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Curso para Técnico Legislativo – ALESE – Direito Administrativo 
Aula 01 – Organização da Administração Pública 
Prof. Fabiano Pereira 
 
 
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AULA 01 
Direito Administrativo 
Organização da Administração Pública 
Professor Fabiano Pereira 
 
 
 Curso para Técnico Legislativo – ALESE – Direito Administrativo 
Aula 01 – Organização da Administração Pública 
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 Olá! 
 
 Hoje iremos conhecer a organização e estruturação da Administração 
Pública brasileira, tema muito frequente em provas de concursos públicos da 
Fundação Carlos Chagas. 
 Tentei ser o mais sucinto possível, mas o tópico é muito abrangente, o 
que fez com que a aula ficasse um “pouquinho” grande. Sei que você não está 
preocupado com isso, pois é melhor sobrar do que faltar conhecimento, mas, 
por via das dúvidas, prometo que as outras aulas serão um pouco menos 
extensas. 
 No mais, se você possui alguma sugestão ou crítica que possam aumentar 
a qualidade do curso, não deixe de enviá-las para o e-mail 
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br ou diretamente para o fórum. 
 Lembre-se sempre de que o curso está sendo desenvolvido para que você 
possa ter um excelente desempenho na prova de Direito Administrativo e 
garantir o seu cargo na ALESE. 
O meu grande desejo é que você também possa sentir a gratificante 
sensação de ser um servidor público, assim como sinto, todos os dias, ao 
exercer as minhas funções no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Minas 
Gerais. 
 Conte comigo nesta bela jornada! 
 
 Bons estudos! 
 
 Fabiano Pereira. 
 FACEBOOK: (www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor) 
 
“Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que 
sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando... Porque, embora 
quem quase morre esteja vivo, quem quase vive, já morreu...” 
Sarah Westphal 
Aula 01 – ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 Curso para Técnico Legislativo – ALESE – Direito Administrativo 
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1. Conceito de Administração Pública ........................................... 04 
2. Órgãos Públicos 
 2.1. Teorias que buscam justificar a natureza jurídica da relação 
entre Estado e agentes públicos 
 2.1.1. Teoria do mandato ...................................................... 08 
 2.1.2. Teoria da representação .............................................. 08 
2.1.3. Teoria do órgão ........................................................... 08 
2.2. Conceito de órgão público .............................................. 09 
2.3. Criação e extinção dos órgãos públicos .......................... 16 
 2.4. Capacidade processual ................................................... 16 
 2.5. Principais características dos órgãos públicos ................ 18 
 2.6. Classificação .................................................................. 18 
3. Centralização e descentralização 
 3.1. Centralização e descentralização política ....................... 21 
 3.2. Centralização e descentralização administrativas ......... 21 
 3.2.1. Descentralização Administrativa Territorial ................ 23 
 3.2.2. Descentralização administrativa por serviços ou outorga 23 
 3.2.3. Descentralização por delegação ou colaboração ........... 24 
4. Administração Pública Direta e Indireta ..................................... 25 
 4.1. Administração Pública Direta ........................................... 26 
 4.2. Administração Pública Indireta ........................................ 26 
 4.3. Criação das entidades da Administração Indireta ............ 27 
5. Revisão de Véspera de Prova – RVP ............................................ 30 
6. Entidades da Administração indireta ........................................... 32 
7. Questões Comentadas ................................................................. 71 
 
SUMÁRIO 
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1. Conceito de Administração Pública 
 A expressão “Administração Pública” não apresenta um sentido único, 
pois pode ser estudada e analisada sob vários enfoques diferentes. Dentre os 
vários sentidos que podem ser atribuídos à referida expressão, encontram-se o 
sentido objetivo, material ou funcional e, ainda, o sentido subjetivo, 
formal ou orgânico. 
 Em sentido subjetivo, a Administração Pública pode ser entendida como 
o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas (entidades políticas e entidades 
administrativas) e agentes públicos encarregados do exercício da função 
administrativa. Esse é um sentido que as bancas examinadoras gostam muito 
de exigir em suas provas, portanto, é necessário ficar atento. 
 Ao utilizar a expressão “Administração Pública” em sentido subjetivo, a 
banca examinadora estará se referindo à composição e organização das 
entidades e órgãos que integram a sua estrutura, a exemplo das autarquias, 
empresas públicas, entidades políticas (União, Estados, Municípios e Distrito 
Federal) etc. 
De outro lado, em sentido objetivo, material ou funcional, a 
expressão administração pública (que deve ser grafada com as iniciais 
minúsculas), consiste na própria função administrativa exercida pelos 
órgãos, entidades e agentes que integram a Administração Pública em sentido 
subjetivo. Nesse caso, estudaremos as atividades finalísticas exercidas pela 
administração, a exemplo do fomento, serviço público, polícia administrativa e 
intervenção administrativa, e não a sua composição e estruturação. 
A partir de agora, utilizarei a expressão Administração Pública somente 
em seu sentido subjetivo, pois iremos restringir o nosso estudo, neste 
momento, aos órgãos e entidades que a integram. E os agentes públicos, 
serão esquecidos? É claro que não, iremos estudá-los posteriormente, em uma 
aula específica, já que também integram a Administração Pública em sentido 
subjetivo. 
 
(FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) A Administração Pública em seu 
sentido subjetivo compreende o conjunto de agentes, órgãos e entidades 
designados para executar atividades administrativas. Assertiva considerada 
correta. 
 
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1.1 REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 
 Na execução de suas atividades administrativas, a Administração Pública 
pode submeter-se a dois grandes regimes jurídicos: de Direito Público ou de 
Direito Privado. 
 Nos termos do artigo 173 da Constituição Federal de 1988, quando o 
Estado estiver explorando diretamente atividade econômica (que somente será 
permitido quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a 
relevante interesse coletivo), submeter-se-á ao regime próprio das 
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis 
comerciais, trabalhistas e tributários. 
 Nesse caso, ao relacionar-se juridicamente com os particulares, a 
Administração não gozará das prerrogativas (também denominadas de 
“privilégios) que são concedidas às entidades que são regidas pelo Direito 
Público. Será estabelecida, assim, uma relação horizontal entre a 
Administração e os particulares, que serão niveladoscom os mesmos direitos e 
obrigações. 
 Assim, é possível concluir que as empresas públicas (Caixa Econômica 
Federal, por exemplo) e as sociedades de economia mista (Banco do Brasil, 
Banco do Nordeste, Petrobrás etc.) exploradoras de atividades econômicas, 
serão regidas pelas mesmas regras de seus concorrentes no mercado, ou seja, 
as regras de Direito Privado. 
 A Administração Pública não possui a faculdade de optar pelo regime 
jurídico que melhor atenda às suas necessidades. Caso esteja atuando na 
exploração de atividade econômica, submeter-se-á obrigatoriamente às 
regras de Direito Privado. 
 Entretanto, é válido esclarecer que mesmo quando explorando atividades 
econômicas, não será total a sua submissão às regras de Direito Privado, pois, 
ainda assim, tais entidades terão que se curvar aos princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, além de outros inerentes 
ao Direito Público. Ademais, algumas “vantagens” também podem ser 
asseguradas a essas entidades, como acontece no caso da prerrogativa de foro 
perante a justiça federal das empresas públicas federais. 
A Administração Pública também pode ter as suas atividades regidas 
pelas regras de Direito Público, situação na qual se apresentará em situação 
de superioridade em relação aos particulares. Nesse caso, será estabelecida 
uma relação vertical entre a Administração e os administrados, consequência 
do denominado regime jurídico-administrativo. 
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Para responder às questões de prova: As relações entre entidades públicas 
estatais (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), ainda que de mesmo 
nível hierárquico, vinculam-se ao regime jurídico-administrativo, a despeito 
de se encontrarem niveladas (nesse caso, teremos uma relação jurídica 
horizontal). 
 
