Buscar

ProcessualCivil 13

Prévia do material em texto

Direito Processual Civil 
Prof. Georgios Alexandridis 
Matéria: Excecução (continuação)/ Ação Monitória/ Ação Possessória 
20/06/2011 
 
Existem duas formas de ação de execução – uma com base no título executivo 
extrajudicial e a outra com base em um título executivo judicial. Portanto a execução é 
um gênero, com 2 espécies, são elas: o processo de execução e o cumprimento de 
sentença. 
1º Cumprimento de Sentença: É utilizado quando estivermos diante de um título 
executivo judicial – visto na aula passada. 
2 º. Processo de Execução: É utilizado quando estivermos diante de títulos executivos 
extrajudiciais. O Art. 585, do CC, traz um rol taxativo de todos os títulos extrajudiciais 
(cheque, duplicata, letra de câmbio, nota promissória). Havendo a necessidade de 
executar o título extrajudicial o procedimento que deverá ser adotado é o do processo de 
execução. 
Aspectos Gerais sobre Títulos Executivos – Judiciais ou Extrajudiciais: 
Tratando-se de título executivo judicial ou extrajudicial – a obrigação constante neste 
título deverá ser: 
- Certa (constar no título); 
- Exigível (ocorrido o termo “evento futuro certo” ou condição “evento futuro incerto” 
para a sua exigibilidade); 
- Líquida (quando o devedor sabe exatamente o que deve cumprir para satisfazer o 
credor da obrigação, p.ex: obrigação de pagar quantia – sabe exatamente o valor a ser 
pago “quantum deleatur”). 
 
Dos Títulos Exceutivos Extrajudiciais: O processso de execução incia-se com a petição 
inicial + acompanhada da juntada do título executivo extrajudicial, tendo por finalidade 
provar que já correu o termo (evento futuro e certo) e a condição (evento futuro e 
incerto), razão pela qual o título se torna exigível. 
 
Se a obrigação for de pagar quantia – a petição inicial, além da juntada do título, deverá 
ser instruída com o demonstrativo atualizado do débito até o dia da propositura da ação. 
 
Apartir do momento que a petição inicial é distribuída, o exequente poderá requerer junto 
ao Cartório Distribuidor - uma Certidão de comprovação da distribuição da execução 
(esta certidão irá descrever quais são as partes e o valor determinado). O credor munido 
desta Certidão poderá requerer a sua averbação – p.ex. Cartório de Registro de Imóveis 
(permanecendo uma notificação na matrícula do imóvel do devedor). Obs.: Esta 
averbação não impede que seja vendido p.ex.: o imóvel, mas divulga a terceiros a 
existência de uma ação de execução sobre o bem. 
Objetivo: Evitar fraude à execução. 
 
Esta informação apenas poderá ser retirada pelo juiz. 
 
Art. 615-A. “O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória 
do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de 
averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos 
à penhora ou arresto. 
§ 1º O exeqüente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas, no prazo de 10 
(dez) dias de sua concretização. 
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, será 
determinado o cancelamento das averbações de que trata este artigo relativas àqueles 
que não tenham sido penhorados. 
§ 3º Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a 
averbação (art. 593). 
§ 4º O exeqüente que promover averbação manifestamente indevida indenizará a parte 
contrária, nos termos do § 2º do art. 18 desta Lei, processando-se o incidente em autos 
apartados. 
§ 5º Os tribunais poderão expedir instruções sobre o cumprimento deste artigo.” 
 
Obs.: Nota-se que o executado ainda não foi citado. 
Sendo que, diante da averbação o exequente terá o prazo de 10 dias para informar o juízo 
quanto a sua existência. 
 
Obs.: O fato de ter sido averbada, não se compara com a penhora, pois a finalidade da 
averbação é dar ciência perante terceiros da existência de uma ação de execução 
envolvendo determinado bem. 
Por vez, se a penhora recair sobre bens não averbado, à averbação será cancela pelo juiz. 
 
Caso o credor venha manifestamente a extrapolar o uso deste direito (averbação), ou seja, 
agindo abusivamente – ensejará na indenização ao devedor da obrigação pelos prejuízos 
causados. 
 
A petição inicial possibilita ao exequente a indicação de bens à penhora, desde a sua 
propositura. 
Se o executado devidamente citado para pagar, não efetuar o pagamento: “requeiro que o 
bem X seja penhorado”, conforme o Art. 615-A. 
 
O juiz ao promover o seu despacho – poderá requerer que o exequente emende (conserte) 
a petição inicial, sob pena de indeferimento da petição, consequentemente podendo 
ocasionar a extinção do processo sem resolução do mérito. 
 
