiva a isenção de custas e emolumentos, independente de concessão da gratuidade de justiça, conforme dispõe expressa e literalmente o ECA. (V – art. 155, art. 148, p. único, “b”, art. 141, §2º do ECA)
f)obrigatoriedade de informação – a criança e o adolescente, seja em procedimento administrativo ou judicial, tem o direito de ser informado de sua situação. 
g) intervenção precoce e mínima dos operadores dos direitos da criança e do adolescente – Tanto o Conselho Tutelar quanto o MP e o Juiz devem agir de forma precoce, ou seja, assim que a violação começa a se dar, para evitar maiores violações aos direitos amparados. Por falta de estrutura, a realidade ainda não é essa. 
Já a intervenção mínima consiste no dever mínimo de autoridades atuando, de modo a evitar a vitimização. 
h) condição da criança e do adolescente como sujeito de direito – eles têm direitos como os indivíduos em geral.
· Dica!!!! O ECA trabalha com 3 princípios mestres:	
Proteção integral, 
Condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e 
Melhor interesse da criança e do adolescente.
PRODUTOS E SERVIÇOS CUJA VENDA É PROIBIDA À CRIANÇAS E ADOLESCENTES.
Há determinados produtos e serviços cuja venda é proibida às crianças e aos adolescentes. A quem compete fiscalizar? Segundo o ECA, essa fiscalização deve ser realizada pelo Conselho Tutelar, Ministério Público e Poder Judiciário (ATENÇÃO! A lei não inclui a Defensoria Pública).
Os produtos e serviços cuja venda é vedada a menores de 18 anos são:
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I - armas, munições e explosivos[footnoteRef:1]; [1: A venda desses produtos a crianças e adolescentes é considerada crime (artigos 242 usque 244 do ECA).] 
II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Quanto às revistas e publicações, vejamos:
Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.
No que se refere à exibição de programas televisivos, há uma classificação realizada mediante Portaria do Ministério da Justiça, estabelecendo a partir de qual idade o programa é recomendado. 
Não se esqueçam das alterações promovidas pela Lei n.º 13.106/15, alterando os artigos 243 e 258-C, que regulamentam, respectivamente, a infração penal e a administrativa, em caso de venda de bebida alcoólica a criança ou adolescente:
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica: 
Pena - detenção de 2 (dois)a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81:
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais);
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento da multa aplicada
ISSO É NOVIDADE! FIQUE ATENTO, PELO AMOR DE DEUS!
ENTRADA DE CRIANÇA DESACOMPANHADA EM DETERMINADOS LOCAIS PÚBLICOS.
O acesso de crianças e adolescentes a locais de diversão e exibição de espetáculos públicos, desde que adequados à faixa etária, é um direito a elas assegurado. O ingresso e permanência de crianças desacompanhada dos pais, nos locais de apresentação ou exibição, são autorizados a partir dos 10 anos de idade (art. 75, p. único do ECA).
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária.
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em:
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
b) bailes ou promoções dançantes;
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
b) certames de beleza.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei;
b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas;
d) o tipo de frequência habitual ao local;
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de crianças e adolescentes;
f) a natureza do espetáculo.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral.
	· Dica!! Disciplinar = Portaria -> vale para todos
 Autorizar = Alvará -> específico
Sempre deve haver pedido de alguém. Deve haver uma petição, um requerimento, sob pena de violação ao princípio da inércia. São vedadas as determinações gerais.
Lembre-se que se trata de competência jurisdicional, afinal, o artigo 199 do ECA deixa claro que:
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá recurso de apelação.
HOSPEDAGEM.
No que se refere à hospedagem, a criança ou adolescente só pode se hospedar se estiver acompanhada do pai e/ou da mãe, ou do responsável ou, ainda, se devidamente autorizado.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
Caso não esteja acompanhada do pai, da mãe ou do responsável, o dono do estabelecimento deve exigir autorização por escrito, com firma reconhecida. Quem deve exigir isso é o proprietário do estabelecimento, sob pena de cometer infração administrativa:
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:  
Pena – multa.  
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.  
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada.  
	HOSPEDAGEM
(criança e adolescente)
	Acompanhada
	Desacompanhada
	· Pai
· Mãe
· Responsável
	· Autorizada pelos pais – exige firma reconhecida
Quadro para fins de 
memorização!!!
AUTORIZAÇÃO PARA VIAGEM.