O regime jurídico-administrativo foi construído tendo como base dois 
grandes princípios jurídicos: a supremacia do interesse público sobre os 
interesses privados e a indisponibilidade dos interesses públicos. Esses 
dois princípios conferem ao citado regime o caráter de Direito Público e suas 
especificidades, bem como sua natureza jurídica. 
O primeiro assegura à Administração Pública uma série de 
prerrogativas, que podem ser entendidas como “vantagens” ou 
“privilégios” necessários para se atingir o interesse da coletividade. Como 
exemplos dessas prerrogativas, podemos citar a existência das denominadas 
cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, possibilitando à 
Administração, por exemplo, modificar ou rescindir unilateralmente um contrato 
administrativo; a concessão de prazos diferenciados quando estiver litigando 
perante o judiciário (prazo em quádruplo para contestar e em dobro para 
recorrer – artigo 188 do Código de Processo Civil); imunidade tributária 
recíproca; a presunção de legitimidade e veracidade dos atos administrativos, 
entre outras. 
O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos 
normativos administrativos, a execução de atos administrativos e, ainda, a sua 
respectiva interpretação. 
Já o segundo (indisponibilidade do interesse público) impõe para a 
Administração Pública uma série de limitações ou restrições denominadas 
“sujeições”, que têm o objetivo de resguardar o interesse público. Como 
exemplos dessas sujeições impostas à Administração e a seus agentes públicos 
podemos citar a obrigatoriedade de realização de licitação para a contratação 
de serviços, bens ou obras; a realização de concursos públicos para a seleção 
de pessoal; a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos administrativos; a 
imposição de condicionamentos ao exercício do poder discricionário da 
Administração, etc. 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro ainda inclui como princípio fundamental do 
regime jurídico-administrativo o princípio da legalidade. Afirma a professora 
que o Direito Administrativo nasceu e desenvolveu-se baseado em duas idéias 
opostas: de um lado, a proteção aos direitos individuais frente ao Estado, 
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que serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos esteios do Estado 
de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dos interesses 
coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a 
Administração Pública, quer para limitar o exercício dos direitos individuais em 
benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), quer para a prestação de 
serviços públicos. 
Sendo assim, ao deparar-se em prova com alguma questão lhe 
perguntando quais são os princípios básicos que estruturam o denominado 
regime jurídico-administrativo, você já sabe a resposta: princípio da supremacia 
do interesse público sobre o interesse privado (prerrogativas), indisponibilidade 
do interesse público (sujeições) e, segundo a professora Di Pietro, princípio 
da Legalidade. 
 
2. Órgãos públicos 
 Todos aqueles capazes de contrair direitos e obrigações são conhecidos 
como pessoas ou sujeitos de direito, podendo estabelecer relações jurídicas 
com outras pessoas ou sujeitos de direito, pois é a existência de uma 
personalidade que possibilita o estabelecimento de relações jurídicas. 
 O Estado é considerado um ente personalizado, ou seja, é dotado de 
personalidade jurídica. Entretanto, não possui vontade própria, não consegue 
se expressar diretamente para estabelecer relações jurídicas com outras 
pessoas ou sujeitos de direito. 
Sendo assim, é obrigado a manifestar a sua vontade através da atuação 
de seus agentes públicos, cujos atos praticados lhe são diretamente 
imputados (quando o agente público pratica um ato no exercício da função 
pública é como se o próprio Estado o tivesse praticado e, portanto, é o ente 
estatal que inicialmente deverá ser responsabilizado pelos prejuízos que 
eventualmente forem causados a terceiros). 
 Diversas teorias foram criadas para tentar justificar a possibilidade de se 
atribuir a uma pessoa jurídica (Estado) atos praticados por pessoas físicas 
(agentes públicos). E, como não poderia ser diferente, são frequentes as 
questões em provas sobre o tema. 
 
2.1. Teorias que buscam justificar a natureza jurídica da relação 
entre Estado e agentes públicos 
 
 
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2.1.1. Teoria do mandato 
 Essa teoria considerava o agente, pessoa física, como mandatário da 
pessoa jurídica. Tem origem no direito civil, sendo a mais antiga das teorias 
criadas para explicar a ligação do Estado (que é uma pessoa jurídica) a uma 
pessoa natural (agente público). 
Alegavam os seus defensores que os agentes públicos atuavam em nome 
do Estado em virtude de uma “suposta” procuração fictícia que lhes havia 
sido outorgada. 
Várias críticas surgiram em oposição à teoria do mandato. A principal 
delas afirma que, como o Estado não tem vontade própria, não poderia 
outorgar uma procuração a alguém. Assim, a teoria restou superada e você 
precisa saber de sua existência apenas para fins de concurso público. 
 
2.1.2. Teoria da representação 
Se comparada com a teoria anterior, possui critérios mais sensatos e 
razoáveis, pois afirma que a atuação dos agentes públicos expressaria a 
vontade do Estado em decorrência de lei. O agente público seria equiparado a 
um tutor ou curador e o Estado seria um “incapaz”. 
Essa teoria tambémfoi muito criticada, tendo sido descartada 
doutrinariamente, pois apresentava a ideia de que o Estado estaria escolhendo 
os seus próprios representantes, o que não acontece na tutela ou curatela. 
Ademais, se o representante ultrapassasse os poderes de representação e 
causasse prejuízo a terceiros, o Estado não poderia ser responsabilizado, o que 
é inadmissível. 
No concurso público para o cargo de Analista Judiciário do 
Tribunal de Justiça de Pernambuco, realizado em 2012, a FCC 
considerou incorreta a seguinte assertiva: “a atividade dos órgãos públicos 
não se identifica e nem se confunde com a da pessoa jurídica, visto que há 
entre a entidade e seus órgãos relação de representação ou de mandato”. 
 
2.1.3. Teoria do órgão 
Criada pelo jurista alemão Otto Gierke, a teoria do órgão declara que o 
Estado manifesta a sua vontade através de seus órgãos públicos, que são 
titularizados por agentes públicos. Os atos praticados pelos órgãos são 
imputados à pessoa jurídica a cuja estrutura estão integrados, o que se 
convencionou denominar de imputação volitiva. 
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A teoria do órgão distingue a entidade, que possui personalidade 
jurídica, do órgão público, que é desprovido de personalidade jurídica. 
 
 
A teoria do órgão teve grande aceitação doutrinária e jurisprudencial no Brasil, 
portanto, é importante que você se lembre de que o Estado manifesta a sua 
vontade através de seus órgãos públicos, que são “ocupados” por agentes 
públicos e não possuem personalidade jurídica. 
 
 2.2. Conceito de órgão público 
 
 A conceituação de órgão público mais explorada pelas bancas 
examinadoras é a do professor Hely Lopes Meirelles, que os conceitua como 
“centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, 
através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que 
pertencem”. 
 Uma das principais características do órgão público, que nada mais é do 
que uma unidade organizacional (divisão administrativa) dentro de 
determinada entidade, é o fato de não possuir personalidade jurídica 
própria, já que os seus atos são atribuídos (imputados) à pessoa jurídica a 
qual pertencem. 
 
 
(FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Os órgãos públicos são centros de 
competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus 
agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. Assertiva 
considerada correta pela banca. 
 
Antes de analisarmos as suas principais características, é necessário que 
você saiba que os órgãos públicos são consequência da desconcentração 
administrativa. 
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Pergunta: Professor, o que significa desconcentração administrativa? 
 A desconcentração nada mais é que a distribuição interna de 
competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. Trata-se da criação de 
órgãos públicos que fazem parte de uma mesma estrutura, hierarquizada, 
criada com o objetivo de tornar mais ágil e eficiente a execução das 
finalidades administrativas previstas em lei. 
 A desconcentração pode ser efetuada tanto pelos entes que compõem a 
Administração Direta (União, Estados, Municípios ou Distrito Federal), quanto 
pelos entes que integram a Administração Indireta (autarquias, fundações 
públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas). 
Em provas de concurso, é mais comum você encontrar questões 
afirmando que a desconcentração ocorre no âmbito de uma entidade 
pertencente à Administração Direta, o que não está errado. Contudo, lembre-
se de que também poderá ocorrer a criação de órgãos dentro das entidades 
administrativas, ou seja, aquelas que integram a Administração Indireta. 
Essa é a informação prevista expressamente no § 2o, artigo 1º, da Lei 
9.784/1099 (Lei de processo administrativo federal): 
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: 
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da 
Administração direta e da estrutura da Administração indireta; 
 A UNIÃO é pessoa jurídica regida pelo Direito Público, portanto, possui 
personalidade jurídica própria, podendo contrair direitos e obrigações. E, para 
facilitar a persecução de seus objetivos, tanto o texto constitucional 
quanto a lei criaram vários órgãos dentro de sua estrutura (desconcentração), 
encarregando cada um deles de funções específicas. 
Todavia, os atos praticados pelos órgãos públicos federais (da União) 
serão imputados à própria União, pois eles não detêm personalidade 
jurídica e, portanto, não podem contrair direitos e obrigações. 
Dificilmente você encontrará uma questão em prova afirmando que a 
União criou uma lei “X”, a União julgou o processo “W” ou a União criou o 
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas, por quê? É simples. 
Porque a União possui em sua estrutura vários órgãos especializados e cada um 
deles é responsável por uma função específica. 
Exemplo: No âmbito da União, a Constituição Federal criou alguns órgãos 
públicos, denominados independentes, que assumiram a responsabilidade 
de criar leis (Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal), 
de julgar (Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justiça, Juízes 
Federais, etc.) e de administrar a máquina estatal (Presidência da República). 
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Assim, deve ficar bem claro que a União resolveu criar centros 
especializados de competências (órgãos públicos) para facilitar o alcance de 
seus objetivos, estabelecidos expressamente no artigo 2º da CF/1988. 
 