Caso o juiz ao promover o seu despacho – certifique-se que a petição inicial está 
plenamente apta, irá fixar os honorário advocaticios, bem como citando o executado 
(jamais por correio) para efetuar o pagamento, no prazo de 3 dias. 
 
Após ser citado o executado poderá: 
- Realizar o pagamento integral. Obs.: Feito o pagamento dentro do prazo de 3 dias – terá 
o desconto de 50% sobre o valor dos honorários do advogado. 
 
 
- Não promover o pagamento no prazo de 3 dias ou realizar o pagamento parcial – diante 
desta circunstância o oficial de justiça manado da 2ª via do mandado de citação irá 
promover a penhora e à avaliação dos bens = continuidade do processo de execução. 
 
Apartir da citação, devidamente realizada, o devedor poderá propor os Embargos do 
Devedor, no prazo de 15 dias (contado da citação), ou seja, dentro do prazo de 3 dias 
(citado para o pagamento) correram concomitantemente o prazo de 15 dias para a 
propositura dos Embargos do Devedor. 
 
Características dos Embargos do Devedor: 
- Serão distribuídos por dependência; 
- Autuados em apenso (autos apartados); 
- Não há necessidade de garantir o juízo (independentemente - de caução, penhora e 
depósito), para interposição dos embargos do devedor; 
- Regra: Não tem efeito suspensivo (a execução e os embargos continuam paralelamente), 
salvo exceção; 
- Deverão ser juntadas cópias de peças relevantes da ação de execução – para o 
prosseguimento e julgamento dos embargos do devedor. 
 
Em regra inexiste efeito suspensivo, salvo quando estiver presentes 3 requisitos 
cumulativos (exceção) – Art. 739-A (possibilita a concessão dos efeitos suspensivos) 
quando: 
1º Os Embargos do Devedor estiverem de acordo com uma relevante 
matéria/fundamento; 
2º O prosseguimento da execução poder causar lesão grave e de dificil ou incerta 
reparacão; 
3º A execução estiver garantida por penhora, caução ou depósito. 
 
Art. 739-A. “Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. 
§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos 
embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução 
manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e 
desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. 
§ 2º A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser 
modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as 
circunstâncias que a motivaram. 
§ 3º Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte 
do objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. 
§ 4º A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados 
não suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivo 
fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. 
§ 5º Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá 
declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do 
cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse 
fundamento. 
§ 6º A concessãode efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de 
avaliação dos bens.” 
 
 
Ainda que tenha sido concedido os efeitos suspensivos aos Embargos do Devedor – a 
execução prosseguirá até que seja promovida a penhora e avaliação. 
 
Diante, da existência dos Embargos – as partes serão denominadas de: 
- Embargante (executado na ação de execução); 
- Embargado (exequente na ação de execução). 
 
O embargado será citado para apresentar sua resposta, no prazo de 15 dias em face dos 
Embargos do Devedor. 
 
Após o juiz irá verificar se é necessário ou não a produção de provas. 
Se for necessário - realiza as provas e sentencia, caso contrário após a resposta do 
embargado o juiz sentencia. 
 
Nos termos do Art. 745-A poderá ocorrer o parcelamento judicial do débito. 
São requisitos para o parcelamento: 
- O executado deverá peticionar ao juiz, o reconhecimento da divida como legítima, ou 
seja, reconhece que é o devedor da obrigação; 
- Comprovar o pagamento de 30% do depósito do valor devido, incluindo as custas e 
honorários advocaticios; 
- O saldo (valor restante) – poderá ser dividio, ou seja, parcelado em até 6 vezes, com 
correção monetária e juros de 1% ao mês. 
 
Obs.: Não é requisito a concordância do credor com o parcelamento judicial. 
 
A cada parcela paga, o credor poderá levantar o valor do processo. 
 
Se houver o inadimplemento de uma ou algumas parcelas, consequenmente: 
- Ocorrerá o vencimento antecipado das parcela vincendas; 
- Aplicação de multa de 10% sobre o valor em aberto (aquele que não foi pago); 
- Permanece vedado o oferecimento dos Embargos do Devedor. 
 
Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e 
comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive 
custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o 
restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 
1% (um por cento) ao mês. 
 
Ação Monitória (Art. 1.102-A e seguintes, do CPC) 
Condições da Ação: 
- Legitimidade; 
- Interesse de agir; 
- Possibilidade jurídica do pedido; 
 
Obs.: O interesse de agir engloba a nessidade da inteporsição da ação e à adequação do 
pedido. 
 
