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EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL

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EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL
1. A EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL não é imediata, mas implica a formação de um processo autônomo, cujo procedimento varia conforme a obrigação imposta pelo título.
2. O CPC regula a execução de título extrajudicial para entrega de coisa, para cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, por quantia, contra a Fazenda Pública e de alimentos.
ASPECTOS COMUNS A TODAS AS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL
3. Em todas, o credor formulará o seu requerimento por meio de uma petição inicial, que deve vir acompanhada de título executivo; se estiver em termos, o juiz determinará a citação do executado, do que decorrerão numerosas consequências.
· PETIÇÃO INICIAL
4. O processo de execução é sempre desencadeado por uma petição inicial, na qual o autor formula as suas pretensões. Ele nunca se inicia de ofício.
5. A inicial deve preencher os requisitos tradicionais dos arts. 319 e 320 do CPC e indicar os fundamentos da execução, a causa de pedir.
6. A petição inicial deverá ter o título executivo em que a dívida se consubstancia e a causa que tornou a execução necessária (inadimplemento do devedor). Além deles, o art. 798 indica quais os requisitos específicos da inicial da execução.
7. É fundamental que o credor indique o tipo de pretensão que pretende ver satisfeita, o que variará conforme a obrigação contida no título. Há necessidade de indicar qual o tipo de provimento executivo e qual o bem da vida que são almejados.
8. O OBJETO DA EXECUÇÃO HÁ DE SER LÍQUIDO, CERTO E EXIGÍVEL. 
9. Quando se tratar de dinheiro, é preciso que a inicial venha acompanhada de memória discriminada do cálculo, que indique o índice de correção monetária adotado, a taxa de juros aplicada, os termos inicial e final de incidência de correção monetária e da taxa de juros utilizados, a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, e a especificação de desconto obrigatório realizado. Não se admite prévia liquidação.
10. A inicial deve ainda indicar o valor da causa, que deve corresponder ao conteúdo econômico da pretensão. Deve vir acompanhada dos documentos indispensáveis, entre os quais se destaca o título executivo extrajudicial; além dele, de procuração e do comprovante do recolhimento das custas iniciais.
11. O art. 801 do CPC estabelece que se a petição inicial estiver incompleta ou se faltar algum documento indispensável, o juiz concederá prazo de QUINZE DIAS para que o vício seja sanado, sob pena de ser indeferida.
12. Estando em termos, o juiz determinará que o executado seja citado.
· CITAÇÃO DO DEVEDOR 
13. Em todas as hipóteses de execução fundada em título extrajudicial, o executado será citado, pois, como não houve fase precedente, será necessário dar-lhe ciência do processo e dos termos da petição inicial.
14. Todas as formas de citação previstas no CPC são admitidas na execução, inclusive a por carta, que não era admitida na legislação anterior. Sendo feita por mandado, se houver suspeita da ocultação do devedor, far-se-á com hora certa. Antiga corrente doutrinária negava a possibilidade de citação com hora certa na execução, mas está superada (Súmula 196, do STJ).
· EFEITOS DESSA CITAÇÃO
15. A CITAÇÃO VÁLIDA no processo de execução produz os mesmos efeitos que no de conhecimento. Eles vêm enumerados no art. 240 do CPC:
■ indução de litispendência, o que terá grande relevância para caracterização da fraude à execução. Para que a alienação de bens capaz de reduzir o devedor à insolvência possa ser considerada fraudulenta, autorizando o juiz a, nos próprios autos, declarar-lhe a ineficácia, é indispensável que o devedor tenha sido citado. O credor pode valer-se dos arts. 799, IX, e 828 para antecipar a data a partir da qual a fraude fica caracterizada, registrando a certidão de admissão da execução;
■ interrupção da prescrição. Valem as mesmas regras que para o processo de conhecimento. É o despacho que ordena a citação que interrompe o prazo de prescrição, mas, se tomadas as providências para que seja feita no prazo estabelecido em lei (dez dias), a eficácia interruptiva retroage à data da propositura da demanda (art. 802);
■ constituição do devedor em mora. É importante para que possam incidir os encargos da mora, como juros e multa. Mas a citação só constituirá o devedor em mora se já não o estiver anteriormente. Nas obrigações a termo, haverá mora desde a data do vencimento. Nas por atos ilícitos, desde a data do fato (Súmula 54, do STJ). Não havendo constituição anterior, o devedor estará em mora a partir da citação.
· PROCESSO DE EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA CERTA
16. A “coisa certa” a que alude a lei é a individualizada, determinada, no momento da propositura da execução; distingue-se da “coisa incerta”, que não está determinada, mas é determinável pelo gênero e pela quantidade.
17. O procedimento da execução para entrega de coisa certa, fundada em título extrajudicial, vem tratado nos arts. 806 e ss. do CPC.
18. Ao ordenar a citação, o juiz fixará os honorários advocatícios devidos caso haja a satisfação da obrigação. 
19. Com a citação, passará a correr o prazo de 15 dias, cuja contagem será feita na forma prevista no art. 231 do CPC, para que o devedor satisfaça a obrigação, entregando a coisa. Do mandado já constará a ordem de imissão de posse ou busca e apreensão, caso a obrigação não seja satisfeita. 
20. O devedor poderá:
a) entregar a coisa, para satisfazer a obrigação. Será lavrado o termo e, com o pagamento dos honorários, extinta a execução, a menos que deva prosseguir para ressarcimento de eventuais frutos ou prejuízos, caso em que seguirá sob a forma de execução por quantia;
b) não entregar a coisa, caso em que se cumprirá, de imediato, a ordem de imissão na posse, se o bem for imóvel, ou de busca e apreensão, se móvel, que já constava do mandado de citação. O juiz pode, ainda, valer-se da multa como meio de coerção, quando verificar, por exemplo, que o devedor oculta o bem. Caso a entrega da coisa torne-se impossível, por perecimento, deterioração ou qualquer outra razão, haverá conversão em perdas e danos, com liquidação incidente, para apuração do QUANTUM DEBEATUR. Se alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido o mandado contra o terceiro adquirente.
21. Seja qual for o comportamento adotado, fluirá o PRAZO DE QUINZE DIAS PARA A OPOSIÇÃO DE EMBARGOS PELO DEVEDOR. O prazo de quinze dias corre na forma do art. 231 e independe da entrega do bem. 
22. Nos embargos, o executado poderá alegar qualquer matéria em sua defesa. Tem particular importância a possibilidade de ele alegar que, de boa-fé, fez benfeitorias necessárias e úteis, o que lhe dá direito de retenção (art. 917, IV). Nesse caso, ele deverá opor os embargos pedindo ao juiz que suspenda o cumprimento do mandado de busca e apreensão ou imissão na posse, com fundamento no direito de retenção. Verificando o juiz que há nos autos elementos indicativos da existência desse direito, ele o fará, preservando o bem em mãos do executado, até que haja o ressarcimento das benfeitorias.
23. Se não houver embargos, ou eles forem julgados improcedentes, a busca e apreensão ou a imissão na posse tornar-se-ão definitivos.
24. Quando o bem tiver se deteriorado, ou não puder ser localizado, far-se-á a CONVERSÃO EM PERDAS E DANOS, observado o disposto no art. 809.
· PROCESSO DE EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA INCERTA
25. A “coisa incerta” a que alude a lei não é a ignorada ou desconhecida. Mas a que é determinável pelo gênero e pela quantidade (art. 243 do CC).
26. A única particularidade no procedimento da execução para entrega de coisa incerta é a necessidade de individualização da coisa. 
27. O art. 244 do CC dispõe que “nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigada a prestar a melhor”.
28. Em consonância com esse dispositivo, o art. 811 do CPC estabelece que o devedor será citado para, no prazo de quinze dias,entregar a coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, já individualizada, se a ele competir a escolha. Se competir ao credor, ele a individualizará na petição inicial.
29. Seja a escolha de um ou de outro, a parte contrária poderá impugná-la em quinze dias, após o que o juiz decidirá, ouvindo perito, se necessário.
· PROCESSO DE EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER
30. Vem tratada nos arts. 814 e ss. As obrigações de fazer são aquelas em que o devedor compromete-se a realizar uma prestação, consistente em atos ou serviços, de natureza material ou imaterial.
31. Distinguem-se das obrigações de dar, porque nestas o interesse do credor não está no FAZER propriamente dito, mas na coisa. O que interessa ao credor é a restituição da coisa, não a conduta do devedor.
32. Já nas obrigações de fazer, o interesse concentra-se na atividade dele, e suas qualidades pessoais podem adquirir grande importância.
33. É fundamental distinguir entre as obrigações de fazer fungíveis e infungíveis. 
34. Obrigações de fazer fungíveis: são aquelas que, embora assumidas pelo devedor, podem ser cumpridas por qualquer pessoa, pois não levam em conta qualidades pessoais dele. 
35. Obrigações de fazer infungíveis: são aquelas que só o devedor pode cumprir. 
36. Essa distinção tem grande relevância porque, conquanto as execuções de obrigação de fazer fungíveis e infungíveis possam usar meios de coerção, somente as primeiras podem valer-se de meios de sub-rogação: só elas autorizam a prestação por um terceiro, às expensas do devedor. As infungíveis só poderão valer-se dos meios de coerção, e se eles se revelarem ineficazes, só restará a conversão em perdas e danos.
37. A execução específica das obrigações de fazer fungíveis prescinde da participação do próprio devedor, enquanto a das obrigações infungíveis exige a sua colaboração.
· EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER FUNGÍVEIS (PROCEDIMENTO)
38. Vem tratada a partir do art. 815 do CPC. O juiz determinará a citação do devedor para que, no prazo estabelecido no título, satisfaça a obrigação. Se o título não indicar prazo, o juiz o fixará.
39. COM A CITAÇÃO, CORRERÃO DOIS PRAZOS INDEPENDENTES, cuja contagem far-se-á na forma do art. 231 do CPC:
■ aquele prazo assinalado no título ou fixado pelo juiz, para que a obrigação seja cumprida. Mesmo que seja fungível, é possível que o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, fixe multa periódica, para o não cumprimento. Não sendo eficazes os meios de coerção, e persistindo o inadimplemento, o credor pode optar entre a execução específica por sub-rogação ou a conversão em perdas e danos, que exigirá prévia liquidação incidente;
■ o prazo de quinze dias para o devedor opor embargos, que corre independentemente de ele cumprir ou não a obrigação.
· EXECUÇÃO ESPECÍFICA POR SUB-ROGAÇÃO
40. Se o devedor não cumprir a obrigação fungível, o credor poderá requerer que outra pessoa a cumpra no seu lugar e às suas expensas.
41. O juiz nomeará pessoa idônea que possa prestar o fato às custas do devedor. A nomeação é livre, podendo o juiz determinar que o credor forneça indicações.
42. O terceiro apresentará proposta para realização do serviço, que será examinada pelo juiz, depois de ouvidas as partes. Se acolhida, o exequente antecipará as despesas.
43. Depois que o serviço for prestado, as partes serão ouvidas no prazo de dez dias, e, se não houver impugnações procedentes, se dará por cumprida a obrigação, passando-se à execução do devedor, pela quantia que o credor teve de pagar ao terceiro.
44. Se o serviço não for prestado pelo terceiro, ou o for de maneira incompleta, o credor poderá pedir ao juiz que o autorize a concluir a obra, à custa do terceiro, no prazo de 15 dias.
45. Caso o próprio credor queira realizar o serviço, terá direito de preferência sobre os outros, que deverá ser exercido no prazo de cinco dias.
46. A execução específica por sub-rogação é opção do credor; se ele acha que o procedimento é trabalhoso ou excessivamente oneroso, pode requerer a utilização dos meios de coerção, e se forem ineficazes, a conversão em perdas e danos.
· EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER INFUNGÍVEIS (PROCEDIMENTO)
47. Como não há possibilidade de uso dos meios de sub-rogação, o juiz utilizará os de coerção, para pressionar a vontade do devedor a cumprir, ele próprio, a obrigação. Para tanto, poderá valer-se dos meios previstos no art. 536, § 1º, do CPC. Mas, se todos resultarem ineficazes e o devedor persistir na recusa, só restará a conversão em perdas e danos.
· EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER (PROCEDIMENTO)
48. Só se pode falar em execução de obrigação de não fazer quando o devedor pratica o ato do qual, por força do título executivo, estava obrigado a abster-se. 
49. A obrigação, que tem conteúdo negativo, acaba adquirindo caráter positivo, porque, se o devedor a descumprir, será obrigado a desfazer aquilo a que, por força do título, não deveria ter realizado.
50. Não há propriamente execução de obrigação de não fazer, mas, sim, de desfazer aquilo que foi indevidamente feito. E o desfazer não pressupõe inércia do devedor, mas ação. 
51. Se alguém constrói sobre um terreno em que não poderia, a execução terá por objeto o desfazimento da obra, e não qualquer abstenção. Não há como executar um non facere, mas apenas um facere.
52. Se o desfazimento for possível, o juiz mandará citar o devedor, fixando um prazo para que ele desfaça o que realizou indevidamente, sob pena de multa; se o desfazimento puder ser feito por terceiro, e o exequente o requerer, o juiz deferirá, utilizando o mesmo procedimento previsto para as obrigações de fazer. 
53. Quando não for mais possível o desfazimento, só restará a conversão em perdas e danos.
· EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE
54. Dentre todas as formas de execução, a mais comum é a por quantia certa. Nela, o credor pretende não mais que o devedor entregue um bem, nem que faça ou desfaça alguma coisa, mas que pague determinada quantia em dinheiro.
55. A técnica de que faz uso esse tipo de execução é, em regra, a sub-rogação, embora excepcionalmente se admita a coerção (art. 139, IV, do CPC). 
56. Se o devedor não paga, o Estado-juiz toma de seu patrimônio dinheiro ou bens suficientes para fazer frente ao débito. 
57. Se a penhora recair sobre dinheiro, o valor será entregue em pagamento ao credor, no momento oportuno; se sobre bens, será necessária a conversão em dinheiro, a menos que o credor aceite ficar com eles, como forma de satisfação do débito. 
58. A CONVERSÃO far-se-á por meio da alienação, de iniciativa particular ou em leilão judicial eletrônico ou presencial.
59. De maneira geral, a execução por quantia fundada em título extrajudicial compreende os seguintes atos:
■ petição inicial;
■ exame da inicial pelo juiz, do qual pode resultar o seu indeferimento ou recebimento, com a determinação de que o executado seja citado e intimado do prazo para o oferecimento de embargos. No despacho inicial, o juiz já fixará os honorários advocatícios em 10% para a hipótese de pagamento;
■ a citação do devedor, para pagar em três dias sob pena de penhora. Se ele fizer o pagamento dentro do prazo, os honorários fixados no despacho inicial serão reduzidos à metade. Satisfeita a obrigação, será extinta a execução. Se não, após os três dias serão feitas a penhora e a avaliação de bens do devedor;
■ com a juntada aos autos do mandado de citação, passa a correr o prazo de quinze dias para embargos, independentemente de ter ou não havido penhora. Os honorários advocatícios poderão ser elevados até 20%, quando rejeitados os embargos. Mesmo que não haja embargos, os honorários poderão ser elevados ao final do procedimento executivo, levando em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente;
■ se os embargos não forem opostos, se forem recebidos sem efeito suspensivo, ou se julgados improcedentes, passar-se-á à fase de expropriação de bens. Cada uma dessas fases será examinada em item apartado.
· PETIÇÃO INICIAL
60. Há algumas peculiaridadesna inicial do processo de execução por quantia certa, fundada em título extrajudicial. Além dos requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC, mencionados no item 2.1, supra, o credor a instruirá com memória discriminada do cálculo, indicando o débito e seus acréscimos. A memória tem de ser tal que permita ao réu e ao juiz verificar o valor originário, a data de vencimento, os acréscimos e as deduções. O demonstrativo do débito deve conter todas as informações exigidas pelo art. 798, parágrafo único, do CPC.
61. Se o credor desejar, poderá já indicar sobre qual bem deve a penhora recair, já que hoje é dele a prioridade na indicação.
· DESPACHO INICIAL
62. O juiz examinará a inicial. Se tiver falhas, concederá quinze dias ao exequente para saná-las. Se não, determinará a citação do devedor para que pague em três dias, sob pena de penhora. O devedor não é mais citado para pagar ou nomear bens à penhora, como antigamente, porque a prioridade de nomeação é do credor.
63. O juiz ainda fixará em 10% os honorários advocatícios devidos ao credor, que serão reduzidos à metade, caso haja o pagamento no prazo fixado.
· CITAÇÃO
64. Na execução por quantia, a citação é para que o executado pague em três dias, sob pena de penhora, e também para que tome ciência do prazo de quinze dias para opor embargos de devedor.
65. Com a citação, passam a fluir dois prazos distintos para o devedor: o de três dias para pagar e o de quinze para oferecer embargos. Mas eles NÃO CORREM DO MESMO INSTANTE, pois o de três dias tem início a partir da efetiva citação do devedor, ao passo que o de quinze só corre quando o mandado cumprido for juntado aos autos.
66. Por essa razão, convém que o mandado seja expedido em duas vias. Feita a citação, o oficial de justiça reterá uma consigo e devolverá a outra ao cartório para que seja juntada aos autos. Embora a lei se refira a mandado, não há mais óbice em que a citação seja feita por carta. Contudo, a penhora e demais atos de constrição deverão ser feitas sempre por mandado.
67. O oficial aguardará o pagamento por três dias. Se não ocorrer, com a via do mandado que reteve consigo, fará a penhora, de preferência daqueles bens indicados pelo credor. Se não houver indicação, daqueles que, em diligência, localizar. Se não forem localizados bens, o juiz poderá determinar que o devedor os indique. Se ele os tiver, e não indicar, haverá ato atentatório à dignidade da justiça (art. 774, IV, do CPC), que sujeitará o devedor às penas do art. 774, parágrafo único.
68. Com a juntada aos autos do mandado de citação, realizada ou não a penhora, fluirá o prazo de quinze dias para os embargos de devedor. A contagem do prazo faz-se na forma determinada pelo art. 231 do CPC.
· O ARRESTO
69. O art. 830 do CPC trata da hipótese de o oficial de justiça não localizar o devedor para citá-lo, mas encontrar seus bens. Para que não desapareçam nem se percam, manda que ele os arreste. Trata-se do arresto executivo, constrição que se realiza antes que o devedor seja citado, quando ele não é localizado, mas os seus bens são.
70. O arresto executivo é sempre prévio à citação, ao contrário da penhora, sempre posterior. Ele se converterá em penhora, depois que a citação se efetivar. Por isso, é considerado ato preparatório, realizado com todas as formalidades que a penhora exige.