Todos esses órgãos a que me referi e que estão previstos diretamente no texto 
constitucional não possuem personalidade jurídica. Assim, os atos que praticam 
são imputados diretamente à União, que possui personalidade jurídica e pode contrair 
direitos e obrigações. Caso um servidor do Senado Federal no exercício de suas 
funções públicas, por exemplo, pratique ato que cause prejuízos a um particular, este 
deverá acionar judicialmente a União, caso queira pleitear uma indenização por danos 
materiais e/ou morais, e não o Senado Federal. 
Mas, por quê? Porque o Senado Federal é um órgão e, portanto, não 
possui personalidade jurídica, fato que impede a sua responsabilização pelos 
supostos danos materiais e/ou morais. 
A desconcentração não ocorre somente no âmbito da Administração 
Direta da União, mas também nas esferas estadual, municipal e distrital. 
Ademais, também pode ocorrer no âmbito das entidades da Administração 
Pública Indireta. 
Exemplos: Uma Secretaria Estadual de Fazenda, assim como todas as 
demais secretarias de governo de um Estado, são órgãos públicos estaduais. O 
mesmo ocorre na esfera municipal, em relação às secretarias municipais de 
governo, que também são órgãos. 
Nos mesmos moldes, como consequência da necessidade de 
especialização técnica e respeito ao princípio constitucional da eficiência, os 
órgãos também podem ser criados na estrutura de entidades integrantes da 
Administração Pública Indireta. 
Exemplo: O IBAMA, autarquia pertencente à Administração Pública 
Federal Indireta e detentora de personalidade jurídica de Direito Público, 
possui em sua estrutura diversos órgãos, cada um deles com atribuições e 
competências próprias. Como não possuem personalidade jurídica, esses 
órgãos não atuam em nome próprio,mas sim em nome do IBAMA. Portanto, 
todas as atividades administrativas executadas pelos órgãos que integram a 
estrutura do IBAMA consideram-se praticados pela própria autarquia, o que é 
muito lógico. 
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Para ficar ainda mais fácil o entendimento, vamos analisar rapidamente a 
organização da Presidência da República e dos Ministérios, que está prevista na 
Lei Federal 10.683/03. 
A Presidência da República é o órgão mais importante dentro da 
organização administrativa do Poder Executivo Federal. Nos termos da Lei 
10.683/03, a Presidência da República possui, dentro de sua própria 
estrutura, diversos outros órgãos, que lhe são subordinados. 
Pergunta: Professor, dentro da estrutura de um órgão independente 
(Presidência da República, por exemplo), seria possível a criação de outros 
órgãos, subordinados ao primeiro? 
Com certeza! Em conformidade com o artigo 1º da citada lei, a 
Presidência da República é constituída, essencialmente, pela Casa Civil; pela 
Secretaria-Geral; pela Secretaria de Relações Institucionais; pela Secretaria de 
Comunicação Social; pelo Gabinete Pessoal; pelo Gabinete de Segurança 
Institucional; pela Secretaria de Assuntos Estratégicos; pela Secretaria de 
Políticas para as Mulheres; pela Secretaria de Direitos Humanos; pela 
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; pela Secretaria de 
Portos; e pela Secretaria de Aviação Civil, além de vários outros órgãos de 
assessoramento. 
Ademais, é importante destacar que os Ministérios também são órgãos 
diretamente subordinados a outro órgão: a Presidência da República (o 
Ministério da Previdência, por exemplo, é subordinado à Presidência da 
República). 
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 Aprofundando um pouquinho mais, é válido destacar que os Ministérios 
também podem desconcentrar a sua estrutura administrativa, criando outros 
órgãos internos. 
Exemplo: O inciso XII, artigo 29, da Lei 10.683/03, declara que o 
MINISTÉRIO DA FAZENDA possui em sua estrutura vários outros órgãos, que 
lhe são subordinados. Entre eles, podemos citar o Conselho Monetário 
Nacional, o Conselho Nacional de Política Fazendária, o Conselho de Recursos 
do Sistema Financeiro Nacional, o Conselho Nacional de Seguros Privados, o 
Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência 
Privada Aberta e de Capitalização, o Conselho de Controle de Atividades 
Financeiras, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, os 1o, 2o e 3o Conselhos 
de Contribuintes, o Conselho Diretor do Fundo de Garantia à Exportação - 
CFGE, o Comitê Brasileiro de Nomenclatura, o Comitê de Avaliação de Créditos 
ao Exterior, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, a Procuradoria-Geral da 
Fazenda Nacional, a Escola de Administração Fazendária (ESAF) e até 05 
(cinco) secretarias. 
 Não se desespere! Você não precisa ficar decorando todos esses órgãos, 
pois apenas estou explicando como é que se constitui a estruturação de um 
órgão público. 
Para conseguir visualizar o que estou escrevendo, observe bem o seguinte 
organograma do Ministério da Fazenda, que indica perfeitamente como estão 
dispostos os órgãos que integram a sua estrutura administrativa: 
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Atenção: No organograma do Ministério da Fazenda estão presentes 
todos os órgãos e também entidades que fazem parte de sua estruturação. 
Todavia, lembre-se de que entidade não é órgão público, pois possui 
personalidade jurídica própria (a exemplo do BNB, SUSEP, CEF, Banco Central 
etc.). Apesar de estarem inseridas em seu organograma, as entidades 
administrativas não estão subordinadas ao Ministério, mas somente 
vinculadas, conforme estudaremos posteriormente. 
Aprofundando novamente no assunto, é válido esclarecer que todos os 
órgãos que integram a estrutura do Ministério da Fazenda também podem 
desconcentrar as suas atividades administrativas, como acontece com a 
ESAF. 
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Observe que, na estrutura da ESAF, iremos encontrar diversos outros 
órgãos, tais como diretorias, centros regionais, gerências e chefias e, sendo 
assim, todos eles são fruto da desconcentração. 
 E para não ficar muito cansativo, gostaria apenas de ressaltar que todos 
os órgãos citados abaixo também podem se desconcentrar, dando origem a 
novos órgãos em suas respectivas estruturas. Na sequência, os novos órgãos 
criados também poderão se desconcentrar e assim por diante. 
Bem, vai chegar um determinado momento em que a desconcentração 
não mais será possível, por questão de lógica. 
De qualquer forma, lembre-se de que, independentemente do nível ou do 
número de órgãos que foram criados, sempre estaremos nos referindo a uma 
única pessoa jurídica. Sendo assim, os atos praticados por todos os órgãos que 
apresentei deverão ser imputados à União, que deu origem a toda essa 
desconcentração. 
 