A regra é a mesma para crianças e adolescentes no que se refere às viagens internacionais. Para viagens dentro do território nacional, são bem diferentes as regras aplicáveis a crianças, das regras aplicáveis aos adolescentes.
Iniciaremos o estudo relativo à viagem em território nacional:
a) Crianças:
Regra: NÃO podem viajar desacompanhadas dos pais ou responsáveis.
Exceção: 	- comarca contígua.
		- acompanhada	-	ascendente
					- colateral maior, até 3º grau.
		- comautorização judicial (validade de 2 anos).
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada: 
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
b) Adolescente:
O adolescente PODE viajar, dentro do território nacional, sem qualquer autorização. 
· ATENÇÃO!!! Ele só não pode se hospedar. 
Em se tratando de viagem internacional, a regra é a mesma para criança e adolescentes. Eles só podem sair do território nacional se estiverem acompanhados de ambos os pais, ou, se estiver acompanhado de um dos genitores, autorizado pelo outro através de documento com firma reconhecida. Admite-se, ainda, essa saída se precedida de autorização judicial.
Quando a lei fala em responsável, ela está se referindo ao responsável legal, que é o guardião ou tutor. É essa a regra prevista na Resolução nº 131/2011, do Conselho Nacional de Justiça:
Art. 7º O guardião por prazo indeterminado (anteriormente nominado guardião definitivo) ou o tutor, ambos judicialmente nomeados em termo de compromisso, que não sejam os genitores, poderão autorizar a viagem da criança ou adolescente sob seus cuidados, para todos os fins desta resolução, como se pais fossem.
Lembre-se: o prazo máximo de validade da autorização judicial para viagem é de 2 anos.
Se um dos pais não autorizar a viagem internacional da criança ou do adolescente, será necessária a propositura de ação para suprimento de consentimento. O juiz competente, nesse caso, é o Juiz da Vara de Família.
A competência da Vara da Infância e Juventude dar-se-á pela situação de risco. Se a criança ou adolescente não tiver em risco, a competência é da Vara de Família.
 Quadro para fins de memorização!!!
	VIAGEM
	Nacional
	Internacional
(criança e adolescente)
	Criança:
- Acompanhada:
· Pai
· Mãe
· Ascendente
· Colateral maior, até 3o grau.
- Desacompanhada:
· Comarca contígua
· Autorização judicial.
	Adolescente:
Sempre pode viajar, acompanhado ou desacompanhado. 
	- Acompanhado
· De ambos os pais.
· De um dos pais, autorizado, com firma reconhecida, pelo outro.
	- Desacompanhado:
· Autorização judicial.
(OAB – XIII Exame - 2014 )O Hotel Botanic recebeu o casal de namorados Júlia e Matheus como hóspedes durante um feriado prolongado. Júlia tem 15 anos de idade e Matheus 18 anos, motivo pelo qual a adolescente foi admitida no estabelecimento, por estar acompanhada de uma pessoa maior de idade. Com base no caso apresentado, a partir do que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção correta. 
a) Trata-se de infração penal, motivo pelo qual, sem prejuízo da pena de multa aplicada ao estabelecimento, o funcionário responsável pela admissão da adolescente está sujeito à responsabilidade criminal pessoal. (F – no caso, não se trata de uma infração penal).
b) Trata-se de prática cotidiana sem implicações administrativas ou criminais previstas na norma especial, uma vez que a adolescente estava acompanhada de pessoa maior de idade que se torna responsável por ela. (F – possui implicações administrativas – art. 250 do ECA)
c) Trata-se de infração administrativa, sujeitando-seà aplicação de pena de multa, a hospedagem de adolescente desacompanhado dos pais, responsáveis, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária. (V – art. 250 do ECA)
d) Trata-se de infração administrativa e penal, sujeitando-se o estabelecimento, por determinação da autoridade judiciária, a imediato fechamento por até quinze dias. (F – no caso, não se trata de uma infração penal e não se impõe o imediato fechamento, mas a penalidade de multa).