71. Para que se aperfeiçoe, é preciso que o oficial de justiça lavre um termo e nomeie depositário, que terá por incumbência zelar pela preservação do bem.
72. Feito o arresto, o oficial de justiça procurará o devedor por duas vezes, nos dez dias seguintes, em dias distintos.
 
73. Se o encontrar, fará a citação pessoal, e o arresto converter-se-á em penhora. Se não, será feita a citação ficta com hora certa, em caso de suspeita de ocultação ou por edital, nos casos previstos em lei (art. 256, do CPC).
· CURADOR ESPECIAL
74. Sendo ficta a citação, por edital ou com hora certa, se o devedor não comparecer, será necessário dar-lhe curador especial (Súmula 196, do STJ), que terá poderes para opor embargos de devedor.
75. Há controvérsia se o curador estaria obrigado a aforá-los, ainda que por negativa geral, caso não tenha outros elementos. Prevalece, com razão, o entendimento de que só devem ser apresentados se ele tiver o que alegar, não sendo admissíveis os opostos por negativa geral, já que não constituem um incidente de defesa, mas verdadeira ação.
76. Sem elementos para embargar, o curador acompanhará a execução, manifestando-se em todos os seus incidentes, para preservar eventuais direitos do devedor.
· DO PAGAMENTO
77. Para que seja extinta a execução, o devedor deverá fazer o pagamento integral do débito, acrescido de correção monetária, juros de mora, eventual multa e os honorários advocatícios fixados no despacho inicial, reduzidos à metade se o pagamento for feito dentro do prazo.
· DA PENHORA E DO DEPÓSITO
78. A PENHORA é ato de constrição que tem por fim individualizar os bens do patrimônio do devedor que ficarão afetados ao pagamento do débito e que serão excutidos oportunamente. É ato fundamental de toda e qualquer execução por quantia, sem o qual não se pode alcançar a satisfação do credor.
79. Ao promover a execução, o credor, já na petição inicial, poderá indicar os bens do devedor que deseja ver penhorados. 
80. O art. 835 estabelece a ordem de prioridade dos bens penhoráveis, mas não tem caráter rígido. Haverá situações em que a gradação legal deverá ser posta em segundo plano, quando as circunstâncias indicarem que é mais conveniente aos interesses das partes e ao bom desfecho do processo.
81. Não havendo indicação do credor, cumprirá ao oficial de justiça, munido do mandado, buscar bens do devedor, suficientes para a garantia do débito, observadas as hipóteses de impenhorabilidade do art. 833 do CPC e da Lei n. 8.009/90.
82. Se o credor não indicar e o oficial de justiça não localizar bens, o juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício ou a requerimento do credor, intimar o devedor para que os indique. Se ele, tendo bens, deixar de informar, incorrerá nas penas do ato atentatório à dignidade da justiça.
83. Por meio da penhora, os bens do devedor serão apreendidos e deixados sob a guarda de um depositário.
84. Enquanto não tiver havido o depósito, a penhora não estará perfeita e acabada. Para a sua efetivação, o oficial de justiça poderá solicitar, se necessário, ordem de arrombamento, podendo o juiz determinar o auxílio da força policial.
85. Ela recairá sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios.
86. Se o bem estiver em outra comarca, haverá expedição de carta precatória para que a penhora seja efetivada.
· A PENHORA DE IMÓVEIS E VEÍCULOS AUTOMOTORES
87. A penhora de bens imóveis e veículos automotores vem regulada especificamente no art. 845, § 1º, do CPC.
88. Ela pode ser realizada por auto ou por termo. Por auto, quando realizada por oficial de justiça, o que só ocorrerá se o credor assim preferir, ou se houver alguma razão para a intervenção do oficial, como, por exemplo, a recusa do devedor em entregar a posse do imóvel ao depositário.
89. Se houver nos autos certidão imobiliária, a penhora de imóveis poderá dispensar a participação do oficial de justiça e ser realizada por termo. Não será necessário que o oficial vá ao local, nem que descreva o imóvel, já identificado pela certidão. 
90. O mesmo ocorrerá em relação aos veículos automotores, quando apresentada certidão que ateste a sua existência.
 
91. A penhora por termo tem a vantagem de poder ser realizada mesmo que o bem esteja em outra comarca.
· PENHORA DE CRÉDITOS E PENHORA NO ROSTO DOS AUTOS
92. A penhora pode recair em bens corpóreos ou incorpóreos, como créditos. 
93. Se o crédito estiver consubstanciado em letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque ou outros títulos, far-se-á pela apreensão do documento, esteja ou não este em poder do executado. 
94. Porém, mesmo sem a apreensão, se o terceiro confessar a dívida, será tido como depositário da importância,considerando-se feita a penhora com: 
a) a intimação ao terceiro devedor para que não pague ao executado, seu credor; ou
b) a intimação ao executado, credor do terceiro, para que não pratique ato de disposição do crédito. Com a intimação, o terceiro só se exonerará da obrigação depositando em juízo a importância da dívida.
95. Se a penhora recair sobre direito e ação do executado, não tendo havido embargos ou sendo eles rejeitados, o exequente se sub-rogará nos direitos do executado.
96. A penhora no rosto dos autos é a que recai sobre eventual direito do executado, discutido em processo judicial.
97. Enquanto não julgado o crédito, o devedor tem uma expectativa de direito, que só vai se transformar em direito efetivo se a sua pretensão for acolhida.
98. É possível efetuar a penhora dessa expectativa, no processo em que o executado demanda contra terceiros.
99. Caso ele saia vitorioso, a penhora terá por objeto os bens ou créditos que lhe forem reconhecidos ou adjudicados; caso seja derrotado, ficará sem efeito. O nome vem de ela ser realizada nos autos do processo em que o executado discute o seu direito. O procedimento deve observar o disposto no art. 860. 
100. O oficial de justiça intima o escrivão que cuida desse processo a anotar no rosto dos autos que os direitos eventuais do devedor naquele processo estão penhorados.
101. Feita a penhora no rosto dos autos, o exequente terá três alternativas:
■ aguardar o desfecho do processo em que o executado litiga com terceiro;
■ tentar alienar o direito litigioso, o que não será fácil diante das dificuldades de encontrar arrematantes;
■ sub-rogar-se nos direitos do executado, tornando-se titular do direito litigioso.
· PENHORA “ON-LINE”
102. É a que se realiza por meio de comandos emitidos às unidades supervisoras das instituições financeiras para que sejam bloqueadas as contas bancárias do devedor no País.
103. O art. 854 do CPC autoriza o juiz a, por via eletrônica, requisitar informações e determinar a indisponibilidade de ativos do executado, que estejam em depósito nas instituições financeiras do País, sem prévio conhecimento dele. Esse instrumento tem sido de grande eficácia na localização de valores do devedor. 
104. Como o dinheiro é o bem sobre o qual há prioridade de penhora, nos termos do art. 835, § 1º, CPC, não há necessidade de que primeiro se tente a localização de outros bens. Basta que o devedor não pague no prazo de três dias a contar da citação para que a medida esteja autorizada.
105. Efetuado o bloqueio, o executado será intimado, na pessoa de seu advogado constituído ou pessoalmente.
106. Pode ocorrer que o bloqueio recaia sobre valores impenhoráveis, como vencimentos ou cadernetas de poupança de até quarenta salários mínimos do devedor. Bastará que este o comprove no prazo de cinco dias para que o juízo determine a liberação, o que deve ser feito no prazo de 24 horas.
107. Caso o executado não se manifeste no prazo de cinco dias, ou caso suas alegações sejam rejeitadas, o bloqueio converter-se-á de pleno direito em penhora e o valor será transferido para conta vinculada ao juízo, onde ficará penhorado até o levantamento pelo credor, sem a necessidade de lavratura de termo.
108. As instituições financeiras responderão pelos prejuízos causados ao executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como pelo não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 horas, quando o juiz assim o determinar.
· PENHORA DE QUOTAS OU DAS AÇÕES DE SOCIEDADES PERSONIFICADAS
109. Tem procedimento específico, instituído pelo art. 861 do CPC. Feita a penhora, o juiz assinará prazo razoável, não superior a três meses, para que a sociedade apresente balanço comercial, na forma da lei, ofereça as quotas ou ações aos demais sócios, observado o direito de preferência legal ou contratual e, não havendo interesse dos sócios na aquisição das ações, proceda à liquidação das quotas ou das ações, depositado em juízo o valor apurado, em dinheiro.
· PENHORA DE EMPRESA, DE OUTROS ESTABELECIMENTOS OU SEMOVENTES
110. Deverá ser nomeado um administrador que, em 10 dias, apresentará um plano de administração, sobre o qual as partes serão ouvidas, após o que o juiz decidirá. 
111. As partes, de comum acordo, poderão ajustar a forma de administração e escolher o depositário, o que o juiz homologará por despacho. 
112. No plano, o administrador deverá indicar a forma pela qual a empresa ou o estabelecimento será gerido e a forma de pagamento do exequente, devendo prestar contas de sua gestão.
· PENHORA DE PERCENTUAL DE FATURAMENTO DE EMPRESA
113. Vem prevista no art. 866 do CPC. Não deve ser deferida em qualquer situação, mas apenas se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito do executado. 
114. A penhora recairá sobre um percentual do faturamento, que deverá ser fixado pelo juiz, de forma que propicie a satisfação do exequente em tempo razoável, sem comprometer o exercício da atividade empresarial.