Diretor Geral 
Diretor-Geral Adjunto 
Diretor-Geral Adjunto 
Diretoria de Administração – Dirad 
Diretoria de Atendimento e Coordenação de Programa – Dirat 
Diretoria de Cooperação Técnica e 
Pesquisa – Dirco 
Diretoria de Educação – Dired 
Diretoria de Recrutamento e Seleção – Dires 
Centro Estratégico de Formação e Educação Permanente - Cefor 
(entre vários outros órgãos que não irei citar) 
 
 
(FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Quando a Administração Pública, 
diante da complexidade das atividades por ela desenvolvidas, distribui 
competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e 
eficiente a prestação dos serviços, ocorre a técnica administrativa intitulada 
desconcentração. Assertiva considerada correta. 
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 2.3. Criação e extinção dos órgãos públicos 
 Nos termos do artigo 61, § 1º, II, “e”, combinado com o artigo 48, XI, da 
Constituição Federal, os órgãos públicos somente podem ser criados ou extintos 
através de lei. 
 No momento da desconcentração, podem ser levados em conta o critério 
territorial ou material. Quando os órgãos públicos são criados em função de 
sua localização territorial, a exemplo da Superintendência Regional da Polícia 
Federal em Minas Gerais, em São Paulo, na Bahia, no Amazonas e em outros 
Estados, ocorre a desconcentração territorial. 
 Por outro lado, a desconcentração pode ocorrer em razão da natureza 
das atividades a serem exercidas pelo órgão público, a exemplo do Ministério 
da Saúde, Ministério da Educação, Ministério dos Transportes, Ministério da 
Previdência, entre outros. Neste caso, estaremos diante da denominada 
desconcentração material. 
Apesar de a criação de órgãos públicos depender de instrumento legal, é 
importante esclarecer que a organização e o funcionamento desses órgãos pode 
ocorrer mediante a edição de decreto autônomo, quando não implicar 
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (artigo 84, VI, 
“a”, da CF/88). 
 Sendo assim, deveficar bem claro que o Presidente da República não 
pode criar ou extinguir órgãos públicos, mas pode expedir decreto para 
organizar o funcionamento desses órgãos na Administração Pública Federal, 
desde que não implique aumento de despesas. Por simetria, tal prerrogativa 
também deve ser estendida aos demais Chefes do Executivo em âmbito 
estadual, distrital e municipal. 
 
 2.4. Capacidade processual ou judiciária 
 Segundo o entendimento majoritário da doutrina, é possível definir a 
capacidade processual como a capacidade de estar em juízo, ou seja, a 
aptidão para atuar pessoalmente na defesa de direitos e obrigações, de 
exercer, por si só, os atos da vida civil. 
O artigo 7º do Código de Processo Civil declara expressamente que "toda 
pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar 
em juízo". 
Pergunta: Professor, como os órgãos públicos não são pessoas (físicas 
ou jurídicas), existe a possibilidade de figurarem no polo ativo ou passivo de 
uma relação processual (uma ação judicial)? 
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 Em regra, não. Entretanto, em caráter excepcional, existem algumas 
situações nas quais os órgãos públicos, mesmo não possuindo personalidade 
jurídica, poderiam integrar uma relação processual: 
 1ª) Para a defesa de suas prerrogativas funcionais: nesse caso, é 
assegurada capacidade processual aos denominados órgãos independentes e 
autônomos para ingressarem com mandado de segurança para a defesa de 
suas competências, quando violada por outros órgãos. 
Exemplo: Imaginemos que o Poder Executivo deixe de repassar ao 
Tribunal de Contas as verbas orçamentárias que lhes são devidas, no prazo 
previsto no texto constitucional, desrespeitando a sua autonomia financeira. 
Nesse caso, o próprio Tribunal poderá propor um mandado de segurança com 
o objetivo de defender as suas prerrogativas constitucionais (direito ao 
recebimento dos repasses orçamentários, pois, sem esses recursos, o Tribunal 
de Contas não consegue sequer arcar com as suas despesas básicas de 
funcionamento). 
2ª) Na defesa dos interesses e direitos dos consumidores: nos 
termos do inciso III, artigo 82, do Código de Defesa do Consumidor, alguns 
órgãos públicos (mesmo não possuindo personalidade jurídica) são legitimados 
a ingressarem com ação judicial na defesa dos interesses e direitos dos 
consumidores, individualmente ou a título coletivo. 
Exemplo: apesar de ser um órgão público, o PROCON tem importante 
atuação em favor dos consumidores. O Superior Tribunal de Justiça, no 
julgamento do Recurso Especial 200827/SP, reconheceu a sua capacidade 
processual para ingressar com ação judicial: 
“Ação civil pública. Direitos individuais homogêneos. Cobrança de taxas 
indevidas. Candidatos a inquilinos. Administradoras de imóveis. Legitimidade 
ativa do PROCON - Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor, por 
meio da Procuradoria Geral do Estado para ajuizar ação coletiva para proteção 
de direitos individuais homogêneos. Prescrição. Multa do art. 84, § 4º, do Código 
de Defesa do Consumidor. Repetição em dobro. Multa do art. 538, parágrafo 
único, do Código de Processo Civil. Súmula n° 07 da Corte. 
1. O PROCON - Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor, por meio da 
Procuradoria Geral do Estado, tem legitimidade ativa para ajuizar ação coletiva 
em defesa de interesses individuais homogêneos, assim considerados aqueles 
direitos com origem comum, divisíveis na sua extensão, variáveis 
individualmente, com relação ao dano ou à responsabilidade. São direitos ou 
interesses individuais que se identificam em função da origem comum, a 
recomendar a defesa coletiva, isto é, a defesa de todos os que estão presos pela 
mesma origem. No caso, o liame está evidenciado, alcançando os candidatos a 
inquilinos que são cobrados de taxas indevidas (STJ, Resp 200827/SP, 
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relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª T., j. 26/08/2002, DJ 
09/12/2002, p. 339). 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5. Principais características dos órgãos públicos 
Os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sintetizaram muito 
bem as principais características dos órgãos públicos, que estão presentes na 
maioria deles (não em todos): 
1ª) Integram a estrutura de uma pessoa jurídica; 
2ª) Não possuem personalidade jurídica; 
3ª) São resultado da desconcentração; 
4ª) Alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira; 
5ª) Podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestão 
com outros órgãos ou com pessoas jurídicas (CF, art. 37, § 8º.); 
6ª) Não têm capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que 
integram; 
7ª) Alguns têm capacidade processual para a defesa em juízo de suas 
prerrogativas funcionais; 
8ª) Não possuem patrimônio próprio. 
 
2.6. Classificação 
São várias as classificações de órgãos públicos elaboradas pelos 
doutrinadores brasileiros, contudo, nas provas de concurso público, a do 
professor Hely Lopes Meirelles ainda é a mais utilizada. 
1º) Quanto à posição ocupada na escala governamental ou 
administrativa (quanto à posição estatal): órgãos independentes, 
autônomos, superiores e subalternos. 
No julgamento do Recurso Especial nº 1.164.017/PI, de relatoria do Ministro Castro 
Meira, cujo acórdão foi publicado em 06/04/2010, a Primeira Seção do Superior 
Tribunal de Justiça decidiu que “a Câmara de Vereadores não possui personalidade 
jurídica, mas apenas personalidade judiciária (capacidade judiciária), de modo que 
somente pode demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais, 
entendidos esses como sendo os relacionados ao funcionamento, autonomia e 
independência do órgão. Para se aferir a legitimação ativa dos órgãos legislativos, é 
necessário qualificar a pretensão em análise para se concluir se está, ou não, 
relacionada a interesses e prerrogativas institucionais”. 
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 Independentes são os órgãos previstos diretamente no texto 
constitucional, representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional, 
Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara de 
Vereadores), Executivo (Presidência da República, Governadoria dos Estados, 
DF e Prefeituras) e Judiciário (com todos os seus órgãos). É possível incluir 
nessa classificação também o Ministério Público e os Tribunais de Contas. 
Destaca-se que esses órgãos não estão subordinados a quaisquer outros 
e são ocupados por agentes políticos. 
Autônomos são os órgãos que se encontram diretamente 
subordinados aos órgãos independentes, apesar de figurarem no topo da 
hierarquia administrativa. Detêm autonomia técnica, administrativa e 
financeira. Dentre eles, podemos citar os Ministérios, os órgãos integrantes da 
estrutura administrativa da Presidência da República (Casa Civil, Secretaria-
Geral, Secretaria de Relações Institucionais, etc), entre outros. 
Os órgãos superiores são aqueles que detêm poder de direção, 
controle, decisão e comando dos assuntos de sua competência específica, mas 
sempre sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia mais 
alta. Nessa categoria, podemos incluir os órgãos que estão diretamente 
subordinados aos órgãos autônomos e, em alguns casos, até mesmo aos órgãos 
independentes,tais como as gerências, as coordenadorias, as procuradorias, os 
departamentos, as secretarias gerais etc. 
Os órgãos subalternos são aqueles que têm reduzido poder decisório, 
responsáveis por atribuições meramente executivas. Segundo o professor Hely 
Lopes Meirelles, esses órgãos “destinam-se à realização de serviços de rotina, 
tarefas de formalização de atos administrativos, cumprimento de decisões 
superiores e primeiras decisões em casos individuais, tais como os que, nas 
repartições públicas, executam as atividades-meio e atendem ao público, 
prestando-lhes informações e encaminhando os requerimentos, como as 
portarias e as seções de expediente”. 
No concurso público para o cargo de Analista Judiciário do TRT da 
11ª Região, realizado em 2012, a FCC considerou correta a seguinte 
assertiva: “Existem vários critérios de classificação dos órgãos públicos, tais 
como, os critérios de “esfera de ação”, “posição estatal”, “estrutura”, dentre 
outros. No que concerne ao critério “posição estatal”, as Casas Legislativas, a 
Chefia do Executivo e os Tribunais são órgãos públicos independentes”. 
 