(OAB – XIII Exame - 2014) João e Joana são pais de Mila, 9 anos, e de Letícia, 8 anos. João mudou-se para Maringá depois do divórcio, e levou sua filha mais nova para morar com ele. Nas férias escolares, Letícia quer ir ao Rio de Janeiro visitar sua mãe, enquanto Mila deseja passar seus dias livres com seu pai em Maringá.Avalie as situações apresentadas a seguir e, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta. 
a) Letícia poderá viajar sem autorização judicial se a sua prima, Olívia, que tem 19 anos, aceitar acompanhá-la. Mila poderá viajar sem autorização, se a sua avó, Filomena, a acompanhar. (F – prima é parente de 4º grau e por isso é necessário autorização judicial)
b) Se houver prévia e expressa autorização dos pais ou responsáveis, Letícia e Mila ficam dispensadas da autorização judicial e poderão viajar desacompanhadas dentro do território nacional. (F – criança desacompanhada necessita de autorização judicial)
c) Letícia poderá viajar desacompanhada dos pais por todo território nacional se houver autorização judicial, que poderá ser concedida pelo prazo de dois anos. Mila não precisará de autorização judicial para ir a Maringá se seu tio José aceitar acompanhá-la. V
d) Mila poderia aproveitar a ida de sua vizinha Maria, de 23 anos, para acompanhá-la, desde que devidamente autorizada por seus pais, enquanto Letícia não precisaria de autorização judicial se seu padrinho, Ricardo, primo do seu pai, a acompanhasse. (F – o primo do pai não dispensa autorização judicial)
CONSELHO TUTELAR.
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.
O Conselho Tutelar é um órgão não jurisdicional, ou seja, não integra o Poder Judiciário. Tem sua verba própria, prevista na lei orçamentária do Município. Ele é encarregado, pela sociedade, de zelar pelos direitos da criança e do adolescente. É órgão de execução, embora também é responsável pela formulação de políticas públicas. 
Se as decisões do Conselho forem desobedecidas, eles poderão recorrer ao Poder Judiciário. 
O Conselho é um órgão colegiado, composto de 5 membros, e suas decisões são tomadas pelo colegiado. Os Conselheiros exercem função pública relevante e, o exercício dessa função, estabelece presunção de idoneidade moral. A remuneração de seus membros é fixada pelo Poder Público Municipal, de acordo com o orçamento do Município, sendo-lhes assegurado alguns benefícios.
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e não será remunerada.
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares.(Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
Os membros são escolhidos (e não eleitos, afinal, lei municipal não pode tratar de matéria eleitoral). A idade mínima para se candidatar a membro do Conselho Tutelar é de 21 anos.
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
III - residir no município.
· ATENÇÃO!!! O mandato dos membros do Conselho Tutelar não é mais de 3 anos, mas sim de 4 anos.
Os impedimentos do membro do Conselho Tutelar são:
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.
A escolha dos conselheiros dar-se-á da seguinte forma:
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público.  
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
As atribuições dos membros do Conselho Tutelar são:
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
As medidas referidas são as denominadas medidas de proteção, excetuada as medidas de proteção que impliquem o afastamento da criança ou do adolescente do convívio da família, sobre a qual incide a reserva de jurisdição (art. 101, §2º do ECA).
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
A Lei nº 13.010/14, incluiu, ainda, como atribuição do Conselho Tutelar, aplicar as medidas previstas no art. 18-B, nos casos de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante em face de criança ou de adolescente.
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o PoderExecutivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.  
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família.  
A competência territorial do Conselho Tutelar é a mesma do Juiz da Vara da Infância e Juventude daquela Comarca.
DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
Toda criança e adolescente tem direito a ser criada e educada no seio da sua família natural e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes (art. 19 do ECA). 
Art. 19. (...)
§ 4o  Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial.  (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Usualmente, o exercício do direito à convivência familiar era violado na hipótese em que um dos genitores estivesse privado de sua liberdade em decorrência de condenação criminal, uma vez restringida a visita de menores de 18 anos à detentos. Entendia-se que o ambiente carcerário não era adequado para crianças e adolescentes, por colocar em risco sua segurança e integridade física, somente sendo possíveis essas visitas com autorização judicial, analisado casuisticamente cada caso. Com vista à finalidade da pena, mormente a ressocialização do detento, e buscando pôr fim às divergências existentes sobre o tema, a Lei nº 12.962/14, de forma expressa, passou a permitir e incentivar essa visitação, independentemente de autorização judicial, devendo estas serem periódicas e promovidas pelo responsável pela criança ou adolescente. 
A regra estabelecida pelo sistema de tutela aos menores é de que crianças e adolescentes devem ser criados e educados no seio de sua família natural. A família natural pode ser vista como aquela mantida pelos pais ou apenas um deles (pessoas com os quais se mantêm laços de sangue).