115. Para viabilizar a penhora, será nomeado um administrador-depositário, o qual deverá submeter à aprovação judicial a sua forma de atuação, prestando contas mensalmente e entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais.
· PENHORA DE FRUTOS E RENDIMENTOS DE COISA MÓVEL OU IMÓVEL
116. Pode a penhora recair não sobre a coisa, mas sobre os frutos e rendimentos que ela produza. 
117. O juiz a deferirá quando considerar a forma mais eficiente para o recebimento do crédito e menos gravosa ao executado.
118. Por exemplo, é possível ao juiz determinar não a penhora de um imóvel do executado, mas dos aluguéis que ele renda. 
119. A penhora de frutos e rendimentos exige a nomeação de um administrador-depositório, que ficará investido de todos os poderes que concernem à administração do bem e à fruição de seus frutos e utilidades, perdendo o executado o direito de gozo do bem, até a satisfação do exequente. 
120. Em se tratando de imóveis, é necessário promover a averbação no Oficial de Registro de Imóveis. Só então a penhora terá eficácia em relação a terceiros.
121. Caso não se trate de bem imóvel, a eficácia em relação a terceiros dar-se-á a partir da publicação da decisão que conceda a medida. 
122. A nomeação do administrador-depositário pode recair sobre o exequente ou sobre o executado, ouvida a parte contrária, e, não havendo acordo, sobre profissional qualificado para o desempenho da função.
· AVERBAÇÃO DA PENHORA
123. Se ela recair sobre imóvel, o exequente deve providenciar para que seja averbada no Cartório de Registro de Imóveis. É o que determina o art. 844 do CPC. Também deverá ser providenciada a averbação da penhora de veículos e outros bens, sujeitos a registro no órgão competente.
124. A averbação não é ato integrante da penhora, que se aperfeiçoa de maneira válida e eficaz, ainda que ela não seja feita. 
125. A finalidade da averbação é torná-la pública, com eficácia erga omnes.
126. Embora não seja condição de validade da penhora, cumpre ao credor precavido promovê-la para que ninguém possa alegar que a ignorava. 
127. A averbação gera presunção absoluta de conhecimento, por terceiros, da penhora.
128. A principal vantagem é que, se o bem for alienado pelo executado, os adquirentes — tanto o primeiro quanto os subsequentes — não poderão alegar boa-fé para afastar a fraude à execução. 
129. A Súmula 375 do STJ deixa claro que a alienação de bens após o registro da penhora será considerada em fraude à execução; se anterior, a fraude dependerá de prova de má-fé do devedor (fica ressalvada a utilização do art. 828 em que há a averbação das certidões da admissão da execução, a partir do qual estará configurada também a má-fé).
130. A averbação da penhora é feita pela apresentação de cópia do auto ou do termo ao Cartório de Registro de Imóveis ou por meio eletrônico (art. 837), não havendo necessidade de mandado judicial.· SUBSTITUIÇÃO DO BEM PENHORADO
131. O CPC trata da substituição dos bens penhorados por outros nos arts. 847 a 858 do CPC.
132. De acordo com o art. 848, a substituição poderá ser deferida pelo juiz, a requerimento de qualquer das partes quando a penhora:
■ não obedece à ordem legal (art. 835, do CPC);
■ não incide sobre os bens designados por lei, contrato ou ato judicial para o pagamento, como, por exemplo, nos contratos que instituem hipotecas, nos quais a penhora deve recair sobre o bem hipotecado;
■ recai sobre bens situados em outro foro, que não o de execução, havendo bens neste;
■ recai sobre bens já penhorados ou gravados, quando há outros livres;
■ incide sobre bens de baixa liquidez;
■ fracasse na tentativa de alienação judicial do bem; ou
■ o executado não indique o valor dos bens ou omita qualquer das indicações previstas em lei.
133. Prevê-se, ainda, a possibilidade de substituição do bem por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao débito objeto da execução, acrescido de 30% (art. 848, parágrafo único).
134. O procedimento da substituição será o do art. 853 do CPC.
135. O art. 847 autoriza substituição a requerimento do executado quando, no prazo de dez dias contados da intimação da penhora, comprovar que a substituição não trará prejuízo algum ao exequente e será menos onerosa para ele.
136. É sempre possível ao devedor requerer a substituição do bem penhorado por dinheiro, o que será vantajoso para o credor, pois tornará desnecessária a fase de expropriação judicial. 
137. O pedido de substituição por dinheiro não se confunde com o pagamento, em que o devedor abre mão de qualquer defesa e concorda em que haja desde logo o levantamento para pôr fim à execução.
· SEGUNDA PENHORA
138. O art. 851 do CPC prevê a realização de uma segunda penhora quando:
■ a primeira for anulada;
■ executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do exequente;
■ o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens, ou por estarem submetidos à constrição judicial.
· REDUÇÃO OU AMPLIAÇÃO DA PENHORA
139. O art. 874 do CPC prevê a ampliação ou redução da penhora quando, após a avaliação dos bens penhorados, concluir-se que há manifesta desproporção em relação ao valor do débito. Será necessário requerimento das partes, não cabendo ao juiz determiná-las de ofício.
140. Antes de decidir, ele deverá ouvir a parte contrária. Diante do que dispõe o art. 874, a ampliação ou redução será, em regra, feita após a avaliação, porque só então será possível cotejar o valor dos bens com o do débito. Mas admite-se que possam ocorrer antes, se a desproporção for de tal forma manifesta, que possa ser constatada antes mesmo de os bens serem avaliados.
141. O art. 850 ainda admite a redução ou a ampliação da penhora, bem como a sua transferência para outros bens, se, no curso do processo, o valor de mercado dos bens penhorados sofrer alteração significativa.
· PLURALIDADE DE PENHORAS SOBRE O MESMO BEM — PREFERÊNCIA
142. Não há impedimento de que o mesmo bem seja penhorado mais de uma vez, em execuções diferentes, já que o seu valor pode ser suficiente para garantir débitos distintos.
143. Se isso ocorrer, o bem pode ser levado a leilão judicial em qualquer das execuções nas quais tenha sido penhorado. Surgirá uma concorrência entre os vários credores para saber quem terá prioridade de levantamento do produto da alienação. 
144. O art. 908 do CPC trata do tema. Dispõe o caput: “Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas preferências”. 
145. E o § 2º acrescenta: “Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será distribuído entre os concorrentes, observada a anterioridade de cada penhora”. 
146. Para que o juiz possa decidir, os exequentes formularão as suas pretensões, que versarão exclusivamente sobre o direito de preferência e a anterioridade da penhora.
147. A redação do art. 908 e seus parágrafos permite concluir que, feita a alienação do bem, os levantamentos deverão obedecer à seguinte ordem:
■ primeiro, haverá necessidade de verificar se há algum credor preferencial, como o trabalhista, o fiscal, com
garantia real e o credor condominial. Se houver mais de um, será preciso verificar a ordem das prelações;
■ não havendo credores preferenciais, mas apenas quirografários, respeitar-se-á a prioridade das penhoras,
tendo preferência aquele credor que promoveu a primeira penhora do bem, e assim sucessivamente.
148. A prioridade é dada pela efetivação da penhora, e não pela sua averbação no Registro de Imóveis, nem pela anterioridade do ajuizamento da execução. 
149. Nem sempre terá prioridade de levantamento o credor que promoveu a execução na qual o leilão se realizou.
· O DEPOSITÁRIO
150. A penhora só se reputa perfeita e acabada quando os bens, móveis ou imóveis, são confiados aos cuidados e à guarda do depositário. É o que dispõe o art. 839, caput, do CPC: “Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia”.
151. No auto de penhora constará a nomeação do depositário, que deverá assiná-lo. Mas o depositário que não deseja o encargo poderá recusar a nomeação. A Súmula 319 do STJ esclarece que ninguém é obrigado a assumi-lo contra a própria vontade.
152. O art. 840 do CPC estabelece a ordem de prioridade de nomeação do depositário. 
153. Quando se tratar de penhora de dinheiro, papéis de crédito e pedras ou metais preciosos, o depósito será feito no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal ou no banco do qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado. 
154. Quando se tratar de bem móvel, semovente, imóvel urbano ou direito aquisitivo sobre imóvel urbano, será feito em poder do depositário judicial. 
155. Caso não haja depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente, mas poderão ficar em poder do executado se forem de difícil remoção ou se o exequente anuir. 
156. Os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais, as máquinas, os utensílios e os instrumentos necessários ou úteis à atividade agrícola, mediante caução idônea, ficarão em poder do executado.
· RESPONSABILIDADE DO DEPOSITÁRIO
157. Cumpre-lhe a guarda e preservação dos bens penhorados. 
158. O depositário judicial não se confunde com o contratual, já que exerce o seu encargo por determinação judicial. Não tem, por isso, posse, mas mera detenção do bem. Deve cumprir estritamente as determinações judiciais, apresentando a coisa, assim que determinado. 
159. Se o bem for arrematado ou adjudicado, deve entregá-lo ao adquirente, quando o juiz determinar. 
160. Se não o fizer, basta que o adquirente requeira, no processo de execução, que se expeça mandado de imissão na posse ou busca e apreensão, não havendo necessidade de propor ação autônoma.
161. Não há mais a possibilidade de ser decretada a prisão civil do depositário infiel, mesmo do judicial, afastada pelo STF, que a restringiu tão somente ao inadimplemento de dívida de alimentos.