2º) Quanto à estrutura: simples e compostos. 
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Podemos entender como órgãos simples aqueles constituídos por um 
único centro de competência. São órgãos que não possuem em sua estrutura 
outros órgãos que lhe sejam subordinados, atuando de forma isolada. Não 
possuem subdivisões internas. 
O número de agentes públicos que compõem o órgão não é relevante 
para essa definição, o que interessa é a inexistência de outros órgãos em sua 
estrutura, sendo possível citar como exemplo uma portaria ou uma seção de 
cópias de documentos. 
Os órgãos compostos são fruto da desconcentração administrativa e 
reúnem, em sua estrutura, diversos outros órgãos, que lhes são subordinados. 
Podemos citar como exemplo o Ministério da Fazenda, que possui em sua 
estrutura diversos outros órgãos, como a Receita Federal do Brasil, Secretaria 
do Tesouro Nacional, ESAF, entre outros. 
 
3º) Quanto à atuação funcional: órgãos singulares ou unipessoais 
e colegiados ou pluripessoais. 
Órgãos singulares ou unipessoais são aqueles cujas atuações e 
decisões mais importantes estão centralizadas em um único agente, que é o 
seu titular. Isso não quer dizer que o órgão tenha que ser formado por um 
único agente (na maioria das vezes, o órgão é formado por diversos agentes), 
mas sim que as decisões sejam tomadas pelo seu representante máximo. Como 
exemplo, podemos citar as chefias do Poder Executivo (Presidência da 
República, Governadoria dos Estados e do DF e Prefeituras), pois, nesses casos, 
as decisões são centralizadas na autoridade máxima (Chefe do Executivo), 
independentemente da quantidade de agentes públicos que trabalhem no 
órgão. 
No concurso público para o cargo de Analista Judiciário do TRT da 
20ª Região, realizado em 2011, a FCC considerou correta a seguinte 
assertiva: “A Presidência da República e a Diretoria de uma escola são 
exemplos de órgãos públicos singulares”. 
Colegiados ou pluripessoais são aqueles que atuam mediante a 
manifestação obrigatória e conjunta de seus principais membros, mediante 
votação, sendo necessária a observância das regras previstas nos respectivos 
regimentos internos. Podemos citar como exemplo as casas legislativas, os 
tribunais integrantes do Poder Judiciário (o plenário do STF é um caso típico) e 
os órgãos que têm a denominação de comissão, conselho, turma, etc. 
 
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4º) Quanto às funções exercidas: ativos, consultivos e de controle. 
 Órgãos ativos são aqueles que editam atos administrativos com o 
objetivo de materializar as atividades administrativas, como acontece com os 
Ministérios, por exemplo. 
 Órgãos consultivos são aqueles que elaboram pareceres com o objetivo 
de subsidiar as decisões de outros órgãos públicos, a exemplo do Conselho de 
Defesa Nacional. 
 Órgãos de controle são aqueles que exercem atribuições de fiscalização 
e controle em relação a outros órgãos, a exemplo do Tribunal de Contas da 
União. 
 
3. Centralização e descentralização 
 3.1. Centralização e descentralização política 
 As expressões “centralização” e “descentralização” podem ser estudadas 
tanto no âmbito do Direito Constitucional quanto no âmbito do Direito 
Administrativo. 
Analisando-as sob o âmbito constitucional, a expressão “centralização” 
refere-se à manutenção do poder político (poder de legislar) em um único 
núcleo. Nesse caso, a função legislativa não é repartida entre vários entes, 
mas centralizada em um ente central, que é o único responsável pela edição de 
leis, que são de âmbito nacional. É o que ocorre nos denominados Estados 
Unitários, sendo possível citar como exemplos o Uruguai, a França, a Itália, 
dentre outros. 
Na “descentralização” ocorre justamente o contrário, pois o poder de 
legislar (poder político) é repartido entre várias pessoas jurídicas, como 
acontece no Brasil. Nesse caso, além da União (através do Congresso Nacional), 
também podem criar leis os Estados, Distrito Federal e os Municípios, através 
de suas respectivas casas legislativas. 
A descentralização política é característica marcante nos países que 
adotam a Federação como forma de estado, como ocorre no Brasil e nos 
Estados Unidos. 
 
3.2. Centralização e descentralização administrativas 
Sob o enfoque do Direito Administrativo, a “centralização” ocorre 
quando a União, Estados, Distrito Federal e Municípios exercem diretamente, 
em face dos beneficiários, as atividades administrativas que estão em suas 
respectivas competências, sem interferência de outras pessoas físicas ou 
jurídicas. 
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Nesse caso, além de o ente estatal ser o titular da função administrativa, 
ainda será o responsável pela execução de tal atividade, que ocorrerá através 
de seus respectivos órgãos e agentes públicos. 
Exemplo: Na esfera municipal, o serviço de ensino fundamental é 
exercido diretamente pelo Município, através das escolas públicas, que são 
órgãos públicos. 
Pergunta: Diante do que acabei de afirmar, suponhamos que um 
estudante sofra graves lesões corporais no interior da escola, causadas por um 
professor. Caso o pai decida ajuizar uma ação de reparação pelos respectivos 
danos morais e materiais sofridos pelo filho, quem responderá judicialmente? O 
Município, a Secretaria Municipal de Educação ou a própria escola? Pense bem... 
Tem certeza? 
É claro que será o Município, pois, dentre as alternativas apresentadas, é 
o único que possui personalidade jurídica. A Secretaria Municipal de Educação 
é apenas um órgão inserido na estrutura administrativa do Município, assim 
como a escola pública também é um órgão, nesse caso, inserido na estrutura 
da Secretaria Municipal. 
Por outro lado, ocorre a “descentralização administrativa” quando um 
ente estatal (União, Estados, DF e Municípios) transfere a outra pessoa, 
pública ou privada, o exercício de uma determinada atividade administrativa. 
Nesse caso, a função administrativa não será executada por órgãos públicos, 
mas por outra pessoa jurídica, com personalidade jurídica distinta do ente 
estatal que transferiu a execução da função administrativa. 
Conforme declara o professor Celso Antônio Bandeira deMello, na 
“descentralização, o Estado atua indiretamente, pois o faz através de outras 
pessoas, seres juridicamente distintos dele, ainda quando sejam criaturas suas 
e por isso mesmo se constituam, como ao diante se verá, em parcelas 
personalizadas da totalidade do aparelho administrativo estatal”. 
Na descentralização administrativa, existirá uma pessoa interposta 
entre o Estado e o beneficiário da atuação estatal, que será denominada 
entidade descentralizada. Esta será responsável por desempenhar a 
atividade administrativa, ou seja, prestar o serviço público, exercer o poder de 
polícia administrativa ou praticar atividades de fomento público. 
A doutrina majoritária apresenta três espécies de descentralização 
administrativa: a descentralização territorial (ou geográfica); a 
descentralização por serviços ou outorga (descentralização funcional ou 
técnica); descentralização por colaboração ou delegação. 
 
