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69 69 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos NACIONALIDADE 1 -CONCEITOS RELACIONADOS: NACIONALIDADE: é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que faz da pessoa um dos componentes da dimensão pessoal do Estado. Pode ser originária ou secundária OBS: Nacionalidade – etimologicamente deriva da palavra nacio, significa nação. Mas o conceito de nacionalidade não está relacionado ao de nação e sim ao de povo. -POVO É o elemento humano do Estado, o conjunto de pessoas que mantém um vinculo juridico-politico com o Estado, pelo qual se tornam parte integrante deste. Enfim, são os brasileiros natos e naturalizados OBS: Não se confunde com população e nação. -POPULAÇÃO é o conjunto de pessoas que se encontram no território de um determinado Estado, sejam nacionais ou estrangeiros, um conceito numérico, demográfico e estatístico. São todos os brasileiros , estrangeiros e apátridas que moram no Brasil - NAÇÃO: é o conjunto de pessoas nascidas em um mesmo ambiente cultural, que partilham as mesmas tradições, costumes, história e idioma, possuindo plena identidade sócio e étnico-cultural -POLIPÁTRIDA: quem tem mais de uma nacionalidade -HEIMATLOS OU APÁTRIDA: pessoa que não tem nacionalidade. OBS: a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 assevera que toda pessoa tem Direito a uma nacionalidade 70 70 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos 2- NACIONALIDADE: AQUISIÇÃO E ESPÉCIES Lembre-se: nacionalidade: é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que faz da pessoa um dos componentes da dimensão pessoal do Estado. Pode ser originária ou secundária. 2.1 Espécies de Nacionalidade. Originária ou Primária: Aquela que se adquire com nascimento. - Derivada ou Secundária: Adquirida voluntariamente 2.2 Critérios de atribuição da Nacionalidade primária 1ª Critério Territorial ou Ius Soli: considera o local onde a pessoa nasceu. 2ª Critério Sanguíneo ou ius saguinis: relacionado com a ascendência, relacionado à nacionalidade dos pais. 3º Sistema Misto. (adotado pela maioria dos países) é aquele no qual os dois critérios estão previstos na Constituição, como no Brasil 3- NACIONALIDADE ORIGINÁRIA Art. 12. São brasileiros: Neste Dispositivo, a Constituição indica quem são os brasileiros Natos e os Naturalizados, contudo, lhes fornece tratamento isonômico, não se admitindo qualquer forma de diferenciação entre ambos, salvo, as previstas na própria lei maior. ` "As hipóteses de outorga da nacionalidade brasileira, quer se trate de nacionalidade primária ou originária (da qual emana a condição de brasileiro nato), quer se cuide de nacionalidade secundária ou derivada (da qual resulta o status de brasileiro naturalizado), decorrem, exclusivamente, em função de sua natureza mesma, do texto constitucional, pois a questão da nacionalidade 71 71 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos traduz matéria que se sujeita, unicamente, quanto à sua definição, ao poder soberano do Estado brasileiro.” (HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-6-2003, Segunda Turma, DJde 29-8-2003.) I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país É o critério do ius solis, ou seja basta o nascimento em território nacional. Tal situação não prevalecerá se os genitores estiverem a serviço do Estado do qual são originários, observe que o caráter do serviço é de natureza pública e não privada. Observe, não significa que os dois devam trabalhar para seus país de origem, será considerado se um estiver trabalhando e o outro lhe acompanhando. Por exemplo: Primeiro Ministro da Inglaterra com sua esposa grávia e o filho nasce aqui, não será brasileiro. Casos 1: Cônsul Alemão no Brasil em viagem com sua esposa, ela não é servidora do Estado alemão, mas se o filho que está gestando nasce aqui, não será brasileiro nato Caso 2: Se casal, ou um deles, estiver a serviço do governo de outro país, por exemplo, casal argentino a serviço do Uruguai, o filho será brasileiro nato, pois não estão a serviço do seu País Caso 3 Mãe Alemã que trabalha para Mercedes Benz. O filho será brasileiro, porque não está a serviço do Estado alemão. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil Critério Sanguíneo ,pelo qual o filho de brasileiro (nato ou naturalizado) nascido no estrangeiro será considerado nacional, desde que: a) Pai OU a Mãe seja brasileiro b) Pai OU Mãe esteja a serviço do Estado brasileiro 72 72 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos Estar a serviço da RFB. É sentido amplo englobando Administração Pública Direta – RFB e Entes federados – e indireta: autarquias, fundações públicas e Sociedade de Economia Mista e Empresa Pública. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; Este dispositivo já está na sua terceira redação, além da norma originária foi alterado duas vezes pelo Poder Constituinte Reformados, a primeira na revisão constitucional com a emenda de revisão n. 3 e a segunda em 2007 com a EC 54. Veja cada uma das redações: 1ª) Redação Originária (vigente até 94): c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente, ou venham a residir na República Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada esta, optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira; Eram duas as possibilidades: a) Registro em repartição Brasileira b) Vir a residir no Brasil e optar pela nacionalidade brasileira. 2ª) Redação dada pela EC n. 3 de 1994. (vigente até 2007) c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira Há a supressão da possibilidade de registro em repartição competente, isto no intuito de criar maior vínculo com o Brasil. Três requisitos: a) Sanguíneo. Filho de pai ou mãe brasileiros b) Residencial; vir a residir no Brasil c) Opção confirmativa. Que só poderia ser realizada após os 18 anos, porque considerada pelo STF como personalíssima, em outras palavras somente e quando dotada de capacidade plena. 73 73 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos Antes dos 18 anos tinha nacionalidade provisória, Completar 18 anos esta nacionalidade provisória fica suspensa aguardando a opção confirmativa. Todavia esta exigência levou ao surgimento de Brasileiros apátridas, porque nascidos de pais brasileiros que não estavam a serviço da RFB em território de Estados que adotam apenas o critério sanguíneo, como a Itália. Desta forma não eram Brasileiros, porquanto não vieram a residir na RFB e nem eram italianos, por exemplo, caracterizavam-se como apátridas. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro,de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. A opção pode ser feita a qualquer tempo, desde que venha o filho de pai brasileiro ou de mãe brasileira, nascido no estrangeiro, a residir no Brasil. Essa opção somente pode ser manifestada depois de alcançada a maioridade. É que a opção, por decorrer da vontade, tem caráter personalíssimo. Exige-se, então, que o optante tenha capacidade plena para manifestar a sua vontade, capacidade que se adquire com a maioridade. Vindo o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, a residir no Brasil, ainda menor, passa a ser considerado brasileiro nato, sujeita essa nacionalidade a manifestação da vontade do interessado, mediante a opção, depois de atingida a maioridade. Atingida a maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se em condição suspensiva da nacionalidade brasileira." (RE 418.096, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 22-3-2005, Segunda Turma, DJ de 22-4-2005.) No mesmo sentido: RE 415.957, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 23-8-2005, Primeira Turma, DJ de 16-9-2005. “Nacionalidade brasileira de quem, nascido no estrangeiro, é filho de pai ou mãe brasileiros, que não estivesse a serviço do Brasil: evolução constitucional e situação vigente. Na Constituição de 1946, até o termo final do prazo de opção – de quatro anos, contados da maioridade –, o indivíduo, na hipótese considerada, se considerava, para todos os efeitos, brasileiro nato sob a condição resolutiva de que não optasse a tempo pela nacionalidade pátria. Sob a Constituição de 1988, que passou a admitir a opção „em qualquer tempo‟ – antes e depois da ECR 3/1994, que suprimiu também a exigência de que a residência no País fosse fixada antes da maioridade, altera-se ostatus do indivíduo entre a maioridade e a opção: essa, a opção – liberada do termo final ao qual anteriormente subordinada –, deixa de ter a eficácia resolutiva que, antes, se lhe emprestava, para ganhar – desde que a maioridade a faça possível – a eficácia de condição suspensiva da nacionalidade brasileira, sem prejuízo – como é próprio das condições suspensivas –, de gerar efeitos ex tunc, uma vez realizada. A opção pela nacionalidade, embora potestativa, não é de forma livre: há de fazer-se em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que finda com a sentença que homologa a opção e lhe determina a transcrição, uma vez acertados os requisitos objetivos e subjetivos dela. Antes que se complete o processo de opção, não há, pois, como considerá-lo brasileiro nato. (...) Pendente a nacionalidade brasileira do extraditando da homologação judicial ex tunc da opção já manifestada, suspende-se o processo extradicional (CPrCiv art. 265, IV, a).” (AC 70-QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 25-9-2003, Plenário, DJ de 12-3-2004.) 