· DA AVALIAÇÃO DE BENS
162. Cumpre ao oficial de justiça, ao realizar a penhora, promover a avaliação do bem, valendo-se de todos os elementos ao seu alcance, como consultas a anúncios e classificados de jornais, pesquisas em imobiliárias, informações de corretores, elementos trazidos pelas próprias partes, ou qualquer outro meio idôneo.
163. Se ele verificar que não tem condições de fazê-lo, porque a avaliação exige conhecimentos técnicos especializados, fará uma informação ao juízo, que então poderá nomear um perito avaliador.
164. A hipótese deve ser excepcional, e, ao fazer a informação, o oficial de justiça deve justificar as razões para eximir-se. Mas haverá casos que, por sua natureza ou especificidades técnicas, exigirão conhecimento de um perito.
165. Quando possível, a avaliação pelo oficial traz grandes vantagens em ganho de tempo e contenção de despesas.
166.Se houver designação de perito, os seus honorários serão antecipados pelo credor, mas incluídos no cálculo do débito. Como não se trata propriamente de prova pericial, não é dado às partes formular quesitos ou indicar assistentes técnicos, uma vez que a finalidade única da diligência é avaliar o bem. 
167. O laudo deverá ser entregue no prazo de 10 dias.
168. As partes poderão impugnar a avaliação, tanto do oficial de justiça quanto do perito, cabendo ao juiz decidir se acolhe ou não o laudo. Se necessário, serão solicitados esclarecimentos ao avaliador.
· DISPENSA DE AVALIAÇÃO
169. O art. 871 do CPC dispensa a avaliação quando:
■ uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra;
■ tratar-se de títulos ou mercadorias que tenham cotação em bolsa comprovada por certidão ou publicação oficial;
■ tratar-se de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de crédito negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial;
■ tratar-se de veículos automotores ou de outros bens cujo preço médio de mercado possa ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios de venda divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a quem fizer a nomeação o encargo de comprovar a cotação de mercado.
· NOVA AVALIAÇÃO
170. Não se fará nova avaliação dos mesmos bens, salvo nas hipóteses do art. 873, quando ficar constatado que houve erro na avaliação ou dolo do avaliador; se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição do valor dos bens; ou quando houver fundada dúvida sobre o valor a eles atribuído na primeira avaliação.
171. Nos casos em que a penhora for feita por termo nos autos — como a de bens imóveis — será expedido apenas mandado de avaliação, a ser cumprido pelo oficial de justiça.
· Intimação do executado
172. Formalizada a penhora, o executado será intimado. A intimação é necessária para que o devedor possa tomar ciência do bem que foi penhorado, podendo apontar eventuais equívocos, por ter havido, por exemplo, constrição de bem impenhorável.
173. A intimação será dirigida ao advogado do devedor, ou à sociedade de advogados a que ele pertence, salvo se ele não o tiver, caso em que deverá ser pessoal, de preferência por via postal. 
174. Caso a penhora tenha sido feita na presença do executado, a intimação é dispensável. Reputar-se-á intimado o executado que tiver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo.
· Outras intimações
175. Além do devedor, deverão ser intimadas outras pessoas, que não figuram como partes na execução:
a) o cônjuge, quando a penhora recair sobre bem imóvel ou direito real sobre bem imóvel: (art. 842, do CPC). Mesmo que o bem penhorado pertença só a um dos cônjuges, o outro precisa ser intimado, ainda que não figure como parte na execução. Também se houver penhora de meação do marido em determinado imóvel, deve ser intimada a mulher. É o mesmo que ocorre com a outorga uxória para a alienação de bens imóveis ou para o ajuizamento de ações que versem sobre direito real em bens imóveis, necessárias mesmo que o imóvel pertença a um só dos cônjuges.
176. Dispensa-se a intimação do cônjuge se o imóvel pertence somente ao executado, e o regime de bens de casamento é o da separação absoluta de bens, isto é, aquele em que os cônjuges, por pacto antenupcial, optaram pela separação (ou no regime da participação nos aquestos quando consta expressamente do pacto a dispensa recíproca de outorga uxória). Conquanto a lei se refira à intimação, tem prevalecido o entendimento de que se trata de verdadeira citação, uma vez que o cônjuge poderá ingressar na execução, valendo-se até mesmo de embargos à execução. Ele poderá valer-se de embargos de terceiro quando quiser livrar da penhora bens de sua meação, comprovando que não tem responsabilidade pela dívida; ou de embargos de devedor, quando quiser discutir o débito, e defender o patrimônio do devedor.
b) o credor com garantia real: (art. 799, I, do CPC). “Incumbe ainda ao exequente requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária”. A exigência deve ser observada sob pena de ineficácia da alienação do bem, nos termos do art. 804 do CPC. Sua função é assegurar o direito de preferência ao credor com garantia real sobre o produto da arrematação.
c) o titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou habitação.
d) o promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada.
e) o promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada.
· ■ 6.12. EXPROPRIAÇÃO
· ■ 6.12.1. INTRODUÇÃO
177. É por meio da EXPROPRIAÇÃO que o credor alcançará a satisfação de seus direitos na execução por quantia. Ela pode fazer-se de três maneiras: com a entrega do bem ao próprio credor, como pagamento total ou parcial do débito, numa espécie de dação compulsória em pagamento; com a alienação dos bens, que pode ser particular ou pública, para converter o bem em pecúnia, promovendo-se o pagamento do credor; ou pela apropriação de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel.
178. Há uma ordem de preferência entre os meios de expropriação. A princípio, deve-se verificar se há interessados na adjudicação do bem. Somente se não houver, será determinada a alienação, que poderá ser feita por iniciativa particular, se o credor o preferir; ou em leilão judicial, eletrônico ou presencial.
179. A prioridade da adjudicação se justifica, pois ela realiza-se sem despesas, pelo valor de avaliação, ao passo que o leilão judicial exige gastos de monta com a publicação de editais e intimações, permitindo a arrematação por valor inferior ao da avaliação, desde que não seja vil.
· ADJUDICAÇÃO
180. É forma indireta de satisfação do credor, que se dá pela transferência a ele ou aos terceiros legitimados, da propriedade dos bens penhorados.
181. Quando deferida ao exequente, guarda semelhanças com a dação em pagamento, já que ele apropria-se do bem como pagamento parcial ou total do débito. No entanto, distingue-se dela, que é forma voluntária de cumprimento das obrigações, ao passo que a adjudicação é forma de expropriação forçada.
182. Quando deferida a outros legitimados, cumpre-lhes depositar o valor de avaliação, para que possa ser levantado pelo credor.
183. Difere da arrematação, na qual o bem é posto em leilão judicial, podendo ser arrematado por qualquer interessado e por valor até mesmo inferior ao de avaliação. 
184. Se o credor, ou qualquer interessado, quiser apropriar-se do bem por menos do que o valor de avaliação, terá que tentar fazê-lo em leilão.
185. A adjudicação pode ter por objeto bens móveis ou imóveis e só pode ser feita pelo valor de avaliação.
186. Depois que o bem tiver sido avaliado, os legitimados poderão requerer a adjudicação a qualquer tempo, enquanto não tiver sido realizada a alienação particular ou em leilão judicial.
· LEGITIMIDADE
187. A lei atribui legitimidade para requerer a adjudicação ao próprio exequente, aos indicados no art. 889, incisos II a VIII e aos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem.
188. Também podem requerê-la o cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente do executado.
189. Se mais de um legitimado se apresentar, será feita uma licitação entre eles. Aquele que oferecer maior valor terá preferência, caso em que o bem poderá alcançar valores superiores aos de avaliação.
190. Em caso de empate, terão preferência o cônjuge, o companheiro, os descendentes e os ascendentes do devedor, nessa ordem.
191. Se a adjudicação for requerida pelo exequente, o valor de avaliação será abatido do débito, prosseguindo-se a execução pelo saldo remanescente. 
192. Se o valor do débito for menor do que o do bem, o exequente deverá depositar adiferença.
193. Se a adjudicação for deferida aos demais legitimados, cumprir-lhes-á depositar integralmente o preço em juízo.
194. Salvo se o for em favor de algum credor que tenha preferência, na forma do art. 908 do CPC, caso em que o preço servirá para abater o débito desse credor, e não daquele que promoveu a execução, onde o leilão for realizado.
· ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR
195. A alienação será feita pelo próprio credor, ou por meio de corretores que deverão ser credenciados perante a autoridade judiciária.
196. O juiz deverá estabelecer as regras para a venda da coisa, a forma de publicidade, o preço mínimo, as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem.
197. Embora a lei não o diga expressamente, o preço mínimo não poderá ser inferior ao valor da avaliação, mas a questão é controvertida, havendo aqueles que sustentam que, à míngua de exigência expressa, a venda poderá ser feita por qualquer preço, desde que não seja vil, devendo o juiz fixá-lo de antemão.
198. Parece-nos temerária essa solução, diante de eventual urgência do exequente em receber o que lhe é devido e da dificuldade do juízo em estabelecer regras a respeito de preço mínimo. 
199. Se o bem for imóvel, não haverá outorga de escritura pública, pois a alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo exequente e pelo adquirente do bem, que não precisa estar representado por advogado e pelo executado, se estiver presente. O comprador depositará o preço em juízo.