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3.2.1. Descentralização Administrativa Territorial 
Antes de a Constituição Federal de 1988 determinar a extinção dos 
territórios, existia, no Brasil, a denominada descentralização territorial ou 
geográfica. Nessa espécie de descentralização, cria-se um território (que terá 
personalidade jurídica de Direito Público interno) e a ele é concedida 
capacidade administrativa genérica. 
A descentralização territorial ocorre tipicamente nos Estados Unitários, 
como é o exemplo da França. No Brasil, atualmente, não temos esse tipo de 
descentralização, pois a Constituição Federal de 1988 determinou a 
transformação dos antigos territórios de Roraima e do Amapá em Estados da 
Federação (artigo 14 do ADCT da CF/88). Da mesma forma, o antigo território 
de Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Pernambuco, nos 
moldes do artigo 15 do ADCT da CF/88. 
Apesar de não existirem territórios no Brasil, lembre-se de que o artigo 18 
da CF/88 afirma que “os Territórios Federais integram a União, e sua criação, 
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas 
em lei complementar”. 
Sendo assim, caso posteriormente o Congresso Nacional decida pela 
criação de um novo território, este será fruto de uma descentralização 
administrativa da União, integrando a sua estrutura. 
 
 3.2.2. Descentralização administrativa por serviços ou outorga 
 Na descentralização por outorga, uma entidade política (União, 
Estados, DF e Municípios) cria ou autoriza a criação, em ambos os casos 
através de lei específica, de entidades administrativas (autarquias, fundações 
públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) que receberão a 
titularidade e a responsabilidade pela execução de uma determinada 
atividade administrativa. 
 Exemplo: O inciso VI, artigo 23, da CF/1988, declara expressamente que 
“é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios protegerem o meio ambiente e combaterem a poluição em qualquer 
de suas formas”. Sendo assim, na esfera federal, a União poderia exercer 
diretamente essa atribuição administrativa de proteger o meio ambiente, 
criando um órgão público específico para tal. 
 Entretanto, com o objetivo de diminuir o excesso de atividades 
administrativas que estão sob a sua responsabilidade e, ainda, em respeito ao 
princípio constitucional da eficiência, a União decidiu descentralizar essa 
atividade, criando o IBAMA. 
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 O IBAMA foi criado sob a forma de uma autarquia e recebeu, através de 
lei específica, a titularidade e a execução, em todo o território nacional, do 
poder de polícia administrativa na área ambiental, por prazo indeterminado. 
 É válido destacar que, por ser uma autarquia, o IBAMA será uma pessoa 
jurídica de Direito Público, ou seja, terá personalidade jurídica própria e, 
portanto, estará apto a contrair direitos e obrigações em seu próprio nome. 
 
3.2.3. Descentralização por delegação ou colaboração 
 Na descentralização por delegação, uma entidade política (União, 
Estados, DF e Municípios) ou administrativa, através de contrato 
administrativo ou ato unilateral, transfere o exercício de determinada 
atividade administrativa a uma pessoa física ou jurídica, que já atuava 
anteriormente no mercado. 
 Algumas diferenças existentes na descentralização por outorga e 
delegação são muito cobradas em concursos e, portanto, vejamos as 
principais: 
1ª) Na outorga ocorre a transferência da titularidade e da execução do 
serviço, enquanto na delegação ocorre apenas a transferência da execução, ou 
seja, a titularidade do serviço permanece com o ente estatal. 
Exemplo: Em âmbito municipal, é muito comum a contratação de 
empresas privadas para a prestação do serviço público de transporte coletivo 
urbano, apesar de esta atividade ser prevista no inciso V do artigo 30 da CF/88 
como de competência do Município. 
Isso ocorre em virtude da descentralização por delegação, que 
possibilita ao ente estatal firmar um contrato administrativo de concessão de 
serviço público, através do qual será transferida ao particular apenas a 
execução do serviço e não a titularidade. 
Apesar da delegação do serviço, compete ao Município exercer uma ampla 
fiscalização dos serviços que estão sendo prestados pela concessionária, 
garantindo-se, assim, a qualidade, a eficiência e a satisfação dos usuários. 
2º) Na outorga, a transferência da titularidade e da execução dos serviços 
ocorre através de lei, enquanto, na delegação, ocorre através de contrato 
administrativo ou ato unilateral (nos casos das autorizações de serviços 
públicos, por exemplo). 
3º) Em regra, a outorga ocorre por prazo indeterminado, enquanto a 
delegação tem prazo determinado em contrato. 
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4º) Na outorga, a transferência da titularidade e da execução do serviço é 
feita apenas por uma entidade política (União, Estados, DF e Municípios). Por 
outro lado, na delegação é possível que tenhamos no pólo ativo da 
transferência da execução do serviço tanto uma entidade política quanto uma 
entidade administrativa, apesar de esta última hipótese não ser muito 
comum. No setor de telecomunicações, temos um bom exemplo de delegação 
efetuada por uma entidade administrativa: a ANATEL, que é uma autarquia, 
transferiu para os particulares apenas a execução dos serviços de 
telecomunicações, permanecendo com a titularidade. 
 
PIT STOP 
DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO 
Ocorre no âmbito de uma MESMA pessoa 
jurídica e dá origem à criação de órgãos públicos, 
desprovidos de personalidade jurídica própria. 
 
Ocorre quando a Administração Pública Direta 
transfere a particulares ou às entidades da 
Administração Pública Indireta a titularidade e/ou 
execução de atividades administrativas. Envolve 
duas pessoas jurídicas distintas. 
 
Sempre que você se deparar com a expressão 
“desconcentração”, lembre-se de “órgãos 
públicos”. 
 
Sempre que você se deparar com a expressão 
“descentralização”, lembre-se de entidades da 
Administração Indireta ou de particulares que 
prestam serviços públicos. 
 
Os órgãos públicos devem ser criados por lei. 
 
As entidades da Administração Indireta, fruto da 
descentralização, poder ser CRIADAS ou 
AUTORIZADAS por lei específica. 
A desconcentração podeocorrer no âmbito da 
Administração Pública Direta (criação de 
ministérios pela União, por exemplo) ou 
Administração Pública indireta (criação de agências 
executivas pelo INSS, por exemplo). 
 
A descentralização sempre irá envolver outra 
pessoa jurídica, seja integrante da Administração 
Pública Indireta ou particulares (concessionários ou 
permissionários de serviços públicos). Não existe 
descentralização no âmbito de uma mesma pessoa 
jurídica. 
 
4. Administração Pública Direta e Indireta 
 
 São muito comuns as questões em provas diferenciando Administração 
Pública Direta e Indireta. Entretanto, tenho certeza de que você jamais errará 
esse tipo de questão em prova, pois iremos estudar profundamente o tema, 
analisando todas as espécies de entidades que integram a Administração 
Pública, principalmente a indireta. 
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 4.1. Administração Pública Direta 
 O Decreto-Lei nº. 200/67, em seu artigo 4º, inciso I, declara 
expressamente que a Administração Pública Federal compreende a 
“Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura 
administrativa da Presidência da República e dos ministérios” e ainda a 
Administração Indireta. 
Como é possível perceber, o conceito de Administração Pública Direta está 
previsto diretamente no texto legal, não comportando maiores dúvidas ou 
discussões. Na esfera federal, é composta pela União (que detém 
personalidade jurídica de direito público) e de todos os órgãos que integram a 
estrutura da Presidência da República, previstos na Lei 10.683/03: 
Ministérios, Casa Civil, Secretaria Geral, Secretaria de Relações Institucionais, 
Secretaria de Comunicação Social, entre outros. 
Da mesma forma que ocorre na esfera federal, os Estados, Distrito 
Federal e Municípios possuem autonomia política para se auto-organizarem. 
Entretanto, o que se observa na prática é que todos os entes políticos estaduais 
e municipais têm seguido a estrutura administrativa estabelecida no âmbito da 
União. 
 