Nos casos em que a família natural coloque em riscos direitos da criança e do adolescente, primeiramente, deve-se buscar o apoio no meio familiar (art. 129 do ECA), por exemplo, tratando daquelas pessoas que se encontram incluídas no seio familiar, podendo o juiz, inclusive, determinar o afastamento cautelar da moradia comum, do responsável por maus tratos, opressão ou abuso sexual (art. 130 do ECA) e fixar alimentos provisórios. Somente se frustradas essas medidas de apoio é que se autoriza a colocação da criança ou do adolescente em acolhimento familiar ou institucional ou, ainda, em família substituta. 
Ao conceito de família, agregou-se o conceito de família extensa, que é a unidade formada por parentes próximos, com quem a criança ou adolescente conviva ou tenha convivido e mantenha vínculos de afinidade e afetividade, mas que não sejam pai ou mãe.
Antes de colocar a criança em acolhimento (familiar ou institucional), o juiz verificará a possibilidade de deixá-la com a família extensa, p. ex.: com uma tia com quem a criança tenha afeto. 
Não havendo possibilidade de colocação na família extensa, o juiz preferirá o acolhimento familiar. Só não sendo possível, passa-se ao acolhimento institucional (que corresponde ao antigo abrigamento). 
Acolhimento familiar consiste na colocação da criança ou do adolescente numa família (denominada de família acolhedora) que não tenha perfil para a adoção, mas que tenha condições de cuidar do menor até que o problema dele seja resolvido, seja por meio da destituição do poder familiar e colocação em família substituta, seja por meio de seu retorno à família de origem (é sempre temporário). O perfil daqueles que recebem crianças e adolescentes em acolhimento familiar é totalmente diferente do das pessoas que tem intenção de adotar. 
Acolhimento institucional sempre foi medida de proteção, só o nome que mudava (abrigamento). É regida pelos princípios de brevidade e excepcionalidade. Caso não seja determinado pelo juiz da infância e juventude, esta medida deve ser informada em até 24 horas. Toda criança que é colocada em acolhimento institucional deve ter uma guia de acolhimento. 
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros:  
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; 
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência;  
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda;  
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar.  
Toda criança em acolhimento institucional deve ter um plano individual de atendimento:
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as regras e princípios desta Lei. 
§ 5o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. 
§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros: 
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; 
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e 
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária. 
Os §§ do artigo 19 estabelecem regras importantes:
§ 1oToda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.  
§ 2oA permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. 
§ 3o A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. 
· Cuidado com prazos:
Toda criança ou adolescente inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional deve ter sua situaçãoreavaliada,no máximo a cada 6 meses. Ademais, a criança ou o adolescente não pode ser mantido em programa de acolhimento institucional por mais de 2 anos, salvo por decisão fundamentada da autoridade judiciária competente pautada no superior interesse da criança ou do adolescente. 
Somente quando frustrada todas as possibilidades de retorno ao seio familiar é que a criança ou adolescente deve ser encaminhado à família substituta. 
Se concluir que a criança ou adolescente NÃO tem condições de ser reintegrada a sua família de origem, a instituição acolhedora tem o prazo de 5 dias para informar essa circunstância ao Ministério Público. O MP tem o prazo de 30 dias para ingressar com ação de destituição do poder familiar, contados da entrega do relatório no qual conste a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, sob pena de responsabilidade.
Art, 101, § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.  
Na ação de destituição do poder familiar, se proposta pelo Ministério Público, não há necessidade de nomeação da Defensoria para atuar como curador especial do menor (AgRg no Ag 1369745/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, DJe 16/04/2012). 
Na referida ação, acitação do requerido, ou seja, daquele que possui o poder familiar questionado, deverá ser pessoal. A Lei no 12.962/14 passou a prever, expressamente, a possibilidade de outras formas de citação, como a citação por edital, todavia, estas somente serãoadmitidas nos casos em que restar frustradas todos os meios de localização para a citação pessoal. Ademais, a lei supra referida elenca tratamento especial para o requerido que se encontra preso, de sorte que este, necessariamente, deve ser citado de forma pessoal, e, neste ato, o oficial de justiça deve questioná-lo sobre a necessidade da nomeação de defensor. O mesmo deve, ainda, ser requisitado para comparecer perante o juiz, viabilizando, assim, a sua oitiva eo exercício do contraditório e da ampla defesa. 
Transitada em julgado a sentença que decretou a destituição do poder familiar, o Juiz tem 24 horas para inserir o nome da criança ou do adolescente no cadastro para fins de adoção. 