74 74 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos 3ª Nova redação dada pela EC 54 de 2007 A possibilidade anterior pela residência foi mantida, mas foi (re) inserida, a por via registro na repartição competente. Destarte, se o filho nasce no exterior bastará ir ao consulado para que aquela criança adquira a nacionalidade brasileira. Se os país não quiserem ou puderem assim proceder, quando este menor vier a residir no Brasil ele poderá optar pela nacionalidade brasileira. QUESTÃO: Aqueles que nasceram em Estado Estrangeiro até 1994 puderam se valer da redação originária e procurar repartição competente. Já o nascidos após aquela data contavam apenas com a opção da residência no Brasil. Os nascidos após a EC 54/2007 podem contar com a opção de registro em repartição competente. Desta forma aqueles que nasceram entre 1994 e 2007 e não vieram a residir no Brasil continuam apátridas? R: QUESTÃO: Adoção é critério de aquisição da nacionalidade originária? R: 4-NACIONALIDADE DERIVADA- ADQUIRIDA – SECUNDÁRIA Tácita Originários Língua portuguesa (NE Plena) Derivada Ordinária Demais Estrangeiros (N E Ltda) Expressa Extraordinária 75 75 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos É aquela que decorre da naturalização, que pode ocorrer das seguintes formas: 1ª Tácita – grande naturalização: Na qual a pessoa não precisa se expressar para adquirir, o Estado passa automaticamente a reconhecer. 2ª Expressa: deve haver manifestação de vontade do interessado, ou seja, não há reconhecimento espontâneo do Estado. É o que está previsto na nossa atual Constituição no art. 12 inc. II, “a” (naturalização expressa ordinária) “b” (naturalização expressa extraordinária). 4.1 NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA 4.1 NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA II - naturalizados: “Não se revela possível, em nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição da nacionalidade brasileira jure matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante do casamento civil. Magistério da doutrina.” (Ext 1.121, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-12-2009, Plenário, DJE de 25-6-2010.) a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; O dispositivo traz duas normas, uma de eficácia plena e outra de eficácia limitada, e obviamente, com critérios distintos para aquisição da nacionalidade brasileira, veja: 1ª Originários de Países de Língua Portuguesa. Norma de eficácia plena, na qual os requisitos já forma estabelecidos pela Constituição: 1- idoneidade moral e 2- residência no Brasil por 1 (um) ano ininterrupto. 76 76 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos 2ª Estrangeiros de outros países: norma de eficácia limitada, cujos requisitos devem ser estabelecidos por lei. A referida norma já existe, é a lei 6815/80 - Estatuto do Estrangeiro- que no art. 112, traz os requisitos, in verbis: Art. 112. São condições para a concessão da naturalização: I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ser registrado como permanente no Brasil; III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; VI - bom procedimento; VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e VIII - boa saúde OBS: 1a § 1º do 112 aduz que “não se exigirá a prova de boa saúde a nenhum estrangeiro que residir no País há mais de dois anos.” 2a Artigos 113 e 114 da lei contém exceções sobre o prazo de residência no Brasil, como por exemplo ter filho com cônjuge ou companheiro brasileiro. QUESTÃO: Preenchidos os requisitos exigidos para estas formas de aquisição mesmo assim a naturalização pode ser negada, enfim, há Direito Público Subjetivo? R: Procedimento: 1º Processo Administrativono Ministério da Justiça no qual será instruído; na sequência será avaliado pelo Presidente da República, que analisará com discricionariedade, logo, a conveniência e oportunidade, de decretar a naturalização. 2º Se decretada, haverá formalização na Justiça Federal da respectiva região. 4.1 NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA 77 77 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira A própria Constituição estabelece os requisitos: a) 15 anos de residência ininterrupta; b) não pode ter condenação penal, (veja que no anterior é só idoneidade moral) e c) requerimento do interessado. QUESTÃO: Preenchidos os requisitos exigidos para estas formas de aquisição mesmo assim a naturalização pode ser negada, enfim, há Direito Público Subjetivo? R: "A aplicação da regra da alínea b do inciso II do art. 12 da CF pressupõe a prova inequívoca de que o extraditando requereu e obteve a nacionalidade brasileira." (HC 85.381, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 25-5-2005, Plenário, DJ de 5-5-2006.) “O requerimento de aquisição da nacionalidade brasileira, previsto na alínea b do inciso II do art. 12 da Carta de Outubro, é suficiente para viabilizar a posse no cargo triunfalmente disputado mediante concurso público. Isso quando a pessoa requerente contar com quinze anos ininterruptos de residência fixa no Brasil, sem condenação penal. A Portaria de formal reconhecimento da naturalização, expedida pelo Ministro de Estado da Justiça, é de caráter meramente declaratório. Pelo que seus efeitos hão de retroagir à data do requerimento do interessado." (RE 264.848, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 29-6-2005, Primeira Turma, DJ de14-10-2005.) 