4.2. Administração Pública Indireta 
Além de apresentar expressamente o conceito de Administração Direta, o 
Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 4º, II, “a”, declara ainda que a 
Administração Pública Federal Indireta compreende as autarquias, empresas 
públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas, todas 
dotadas de personalidade jurídica própria. 
Todavia, é importante destacar que a Lei 11.107/05, que dispõe sobre os 
consórcios públicos, estabelece expressamente em seu artigo 6º, § 1º, que 
“o consórcio público com personalidade jurídica de Direito Público integra a 
administração indireta de todos os entes da Federação consorciados”. 
Atenção: No conceito de Administração descentralizada, 
anteriormente estudado, estão incluídas todas as entidades que integram a 
Administração Indireta, ou seja, as autarquias, empresas públicas, sociedades 
de economia mista e fundações públicas, que recebem a incumbência de 
executarem uma determinada função administrativa mediante outorga. 
Além disso, é válido lembrar que também se incluem nesse conceito as 
pessoas físicas ou jurídicas privadas que executam atividades administrativas 
mediante delegação, a exemplo dos concessionários, permissionários e 
autorizatários de serviços públicos. 
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Fique atento às “pegadinhas” de prova, pois as expressões “Administração 
Descentralizada” e “Administração Indireta” não são sinônimas. Nesta última, não se 
incluem os concessionários, permissionários e autorizatários de serviços públicos. 
 
4.3. Criação das entidades integrantes da Administração Indireta 
As regras constitucionais para a criação das entidades integrantes da 
Administração Pública Indireta estão previstas no inciso XIX, artigo 37, da 
Constituição Federal de 1988: 
“XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e 
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia 
mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, 
definir as áreas de sua atuação”. 
Como é possível observar, algumas entidades serão criadas diretamente 
por lei específica (autarquias e fundações públicas de direito público) e outras 
terão a sua criação autorizada por lei específica (fundações públicas de Direito 
Privado, empresas públicas e sociedades de economia mista). Fique atento, pois 
essas peculiaridades são muito cobradas em provas, conforme se observa no 
exemplo abaixo, elaborado pela Fundação Carlos Chagas: 
 
(FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Somente por Lei Específica poderá 
ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade 
de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último 
caso, definir as áreas de sua atuação. Assertiva considerada correta pela 
banca examinadora. 
Caso a entidade seja criada diretamente por lei específica, será instituída 
com personalidade jurídica de direito público. Entretanto, se a criação for 
apenas autorizada por lei específica, será regida pelo direito privado. 
Uma questão que anteriormente gerou bastante polêmica, mas que 
parece ter sido pacificada pelo Supremo Tribunal Federal, refere-se à existência 
de duas espécies de fundações públicas: de Direito Público e de Direito 
Privado. 
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A polêmica foi criada porque até a promulgação da emenda constitucional 
19, que alterou o artigo 37, XIX, da CF/1988, as fundações públicas não 
podiam ter a criação autorizada por lei específica, somente podiam ser criadas 
por lei específica. O texto anterior era o seguinte: 
“XIX - somente por lei específica poderão ser criadas empresas 
públicas, sociedades de economia mista, autarquias ou fundações 
públicas”. 
O Supremo Tribunal Federal já se manifestou por várias vezes no sentido 
de que existem duas espécies de fundações públicas: as de Direito Público e 
as de Direito Privado. As primeiras são criadas por lei específica, nos 
mesmos moldes das autarquias e, portanto, são regidas pelo Direito Público. A 
segunda espécie terá a criação autorizada por lei específica e, portanto, será 
regida pelo Direito Privado. 
Além disso, independentemente do regime adotado (público ou privado), 
as fundações públicas somente poderão atuar em áreas definidas em lei 
complementar, que, até o momento, ainda não foi criada. 
No processo de criação de autarquias e fundações públicas de Direito 
Público, a própria lei específica será responsável por conceder personalidade 
jurídica a essas entidades, independentemente de registro posterior de seus 
atos constitutivos nos órgãos competentes (Cartório de Registro de Pessoas 
Jurídicas ou Junta Comercial, por exemplo). 
Em relação às entidades que têm a criação apenas autorizada em lei 
específica (fundações públicas de Direito Privado, empresas públicas e 
sociedades de economia mista), a personalidade jurídica somente será 
assegurada com a edição de decreto pelo chefe do Poder Executivo (que será 
responsável pela organização e estruturação da entidade) e o respectivo 
registro de seus atos constitutivos na Junta Comercial ou no Cartório de 
Registro Civil das Pessoas Jurídicas. 
Nas pessoas jurídicas de Direito Público, a própria lei criadora concede 
“existência jurídica” à entidade, ou seja,personalidade jurídica que culmina 
na possibilidade de contrair direitos e obrigações em nome próprio. 
Em relação às entidades regidas pelo Direito Privado, essa possibilidade 
de contrair direitos e obrigações somente ocorrerá com a publicação da lei 
específica autorizando a criação e, na sequência, com a elaboração e registro 
do ato constitutivo (decreto do Chefe do Executivo) nos órgãos competentes. 
Outro dispositivo que merece destaque é o inciso XX, do artigo 37, da 
Constituição Federal de 1988, que apresenta as regras gerais sobre a criação de 
subsidiárias de empresas públicas e sociedades de economia mista: 
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“XX – depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação 
de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, 
assim como a participação de qualquer delas em empresa 
privada”. 
Inicialmente, é válido esclarecer que, para a criação de subsidiárias, não 
existe a necessidade de lei específica, mas somente autorização legislativa 
(qualquer espécie legislativa). Além disso, nos termos constitucionais, a 
autorização legislativa tem que ser concedida em cada caso, ou seja, a cada 
criação de uma nova subsidiária. 
Contudo, apesar de o texto constitucional ser expresso ao afirmar a 
necessidade de autorização legislativa para cada caso, o Supremo Tribunal 
Federal, no julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorização legislativa 
específica para a criação de empresas subsidiárias é dispensável nos casos em 
que a lei autorizativa de criação da sociedade de economia mista ou 
empresa pública matriz também previu a eventual formação das subsidiárias. 
"ADI 1649 / DF. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9478/97. 
AUTORIZAÇÃO À PETROBRÁS PARA CONSTITUIR SUBSIDIÁRIAS. OFENSA AOS ARTIGOS 
2º E 37, XIX E XX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO 
IMPROCEDENTE. 1. A Lei 9478/97 não autorizou a instituição de empresa de economia 
mista, mas sim a criação de subsidiárias distintas da sociedade-matriz, em consonância 
com o inciso XX, e não com o XIX do artigo 37 da Constituição Federal. 2. É dispensável 
a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja 
previsão para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, 
tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora. Ação direta de 
inconstitucionalidade julgada improcedente." 
 Assim, o entendimento que deve prevalecer para concursos públicos é o 
de que a autorização para a criação de subsidiárias pode ser genérica 
(conforme o entendimento do STF), ou, ainda, que deve ser concedida 
autorização legislativa em cada caso (quando a questão cobrar o texto literal 
do inciso XX, do artigo 37, da CF/1988). 
Fique atento ao modelo de questão, pois podem ser cobrados os dois 
entendimentos. Todavia, você saberá identificar a resposta facilmente, pois a 
banca não apresentará as duas possibilidades na mesma questão (pelo menos 
eu ainda não vi!). 
Ultrapassada esta parte “introdutória” sobre a Administração Pública, 
começaremos a estudar, a partir de agora, cada uma das entidades que 
integram a Administração Pública Indireta, com as suas respectivas 
peculiaridades. Por serem várias as entidades (autarquias, fundações públicas, 
empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios públicos de 
Direito Público), procurarei ser bastante objetivo, restringindo-me às 
informações que são realmente importantes para as provas. 
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1. Criada pelo jurista alemão Otto Gierke, a teoria do órgão declara que a o 
Estado manifesta a sua vontade através de seus órgãos, que são compostos de 
agentes públicos. Sendo assim, a vontade do órgão é imputada à pessoa 
jurídica a cuja estrutura está integrado, o que se convencionou denominar de 
imputação volitiva; 
2. Não confunda desconcentração e descentralização. A primeira nada mais 
é que a distribuição interna de competências dentro de uma mesma pessoa 
jurídica, ou seja, a criação de órgãos públicos que fazem parte de uma 
estrutura hierarquizada, criada com o objetivo de tornar mais eficiente a 
execução das finalidades administrativas previstas em lei. A segunda ocorre 
quando a União, DF, Estados ou Municípios desempenham algumas de suas 
funções por meio de outras pessoas jurídicas. A descentralização pressupõe a 
existência de duas pessoas jurídicas distintas: o Estado e a entidade que 
executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição; 
3. As principais características dos órgãos públicos, que estão presentes na 
maioria deles (não em todos), são: integram a estrutura de uma pessoa 
jurídica; não possuem personalidade jurídica; são resultado da 
desconcentração; alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e 
financeira; podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de 
gestão com outros órgãos ou com pessoas jurídicas (CF, art. 37, § 8º.); não 
tem capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que integram; 
alguns tem capacidade processual para a defesa em juízo de suas prerrogativas 
funcionais e não possuem patrimônio próprio. 
4. Independentes são os órgãos previstos diretamente no texto constitucional, 
representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional, Senado, Câmara 
dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara de Vereadores) Executivo 
(Presidência da República, Governadoria dos Estados, DF e Prefeituras) e 
Judiciário (com todos os seus órgãos). É possível incluir nesta classificação 
também o Ministério Público e os Tribunais de Contas; 
5. Fique atento para não confundir descentralização por outorga e 
descentralização por delegação. Na outorga ocorre a transferência da 
titularidade e da execução do serviço, enquanto na delegação ocorre apenas a 
transferência da execução, ou seja, a titularidade do serviço permanece com o 
ente estatal; 
RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP 
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6. Algumas entidades administrativas serão criadas diretamente por lei 
específica (autarquias e fundações públicas de direito público) e outras terão a 
sua criação autorizada por lei específica (fundações públicas de direito privado, 
empresas públicas e sociedades de economia mista). Fique atento, pois essas 
peculiaridades são muito cobradas em provas; 
7. O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que existem duas 
espécies de fundações públicas, as de direito público e as de direito privado. As 
primeiras são criadas por lei, nos mesmos moldes das autarquias e, portanto, 
serão regidas pelo direito público. As segundas terão a criação autorizada por 
lei e, sendo assim, serão regidas pelo direito privado. 
8. É válido esclarecer que para a criação de subsidiárias não existe a 
necessidade de lei específica, mas somente autorização legislativa (qualquer 
espécie legislativa). Além disso, a autorização legislativa tem que ser concedida 
em cada caso, ou seja, a cada criação de uma nova subsidiária. Contudo, 
apesar do texto constitucional ser expresso ao afirmar a necessidade de 
autorização legislativa para cada caso, em 2004 o Supremo Tribunal Federal, no 
julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorização legislativa específica para a 
criação de empresas subsidiárias é dispensável nos casos em que a lei 
autorizativade criação da empresa de economia mista ou empresa pública 
matriz também previu a eventual formação das subsidiárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Considerações iniciais ............................................................. 33 
2. Espécies de entidades integrantes da administração pública indireta 
 2.1. Autarquias ..................................................................... 33 
 2.1.2. Autarquias em regime especial ................................... 47 
 2.1.3. Autarquias profissionais ............................................. 47 
 2.2. Fundações públicas ........................................................ 49 
2.3. Empresas públicas e sociedades de economia mista ..... 54 
3. Revisão de véspera de prova – “RVP”......................................... 69 
4. QUESTÕES COMENTADAS ........................................................... 71 
5. Relação de questões comentadas .............................................. 113 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA 
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1. Considerações iniciais 
 De início, é importante que você saiba diferenciar algumas expressões 
que são muito comuns em provas: “entidades, entes ou pessoas políticas”, 
“entidades ou entes estatais” e “entidades ou entes administrativos”. 
 As expressões “entidades, entes ou pessoas políticas”, bem como 
“entidades ou entes estatais”, são expressões sinônimas, utilizadas para 
se referir à União, Estados, Municípios e Distrito Federal. De outro lado, as 
expressões “entidades ou entes administrativos” são utilizadas para 
designar as autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de 
economia mista e consórcios públicos de Direito Público. 
 Os entes políticos ou estatais sempre serão pessoas jurídicas de 
Direito Público interno. Por outro lado, as entidades administrativas podem ser 
instituídas sob a forma de pessoas jurídicas de Direito Público (autarquias, 
fundações de direito público e consórcios públicos) ou de Direito Privado 
(fundações públicas de direito privado, empresas públicas e sociedades de 
economia mista). 
 