200. Consumada a transação, será expedida a carta de alienação do imóvel, para registro no Cartório de Registro de Imóveis. E mandado de imissão de posse ou ordem de entrega do bem, conforme se trate de bem imóvel ou móvel.
· ALIENAÇÃO EM LEILÃO JUDICIAL
201. Não havendo interessados na adjudicação, nem requerimento do credor para a alienação particular do bem, a expropriação será feita por leilão judicial, a ser realizado por leiloeiro público, à exceção da alienação a cargo de corretores de bolsa de valores. 
202. O leilão judicial, quando possível, será realizado por meio eletrônico. Não sendo possível, será presencial.
203. O leilão judicial substitui a hasta pública, prevista no CPC de 1973, como o mecanismo mais tradicional de conversão dos bens em pecúnia, na execução por quantia, quando não tiverem se viabilizado as formas preferenciais da adjudicação ou alienação particular.
· LEILÃO JUDICIAL
204. O CPC de 1973 distinguia dois tipos de hasta pública: a praça, quando a expropriação envolvia bens imóveis; e o leilão, quando todos os bens eram móveis. A hasta pública foi substituída, no atual CPC, pelo leilão judicial, que presencial. O que conta, nessa classificação, não é o tipo de bem leiloado, mas a forma pela qual o leilão é realizado.
205. O leilão realizado por meio eletrônico deverá observar a regulamentação específica do Conselho Nacional de Justiça, observadas as garantias processuais das partes, atendendo-se aos princípios da ampla publicidade, autenticidade e segurança, e com a observância das regras estabelecidas na legislação sobre a certificação judicial.
206. O leilão presencial será realizado no local determinado pelo juiz, e serão designadas duas datas para a sua realização. Na primeira, os bens só poderão ser arrematados pelo preço de avaliação, enquanto na segunda, por qualquer preço, desde que não seja vil. Por isso, quase sempre, são arrematados em segundo leilão. O edital deverá indicar as duas datas em que ele se realizará. Também deverá indicar o valor de avaliação e o valor mínimo de venda, que deverá ser fixado pelo juiz. Nos termos do art. 891, será considerado vil o lance abaixo do valor mínimo fixado pelo juiz. Se o juiz não o fixar, será reputado como vil o inferior a cinquenta por cento do valor de avaliação.
207. Além de fixar o valor mínimo, caberá ao juiz da execução designar o leiloeiro público, que poderá ser indicado pelo exequente, bem como estabelecer as condições de pagamento e as garantias que poderão ser prestadas pelo arrematante. Caberá ao leiloeiro público designado pelo juiz realizar o leilão onde se encontrem os bens ou onde o juiz determinar, sendo ele o incumbido de publicar o edital anunciando a alienação e de expor aos pretendentes os bens ou as amostras de mercadorias. Também cabe ao leiloeiro receber e depositar em juízo o produto da alienação, dentro de um dia, e prestar contas nos dois dias subsequentes ao depósito. Por seu trabalho, ele faz jus ao recebimento de uma comissão, na forma fixada em lei ou arbitrada pelo juiz.
· PROVIDÊNCIAS PREPARATÓRIAS
208. Designadas as datas, serão necessárias algumas intimações: do executado, por seu advogado, ou, se não tiver procurador constituído nos autos, por carta, mandado, edital ou outro meio idôneo; do coproprietário do bem indivisível, para que possa exercer eventual direito de preferência na aquisição do bem; do titular de usufruto, uso, habitação, enfiteuse, direito de superfície, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre bem gravado com tais direitos reais; do proprietário do terreno submetido ao regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre tais direitos reais; do credor pignoratício, hipotecário, anticrético, fiduciário ou com penhora anteriormente averbada, quando a penhora recair sobre bens com tais gravames, caso não seja o credor, de qualquer modo, parte na execução; do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada; do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada; da União, do Estado e do Município, no caso de alienação do bem tombado.
209. Como interessa que ao leilão acorram interessados, é necessário torná-lo público. Por isso, manda a lei que seja publicado edital, do qual constem as informações mencionadas nos incisos do art. 886. Se não for publicado, haverá nulidade da arrematação.
210. A forma e o prazo de publicação do edital, a ser feita com antecedência mínima de cinco dias do leilão, devem respeitar as exigências do art. 887 do CPC: publicação na rede mundial de computadores ou, não sendo possível ou verificando o juiz as circunstâncias peculiares do caso, a afixação no local de costume e a publicação em jornal de ampla circulação, com antecedência mínima de cinco dias. Se o exequente for beneficiário da justiça gratuita, a publicação em jornal será substituída por outra no Diário Oficial (art. 98, § 1º, III, do CPC).
· A LICITAÇÃO
211. O bem será vendido a quem mais oferecer. Qualquer interessado pode participar da licitação, seja pessoa física ou jurídica, incluído o próprio exequente.
212. Há, no entanto, algumas exceções. A lei exclui da licitação algumas pessoas, seja em função do papel que desempenham no processo, seja em razão da relação que mantém com o executado.
213. Não podem licitar: I — os tutores, os curadores, os testamenteiros, os administradores ou liquidantes, quanto aos bens confiados à sua guarda e responsabilidade; II — os mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam encarregados; III — o juiz, o membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, o escrivão, o chefe de secretaria e demais servidores e auxiliares da justiça, em relação aos bens e direitos objeto de alienação na localidade onde servirem ou a que se estender a sua autoridade; IV — os servidores públicos em geral, quanto aos bens ou aos direitos da pessoa jurídica a que servirem ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; V — os leiloeiros e seus prepostos, quanto aos bens de cuja venda estejam encarregados; VI — os advogados de qualquer das partes.
214. Também não podem participar o arrematante e o fiador remisso, isto é, que não tenham feito o pagamento do lanço que fizeram (art. 897).
215. Nosegundo leilão, o bem poderá ser vendido por qualquer preço que não seja vil. A lei não estabelece valor mínimo, cabendo ao juiz fixá-lo antes da realização do leilão, devendo ele constar do edital. Contudo, se o juiz não o fixar, será considerado vil o valor inferior a 50% da avaliação.
216. Se o bem penhorado for imóvel de incapaz, não havendo lanços que alcancem 80% do valor de avaliação, o juiz suspenderá o leilão por até um ano. Nesse ínterim, se algum interessado quiser a coisa para si, pedirá a realização de novo leilão, assegurando que oferecerá pela coisa o valor de avaliação e apresentando caução idônea. Se o interessado arrepender-se, pagará multa de 20% sobre o valor da avaliação.
217. Quando a penhora recair sobre quota-parte em bem indivisível, o bem inteiro irá à leilão, e o equivalente à quotaparte do coproprietário ou cônjuge alheio à execução deverá recair sobre o produto da alienação do bem. Porém, nesse caso, não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao de avaliação, para que o coproprietário ou cônjuge alheio à execução não sejam prejudicados com o recebimento de menos do que lhes era devido.
· A ARREMATAÇÃO
218. O bem será arrematado por quem mais oferecer, excetuada a hipótese de a oferta ser vil. O preço deve ser pago de imediato pelo arrematante, salvo pronunciamento judicial em sentido contrário, mediante depósito judicial ou meio eletrônico.
219. Se o arrematante for o próprio exequente, sendo ele o único credor, não estará obrigado a exibir o preço, mas se o valor da arrematação exceder o do crédito, ele deverá depositar em três dias a diferença.
220. Admite-se a aquisição do bem penhorado em prestações, devendo ser apresentada proposta por escrito até o início do primeiro leilão, se a proposta for de aquisição pelo valor de avaliação; e até o início do segundo leilão, se a proposta for de aquisição por valor que não seja vil. O procedimento vem regulamentado no art. 895 do CPC.
221. Realizada a arrematação com sucesso, será expedido de imediato o respectivo auto, assinado pelo juiz, arrematante e leiloeiro.
222. A partir do aperfeiçoamento da arrematação, que ocorrerá com a assinatura do auto, passará a correr o prazo de dez dias para que se postule a sua invalidade, quando realizada por preço vil ou com outro vício; ou a sua ineficácia, se não observado o disposto no art. 804, ou ainda a sua resolução, se não for pago ou preço ou prestada a caução.
223. Não sendo impugnada a arrematação no prazo, será expedida a respectiva carta. Ela será levada a registro pelo adquirente, no Cartório de Registro de Imóveis, quando o bem arrematado for imóvel. A partir da expedição da carta, a invalidação da arrematação só poderá ser postulada em ação própria, na qual o arrematante figurará como litisconsorte necessário.
224. O art. 903, § 5º, enumera situações excepcionais em que o arrematante pode desistir da arrematação, postulando imediata restituição do depósito que tiver feito.
· DA APROPRIAÇÃO DE FRUTOS E RENDIMENTOS DE MÓVEL OU IMÓVEL
225. Outra forma de expropriação — além da adjudicação e arrematação — é a apropriação de frutos e rendimentos de bens móveis ou imóveis, regulamentado nos arts. 867 a 869 do CPC.
226. Deferida a penhora sobre eles, o juiz nomeará um administrador, com poderes para gerir a coisa. A ele será dada a posse direta do bem, cabendo-lhe fazer com que produza frutos e rendimentos, que serão utilizados para pagar o credor.
227. O devedor ficará com a posse indireta do bem e manterá a propriedade, que poderá até ser alienada. Aquele que o adquirir saberá da existência do gravame, que persistirá até que o credor seja pago. Daí a necessidade de averbação da penhora no Cartório de Registro de Imóveis.
7. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
228. O art. 910 do CPC trata da execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública, dispondo que ela será citada para opor embargos no prazo de 30 dias, podendo, nos embargos, alegar qualquer defesa que lhe seria lícito apresentar no processo de conhecimento.
 
229. Não há nenhuma peculiaridade no que concerne ao processamento dos embargos. 
230. Quanto ao processo da execução, devem ser aplicadas as mesmas regras relativas ao cumprimento de sentença, que serão examinadas em capítulo próprio, com a ressalva de que a defesa deverá ser apresentada por meio de embargos, e não por impugnação.
· EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
231. Também a execução especial de alimentos poderá estar fundada em título extrajudicial, caso em que o devedor será citado para, em três dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. 
232. Aplicam-se à execução de alimentos por título extrajudicial as mesmas regras do cumprimento de sentença, que serão examinadas em capítulo próprio, com a ressalva de que a defesa deverá ser veiculada por embargos, e não por impugnação.
· DA DEFESA DO DEVEDOR NAS EXECUÇÕES FUNDADAS EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL
233. É feita por meio da ação autônoma de embargos à execução, diferentemente do que ocorre no cumprimento de sentença, em que a defesa deve ser veiculada por impugnação. Esse é mais um dos aspectos em que os dois tipos de execução se distinguem. A diferenciação é relevante porque os embargos têm natureza de ação cognitiva autônoma vinculada à execução, ao passo que a impugnação constitui incidente do cumprimento de sentença.
· DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
234. Constituem o meio de defesa por excelência na execução fundada em título extrajudicial. Não são um incidente da execução, mas uma ação autônoma vinculada à execução, destinada a permitir que o executado apresente as defesas que tiver. Embora sejam ação autônoma e constituam processo autônomo, estão estreitamente vinculados à execução, não sendo possível opô-los, senão para permitir ao executado defender-se.
235. Os embargos têm natureza de ação de conhecimento, pois sua finalidade é permitir que o juiz, ouvindo as defesas do devedor e as alegações do credor, possa formar a sua convicção a respeito da pertinência daquilo que foi alegado. Neles, o contraditório é pleno, e o devedor pode alegar o que quiser em sua defesa. Todos os meios lícitos de prova poderão ser produzidos, e, ao final, o juiz prolatará uma sentença, acolhendo ou rejeitando a pretensão do embargante. Aquilo que for decidido nos embargos poderá repercutir diretamente na execução, determinando o seu prosseguimento, sua eventual extinção ou a modificação de atos que nela tenham sido praticados.
· COMPETÊNCIA
236. Os embargos serão propostos no juízo da execução, razão pela qual devem ser distribuídos por dependência.
237. Trata-se de competência funcional absoluta.
238. Quando a penhora for feita por carta, serão aplicadas as regras do art. 914, § 2º, do CPC: os embargos poderão ser apresentados no juízo deprecante ou no deprecado, “mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação de bens efetuadas no juízo deprecado”. 
239. É preciso que se distinga entre a apresentação dos embargos e o seu processamento e julgamento. A apresentação pode ser feita tanto no juízo deprecante quanto no deprecado. Mas nem sempre o juízo em que são apresentados será competente para julgá-los. Se não for, eles deverão ser encaminhados ao juízo que o for.
240. Mesmo que a penhora seja feita por carta, os embargos serão julgados no juízo da execução, salvo se a matéria alegada for exclusivamente relacionada a vícios da penhora, avaliação ou alienação de bens, caso em que a competência será do juízo deprecado, já que foi nele que tais atos se realizaram.
· DESNECESSIDADE DE GARANTIA DO JUÍZO
241. Já no CPC de 1973, desde a edição da Lei n. 11.382/2006, a apresentação dos embargos prescindia da prévia garantia do juízo, pela penhora ou depósito dos bens.
242. O CPC atual estabelece, no art. 914, caput: “O executado, independentemente de penhora, depósito oucaução, poderá se opor à execução por meio dos embargos”.
243. Portanto, ainda que o devedor não tenha bens, ou eles não sejam localizados, o prazo de embargos fluirá do momento em que houver a citação, observadas as regras sobre o início do prazo, estabelecidas no art. 231 do CPC. 
244. Mesmo que a execução não possa seguir adiante, até a fase de expropriação, sem bens, os embargos serão recebidos, processados e julgados. Com isso, se mais tarde forem localizados e penhorados os bens, eles já poderão estar decididos, passando-se à fase de expropriação.
245. A penhora e a avaliação dos bens poderão ocorrer somente depois que os embargos já tiverem sido julgados.
246. Isso não impedirá que o devedor alegue vícios de uma e outra, por simples petição, no prazo de 15 dias, como determina o art. 917, § 1º, do CPC.
· PRAZO DE EMBARGOS
247. Os embargos deverão ser opostos no prazo de quinze dias, observado o disposto no art. 231 do CPC, que fixa o termo inicial da contagem. Caso se trate de execução por carta, o prazo para embargos, que permanece de quinze dias, será contado na forma do art. 915, § 2º.
248. Não se aplica ao prazo dos embargos o art. 229 do CPC. Ele não se modifica se houver litisconsortes com advogados diferentes, de escritórios distintos, porque os embargos são nova ação, e não incidente da execução.
249. Também não se aplica o art. 231, § 1º, do CPC: havendo mais de um executado, o prazo correrá para cada qual independentemente, conforme forem sendo citados e o comprovante da citação for sendo juntado aos autos. 
250. Para que o prazo tenha início, não é necessário que todos os executados já tenham sido citados. O prazo para cada um será autônomo. Há, no entanto, uma exceção a essa regra: se os executados litisconsortes forem cônjuges ou companheiros, o prazo de embargos contar-se-á da juntada aos autos do último comprovante de citação (art. 915, § 1º, do CPC).
· O PRAZO DE EMBARGOS E O PEDIDO DE PAGAMENTO PARCELADO
251. O art. 916 do CPC traz importante regra, destinada a incentivar e facilitar o pagamento. O devedor, no prazo dos embargos, poderá, depositando 30% do valor da execução, incluindo custas e honorários advocatícios, postular o pagamento do saldo em até seis parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% ao mês.
252. Deferido o pedido, a execução ficará suspensa até o pagamento integral. À medida que o devedor for efetuando os depósitos, o credor poderá requerer o imediato levantamento. Trata-se de uma espécie de moratória, que a lei concede ao devedor disposto a pagar, mas que não tenha condições de fazê-lo de uma só vez.
253. O que há de inovador é que é direito do devedor, não podendo ser recusada pelo credor. Para isso, é preciso que o requerimento seja formulado no prazo estabelecido em lei, que é o dos embargos, que haja o depósito prévio de 30% e o pagamento das prestações. 
254. Feita fora do prazo, ou sem a obediência dos requisitos legais, o credor pode recusar a moratória e exigir o pagamento à vista.
255. Trata-se, portanto, de uma moratória compulsória, contra a qual o credor não se pode opor. Ele será ouvido, mas apenas sobre o preenchimento dos requisitos, no prazo de cinco dias.
256. Nada obsta que, a qualquer momento no curso do processo, o credor conceda outras moratórias, permitindo o parcelamento em quantas vezes quiser, e que dispense o depósito prévio.
257. Por isso, ainda que o devedor formule o pedido de pagamento parcelado fora do prazo, ou sem depositar os 30%, o juiz, antes de indeferi-lo, deve primeiro ouvir o credor, pois pode ser que ele concorde.
258. Deferida a moratória do art. 916, se o devedor deixar de fazer o pagamento de alguma das parcelas, as restantes vencerão antecipadamente e a execução prosseguirá, acrescida de multa de 10% sobre o saldo restante, vedada a oposição de embargos.
259. A possibilidade de pagamento parcelado do débito, na forma do art. 916 do CPC, não se aplica ao cumprimento de sentença, nos termos do art. 916, § 7º.
· OBJETO DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
260. A execução por título extrajudicial não é precedida de nenhum processo. Por isso, os embargos são a primeira oportunidade de o executado defender-se. O art. 917 do CPC trata das defesas que ele pode apresentar, das matérias que pode alegar.
261. Os seus cinco primeiros incisos mencionam temas específicos:
I — inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II — penhora incorreta ou avaliação errônea;
III — excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV — retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa;
V — incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução.
262. Mas o último inciso é genérico, permitindo que o devedor alegue: VI — qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.
263. A amplitude desse inciso mostra que a cognição do juiz nos embargos é ampla, podendo o devedor alegar qualquer tipo de defesa, porque é a primeira oportunidade que ele tem para se defender.
264. Na execução de título judicial, o devedor só pode alegar em sua defesa determinados temas previamente estabelecidos, e a cognição do juiz não é plena, mas limitada, porque não seria razoável que ele pudesse alegar o quepoderia ter apontado na fase cognitiva.
265. Nos embargos, além de poder conhecer toda e qualquer defesa que o devedor apresente, o juiz poderá autorizar todas as provas pertinentes, não havendo nenhuma restrição. É possível, por exemplo, prova pericial ou oral.
266. Os embargos têm natureza de ação de conhecimento, nos quais se busca uma sentença de mérito, em que o juiz examine as questões suscitadas pelos litigantes. 
267. A cognição é exauriente, e não baseada em juízo de verossimilhança ou plausibilidade. 
268. O juiz determinará as provas necessárias para formar a sua convicção, e proferirá, desde que preenchidas as condições da ação e pressupostos processuais, sentença definitiva, que se revestirá da autoridade da coisa julgada material.