FORMAS DE COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA.
Em caso de criança e adolescente, não havendo os pais que exerçam o poder familiar, sejam por serem falecidos ou porque foram destituídos ou suspensos desse poder, o menor não pode ficar desamparado, devendo, pois, ser colocado em acolhimento familiar ou institucional, pelo prazo máximo de 2 anos, ou ainda, família substituta. 
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado.
Cuidado com os §§ deste artigo...
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, esses serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Público, tomando-se por termo as declarações.
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida.
§ 3o O consentimento dos titulares do poder familiar será colhido pela autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de vontade e esgotados os esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. 
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá validade se não for ratificado na audiência a que se refere o § 3o deste artigo. 
§ 5o O consentimento é retratável até a data da publicação da sentença constitutiva da adoção. 
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado após o nascimento da criança. 
§ 7o A família substituta receberá a devida orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
A colocação em família substituta pode ser dar de 3 formas, que doravante serão estudadas detalhadamente, sendo elas: guarda, tutela ou adoção. Na colocação em família substituta, tanto a criança quanto o adolescente devem ser ouvidos e sua opinião deve ser devidamente considerada, respeitando-se a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 
· Atenção!!! Em se tratando de adolescente seu consentimento tem que ser colhido em audiência.
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência. 
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. 
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. 
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. 
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório: 
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; 
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; 
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. 
Destaca-se que a colocação em família substituta deve ser precedida de preparação gradativa e acompanhamento posterior. A preparação gradativa tem início com o contato com a família de origem. Se não for possível, passa-se à preparação gradativa para a adoção, que é dada aos adotantes e ao adotando. O acompanhamento posterior é feito pela equipe técnica do Juizado.
Em se tratando de adoção internacional, o prazo mínimo de acompanhamento posterior é de, no mínimo, 2 anos. (art. 52, § 4º, inciso V).
Espécies de colocação em família substituta.
a) GUARDA
É a forma mais tênue de colocação em família substituta. Destina-se a regular posse de fato de 3º. Em regra, visa reforçar os laços familiares, e por isso, nãoimpede o direito de visita dos pais, salvo nos casos em que a medida é preparatória para a adoção e possui decisão judicial retirando esse direito. 
Não há necessidade de suspensão ou de destituição do poder familiar, basta a simples ausência dos pais. Destaca-se que o 3º,detentor da guarda, pode se opor aos pais. 
O guardião tem o dever de assistência material, moral e educacional. 
Há divergência jurisprudencial sobre os reflexos previdenciários da guarda judicial. Uma primeira corrente, tradicional no STJ, entende que a guarda não gera efeitos previdenciários, por aplicabilidade da Lei nº 8.312/91 em detrimento do ECA, por ser norma especial (STJ - AgRg no REsp 1285355/ES, publicado no Dje em 04/03/2013 e EREsp 859277/ PE). Uma segunda corrente, pautada na dignidade da pessoa humana e na proteção integral do menor, entende que a guarda gera efeitos previdenciários (STJ - RMS 36034 / MT, publicado no Dje de 15/04/2014).
A guardaprovisória pode existir, mas não existe tutela provisória, nem adoção provisória. Essa medida pode ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
b) TUTELA
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. 
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda. 
A tutela sempre é judicial. Surge para o tutor o dever de assistência material, moral e educacional egera direitos previdenciários. 
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. 
O tutor pode ser:	- legítimo: 	- ascendentes
					- colaterais até 3º grau.
			- testamentário
Admite-se que o juiz nomeie PROTUTOR – pessoa com atribuição de fiscalizar os atos praticados pelo tutor.
c) ADOÇÃO
A adoção é uma das formas mais drásticas de colocação em família substituta. Por isso, é excepcional. Cria um vínculo jurídico definitivo e irrevogável, rompendo definitivamente com o vínculo anterior, salvo quanto aos impedimentos matrimoniais. 
A adoção pode ser pleiteada sem advogado?
Sim. Trata-se de um dos poucos casos em que a lei dispensa a obrigatoriedade do advogado.
Há limites quanto à adoção:
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. 
§ 1º Nãopodem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.
(omissis)
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.
(omissis) 
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(denominada de ADOÇÃO PÓSTUMA ou nuncupativa).