 
(FCC/Analista Judiciário TRE AP/2011) As entidades estatais são pessoas 
jurídicas de direito público que integram a estrutura constitucional do Estado e 
têm poderes políticos e administrativos, como, por exemplo, os Estados-
membros. Assertiva considerada correta pela banca examinadora. 
 
 2. Espécies de entidades integrantes da Administração Pública 
indireta 
 
2.1. Autarquias 
 
Conforme nos informa o saudoso professor Diógenes Gasparini, o 
vocábulo autarquia, de origem helênica, significa comando próprio, 
autogoverno. Entretanto, conforme veremos mais adiante, não é conveniente 
que se faça uma estrita ligação entre o vocábulo “autarquia” e “governo 
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próprio”, pois outras entidades administrativas também possuem essas 
características e, nem por isso, são denominadas autarquias. 
Cuidado! Não é correto afirmar que as autarquias possuem autonomia 
política (autonomia de governo), pois essa é uma característica inerente às 
entidades estatais (União, Estados, Municípios e Distrito Federal). As autarquias 
possuem capacidades exclusivamente administrativas e, para exercê-las 
com maior eficiência, possuem autoadministração. 
A principal característica das autarquias está relacionada à natureza das 
atividades que desenvolvem: atividades típicas de Estado, em regra. Estão 
incluídas no âmbito das atividades típicas de Estado segurança pública, 
diplomacia, arrecadação e fiscalização de tributos e contribuições 
previdenciárias, vigilância sanitária, fiscalização e proteção ao meio ambiente, 
entre outras. 
Apesar do que acabei de afirmar, é importante esclarecer que nem 
sempre as autarquias exercerão atividades típicas de Estado, a exemplo da 
UFMG (autarquia federal), que desempenha atividades de pesquisa, ensino e 
extensão universitários, que não são típicas de Estado, já que também são 
realizadas por particulares. 
No concurso público para o cargo de Técnico Judiciário do TRT da 
1ª Região, realizado em 2013, a FCC considerou incorreta a seguinte 
assertiva: “as autarquias regem-se pelo princípio da especialização e 
submetem-se ao regime jurídico de direito público, gozando de capacidade 
política”. 
 
2.1.1. Conceito 
As autarquias possuem personalidade jurídica de Direito Público e 
integram a Administração Indireta e Descentralizada, sendo criadas por lei 
específica para o exercício de funções administrativas típicas de Estado, tais 
como previdência e assistência social (INSS), polícia administrativa (IBAMA), 
regulação de determinados setores da economia (Banco Central e Comissão de 
Valores Mobiliários - CVM), assistência social (INCRA) e até mesmo atuação na 
área de saúde, em situações excepcionais. 
O Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 5º, I, conceitua autarquia como “o 
serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e 
receita próprios, para executar atividades típicas da administração pública, que 
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira 
descentralizada”. 
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Doutrinariamente, é interessante o conceito formulado pela professora 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para quem autarquia é uma “pessoa jurídica de 
Direito Público, criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o 
desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle 
administrativo exercido nos limites da lei”. 
As autarquias se caracterizam como uma “braço” do próprio Estado, 
sendo as primeiras entidades administrativas a quem foram transferidas a 
titularidade e a execução de atividades administrativas específicas. 
 
Caso você encontre as expressões “função ou atividade típica de Estado” ou “função ou 
atividade típica do Poder Público” em uma questão de prova sobre Administração 
Indireta, provavelmente a resposta estará relacionada com a autarquia. Moleza! 
 
2.1.2. Natureza jurídica 
 
As autarquias possuem personalidade jurídica de Direito Público, 
podendo contrair direitos e obrigações em nome próprio, pois são entidades 
distintas daquelas responsáveis pela sua criação. 
Exemplo: O IBAMA, que é uma autarquia federal, foi criado pela 
União, mediante lei específica, para o exercício do poder de polícia 
administrativa na área ambiental. Entretanto, o IBAMA possui personalidade 
jurídica própria, distinta da União e, portanto, deve atuar de maneira 
autônoma no exercício de suas funções administrativas. O mesmo ocorre com o 
BANCO CENTRAL, que também é uma autarquia federal e, portanto, possui 
personalidade jurídica distinta da União. 
A personalidade jurídica de Direito Público, atribuída às autarquias, é 
consequência direta dos fins e atividades administrativas que ficam sob a sua 
responsabilidade. Em regra, como exercem funções típicas de Estado, nada 
mais

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