 
 
A ação monitória será proposta quando estivermos diante de um documento escrito (que 
não se encaixa em um título executivo judicial ou extrajudicial). 
Características deste documento escrito: 
- Sem eficácia de título executivo; 
- Contém uma obrigação de pagar: quantia ou entrega de bem fungível ou entrega de 
determinado bem móvel. 
 
Trata-se de um procedimento especial, com conteúdo contencioso. 
 
Esta ação é inaugurada com uma petição inicial, acompanhada do documento escrito. 
Após ocorrerá a expedição do mandado de citação, para que no prazo de 15 dias, o réu 
realize o cumprimento da obrigação contida no documento, ou seja, o pagamento em 
dinheiro, ou a entrega do bem fungível ou entrega de determinado bem móvel. 
 
O requerido diante da citação poderá: 
- Satisfazer (cumprir) a obrigação, tendo por sua vez a isenção das custas processuais e 
dos honorários advocaticios; 
- Não promover nenhuma atitude (no prazo de 15 dias), consequentemente o documento 
cobrado será transformado em um título executivo judicial (cumprimento de sentença). 
 
Obs.: Porém, no prazo de 15 dias da citação – o requerido poderá promover os embargos 
monitórios. Estes Embargos – transforma o rito especial em rito ordinário. 
 
Ação Possessória: 
1. Ação de Reintegração de Posse – esbulho (perda total da posse); 
2. Ação de Manutenção da Posse – turbação (perda parcial da posse); 
3. Ação do Interdito Proibitório – ameaça de esbulho ou turbação (não ocorreu ainda a 
perda total ou parcial da posse). 
 
Fungibilidade entre as Ações Possessórias: Diante do disposto no artigo 920 do Código 
de Processo Civil, admite-se a conversibilidade dos interditos, o juiz pode outorgar 
proteção possessória que seja adequada ao caso concreto, cujos requisitos estejam 
presentes embora o autor tenha formulado um pedido diverso. 
A idéia é permitir a concessão da tutela pertinente e idônea diante da possibilidade de 
alteração do estado de fato no curso da lide. 
 
Art. 920 – “A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o 
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos 
requisitos estejam provados.” 
 
Cumulação de pedidos: Ao pedido possessório podem ser cumulados outros pedidos 
como prevê o Art. 921, do CPC. 
- Reintegraçao e manutenção da posse; 
- Fixação de multa caso haja um novo esbulho ou nova turbação; 
- Cumulação com pedido de indenização que foram causados pelo esbulho ou turbação; 
- Requerer que sejam desfeitas as plantações e construções – semeadas ou edificadas. 
 
 
 
Art. 921 – “É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I - condenação em perdas e danos; 
II - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; 
III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.” 
O procedimento nas ações possessórias é diverso caso se trate de ação de força nova ou 
ação de força velha. A ação de força nova é a intentada dentro do prazo de um ano e dia 
da turbação ou esbulho, e neste caso o procedimento é especial, segundo o art. 924, CPC; 
ação de força velha é a intentada após esse prazo de um ano e dia da turbação ou esbulho, 
sendo que neste caso o procedimento é ordinário, embora a ação não perca seu caráter 
possessório, segundo o mesmo art. 924, do CPC. 
 
Art. 924 – “Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas 
da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; 
passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.” 
 
As Ações Possessória tem caráter dúplice, ou seja, têm por objetivo defender, manter ou 
reintegrar a posse de quem as propõe, ou seja, servem para "cuidar" da posse de quem 
está propondo a ação. 
Porém, o CPC estabelece a possibilidade jurídica do réu também defender sua posse, pois 
o autor pode estar cometendo uma ilegalidade. Assim, o réu também poderá realizar o 
mesmo pedido do autor, ou seja, pedir que o juiz mantenha sua posse, justificando o 
"porquê" disso. 
Portanto, se tanto o autor quanto o réu podem fazer pedidos possessórios na mesma ação, 
caracteriza-se o caráter dúplice, isto é, a dupla possibilidade de pedido possessório. 
 
Liminar em Cautelar: 
Regra: Será concedida mediante uma Audiência de Justificação Prévia. Obs.: Se o 
requerido for uma pessoa jurídica do Direito Público, necessariamente haverá à 
Audiência de Justificação Prévia. 
Exceção: É lícito ao juiz conceder liminarmente a medida cautelar, “inaudita altera 
parte”, sem a realização da Audiência de Justificação Prévia. 
 
A defesa será oferecida no prazo de 5 dias, contados da citação, porém se tiver ocorrido à 
Audiência de Justificação Prévia – a defesa será contada da intimação do despacho da 
liminar.

Continue navegando