Uma das coisas mais interessantes é a adoção direta (aquela realizada fora dos cadastros da adoção). Ela nunca foi ilegal, ao contrário da adoção à brasileira, que é crime.A adoção direta só pode ser feita em caso de adoção unilateral (aquela feita pelo cônjuge do genitor da criança) e nos casos em que o parente (guardião ou tutor de criança maior de 3 anos) da criança tiver com elalaços de afinidade e afetividade. (CUIDADO!! Esse parente, guardião ou tutor não pode ser ascendente ou irmão do adotado uma vez que, quanto a estes, há previsão expressa da proibição de adotar). 
NOVIDADES:
· Adoção conjunta.
Art. 42, § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família.
(omissis)
§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. 
§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. 
Interessante julgado do STJ no qual se admite a adoção conjunta a dois irmãos. 
“CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ADOÇÃO PÓSTUMA. VALIDADE.ADOÇÃO CONJUNTA. PRESSUPOSTOS. FAMILIA ANAPARENTAL. POSSIBILIDADE.
 Ação anulatória de adoção post mortem, ajuizada pela União, que tem por escopo principal sustar o pagamento de benefícios previdenciários ao adotado - maior interdito -, na qual aponta a inviabilidade da adoção post mortem sem a demonstração cabal de que o de cujus desejava adotar e, também, a impossibilidade de ser deferido pedido de adoção conjunta a dois irmãos.
A redação do art. 42, § 5º, da Lei 8.069/90 - ECA -, renumerado como § 6º pela Lei 12.010/2009, que é um dos dispositivos de lei tidos como violados no recurso especial, alberga a possibilidade de se ocorrer a adoção póstuma na hipótese de óbito do adotante, no curso do procedimento de adoção, e a constatação de que este manifestou, em vida, de forma inequívoca, seu desejo de adotar. 
Para as adoções post mortem, vigem, como comprovação da inequívoca vontade do de cujus em adotar, as mesmas regras que comprovam a filiação socioafetiva: o tratamento do menor como se filho fosse e o conhecimento público dessa condição.
O art. 42, § 2º, do ECA, que trata da adoção conjunta,buscou assegurar ao adotando a inserção em um núcleo familiar no qual pudesse desenvolver relações de afeto, aprender e apreender valores sociais, receber e dar amparo nas horas de dificuldades, entre outras necessidades materiais e imateriais supridas pela família que, nas suas diversas acepções, ainda constitui a base de nossa sociedade.
A existência de núcleo familiar estável e a consequente rede de proteção social que podem gerar para o adotando, são os fins colimados pela norma e, sob esse prisma, o conceito de núcleo familiar estável não pode ficar restrito às fórmulas clássicas de família, mas pode, e deve, ser ampliado para abarcar uma noção plena de família, apreendida nas suas bases sociológicas. 
Restringindo a lei, porém, a adoção conjunta aos que, casados civilmente ou que mantenham união estável, comprovem estabilidade na família, incorre em manifesto descompasso com o fim perseguido pela própria norma, ficando teleologicamente órfã. Fato que ofende o senso comum e reclama atuação do interprete para flexibilizá-la e adequá-la às transformações sociais que dão vulto ao anacronismo do texto de lei.
O primado da família socioafetiva tem que romper os ainda existentes liames que atrelam o grupo familiar a uma diversidade de gênero e fins reprodutivos, não em um processo de extrusão, mas sim de evolução, onde as novas situações se acomodam ao lado de tantas outras, já existentes, como possibilidades de grupos familiares.
O fim expressamente assentado pelo texto legal - colocação do adotando em família estável - foi plenamente cumprido, pois os irmãos, que viveram sob o mesmo teto, até o óbito de um deles, agiam como família que eram, tanto entre si, como para o então infante, e naquele grupo familiar o adotado se deparou com relações de afeto, construiu - nos limites de suas possibilidades - seus valores sociais, teve amparo nas horas de necessidade físicas e emocionais, em suma, encontrou naqueles que o adotaram, a referência necessária para crescer, desenvolver-se e inserir-se no grupo social que hoje faz parte. 
Nessa senda, a chamada família anaparental - sem a presença de um ascendente -, quando constatado os vínculos subjetivos que remetem à família, merece o reconhecimento e igual status daqueles grupos familiares descritos no art. 42, §2, do ECA. Recurso não provido. (REsp 1217415/RS, DJe 28/06/2012)”
· Prioridade de tramitação. A Lei n º 12.955 de 2014 estabeleceu a regra de prioridade de tramitação para os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica, buscando assim a realização da isonomia material.

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