4.3 PORTUGUESES EQUIPARADOS – QUASE NACIONALIDADE § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. A doutrina chama de quase nacionalidade, mas não adquire a nacionalidade – continua sendo português – NÃO SERÃO BRASILEIROS. Todavia terá os mesmo direitos do brasileiro naturalizado tendo em vista a ressalva no final do dispositivo.. 78 78 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos Logo não é norma que opera de modo imediato, pois só haverá este Direito se houver reciprocidade por parte de Portugal, cuja análise cabe ao Ministério da Justiça. "A norma inscrita no art. 12, § 1º da Constituição da República – que contempla, em seu texto, hipótese excepcional de quase-nacionalidade – não opera de modo imediato, seja quanto ao seu conteúdo eficacial, seja no que se refere a todas as consequências jurídicas que dela derivam, pois, para incidir, além de supor o pronunciamento aquiescente do Estado brasileiro, fundado em sua própria soberania, depende, ainda, de requerimento do súdito português interessado, a quem se impõe, para tal efeito, a obrigação de preencher os requisitos estipulados pela Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses." (Ext 890, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 5-8-2004, Primeira Turma, DJ de 28-10-2004.) No mesmo sentido: HC 100.793, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2-12-2010, Plenário, DJE de 1º-2-2011. QUADRO TIPO DE ESTRANGEIRO REQUISITOS OBS TODOS, excluídos os originários de países de língua portuguesa ART. 112 DA LEI Nº 6.815, ex: I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; [...] O Preenchimento dos requisitos legais não gera o direito de receber a naturalização, visto ser ato discricionário do poder executivo. ORIGINÁRIOS DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA -residência por um ano ininterrupto -idoneidade moral; O preenchimento dos requisitos constitucionais não assegura a concessão da naturalização, continuando a ser ato discricionário do poder executivo.. 79 79 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos PORTUGUESES RESIDENTES NO BRASIL residência por um ano ininterrupto idoneidade moral; Podem se enquadrar como os originários de paises de língua portuguesa e assim obter o mesmo tratamento. PORTUGUESES RESIDENTES NO BRASIL residência por um ano ininterrupto idoneidade moral; Havendo reciprocidade em favor dos brasileiros, os portugueses residentes não perderão sua nacionalidade e serão equiparados a brasileiros naturalizados, regra mais favorável que a anterior. ESTRANGEIROS DE QUALQUER NACIONALIDADE, residentes há mais de quinze anos -residentes há mais de quinze anos ininterruptos -sem condenação penal, -requerer a nacionalidade brasileira Chamada de quinzenária. Maioria da doutrina entende que preenchido os requisitos deverá ser concedida a naturalização 5-DIFERENÇAS DE TRATAMENTO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. Cargos. Assentos no conselho da república (art. 89 inc. Vii) Propriedade de empresa jornalística ou de radio de fusão sonora ou de som e imagem (art. 222.) Extradição Observância do princípio da igualdade, apenas a própria Constituição estabelece as possibilidades de tratamento desigual entre o nato e o naturalizado.veja que para a lei é vedado expressamente. 80 80 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos As hipóteses de tratamento diferenciado são quatro, a seguir tratadas.. 5.1 CARGOS. Alguns são privativos de brasileiros natos, conforme o parágrafo 3º do art. 12, pode ser dividido nos seguintes critérios: 1º Presidente da República e sua Linha sucessória. 2º Segurança Nacional Oficial das Forças armadas. Membros de carreiras diplomáticas. Ministro de Estado da Defesa. 5.2 ASSENTOS NO CONSELHO DA REPÚBLICA É órgão que auxilia o Presidente em situações de grave risco institucional Art. 89 inc. VII 5.3 PROPRIEDADE DE EMPRESA JORNALÍSTICA OU DE RADIO DE FUSÃO SONORA OU DE SOM E IMAGEM Art. 222. Brasileiros natos ou naturalizados a mais de 10 anos. 5.4ª EXTRADIÇÃO Art. 5º inc. LI Extradição: consiste na entrega de uma pessoa a um outro Estado em razão de um crime nele praticado para que seja julgado segundo as suas leis. Veja: o extraditando não cometeu o crime no Brasil e sim em outro pais Expulsão: consiste na retirada à força, do território brasileiro, de um estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no art. 65 da lei 6816 (EI). Deportação: consiste na devolução compulsória do estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no território nacional. Brasileiro Nato Não pode ocorrer para o brasileiro nato. QUESTÃO: Se tiver dupla nacionalidade, como italiana e brasileira, pode ser extraditado para a Itália, já que italiano? R: Brasileiro Naturalizado:pode ser extraditado em 2 possibilidade: 81 81 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos 1ª Praticar Crime comum. Significa o crime que não é político ou de opinião, mas este crime deve haver sido praticado antes da naturalização. Tem escopo de evitar que uma pessoa use a nacionalidade como subterfúgio para não ser julgado onde cometeu o crime. 