· O OBJETO DOS EMBARGOS E A RELAÇÃO COM A EXECUÇÃO
269. Embora ação autônoma, os embargos guardam estreito vínculo com a execução, já que servem para veicular a defesa contra a pretensão executiva do credor.
270. Nos processos, de maneira geral, cumpre ao juiz examinar três ordens de questões, nessa ordem: os pressupostos processuais, as condições da ação e o mérito. As duas primeiras constituem as matérias preliminares.
271. Nos embargos ocorre o mesmo: o juiz terá de examinar se estão preenchidos os pressupostos processuais e as condições da ação de embargos. 
272. Por exemplo, se eles são tempestivos; se embargante e embargado são partes legítimas e se o primeiro tem interesse de agir.
273. Preenchidos os pressupostos e condições da ação, o juiz estará apto a julgar o mérito dos embargos. E há uma importante peculiaridade: o embargante pode postular ao juízo que, nos embargos, se reconheça a falta dos pressupostos processuais e das condições da ação executiva (não da ação de embargos, mas da execução).
274. A falta de uns e de outros constitui mérito dos embargos.
275. Não se pode confundir os pressupostos processuais e condições da ação de embargos com os da ação de execução. Os primeiros são examinados como matéria preliminar nos embargos; os últimos constituem matéria de mérito. Por exemplo: se o juiz verifica que o embargante é parte ilegítima, julgará os embargos extintos sem resolução de mérito. Mas se alega que o exequente é parte ilegítima, ou que não há título executivo, os embargos serão julgados procedentes, com a consequente extinção da execução.
276. Também constitui mérito nos embargos as questões suscitadas pelo embargante, relacionadas à existência, à constituição ou a extinção do crédito.
277. Por fim, o embargante pode alegar matérias que não dizem respeito nem aos pressupostos do processo de execução, nem às condições da ação executiva, e que também não estejam relacionadas ao débito, mas a algum ato processual realizado na execução, como apenhora ou a avaliação do bem. Pode, por exemplo, sustentar que o bem é impenhorável, ou que a avaliação está errada.
278. Em suma, nos embargos é possível discutir:
■ questões ligadas à existência, constituição e extinção do débito;
■ temas relacionados à admissão da execução;
■ questões processuais da execução.
· Procedimento dos embargos
· Petição inicial
279. Deve preencher os requisitos do art. 319 do CPC, cumprindo ao embargante formular a pretensão e os fundamentos que a embasam.
280. Deve, ainda, indicar o valor da causa, que corresponderá ao benefício econômico que se pretende auferir com os embargos e que nem sempre coincidirá com o valor da execução. Pode ocorrer, por exemplo, que o devedor impugne apenas uma parte do débito, caso em que os embargos terão o valor apenas do montante controvertido.
281. O embargante deve, ainda, postular que o embargado seja intimado a apresentar impugnação.
282. Se o fundamento dos embargos for excesso de execução, a inicial deve indicar o valor que o embargante entende correto, apresentando memória de cálculo, sob pena de indeferimento (art. 917, § 3º, do CPC).
283. Como os embargos são autuados em apartado, o embargante deve instruí-los com cópias das peças processuais relevantes do processo de execução, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
· O efeito suspensivo
284. Os embargos, como regra, não têm efeito suspensivo e permitem o prosseguimento da execução até os seus ulteriores trâmites.
285. Excepcionalmente, o juiz pode concedê-lo, mas é preciso que:
■ haja requerimento do embargante, já que o juiz não pode concedê-lo de ofício;
■ o juiz verifique que estejam preenchidos os requisitos para a concessão da tutela provisória;
■ a execução esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. A prévia penhora ou depósito de bens não é condição para que os embargos sejam recebidos, mas para que lhes seja outorgado efeito suspensivo, mesmo porque, sem que tenha havido constrição de bens, inexiste perigo de prejuízo irreparável ao devedor, já que a execução não poderia prosseguir.
286. O pedido de efeito suspensivo pode ser feito na inicial dos embargos, ou a qualquer tempo, durante o seu processamento. É possível que o juiz o negue de início, verificando que os requisitos não estão preenchidos. Mas, com prosseguimento da execução, a situação de risco de prejuízo, que antes inexistia, apareça. Ele, então, concederá o efeito suspensivo anteriormente negado.
287. Da decisão do juiz que defere ou não efeito suspensivo, cabe agravo de instrumento (art. 1.015, X).
288. Se os embargos forem parciais, ainda que o juiz conceda efeito suspensivo, a execução prosseguirá sobre a parte incontroversa. 
289. Se houver vários devedores que embarguem, e for concedido efeito suspensivo a apenas um, os outros não serão beneficiados, quando o fundamento for exclusivo do primeiro; mas serão, se o fundamento for comum.
290. Mesmo com efeito suspensivo, não haverá óbice à prática de atos relacionados à penhora ou avaliação de bens. Se, por exemplo, se verificar, feita a penhora e avaliação, que os bens são manifestamente insuficientes, o juiz poderá determinar o reforço. 
291. Concedido o efeito, se os embargos forem julgados improcedentes, a execução poderá prosseguir ainda que haja apelação, uma vez que esta não tem efeito suspensivo.
· O indeferimento da inicial dos embargos
292. O juiz examinará a petição inicial dos embargos e verificará se têm ou não condições de serem recebidos. Se houver algum vício sanável, determinará que seja emendada no prazo de quinze dias.
293. O art. 918 do CPC estabelece quais as situações em que eles devem ser indeferidos liminarmente:
■ quando intempestivos;
■ nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido;
■ quando manifestamente protelatórios.
294. A possibilidade de rejeição liminar dos embargos quando manifestamente protelatórios pressupõe que, prima facie, se possa verificar a impertinência dos argumentos apresentados pelo embargante. Na dúvida, se o juiz verificar que há ao menos um fundamento que possa ser considerado, deverá recebê-los.
· Intimação e resposta do embargado
295. Recebida a inicial dos embargos, o juiz determinará a intimação do credor embargado para apresentar impugnação no prazo de quinze dias. 
296. Não há necessidade de citação porque o credor-embargado é o autor da execução: basta intimá-lo na pessoa do advogado para que ofereça resposta. 
297. Se houver mais de um embargado e os advogados forem diferentes e de escritórios distintos, não sendo digital o processo, o prazo de impugnação será em dobro. 
298. O prazo para opor embargos é sempre simples, já que eles são uma nova ação. Mas aos prazos internos nos embargos aplica-se o art. 229 do CPC. 
299. Não cabe reconvenção porque nos embargos o executado está limitado a defender-se da execução e a reconvenção extrapola os limites de mera defesa. 
300. Pela mesma razão, não cabem as formas de intervenção de terceiros previstas na Parte Geral do CPC, exceto a assistência, já que é possível que terceiro tenha interesse jurídico no resultado.
A falta de impugnação
301. Uma vez que os embargos têm natureza de ação, a falta de impugnação do credor implicará revelia. Questão mais complexa é a de saber se ela produz os seus efeitos tradicionais, sobretudo a presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial.
302. A questão é complexa porque o título que embasa a execução, e contra o qual o embargante pugna, goza de certeza, liquidez e exigibilidade. Bastaria a falta de impugnação para retirar-lhe tais qualidades?
303. Parece-nos que a falta de impugnação fará presumir a veracidade dos fatos alegados na petição inicial, que não sejam contrariados por aquilo que consta do título executivo. 
304. Por exemplo: não haverá presunção de veracidade se o embargante alegar que o título tem determinado valor, ou data de vencimento, se dele consta outra coisa. Mas haverá se o embargante alegar, por exemplo, que o bem penhorado é imóvel residencial de família, e isso não for contrariado pelo embargado.
· Prosseguimento dos embargos
305. Apresentada impugnação, o juiz ouvirá o embargante nos mesmos casos em que, no processo de conhecimento, ele intima o autor para réplica.
306. Em seguida, verificará se há ou não necessidade de provas. Se não, julgará antecipadamente os embargos; se sim, determinará as necessárias, designando audiência de instrução e julgamento, se for o caso. Não há restrição a provas nos embargos de devedor.
307. Antes de determiná-las, o juiz determinará as providências saneadoras, indispensáveis para o bom andamento do processo.
· Sentença e recursos
308. Como os embargos constituem um processo de conhecimento, ao final, o juiz proferirá sentença, que poderá ser de extinção sem resolução de mérito, presentes as hipóteses do art. 485 do CPC, ou com resolução de mérito, nos casos do art. 487.
309. Julgados improcedentes, a execução prosseguirá, pois a apelação não tem efeito suspensivo. 
310. A procedência dos embargos pode implicar a extinção da execução, a redução do valor ou a modificação ou desconstituição de algum ato processual, como, por exemplo, a penhora.
311. Se o juiz considerar os embargos manifestamente protelatórios, haverá conduta atentatória à dignidade da justiça e ele imporá ao embargante multa de até 20% do valor da execução, que reverterá em favor do exequente (art. 774, parágrafo único, do CPC).
· CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE
PAGAR QUANTIA CERTA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
312. A execução de que trata o CPC é aquela promovida contra a Fazenda Pública, em que ela figura como devedora. A ajuizada pela Fazenda, na condição de credora, é execução fiscal, regulada pela Lei n. 6.830/80. A expressão “Fazenda Pública” abrange União, Estados, Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações públicas. 
313. A execução por quantia contra a Fazenda pode estar fundada em

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