2ª Tráfico ilícito de entorpecentes ou de Drogas afins: praticado a qualquer momento – antes ou depois da naturalização. QUESTÃO: O que é a chamada Entrega ou Surender previsto no Estatuto de Roma?. R: QUESTÃO: há incompatibilidade daquele tratado com a Constituição? R: PERDA DA NACIONALIDADE § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis COMENTÁRIO: Rol taxativo que não pode ser aumentado. “A perda da nacionalidade brasileira, por sua vez, somente pode ocorrer nas hipóteses taxativamente definidas na Constituição da República, não se revelando lícito, ao Estado brasileiro, seja mediante simples regramento legislativo, seja mediante tratados ou convenções internacionais, inovar nesse tema, quer para ampliar, quer para restringir, quer, ainda, para modificar os casos autorizadores da privação – sempre excepcional – da condição político-jurídica de nacional do Brasil.” (HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-3-2003, Plenário, DJ de 29-8-2003.) 82 82 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos "O brasileiro nato, quaisquer que sejam as circunstâncias e a natureza do delito, não pode ser extraditado, pelo Brasil, a pedido de Governo estrangeiro, pois a Constituição da República, em cláusula que não comporta exceção, impede, em caráter absoluto, a efetivação da entrega extradicional daquele que é titular, seja pelo critério do jus soli, seja pelo critério do jus sanguinis, de nacionalidade brasileira primária ou originária. Esse privilégio constitucional, que beneficia, sem exceção, o brasileiro nato (CF, art. 5º, LI), não se descaracteriza pelo fato de o Estado estrangeiro, por lei própria, haver-lhe reconhecido a condição de titular de nacionalidade originária pertinente a esse mesmo Estado (CF, art. 12, § 4º, II, a). Se a extradição não puder ser concedida, por inadmissível, em face de a pessoa reclamada ostentar a condição de brasileira nata, legitimar-se-á a possibilidade de o Estado brasileiro, mediante aplicação extraterritorial de sua própria lei penal (CP, art. 7º, II, b, e respectivo § 2º) – e considerando, ainda, o que dispõe o Tratado de Extradição Brasil/Portugal (Art. IV) –, fazer instaurar, perante órgão judiciário nacional competente (CPP, art. 88), a concernente persecutio criminis, em ordem a impedir, por razões de caráter ético-jurídico, que práticas delituosas, supostamente cometidas, no exterior, por brasileiros (natos ou naturalizados), fiquem impunes." (HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-6- 2003, Plenário, DJE de 29-8-2003.) FORMA EXCEÇÕES COMENTÁRIOS Cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional Não há Aplicável apenas ao NATURALIZADO A perda prevista ocorrerá através da Ação de cancelamento de naturalização ou perda punição, que será proposta pelo Ministério Público Federal, quando ocorrer prática de atividade nociva ao interesse nacional. Proposta a Ação e terminado o processo a decisão proferida sobre a perda para surtir efeitos deverá transitar em julgado. Adquirir outra nacionalidade a) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ex: Itália reconhece aos descendentes (ius sanguinis) a nacionalidade italiana de maneira originária e não derivada, na qual seria Aplicável ao NATO e ao NATURALIZADO Requisitos :-voluntariedade da conduta -Capacidade Civil - Aquisição da nacionalidade estrangeira 83 83 DIREITO CONSTITUCIONAL 2. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA. Prof. Ms. Márcio Gil Tostes dos Santos necessário solicitar tal concessão. -O brasileiro nato ou naturalizado que perder a nacionalidade poderá readquiri mediante o processo de naturalização. Nestes casos mesmo o anteriormente nato será considerado naturalizado. Não ocorrerá a perda quando diante das exceções acima. b) imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis ex. Brasileiro residente em outro Estado que não possui a intenção de adquirir a nacionalidade daquele, contudo para ter acesso a serviços públicos ou por motivos de trabalho entre outras razões, se vê obrigado a adquirir a nacionalidade do pais onde é residente.
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